Artigo
I. Atitudes
§
31. POSIÇÕES DO CORPO
107.
Não há dúvida que a atitude
exterior do corpo influi sobre a atitude interior e que,
aproveitando a alma o seu corpo, procura
imprimir-lhe posição tradutora dos seus pensamentos.
1.
De pé.
1) Significação: Ficar em pé revela reverência, prontidão, alacridade, afeição, confiança, alegria: Se estais de pé em oração (Mc 11, 25), em sinal de reverência. Aarão está de pé diante de Deus e serve-O (Dt 18, 5), em razão do ministério sacerdotal e sua dignidade. Aarão estava de pé entre os mortos e vivos (Nm 16, 45), servindo de intercessor. Os ministros estavam de pé ao serviço do rei. (Est 7, 9.)
2)
Uso. O celebrante está de pé no sacrifício
e na maior parte das funções sacerdotais, como
intercessor e medianeiro. O povo está de pé para ouvir
o evangelho (prontidão, alegria) e rezar o Credo; também
durante o tempo da páscoa e no domingo, que é renovação
semanal da ressurreição; e no ofício aos
cânticos Benedictus e Magnificat, por serem
partes do evangelho. (Durandus V, c. 4, n. 28.)
3)
Barrete. De pé, em desempenho de uma função
litúrgica, nunca se põe o barrete, com exceção
do sermão. Por isso, durante a missa solene é litúrgico
primeiro sentar-se, depois cobrir a cabeça, ou vice-versa
tirar primeiro o barrete, depois levantar-se. Tirar o barrete é
a primeira coisa que se faz, ao chegar ao altar, pôr o barrete
a última, ao sair do altar. Para se cobrir ou descobrir,
serve-se da mão direita, pega-se no barrete pelo lado direito,
e põe-se na cabeça, de modo que a ponta dobrada fique
do lado esquerdo. (Baldeschi, Martinucci.)
108.
2. Genuflexão.
1)
Explicação. Permanecer de joelhos durante
a oração é símbolo de adoração,
de humildade e de angústia, de penitência. A genuflexão
é simples ou dupla.
2)
A genuflexão ordinária ou simples faz-se
dobrando o joelho direito, sem inclinação da cabeça
nem do corpo, sem demora, tocando o chão próximo ao
calcanhar esquerdo. Sendo prescrita ao pronunciar muitas palavras, p.
ex., Et incarnatus est, a genuflexão se faz
devagar.
a)
Os que estão revestidos de paramentos fazem a genuflexão
sôbre os degraus, exceto à chegada e à retirada
do espaço do côro (d. 2682 ad 49; 4198 ad 3); os
ministros inferiores dobram sempre o joelho até o chão.
b)
Saúda-se por uma genuflexão simples a 'cruz do altar
nas funções litúrgicas (in actu functionis
tantum, d. 3792 ad 11), a cruz da procissão durante a
absolvição dos defuntos com exceção do
celebrante, bispo, cônego.
c)
Nunca se dobra um só joelho, quando não se tem de
levantar imediatamente.
d)
Só o celebrante faz a genuflexão pondo as mãos
sobre o altar, e fá-lo sempre assim.
109.
3) A genuflexão dupla
faz-se pondo em terra, primeiro o joelho direito, depois o esquerdo,
segue-se inclinação medíocre do corpo e, por
fim, levantar-se. (d. 4179 ad 1.) Faz-se
diante do SS. Sacramento exposto ao entrar e ao sair do espaço
do côro; ou, para mudar os paramentos, passando-se do meio do
altar para a credência ou de lá voltando ao meio do
altar. (d. 2682 ad 49.) Fora
disso, usa-se a genuflexão simples.
3.
Prostração.
Fazer
prostração quer dizer lançar-se de bruços
no chão. É considerada como sinal de humildade, da dor
mais profunda, da súplica de maior instância. Esteve em
uso na antiguidade; Nosso Senhor (Mt 26, 39) "caiu sobre
a sua face". No rito romano é cerimônia rara,
p. ex., no principio das funções da sexta-feira santa,
na missa do sábado santo e vigília de pentecostes, na
colação das ordens maiores.
110.
4. Assentar-se.
1)
Significação. Sentar-se em solenidades é
sinal de dignidade, mas também de condescendência dos
prelados; compete às autoridades eclesiásticas e civis.
2)
O bispo está sentado no ato do batismo solene, da confirmação
e da ordenação; desde os primeiros séculos o
bispo tinha a sua cadeira na Abside da igreja.
3)
O sacerdote está assentado na administração do
sacramento da penitência como juiz, no rito de absolver da
excomunhão fora da confissão, na missa solene durante o
kyrie, glória, seqüência, credo.
§
32. POSIÇÕES DE PARTES DO CORPO
111.
I. A inclinação.
1)
Etimologia. Deriva-se
da palavra latina inclinare = dobrar, diminuir, abater,
humilhar.
2)
Interpretando as expressões
do missal, do cerimonial dos bispos e os decretos da S. Congregação
dos Ritos, p. ex.: alirluantulum inclinatus, inclinatus,
pro f undies inclinatus, caput inclinat, os autores
distinguem três classes:
a)
a inclinação profunda do corpo, inclinando-se os
ombros de tal forma que as mãos em cruz possam facilmente
locar os joelhos;
b)
a inclinação medíocre ou média do
corpo, de sorte que, ficando em pé, se possa ver a ponta dos
pés; estando de joelhos, faça-se uma inclinação
profunda da cabeça com inclinação dos ombros (d.
4179 ad 1) ;
c)
a inclinação da cabeça, subdividindo-se em três
classes: a profunda, ao nome de Jesus, Gloria Patri,
Oremus: é sinal de adoração; a média,
ao nome de Maria: é hiperdulia, devida à mãe
de Deus; a mínima, ao nome de um santo ou do papa
reinante: é símbolo de veneração e
respeito.
3)
Uso.
a)
A inclinação profunda da cabeça faz-se à
cruz do altar (no evangelho ao livro); na exposição
do SS. Sacramento e depois da consagração a inclinação
da cabeça se faz ao SS. Sacramento, também no
evangelho (d. 3875 ad 4).
b)
A inclinação da cabeça, devida ao nome de Maria
e dos santos, faz-se em geral ao livro, isto é, ao nome nele
contido. Se, porém, a imagem principal (não lateral)
representa a Virgem SS. ou o santo respectivo, a inclinação
faz-se a esta imagem. (d. 3767 ad 25.)
Em
alguns lugares a rubrica não menciona a inclinação
devida nu SS. Nome de Jesus: Rit. cel. t. VII n. 4 (Ofertório);
t. X n. 2 e 6 (fração
da hóstia e comunhão do sacerdote); Rituale t. IV c. 2
n. 5 (comunhão dos fiéis). Daí alguns autores
derivam a regra, que
o sacerdote pode omitir a inclinação ao SS. Nome de
Jesus, quando está
ocupado com outra cerimônia. A S. R. C. prescreveu (d.
2850 ad 1) a inclinação
num destes casos, na comunhão do sacerdote. (t.
X n. 6.) Por isso outros autores prescrevem a inclinação
em todos os casos mencionados.
Referem-se além disso ao C. E. (1.
II c. VIII n. 46) que diz: cum profert nomen leso, vel Marice
inclinat se."
112.
c) Ao nome de Maria e do
papa faz-se inclinação em todas
as missas, também nas de réquie, sempre que ocorrerem;
ao nome dos outros santos, quando
se diz a missa deles ou
comemoração propriamente dita (d. 2572 ad 20; não
na oração A
cunctis, nem ao nome de Cosme e Damião na
oração ferial da
quinta-feira depois do 3.° domingo da quaresma), e
isto sempre que ocorrer, menos no título da epístola
e do evangelho. (d. 3767
ad 25.) Vale isso também
para as missas votivas e da vigília
(d. 4281 ad 2), porém
não de réquie. Ainda
que a comemoração de um santo, durante a
oitava da sua festa se deva omitir por causa da
ocorrência de uma festa de
2.a cl., contudo, ao nome do santo,
se faz inclinação (d. 4116 ad 1) ;
é uma espécie de comemoração.
Se, porém, a festa de um santo se omite, também
a inclinação ao seu
nome se deixa. Ocorrendo vários nomes,
faz-se inclinação prolongada.
d)
Não se faz inclinação se o nome não
designar o santo senão no
sentido acomodatício; por conseguinte, não se faz ao
nome de Jesus na 3.a
antífona das vésperas do SS. Nome de Jesus, nem
ao nome de Maria no evangelho e na
comunhão da festa da assunção da
Virgem (d. 2872 ad 6), nem ao nome
de José na epístola da
festa do seu patrocínio; tão pouco ao nome Trinitas,
Spiritus Sanctus,
S. Angelorum; o antigo n. 40 do d. Tuden. (d. 2572),
em que a inclinação
ao nome da SS. Trindade se chamou conveniente, foi
ab-rogado pelos Decr. authent. (Schober, Missa S. Alf., p. 42.)
e)
Ao nome do bispo faz-se inclinação na oração
do aniversário da eleição
e sagração, se ele assiste à missa. (d.
2049 ad 3. Solans 1 n. 167, que cita S. Afonso, Merati, Cavalieri,
Baldeschi, etc.)
113.
f) Se se está de joelhos,
não se faz inclinação da cabeça
(p. ex., ao nome de Jesus, Gloria
Patri) a não ser que esteja
prescrita, p. ex., ao Et incarnatus est na missa solene
(d. 4179). É uso romano
fazer inclinação ao Tantum ergo
até veneremur cernui
inclusive, para que a posição do corpo
combine com as palavras do hino.
(Gardellini, Clement. 24, n. 9.)
114.
II. Os olhos.
Levantar
os olhos é recorrer a Deus que está nas alturas,
confiar nEle: A vós que estais no céu,
levantei os olhos. (Sl 122,
1.) Baixá-los é sinal de humildade: o publicano não
ousava levantar os olhos (Lc 18, 13); Nosso
Senhor levantou os olhos. (Jo 11, 41.)
115.
III. O ósculo litúrgico. (Beijo
Litúrgico)
1.
Significação.
a)
Em geral é
símbolo e expressão da caridade sobrenatural, de
veneração e
reverência. (Jesus e Simão, Lc 7, 45.)
b)
na Liturgia, significa
caridade fraterna na missa antes da comunhão e
na ordenação
sacerdotal.
c)
veneração denota o Ósculo do
altar consagrado que representa
Jesus Cristo, do evangeliário (Laus
tibi, Christe, símbolo de Cristo), da patena, da
cruz na sexta-feira santa, das
velas, dos ramos.
d)
é sinal de
reverência o Ósculo na mão do bispo ou
sacerdote, nas funções
litúrgicas;
e)
revela gratidão o ósculo na mão, quando se
recebe alguma coisa do bispo ou sacerdote.
f)
o costume de beijar o pé do papa deriva-se
provavelmente do costume das nações orientais.
Inocêncio III explica (1. II, c. 27) "tit
summo pontifici summam exhibeant reverentiam et eum
ithus ostendant vicarium esse,
cujus pedes osculabatur nuttier."
2.
Uso.
a)
Recebendo um objeto, beija-se primeiro a mão
daquele de quem se recebe, depois o
objeto recebido; oferecendo-se alguma coisa, beija-se primeiro esta,
depois a indo do
celebrante.
b)
Ao receber a vela ou o ramo bento, beijam-se primeiro
estes objetos bentos, depois a mão
do celebrante, por causa
da veneração devida a eles em conseqüência
da bênção.
c)
Os ósculos do incenso e do barrete omitem-se em
presença do SS. Sacramento
exposto.
116.
IV. As mãos.
1)
Estender e elevar as mãos.
a)
Origem. Este
gesto de oração é geral em todas as nações.
É expressão da
alma aflita ou necessitada ou jubilosa, que se dirige
a Deus, para pedir alguma coisa, confiar nEle, agradecer-Lhe. Por
isso também os cristãos o conservaram. Nas
catacumbas ainda existem pessoas
representadas com este gesto,
as chamadas Orantes. Os cristãos viam nesta atitude
a imitação de Nosso
Senhor, que morreu na cruz com os braços
abertos.
b)
Uso. No rito romano se emprega durante a missa
nas partes mais antigas: orações,
prefácio, cânon; na consagração da igreja,
do altar e outras funções pontificais.
Mas, no oficio e na administração
dos sacramentos e sacramentais, foi suplantado pelo gesto das mãos
postas.
c)
História. Na idade média o sacerdote, depois da
consagração, estendia os braços horizontalmente,
representando assim a imagem de Jesus Cristo crucificado. Os
dominicanos, os cartuxos e a igreja de Lião ainda conservam
esta atitude. Um vestígio dela se conserva no rito romano no
uso de cruzar os polegares.
2.
Pôr as mãos.
a)
Origem. Este gesto era desconhecido na Liturgia até ao
século VIII. Na vida pública, p. ex., na Alemanha, era
sinal de homenagem e sujeição. O vassalo prometia
fidelidade ao rei pondo as mãos juntas nas mãos dele.
Já no século 12 este modo de rezar era geral.
b)
Uso. Este gesto liturgicamente se faz, juntando as duas mãos
estendidas e cruzando os polegares diante do peito. O outro modo de
juntar as mãos com os dedos entrelaçados não é
litúrgico.
117.
3. Imposição das mãos.
a)
Origem. Usava-se no antigo testamento; em o novo, Nosso Senhor
muitas vezes se servia desta cerimônia.
b)
Significação. Em geral denota comunicação
de graças. aa) É rito visível do sacramento da
confirmação e da ordem. bb) É sacramental,
comunicando conforto espiritual e corporal, no rito da visita aos
doentes (Ritual). cc) É exorcismo no rito do batismo e do
exorcismo solene. dd) É símbolo da oblação
de si mesmo e do povo em união com o sacrifício de
Nosso Senhor no Hanc igitur.
4.
Bater no peito.
a)
É símbolo da consciência culpada; já era
conhecido pelos israelitas. (Lc 18, 3.)
b)
Usa-se na missa, ao Confiteor, Nobis quoque, Agnus Dei, Domine
non sum dignos; fora da missa, nas ladainhas e ao Confiteor.
Faz-se com a mão direita, quer estendida, quer meio aberta,
sem ruído.
118.
5. Sinal da cruz.
a)
Origem. Desde os primeiros tempos cristãos os fiéis
usaram o sinal da cruz, o qual, segundo Tertuliano, remonta aos
apóstolos e foi provavelmente instituída por Nosso
Senhor. (Suarez in 3 q. 58, art. 4, disp. 51, sect. 2;
Lapide, Ben. XIV.) Ele
conta que os cristãos empregavam a
cada passo o sinal da cruz.
b)
Modo de fazê-lo. No principio, provavelmente com
referência ao Apocalipse (7, 2 e 9, 4), faziam a cruz com um
dedo da mão direita sobre a fronte, no século IV sobre
a fronte e a boca, no século XII, na fronte, na boca e no
peito. Faz-se agora (persignar-se) com a polpa (e não com a
unha) do polegar. A grande cruz (desde a idade média) faz-se
passando a mão estendida (Rubr. Miss.) da fronte ao peito no
meio, e do ombro esquerdo ao ombro direito.
Maldonado,
natural da Espanha, diz que os três sinais da cruz se fizeram
por causa dos arianos, outrora muito numerosos naquele país.
Os católicos quiseram declarar por todos os modos, que não
eram arianos; por isso fizeram o mesmo sinal da cruz três
vezes, professando desta forma a igualdade das três pessoas
divinas. (zacaria II, 2 disp. II § XIV.)
119.
c) Uso. A pequena cruz emprega-se na recitação
do evangelho, no rito do batismo, no exorcismo e em todas as unções.
A grande cruz faz-se em todas as bênçãos e
frequentemente na missa; na missa solene 53 vezes. A fórmula
Trinitária que acompanha a cruz remonta até idade média
(c. século VI). Nas funções litúrgicas
emprega-se relativamente raras vezes e só, se não são
prescritas outras palavras.
d)
Significação. É sacramental e comunica a
graça de Deus e proteção contra os perigos,
doenças e o demônio. Símbolo da fé na SS.
Trindade e na redenção. Depois da consagração
da missa, relembra que no sacrifício da missa se renova o
sacrifício da cruz. Portanto, não é, nem pode
ser ato de benzer a Nosso Senhor presente na santa hóstia (ver
n. 511). A cruz sobre o evangeliário diz que a fonte do
evangelho é o crucificado. O povo faz o sinal da cruz
também, pronunciando o Gloria Patri. Com toda a razão.
Pois é fórmula Trinitária e conclusão de
parte da oração, imitando a cruz no fim dos Hinos
glória e credo.
fonte:www.derradeiragracas.com
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