No dia mundial das
comunicações sociais, o Papa pede para que nós
façamos a evangelização com criatividade e
cautela através das novas mídias.
No último domingo, dia 05 de junho, a
Igreja comemorou o 45° dia mundial das comunicações
sociais. Com o tema ‘Verdade, anúncio e autenticidade de
vida na era digital’, esse dia é sempre comemorado em um
domingo antes da solenidade de Pentecostes.
A data não é escolhida sem motivo.
Pentecostes é a manifestação da Igreja ao mundo,
é a comunicação da salvação de
Jesus Cristo a todos os povos reunidos em Jerusalém e cada vez
mais, a Igreja tem valorizado a evangelização pelos
meios de comunicação para que a ordem de Jesus de levar
o evangelho a todos os povos aconteça de forma mais rápida.
Para o arcebispo de
Londrina (Paraná), Dom Orlando Brandes “A Igreja e a
imprensa fazem a evangelização dos povos, quando chamam
para a conscientização e busca soluções
fraternas. Jesus valorizou o bem comum. E a Igreja é uma
benfeitora da sociedade, assim como a imprensa também é”.
E essa “nova forma de evangelização”
tem que acontecer não só nos meios de comunicação
tradicionais, mas principalmente na internet, através dos
sites, blogs, vídeos ‘virais’ e nas redes sociais. Com o
avanço da internet, as distâncias desapareceram para a
comunicação e todos podem ser atingidos pelo ensino de
Cristo. Sobretudo os jovens são chamados a dar o seu
testemunho de fé a outros jovens neste “continente digital”,
pois eles conhecem os seus medos e as suas esperanças, os seus
entusiasmos e as suas desilusões. O anúncio de Cristo
no mundo das novas tecnologias supõe um conhecimento profundo
das mesmas para se chegar a uma conveniente utilização.
E os jovens as dominam.
O Papa Bento XVI pede que
os sacerdotes e leigos evangelizem pela internet, com “criatividade
e consciência”, que se atenham à verdade do Evangelho
e à doutrina ensinada pelo Magistério da Igreja. Nenhum
católico pode ensinar o que a Igreja não ensina. É
preciso investir na formação das pessoas para que
tenham capacidade crítica perante a mídia e possam
contribuir e transmitir nela uma imagem autêntica da Igreja e
não um massacre da mesma. É preciso usar as tecnologias
para novas relações, em que se promova uma cultura de
respeito, de diálogo, de amizade. E as vantagens que elas
oferecem precisam ser postas ao serviço de todos os seres
humanos e de todas as comunidades, sobretudo de quem está mais
necessitado e vulnerável.
Segue abaixo a mensagem
do Papa Bento XVI que está na cartilha do 45° dia mundial
das comunicações sociais
Queridos irmãos e irmãs!
Por ocasião do XLV Dia Mundial das
Comunicações Sociais, desejo partilhar algumas
reflexões,
motivadas por um fenômeno característico
do nosso tempo: a difusão da comunicação através
da rede internet. Vai-se tornando cada vez mais comum a convicção
de que, tal como a revolução industrial produziu uma
mudança profunda na sociedade através das novidades
inseridas no ciclo de produção e na vida dos
trabalhadores, também hoje a profunda transformação
operada no campo das comunicações guia o fluxo de
grandes mudanças culturais e sociais. As novas tecnologias
estão a mudar não só o modo de comunicar, mas a
própria comunicação em si mesma, podendo-se
afirmar que estamos perante uma ampla transformação
cultural. Com este modo de difundir informações e
conhecimentos, está a nascer uma nova maneira de aprender e
pensar, com oportunidades inéditas de estabelecer relações
e de construir comunhão.
Aparecem em perspectiva metas até há
pouco tempo impensáveis, que nos deixam maravilhados com as
possibilidades oferecidas pelos novos meios e, ao mesmo tempo, impõem
de modo cada vez mais premente uma reflexão séria
acerca do sentido da comunicação na era digital. Isto é
particularmente evidente quando nos confrontamos com as
extraordinárias potencialidades da rede internet e a
complexidade das suas aplicações. Como qualquer outro
fruto do engenho humano, as novas tecnologias da comunicação
pedem para ser postas ao serviço do bem integral da pessoa e
da humanidade inteira. Usadas sabiamente, podem contribuir para
satisfazer o desejo de sentido, verdade e unidade que permanece a
aspiração mais profunda do ser humano.
No mundo digital, transmitir informações
significa com frequência sempre maior inseri-las numa rede
social, onde o conhecimento é partilhado no âmbito de
intercâmbios pessoais. A distinção clara entre o
produtor e o consumidor da informação aparece
relativizada, pretendendo a comunicação ser não
só uma troca de dados, mas também e cada vez mais uma
partilha. Esta dinâmica contribuiu para uma renovada avaliação
da comunicação, considerada primariamente como diálogo,
intercâmbio, solidariedade e criação de relações
positivas. Por outro lado, isto colide com alguns limites típicos
da comunicação digital: a parcialidade da interação,
a tendência a comunicar só algumas partes do próprio
mundo interior, o risco de cair numa espécie de construção
da autoimagem que pode favorecer o narcisismo.
Sobretudo os jovens estão a viver esta
mudança da comunicação, com todas as ansiedades,
as contradições e a criatividade própria de
quantos se abrem com entusiasmo e curiosidade às novas
experiências da vida. O envolvimento cada vez maior no público
areópago digital dos chamados social network, leva a
estabelecer novas formas de relação interpessoal,
influi sobre a percepção de si próprio e por
conseguinte, inevitavelmente, coloca a questão não só
da justeza do próprio agir, mas também da autenticidade
do próprio ser. A presença nestes espaços
virtuais pode ser o sinal de uma busca autêntica de encontro
pessoal com o outro, se se estiver atento para evitar os seus
perigos, como refugiar-se numa espécie de mundo paralelo ou
expor-se excessivamente ao mundo virtual. Na busca de partilha, de
“amizades”, confrontamo-nos com o desafio de ser autênticos,
fiéis a si mesmos, sem ceder à ilusão de
construir artificialmente o próprio “perfil” público.
As novas tecnologias permitem que as pessoas
se encontrem para além dos confins do espaço e das
próprias culturas, inaugurando deste modo todo um novo mundo
de potenciais amizades. Esta é uma grande oportunidade, mas
exige também uma maior atenção e uma tomada de
consciência quanto aos possíveis riscos. Quem é o
meu “próximo” neste novo mundo? Existe o perigo de estar
menos presente a quantos encontramos na nossa vida diária?
Existe o risco de estarmos mais distraídos, porque a nossa
atenção é fragmentada e absorvida por um mundo
“diferente” daquele onde vivemos? Temos tempo para refletir
criticamente sobre as nossas opções e alimentar
relações humanas que sejam verdadeiramente profundas e
duradouras? É importante nunca esquecer que o contato virtual
não pode nem deve substituir o contato humano direto com as
pessoas, em todos os níveis da nossa vida.
Também na era digital, cada um vê-se
confrontado com a necessidade de ser pessoa autêntica e
reflexiva. Aliás, as dinâmicas próprias dos
social network mostram que uma pessoa acaba sempre envolvida naquilo
que comunica. Quando as pessoas trocam informações,
estão já a partilhar-se a si mesmas, a sua visão
do mundo, as suas esperanças, os seus ideais. Segue-se daqui
que existe um estilo cristão de presença também
no mundo digital: traduz-se numa forma de comunicação
honesta e aberta, responsável e respeitadora do outro.
Comunicar o Evangelho através dos novos midia significa não
só inserir conteúdos declaradamente religiosos nas
plataformas dos diversos meios, mas também testemunhar com
coerência, no próprio perfil digital e no modo de
comunicar, escolhas, preferências, juízos que sejam
profundamente coerentes com o Evangelho, mesmo quando não se
fala explicitamente dele. Aliás, também no mundo
digital, não pode haver anúncio de uma mensagem sem um
testemunho coerente por parte de quem anuncia. Nos novos contextos e
com as novas formas de expressão, o cristão é
chamado de novo a dar resposta a todo aquele que lhe perguntar a
razão da esperança que está nele (cf. 1 Pd
3,15).
O compromisso por um testemunho do Evangelho
na era digital exige que todos estejam particularmente atentos aos
aspectos desta mensagem que possam desafiar algumas das lógicas
típicas da web. Antes de tudo, devemos estar cientes de que a
verdade que procuramos partilhar não extrai o seu valor da sua
“popularidade” ou da quantidade de atenção que lhe
é dada. Devemos esforçar-nos mais em dá-la
conhecer na sua integridade do que em torná-la aceitável,
talvez “mitigando-a”. Deve tornar-se alimento cotidiano e não
atração de um momento. A verdade do Evangelho não
é algo que possa ser objeto de consumo ou de fruição
superficial, mas dom que requer uma resposta livre.
Mesmo se proclamada no espaço virtual
da rede, aquela sempre exige ser encarnada no mundo real e dirigida
aos rostos concretos dos irmãos e irmãs com quem
partilhamos a vida diária. Por isso permanecem fundamentais as
relações humanas diretas na transmissão da fé!
Em todo o caso, quero convidar os cristãos
a unirem-se confiadamente e com criatividade consciente e responsável
na rede de relações que a era digital tornou possível;
e não simplesmente para satisfazer o desejo de estar presente,
mas porque esta rede tornou-se parte integrante da vida humana. A web
está a contribuir para o desenvolvimento de formas novas e
mais complexas de consciência intelectual e espiritual, de
certeza compartilhada. Somos chamados a anunciar, neste campo também,
a nossa fé: que Cristo é Deus, o Salvador do homem e da
história, aquele em quem todas as coisas alcançam a sua
perfeição (cf. Ef 1,10). A proclamação do
Evangelho requer uma forma respeitosa e discreta de comunicação,
que estimula o coração e move a consciência; uma
forma que recorda o estilo de Jesus ressuscitado quando se fez
companheiro no caminho dos discípulos de Emaús (cf. Lc
24,13-35), que foram gradualmente conduzidos à compreensão
do mistério mediante a sua companhia, o diálogo com
eles, o fazer vir ao de cima com delicadeza o que havia no coração
deles.
Em última análise, a verdade que
é Cristo constitui a resposta plena e autêntica àquele
desejo humano de relação, comunhão e sentido que
sobressai inclusivamente na participação maciça
nos vários social network. Os crentes, testemunhando as suas
convicções mais profundas, prestam uma preciosa
contribuição para que a web não se torne um
instrumento que reduza as pessoas a categorias, que procure
manipulá-las emotivamente ou que permita aos poderosos
monopolizar a opinião alheia. Pelo contrário, os
crentes encorajam todos a manterem vivas as eternas questões
do homem, que testemunham o seu desejo de transcendência e o
anseio por formas de vida autêntica, digna de ser vivida.
Precisamente esta tensão espiritual própria do ser
humano é que está por detrás da nossa sede de
verdade e comunhão e nos estimula a comunicar com integridade
e honestidade.
Convido, sobretudo os jovens a fazerem bom uso
da sua presença no areópago digital. Renovo-lhes o
convite para o encontro comigo na próxima Jornada Mundial da
Juventude em Madri, cuja preparação muito deve às
vantagens das novas tecnologias. Para os agentes da comunicação,
invoco de Deus, por intercessão do Patrono São
Francisco de Sales, a capacidade de sempre desempenharem o seu
trabalho com grande consciência e escrupulosa
profissionalidade, enquanto a todos envio a minha Bênção
Apostólica
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