O Espírito Santo
Introdução

Vamos então recordar um pouco do que foi visto na doutrina trinitária, a fim de penetrar neste mistério da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade.
Doutrina Trinitária
O Art. 253 do CIC diz que a Trindade é una. Não professamos tres deuses, mas um só Deus em tres Pessoas, inseparáveis, tanto naquilo que são, quanto naquilo que fazem (CIC 267). As Pessoas divinas não dividem entre si a única divindade, mas cada uma delas é Deus por inteiro. "Por causa desta unidade, o Pai está todo inteiro no Filho, todod inteiro no espírito santo; o Filho está todo inteiro no Pai, todo inteiro no Espírito Santo; o Espirito Santo, todo inteiro no Pai, todo inteiro no Filho"(CIC 255 e conc. de Florença 1442, DS 1331).
Porém, como diz o Catecismo no seu Art. 254, a unidade divina é trina. O que quer dizer isto? Que apesar de inseparáveis, elas são distintas entre si. Pai, Filho e Espírito Santo são distintos entre si pelas suas relações de origem. A distinção real das Pessoas divinas entre si reside unicamente nas relações que as referem umas às outras: O Pai gera o Filho, o Filho é gerado pelo Pai, e o Espírito Santo procede dos dois.
Toda a Economia Divina é obra comum das três Pessoas divinas (CIC 258). Mas na única operação divina, cada uma delas manifesta o que lhe é próprio na Trindade, sobretudo nas missões divinas da Encarnação do Filho e do Dom do Espírito Santo (CIC 267).
A Missão Conjunta do filho do Espírito
CIC 689: " Aquele que o Pai enviou aos nossos corações, o Espírito do seu Filho, é realmente Deus (Gl 4,6). Consubstancial ao Pai e ao Filho, ele é inseparável dos dois, tanto na vida íntima da Trindade, quanto no seu dom de amor pelo mundo. Mas ao adorar a Santíssima trindade, vivificante, consubstancial e indivisível, a fé da Igreja professa também a distinção das Pessoas. Quando o Pai envia o Seu Verbo, envia sempre o seu Sopro: missão conjunta em que o Filho e o Espírito santo são distintos mas inseparáveis. Sem dúvida, é Cristo que aparece, Ele, a Imagem visível do Deus invisível; mas é o Espírito Santo que o revela. Jesus cristo, "ungido", poruqe o Espírito é a unção dele, e tudo o que advem a partir da Encarnação decorre desta plenitude (Jo 3,34). Quando finalmente Cristo é glorificado (jo 7,39), pode, por sua vez, de junto do Pai, enviar o Espírito aos que crêem nele: comunica-lhes a sua glória (Jo 17,22), isto é, o Espírito Santo que o glorifica(Jo 16,14). A missão conjunta se desdobrará então nos filhos adotados pelo Pai no Corpo de seu Filho: a missão do Espírito de adoção será uní-los ao cristo e fazê-los viver nele".
O Espírito no Tempo das Promessas
CIC 702: "Desde o começo até a "Plenitude do tempo"(Gl 4,4), a missão conjunta do verbo e do Espírito do Pai permanece escondida, mas está em ação. O Espírito de Deus prepara aí o tempo do Messias, e os dois, sem serem ainda plenamente revelados, já são prometidos, a fim de serem esperados e acolhidos quando se manifestarem. É por isso que, quando a Igreja lê o Antigo Testamento, procura nele o que o Espírito, "que falou pelos profetas"(*), quer falar a respeito de Cristo".
(*) Por "profetas", a fé da Igreja entende aqui todos aqueles que o Espírito Santo inspirou na redação dos livros sagrados, tanto do Antigo como do Novo Testamento.
O Espírito Santo na Criação
CIC 703: "A Palavra de Deus e o seu Sopro estão na origem do ser e da vida de toda criatura":
Salmo 33,6: " Pela Sua Palavra, o Senhor fez os céus, e todo o exército deles, com o Sopro de Sua boca".
Salmo 104,30: "Envias o teu Sopro, são criados, renovas a superfície do solo".
Gênesis 1,1-2: "Quando Deus iniciou a criação do céu e da terra, a terra era deserta e vazia, e havia treva n superfície do abismo; o Sopro de Deus pairava na superfície das águas".
Gênesis 2,7: "O Senhor Deus modelou o homem com o pó apanhado do solo, . Ele insuflou nas suas narinas o hálito da vida, e o homem se tornou um ser vivo".
Ecl 3,21: "Quem conhece o sopro dos filhos de Adão, que sobe, ele, para o alto, enquanto o sopro dos animais vai para baixo, para a terra?".
O Espírito da Promessa
CIC 707: "As Teofanias (manifestações de Deus) iluminam o caminho da promessa, desde os Patriarcas até Moisés, e de Josué até as visões que inauguram a missão dos grandes Profetas. A tradição sempre reconheceu que nas Teofanias o verbo de Deus se fazia ver e ouvir, revelado, e ao mesmo tempo "oculto"na Nuvem(*) do Espírito Santo.
(* ) Ezequiel 37,1-14.
O Espírito de Cristo na Plenitude do Tempo
O que é a "plenitude do tempo":
É o cumprimento das promessas e das preparações.(CIC 484)
João 1, 6-7: "Houve um homem enviado por Deus; seu nome era João. Ele veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos cressem por meio dele".
Lucas 1,15: "será repleto do Espírito Santo desde o seio de sua mãe".
"Em João, o Precursor, o Espírito Santo concluía a obra de preparar para o Senhor um povo bem disposto".O Batismo de João era para o arrependimento, o Batismo da água e no Espírito será um novo nascimento".
CIC 485: "A missão do Espírito Santo está sempre conjugada e ordenada à do Filho. O Espírito santo é enviado para santificar o seio da Virgem Maria e fecundá-la divinamente, ele que é o "Senhor que dá a Vida", fazendo com que ela conceba o Filho Eterno do Pai em uma humanidade proveniente da sua".
CIC 721: "Maria, a santíssima Mãe de Deus, sempre Virgem, é obra prima da Missão do Filho e do Espírito na plenitude do Tempo. Pela primeira vez no plano da Salvação e porque o Seu Espírito a preparou, o Pai encontra a Morada em que Seu Filho e seu Espírito podem habitar entre os homens".
CIC 722: "O Espírito Santo preparou Maria com a sua Graça. Convinha que fosse "Cheia de Graça" a mãe daquele em que habita coproralmente a plenitude da divindade.
CIC 723: "Em Maria, o Espírito santo realiza o desígnio benevolente do Pai. É com e pelo Espírito Santo que a Virgem concebe e dá à luz o Filho de Deus.
CIC 727: "Toda a missão do Filho e do Espírito Santo na plenitude do tempo está contida no fato de o Filho ser o Ungido do Espírito do Pai desde a Sua Encarnação: Jesus é o Cristo, o Messias. Toda a obra de Cristo é missão conjunta do Filho e do Espírito Santo".
CIC 486: "Ao ser concebido como homem no seio da Virgem maria, o Filho Único do Pai é "cristo", isto é, "ungido pelo Espírito Santo"(Mt 1,20/Lc 1,35), desde o início da sua existência humana, ainda que a sua manifestação só se realize progressivamente: aos pastores(Lc 2,8-20), aos magos(Mt 2,1-20), a João Batista(Jo 1,31-34), aos discípulos(Jo 2,11). Toda a vida de Jesus Cristo manifestará, portanto, "como Deus o ungiu com o Espírito e com poder"(At 10,38).
CIC 535: "A vida pública de jesus tem início com o seu Batismo por João no Rio Jordão(At 1,22).
CIC 536: "O Espírito que Jesus possui em plenitude desde a sua concepção vem "repousar"sobre Ele. Jesus será a fonte do Espírito para toda a humanidade. No Batismo de Jesus "abriram-se os Céus", que o pecado de Adão havia fechado. É o prelúdio da nova criação.
CIC 538: "Os Evangelhos falam de um tempo de solidão de Jeuss no deserto, imediatamente depois do seu Batismo por João: "Levado pelo espírito ao deserto, jesus ali fica quarenta dias sem comer, vive com os animais selvagens e os anjos o servem (Mc 1,12-13). No final dessa permanência, Satanás o tenta por três vezes, procurando questionar sua atitude filial para com deus. jesus rechaça esses ataques que recapitualm as tentações de Adão no Paraíso e de israel no deserto, e o Diabo afasta-se dele "até o tempo oportuno"(Lc 4,13).
Batismo no Espírito Santo
"É Ele que vos batizará no Espírito Santo e no fogo" (Mt 3,11)... Esta promessa vai ter seu cumprimento, externo e visível ao mesmo tempo, no dia de Pentecostes: "Então apareceram línguas como de fogo. (...) Todos ficaram repletos do Espírito Santo" (At 2,3-4).
Igualmente a palavra de Jesus: "Eu vim para atear fogo sobre a terra" (Lc 12,49), refere-se ao dom do Espírito, ou ao menos o inclui. Quanto a Paulo, também ele, implicitamente compara o Espírito ao fogo, recomendando que não se deve "apagar" o Espírito (cf. 1Ts 5,19).
Para descobrir o que é que a Revelação quis nos dizer com isto, devemos ver o que o fogo simboliza na Bíblia. Vamos então descobrir que o fogo tem múltiplos significados, alguns positivos, outros negativos. O fogo ilumina (como no caso da coluna de fogo, no Êxodo), aquece, inflama, devora os inimigos, punirá por toda a eternidade os ímpios.
Mas, entre todos esses significados, há um que se destaca e predomina sobre os outros: o fogo purifica. Também a água simboliza muitas vezes a purificação, mas com uma diferença importante que a própria Bíblia enfatiza: "...o ouro, a prata, o ferro, o estanho e o chumbo, tudo o que pode resistir ao fogo, deveis passar pelo fogo para que seja purificado. (...) O que não resistir ao fogo, fareis passar na água lustral" (Nm 31,22-23).
O fogo é o símbolo de uma purificação mais profunda, radical. A água purifica por fora, o fogo também por dentro. Canta o salmista: "Examina-me, Senhor, e submete-me à prova, purifica no fogo meus rins e coração" (Sl 26,2). As coisas preciosas - o ouro, no âmbito material, a fé no espiritual - são provadas no fogo (cf. 1Pd 1,7)...
A esta luz se deve compreender também a definição de Deus como um "fogo devorador". A sua santidade e simplicidade não toleram mistura alguma, e põem a nu todo o mal e o devoram. Somente quem afasta de si o mal "poderá agüentar um fogo devorador" (cf. Is 33,14s). em certo sentido, o título de "fogo" limita-se a explicitar o adjetivo de "Santo" que acompanha o nome "Espírito". O Espírito é fogo porque é Santo...
Em Pentecostes - escreve Cirilo de Jerusalém - os apóstolos receberam "o fogo que queima os espinhos dos pecados e dá esplendor à alma"...
Um antigo responsório que se recitava no Ofício de Pentecostes diz: "Sobreveio um fogo divino, que não queima, mas ilumina, não consome, mas brilha; encontrou os corações dos discípulos como receptáculos puros e distribuiu entre eles os seus dons e carismas"...
Resumindo esta tradição sobre o fogo de Pentecostes, dotado do poder de criar e destruir, um grande poeta moderno escreve: "A pomba desce, fendendo os ares, com chama incandescente de terror, e as línguas declaram que a única esperança (ou desespero) está na escolha entre queimar ou queimar, ser remidos do fogo pelo Fogo".
Nós "escolhemos" passar pelo fogo que redime para não sofrer um dia o fogo do juízo que destrói...
A partir deste momento, o Espírito começa a agir como um fogo, não mais porém como fogo que purifica e refunde, mas como fogo que aquece e inflama... A Liturgia resgata esse ensinamento quando nos faz dizer, na Missa de Pentecostes: "Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor", e ainda, na Seqüência: "Aquece o que está frio"...
Santo Efrém Sírio cantou profunda e poeticamente esta prerrogativa do Espírito de aquecer, fecundar e derreter o gelo do pecado, que faz a alma ficar rígida de frio: "Com o calor, tudo amadurece; / graças ao Espírito, tudo é santificado: / símbolo evidente! / O calor derrete o gelo dos corpos: / o mesmo faz o Espírito com a impureza dos corações. / Ao primeiro calor, saltam os bezerrinhos na primavera; / assim também os discípulos, quando o Espírito desceu sobre eles. / O calor rompe os troncos do inverno que mantêm flores e frutos prisioneiros: graças ao Espírito Santo, / quebra-se o jugo do maligno, / que impede à graça desabrochar. / O calor desperta o seio da terra adormecida: / o mesmo faz o Espírito Santo com a Igreja".
Também para João da Cruz, são dois os efeitos da Chama viva de amor: ela purifica a alma e lhe infunde força, vivacidade e ardor por Deus. Não se contenta em purificar-nos do pecado, mas prolonga a sua ação em nós até nos fazer "fervorosos no Espírito" (Rm 12,11). Comporta-se como o fogo quando se apega à lenha úmida: primeiro o expurga, arrancando-lhe com barulho todas as impurezas, depois o inflama progressivamente, até que se torne toda incandescente e ela mesma se transforme em fogo.
Concretamente, isto quer dizer que o Espírito Santo nos preserva de cair na tibieza e, se por acaso já tivermos caído na tibieza ou estivermos caindo, livra-nos dela. Da tibieza não se pode sair sem uma intervenção do Espírito Santo, intervenção nova, decisiva. Podemos vê-lo na vida dos apóstolos. Antes de Pentecostes, eram pessoas tíbias. Não eram capazes de vigiar uma hora, discutiam sempre quem seria o maior, ficavam espantados diante de qualquer ameaça. Mas, que diferença depois que sobre eles vieram pairar as línguas de fogo. A partir daquele momento, tornaram-se a viva imagem do zelo, do fervor e da coragem. Fervorosos no pregar, no louvar a Deus, no fundar e organizar as Igrejas e, enfim, no sacrificar a vida por Cristo...
Pouco adianta dizer: é preciso aplicar à doença da tibieza o remédio do fervor! É como dizer a um doente que o remédio para o seu mal é a saúde, ignorando que justamente este é o seu problema: a falta de saúde. Não, o remédio para a tibieza não é o fervor, mas é o Espírito Santo. O fervor é o contrário da tibieza, não é o remédio para ela.
Com isto há uma esperança também para nós. Se nos parece diagnosticar em nós os sintomas deste "mal obscuro" da vida espiritual - a tibieza - se descobrimos que estamos apagados, frios, apáticos, insatisfeitos com Deus e com nós mesmos, existe remédio, e é infalível: precisamos de um belo e santo Pentecostes! Com o auxílio da graça, é possível sair da tibieza. Houve grandes santos que, como eles mesmos o admitiram, se tornaram santos depois de um longo período de tibieza. É o que desejamos pedir ao Espírito Santo.
Viver segundo o Espírito
O Espírito Santo é o grande sopro de Deus. É o grande alento de Deus. É a grande partilha de Deus conosco. O Espírito Santo na Trindade é Aquele que procede do Pai e do Filho, é Aquele que tem o encargo de transbordar para nós a Pessoa do Pai e do Filho. O Espírito Santo é Aquele que na Trindade é testemunho e promotor do amor e do conhecimento entre o Pai e do Filho.
Ele é o encarregado de prosseguir a missão de Jesus e fazer transbordar para nós, o próprio ser do Pai e do Filho. Jesus diz: “eu vou enviar o meu Espírito Santo, ele testemunhará para vocês o que vocês agora não conseguem entender”. Então Jesus está dizendo que o Espírito Santo é Aquele que transborda do Pai e do Filho para nós homens. Muitas vezes nós limitamos o Espírito Santo a dons, virtudes, carismas, inspirações e revelações, no entanto, o Espírito Santo é Deus e vai muito além de tudo isto, porque ele é Deus, e quando o Espírito Santo transborda, Ele gera em nós a Pessoa do Pai e a Pessoa do Filho, e começa uma obra de divinização.
Quando Jesus diz: “Sede perfeitos como o pai Celestial é perfeito” está nos dando um mandato de divinização. Jesus está nos mandando ser dóceis a esse processo de divinização que Ele está realizando em nós. E isto é muito sério. No entanto, nós conhecemos esta obra tão profunda de uma maneira rápida e superficial. Divinização não significa que nós nos tornamos deuses, mas que o Senhor quer fazer em nós um processo de divinização, o Espírito Santo quer esculpir em nós a imagem de Jesus , revestir o nosso interior e exterior com a imagem de Jesus, que é ser um outro Cristo, ser um outro Jesus. O processo de divinização realizado pelo Espírito Santo, portanto, significa que a imagem e semelhança de Deus que foi corrompida pelo pecado é refeita, significa a realização da obra de redenção, de justificação, de santificação feita em nossa vida.
A Palavra de Deus nos ensina que quem não tiver em si o Espírito de Deus não pertence a Deus, não é dele: “Vós, porém, não viveis segundo a carne, mas segundo o Espírito, se realmente o Espírito de Deus habita em vós. Se alguém não possui o Espírito de Cristo, este não é dele” (Rm 8,9). Os verdadeiros filhos de Deus, diz São João, não “nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas sim de Deus”. Mais adiante quando Jesus conversa com Nicodemos, diz: “Necessário vos é nascer de novo” (Jo 3,7). Aquele que nasce da carne é carne, o que nasce do Espírito é espírito. O Espírito Santo ‘’e Aquele que ordena a vida espiritual do homem para a caridade.
É Aquele que ordena o homem para a perfeição, porque a perfeição acontece quando o homem ama com o amor divino. O Espírito Santo é Aquele que diviniza o homem a imagem de Jesus. E nós sabemos disso, mas nós não sabemos como isso funciona. Por isto, podemos viver dentro de uma comunidade cristã, que serve a Igreja, e vivermos segundo a carne, gostando do que é carnal. Mesmo vivendo dentro de uma comunidade cristã podemos não ter a abertura necessária para que o Espírito Santo realize em nós o processo de santificação. Para que este processo aconteça em nossas vidas, requer de nós uma abertura profunda ao Espírito, requer uma coerência de vida que o próprio Espírito nos dá, mas que supõe a submissão da vontade do homem, do seu sim, do seu fiat. O que acontece muitas vezes com aqueles que dizem sim ao chamado de Jesus é que até começaram a viver no Espírito, mas terminam por viverem na carne.
Os cristãos comprometidos, que participam de uma comunidade cristã ou de grupos de oração, muitas vezes pensam que vivem no Espírito, porque oram, porque são fiéis as orações comunitárias ou porque possuem um ministério, e, no entanto, seus corações estão cheios de mentalidade, de sentimentos de quem vive uma vida na carne. É necessário que o homem dê espaço para a ação do Espírito em sua vida, se não, não crescerá na vida espiritual.
Para vivermos a vida no Espírito precisamos da ajuda deste mesmo Espírito pois precisamos deixar os frutos da carne. Em vez disto, muitas vezes continuamos satisfazendo os apetites da nossa carne. Precisamos pedir muito a Jesus que tire do nosso coração toda hipocrisia. São Paulo nos diz: “Deixai-vos conduzir pelo Espírito e não satisfazei aos apetites da carne”. Ë uma lei tão simples, sem nenhuma complicação. O cristão que não segue as inspirações de Deus, as inspirações do Espírito, está correndo o risco de pecar gravemente. Por que? Porque os desejos do Espírito se opõem aos desejos da carne. Se não segue as moções do Espírito, qual a moção que seguirá? A da carne, com certeza. E um cristão não é chamado a viver a vida na carne. Não é chamado a viver destruindo a si próprio e aos outros. Estará fechando o seu coração para a ação da graça de Deus em sua vida.
Quais são os apetites da carne? Os apetites da carne são frutos das três concupiscências: prazer, poder e possuir, que foram combatidos por Jesus através da pobreza, obediência e castidade. Então, se nós vivermos pelo Espírito não satisfaremos os apetites da carne. É necessário tomarmos uma decisão. E a partir daí, orientarmos a nossa vida segundo esta decisão. Deus nos convida a vivermos cheios do Espírito Santo.
Jesus disse a Nicodemos que tudo aquilo que não é da luz, não vem para a luz, porque tem medo de ser revelada a sua maldade. Porém, tudo o que é de Deus, tudo aquilo que é santo vem para luz, porque não tem nada para esconder. Há coisas em nós que preferimos não ver. Há coisas em nós que preferimos achar que está tudo bem, porque gostamos do pecado. Nós gostamos do pecado. Não é novidade, nós gostamos do pecado. O pecado é “bom”. Brincamos com o pecado porque ele é gostoso para nós, ele nos satisfaz na carne, apesar de matar a nossa alma, de destruir o que temos de muito precioso, porque a morte da alma leva a morte do nosso ser.
Os desejos da carne se opõem aos do Espírito, e estes, aos da carne. Então, para que o Senhor nos divinize com o Espírito do seu Jesus, é preciso vivermos no Espírito e tirarmos tudo o que é carnal de nossas vidas, porque vai fazer oposição ao Espírito, vai entristecer o Espírito, vai afastar o Espírito de nossas vidas, e vai nos fazer viver na carne. É o inferno.
O senhor não nos conhecerá quando dissermos para Ele: “Meu filho eu não conheço você. Você viveu na carne. Você cuidou de forma carnal de algo que é Espírito, uma graça espiritual, uma graça única, graça de pouquíssimos, de privilegiadíssimos. Você cuidou dessa graça, você cuidou da condução do Espírito nessa graça como homem natural e o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, pois para ele são loucuras” (cf. I Cor 2,14). “Quem semeia na carne, da carne colherá corrupção; quem semeia no Espírito, do Espírito colherá a vida eterna” (Gal 5,8).
Seremos fortes enquanto vivermos no Espírito. Nossa vida será coesa enquanto vivermos no Espírito. Ela será cheia de poder, enquanto vivermos no Espírito. E somente cheios do Espírito poderemos realizar as mesmas obras de Jesus ou até maiores do que elas (cf. Jo 14,12).
As obras da carne são, como nos ensina São Paulo: “Fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, superstição, inimizades, brigas, ciúmes, ódio...” (Gal 5,18-21). Precisamos refletir se estamos vivendo no Espírito ou na carne, porque aqueles que agem através dessas obras da carne, como querem ser cheios do Espírito? Como querem ter vida de oração? Deus vai derramar o Seu Espírito, a Sua graça sobre aqueles que estão de coração aberto e lutam contra estas obras da carne. Se nós vivemos na carne, a nossa vida de oração é uma mentira. É melhor não rezar. É melhor rezar o salmo mecanicamente, sem rezar nenhum minuto no Espírito, para ver se pela Palavra Deus realiza a nossa conversão. As nossas centralizações, o lugar onde colocamos o nosso coração se não estiver em Deus, certamente nos levará a realizar as obras da carne. Não é aquela pessoa, aquele namorado, aquele desejo, aquele plano... que devem ser o centro da nossa vida, mas únicamente Deus. Deus é o centro de tudo, não podemos sair por aí colocando outros deuses na nossa vida. Desejar viver a vida no Espírito significa dizer que somos esposas de Jesus, que queremos ser d’Ele.
Nós muitas vezes mitigamos nossos conceitos morais, porque nós com nosso libertinagem que atinge níveis que não podemos imaginar, vamos mitigando a nossa vida cristã. Deus nos pede uma vida como a sua, de penitência, de renúncia, de abandono, de sacrifício, de compromisso, mas nem parece, porque estamos sempre nos justificando para fazermos exatamente o contrário. Dessa forma vamos mitigando a nossa vida cristã.
Outra situação não rara é em relação a oração pessoal, terço, estudo bíblico, a vida sacramental. Começamos até muito bem, mas depois vamos nos descuidando, nos contentamos com pouco: “afinal de contas já está tão tarde e hoje eu já fiz tantas coisas para Jesus”. Libertinagem não é só ir para festas carnavalescas, aderir ao sexo livre, é também irmos mitigando as coisas de Deus, as exigências do Evangelho, é nos entregarmos a vida na carne, é não termos uma amor a Deus concreto e indiviso, um amor total. Tudo isto é fruto da mitigação, da vida mais ou menos, da entrega de vida com reservas, sem nos abandonarmos inteiramente.
Parece que queremos que aconteça o impossível: colocar o Evangelho dentro da nossa medida e isto é deslealdade, é cometer uma grave injustiça contra Deus que é o Senhor de tudo. Isto é tentar a Deus, dissimular, mentir, enganar a si mesmo e o pior, enganar também a Deus. Isso acontece porque os apetites da nossa carne não estão submetidos à condução do Espírito Santo. Não cedemos aos apelos do Espírito que de forma profunda vencem os apelos carnais. “Não nos consideramos mortos ao pecado, porém vivos para Deus” ( Rm 6,11). Oferecemos os nossos membros ao pecado, em vez de oferecê-los como instrumento do bem a serviço de Deus (cf. Rm 6,13). E isto é libertinagem, lugar de desordem, cada um faz o que quer. Isto é destruir vocações cristãs e a vida espiritual.
Começa então a existir no meio cristão inimizades, brigas, fofocas, ciúmes, ódio, escândalos...Tudo isso é libertinagem! Tenhamos cuidado porque desta forma ficaremos cheios não do Espírito Santo e sua graça, mas das coisas mundanas. É preciso que aconteça a decisão se queremos Deus ou as coisas do mundo que satisfazem nossa carne manchada pelo pecado, como as orgias, invejas, bebedeiras, ciúmes, competições... “dessas coisas vos previno, como já vos preveni, os que as praticam não herdarão o Reino de Deus”, como nos exorta São Paulo. Acontece ao contrário com aquele que se lança nos braços do Espírito Santo, este é leal, é verdadeiro, porque deseja fazer a vontade de Deus, é aquele que se decidiu por Deus sem reservas, é um sábio, conheceu aonde se encontra o verdadeiro tesouro, nenhum brilho é capaz de ofuscar a sua decisão por Deus.
Além de tudo isto precisamos experimentar a alegria de pertencer ao Senhor, pois é a única fonte de alegria, é o único que pode saciar-nos. O amor de Deus é muito maior que discórdia, do que o ciúme, do que a inveja, do que a centralização em mim mesmo, do que a minha opinião. Estas coisas podem até me trazer uma satisfação, mas é satisfação como a do vinho, que trás aquela euforia, mas esta euforia é passageira e deixa uma tremenda dor na alma e no corpo. A vida na carne pode nos trazer um prazer carnal, mas nos mata, por isso devemos buscar somente a alegria que vem de pertencermos a Deus, de desfrutarmos do seu amor que nos cura e salva.
Tudo que existe no mundo não se compara ao amor de Deus por nós, não se compara a felicidade que desfrutamos pelo fato de pertencermos a Deus, dele ser o Senhor de nossa vida. As coisas do mundo podem até serem deliciosas, mas não são tão deliciosas como a vida com Deus, a vida no Espírito, por isso devemos nos decidir em entregarmos a nossa vida a Ele, em nos darmos inteiramente a Ele, à Sua vontade, à vida no Espírito que contraria os nossos desejos carnais. Preferimos nos consumir na penitência, na continência, no silêncio, para que desfrutemos plenamente do amor de Deus e não andemos enganados com outros amores.
Quero merg mergulharnas Profundezas
Como mergulhar nas profundezas do Espírito de Deus? Como abrir-se à graça da oração profunda que nos é dada como “único caminho” para que o novo de Deus aconteça em nossas vidas (RVS p. 29); a maneira do Senhor “edificar Sua obra de amor em nós” (RVS p.33); a maneira de escutarmos e reconhecermos a voz do Amado em nós (RVS p.33)?
Temos estudado bastante os moldes de oração propostos por Sta. Teresa de Jesus. Há, porém, um pequenino e singelo “ensino” de oração inspirado por Deus e muito de acordo com os moldes de Sta. Teresa, que estudaremos juntos segundo o que o Senhor nos agraciar:
“Quero mergulhar nas profundezas do Espírito de Deus
e descobrir Suas riquezas no meu coração.
É tão lindo, tão simples!
Brisa leve, tão suave, doce Espírito Santo de Deus!
Tão suave, brisa leve, doce Espírito Santo de Deus!”
Quando se lê simplesmente o texto desta música, fica-se espantado como é pequeno, despretencioso, curto e simples. Quando se canta, sabe-se como o Senhor a tem utilizado para mover multidões. As coisas simples têm, de fato, à luz da vocação que expressam, muito a nos ensinar.
I. Quero
Eu quero! Este é o primeiro passo para a vida de oração. Não um primeiro passo que se dá uma vez e não se precisa dar mais. É um passo diário, contínuo, de segundo a segundo. É uma decisão profunda da vontade: “Sim! Digo sim ao convite de Deus que me chamou primeiro e que realiza a oração em mim. Digo sim ao convite de Deus através de minha vocação fundamentada na oração profunda. Digo sim agora, no “tempo compreendido na palavra hoje” (Hb). O meu “quero” é resposta de amor a Deus. Eu quero! “Sim, Pai, não é fácil, mas eu desejo, eu quero, eu vou.” (RVS p.30)
Na verdade, a profundidade de nossa vida de oração está intimamente relacionada com este “quero!” contínuo. Quanto mais a nossa vontade diz “sim” à oração nas suas consolações e desolações, nos momentos de motivação ou de falta de vontade, mais nossa oração tende a aprofundar-se.
Sabemos que, como ensina Sta. Teresa, as consolações são dadas por Deus para nos sustentar nos momentos onde estamos fracos e necessitados. Devemos recebê-las com humildade e gratidão pela “ajuda” de Deus. Do mesmo modo, devemos receber as dificuldades e desolações, pois são estes os grandes prêmios, a grande prova de que estamos seguindo o impulso do “quero” dito por Deus e do “quero” respondido por nós.
O “eu quero!” contínuo dado na vida de oração não pode ser um “quero” romântico, suspirado, fantasioso. Este tipo de “quero” é ainda muito fraquinho, muito inicial, muito centrado em mim mesmo, nas fantasias espirituais que desejo alimentar, no falso alimento que vem de minha imaginação. O “quero romântico e fantasioso caracteriza-se pela busca das consolações, pela imaginação que nos garante sermos já santos e bem caminhados na via da oração. Este quero fantasioso nos mantém na superficialidade da vida de oração, se é que podemos chamá-la assim, pois é como um flutuador que nos mantém à superfície do imenso mar do amor de Deus e nos obriga a ficar à mercê das primeiras e pequeninas ondas que quebram na beira.
A característica deste tipo de “quero” é a instabilidade na vida concreta. Instabilidade no humor, na disposição para servir a Deus, na disposição a servir os irmãos. Outra característica é um certo individualismo, uma tendência a ver os acontecimentos e as atitudes dos irmãos segundo o grau de santidade que julgo ter alcançado. Uma terceira característica são os conflitos interiores que, repentinamente, me tiram a paz ou, ainda, acontecimentos exteriores (através de fatos ou palavras de irmãos) que me tiram a paz da alma.
A superficialidade na vida de oração me deixa, de fato, tão instável quanto uma criança de pouco peso que flutua nas pequenas ondas na beira da praia. Como tudo é visto com relação a ela (que, em sua imaturidade, se considera o referencial de todo aquele mar) tudo a desestabiliza concretamente, muito embora, no “momento” da oração pessoal as coisas pareçam ir “muito bem”. Afinal, sempre há moções, visões, profecias, palavras de sabedoria...
A oração baseada no “eu quero!” profundo, passa a ser oração profunda, que nos faz...
II. Quero mergulhar nas profundezas do Espírito de Deus
Conhecemos bem o que nos ensina a Igreja sobre a esponsabilidade espiritual, sobre a vida de união com o Amado. A Igreja, baseada em seus grandes místicos, santos e doutores, nos ensina que, como dizem as nossas Regras, “O amor ao irmão é uma maneira concreta de mostrarmos o quanto amamos o nosso Amado, amando aqueles a quem tanto Ele ama e por quem Ele deu a sua própria vida. Como não dar a vida por aqueles por quem o Amado a deu?” (p.33).
Certamente iluminadas pelo Espírito, as Regras colocam na mesma ordem dos místicos o caminho do “eu quero” profundo: o arrependimento e o desejo de fazer a vontade de Deus, a contemplação na ação, o desapego e a pobreza (cujo caminho, segundo as Regras é “ser terceiro”) que se expressam concretamente no amor ao irmão, são nada mais que nossa “maneira shalom” de seguir, sempre na oração profunda as vias da vida espiritual: a via purgativa, a iluminativa e a unitiva, na ordem citada nas regras. Estamos unidos ao Amado, somos almas esposas, quando, desapegados de tudo e de nós mesmos, pudermos dizer: amo o meu irmão como o Pai ama Jesus, como Jesus me ama, como Jesus nos ama. Minha vida de oração me impele ao amor. A vivência da caridade fraterna me leva à oração. Meu louvor e adoração vêm da constatação contínua de que Deus me ama e, por isso, ama em mim; de que Deus ama o meu irmão e que, por isso, ama-o por mim. Sou alma esposa do Esposo! Amo com a caridade de Deus!
A única maneira apontada pelos místicos e pela Igreja de se medir a profundidade de nossa vida de oração é medi-la pelo grau de amor ao irmão que sou capaz de viver. Mergulhar nas profundezas do Espírito de Deus é mergulhar no Amor que une a própria Trindade. Se, pela oração, sou chamado pelo próprio Deus a mergulhar nas profundezas do Seu Amor não há como sair deste mergulho profundo senão transformado e “contaminado” por este Amor. E - fundamental! - foi pelo homem que Deus, em Jesus deu a sua vida. “Como não dar a vida por aqueles por quem o Amado deu?”
Quando, de fato, mergulhamos nas profundezas do Espírito de Deus, mergulhamos no Amor que nos invade e que transborda de nós em torrentes poderosas capazes de abalar o mundo, como aconteceu com Francisco, com Teresa, com Teresinha, com Elizabete da Trindade, com Madre Teresa de Calcutá. Sabemos que de fato oramos profundamente quando, de fato, amamos verdadeiramente.
III. E descobrir suas riquezas em meu coração
Ao mergulhar nas profundezas do Espírito de Deus no contínuo “eu quero!” que mantém nossa vontade escrava da Dele, mergulhamos no próprio mistério da inabitação de Deus (Deus habita em mim!) e da correspondência à graça santificante. São novamente quatro movimentos essenciais da alma que ora: 1. a adesão da vontade; 2. o mergulho nas profundezas do Espírito de Amor ; 3. a descoberta da Sua Riqueza (o amor!); 4. a constatação de que Ele e suas riquezas estão disponíveis, pela graça santificante, em meu coração.
Santa Teresa nos fala freqüentemente da ida ao poço, do esforço para pegar água (quando ela é encontrada!) e regar nosso pobre jardim. É o “eu quero”. Fala-nos também do Jardineiro que demonstra o Seu amor por mim ao se revelar neste jardim e providenciar com sua presença nosso demonstra o Seu amor por mim ao se revelar neste jardim e providenciar com sua presença nosso mergulho nas águas vivas do seu Ser. É o longo, rico e profundo mergulho no Espírito. Fala-nos, adiante, como a alma passa a viver como que fora de si e como constata nascerem nela as virtudes que expressam a caridade fraterna. São as riquezas que transbordam do único bem.
É doce, muito doce, a presença do Amado. Porém, nossas mãos devem estar feridas, como as Dele, para recebê-lo, para percebê-lo. Não recebe o Senhor quem tem as mãos molhadas de mirra que lhe escorrem pelos dedos (Cant 5,5). Não encontram o Senhor mãos cheias de fantasias de oração a lhe escorrerem pelos dedos como líquido ralo que nada sustém. São mãos feridas pela renúncia contínua aquelas que encontram as Mãos feridas pela Renúncia Suprema. A riqueza do Espírito que a alma encontra e reconhece em si mesma é a riqueza da renúncia. É, em outras palavras, a pobreza de quem ama sendo o terceiro. Isto é importante: as riquezas do Espírito são as riquezas do amor e a única e verdadeira riqueza do amor é a renúncia de si para a posse do Amado.
Bendita renúncia implícita no amor! Bendita renúncia que nos fere as mãos, que nos deixa a “pele morena” por que temos acampado não em nosso próprio conforto, mas como nômades nas tendas de Cedar. Bendita renúncia que nos leva a “não guardar” nossa “própria vinha”, mas a nos sujeitarmos às queimaduras do sol para guardarmos vinhas de irmãos que “se irritaram contra” nós (cf Cant 1,5-6).
No Batismo, recebemos a graça santificante e participamos da natureza de Deus. “Mergulhar nas profundezas do Espírito de Deus e descobrir Suas riquezas em nosso coração” é nos deixarmos contaminar mais e mais por esta graça que leva à santidade pelo amor concreto aos irmãos. Orar nas profundezas do Espírito de Deus é encher-se do Amor da Trindade para viver Nele e Dele de maneira concreta, cheia da alegria da renúncia. Oro para amar! Oro para amar! Oro para amar!
Se eu não quero amar, para que oro? Se continuo a orar todos os dias mas não cresço no amor a Deus e ao meu irmão, a quem oro? Em quais “profundezas” mergulho? De quem são as “riquezas” que descubro?
Sim! Oro por amor e porque quero amar! Oro para amar, para nada mais! A grande e única ação da graça santificante em uma alma é levá-la a amar. Mergulhar nas profundezas do Espírito e descobrir as Suas riquezas em meu coração é, essencialmente, descobrir esta verdade que tem norteado a vida de santos de todos os séculos.
S. Tomás de Aquino afirma sobre a natureza de Deus: “Deus é amor em Ato” (Suma Teol.). No mergulho da oração profunda, na consciência de participar de Sua natureza não com um pequeno pedacinho que me permite minha acomodação, mas na plenitude do quinhão que Ele me reservou, descubro que participar da natureza do Amor não pode ser outra coisa senão amar, amar, amar. Deus, a plenitude de todo o bem, é o próprio amor em ato. Eu, em minha miséria, posso apenas praticar atos de amor. Deus, plenitude do Amor, fez, em Jesus, a plenitude da Renúncia. Eu, nada que sou, posso apenas fazer, por amor a Jesus, atos contínuos de renúncia que me assemelhem mais Àquele cuja natureza me foi comunicada por pura misericórdia.
Mergulhar nas profundezas do Espírito de Deus é mergulhar no Amor, que é a própria natureza de Deus. Descobrir as riquezas do Espírito em meu coração é viver em plenitude a graça santificante e a participação da natureza divina pela renúncia de amor.
IV. É tão lindo! Tão simples!
Neste ponto, Elizabete da Trindade fale por nós:
Bendito seja Teu amor,
Pai, Filho e Espírito Santo
Na adoração nós nos damos a Ti
Lembra-te que tua alma é um templo de Deus.
Em todo instante do dia e da noite
As três pessoas divinas habitam em ti
Lembra-te que tu estás com Ele
Como se está com alguém que se ama.
É tão simples!
Não há necessidade de belos pensamentos,
mas de uma inclinação do coração.
A adoração é uma palavra celeste
É o êxtase do amor
É o amor esmagado pela bondade
Daquela que me ama
E que cai em silêncio pleno e profundo
É preciso ser simples com o Bom Deus
Ele está em mim e eu Nele
Nada tenho a fazer senão amá-lo
Senão deixar-me amar
E isso durante todo o tempo
E através de todas as coisas
Levantar-se no amor,
Mover-se no amor,
Dormir no amor.
A alma na Sua Alma,
O coração no Seu Coração,
Os olhos nos Seus Olhos,
A fim de que, pelo contato com Ele
Ele me purifique,
Ele me livre de minha miséria.
É, de fato, tão lindo, tão simples! Não há como falhar o mergulho simples nas profundezas de Deus. É mergulho no amor e para o amor, como nossa vocação é “no amor e para o amor” (RV). Como poderia ser Deus incoerente? Tendo uma vocação fundamentada na oração ela não poderia senão ser fundamentada no amor e para o amor. É este o resumo da vida de oração.
V. Brisa leve, tão suave, doce Espírito de Deus!
Naturalmente, fala-se aqui de Elias. O profeta que sabia estar próxima a visita de Deus. Profeta refugiado em lugar solitário para este encontro tão vital, porque “estava devorado de zelo pelo Senhor” ( IRs 19). Passaram “o vento impetuoso e violento, que fendia as montanhas e quebrava o rochedo”, o tremor de terra, o fogo. Porém, neles não estava o Senhor. Aquele Senhor que se manifestara como fogo devorador sobre o sacrifício ofertado pelo mesmo Elias, que fizera tremer os profetas de Baal impressionando-os com seu poder, queria manifestar-se agora a Elias com “o murmúrio de uma brisa ligeira”. Brisa muito suave e quase imperceptível, mas profundamente poderosa no íntimo da alma do profeta amedrontado e ferido. Nas profundezas de sua alma, o profeta reconhece a presença de Deus e sai do seu refúgio, deixando-se consolar para, logo depois, ouvir: “Retoma o caminho”!
“A voz do Amado é reconhecida pela alma que O busca e tem intimidade com Ele na oração” (RVS, 34). Esta voz, manifestada no dia-a-dia mais na brisa leve que no trovão, tem a simplicidade e suavidade dos que são pequeninos, dos que não buscam grandes coisas para si, dos que não se elevam. Estes, por se saberem dignos de menos que nada, podem ouvir nítida esta voz suave, identificá-la e responder a ela com a própria vida, obedecendo quando ela diz: “Retorna! Vai agora amar teu irmão. Eu estou nele.”
Os que buscam o retumbar das grandes “consolações, do reconhecimento de si mesmos, do próprio engrandecimento, operam em decibéis mais elevados. Não ouvirão o murmúrio lindo e simples da brisa leve e suave. Permanecerão enganados em busca de si mesmos, incapazes de renunciar e amar, pois só ama quem deixou Deus fazer-lhe pequeno, quem tem as mãos feridas de cavar e a pele queimada de se expor pelo irmão. Este, ora para amar. Ele, verdadeiramente, mergulha nas profundezas da natureza de Deus!
“Ele colocou em meu coração uma tão grande sede de infinito,
Uma tão grande necessidade de amar
Que somente Ele poderá saciar-me.
Vou então em busca Dele,
Como uma pequena criança busca sua mãe,
Para que Ele me invada e me cumule de amor
Para que Ele me tome e me leve em seus braços
É preciso ser tão simples com o Bom Deus!”
(E. da Trindade)
É preciso ser tão simples com o Bom Deus!
É preciso amar, orar para amar, orar para amar!
Vida no Espírito Santo
O Espírito Santo é o grande sopro de Deus. É o grande alento de Deus. É a grande partilha de Deus conosco. O Espírito Santo na Trindade é Aquele que procede do Pai e do Filho, é Aquele que tem o encargo de transbordar para nós a Pessoa do Pai e do Filho. O Espírito Santo é Aquele que na Trindade é testemunho e promotor do amor e do conhecimento entre o Pai e do Filho. Ele é o encarregado de prosseguir a missão de Jesus e fazer transbordar para nós, o próprio ser do Pai e do Filho.
Jesus diz: “eu vou enviar o meu Espírito Santo, ele testemunhará para vocês o que vocês agora não conseguem entender”. Então Jesus está dizendo que o Espírito Santo é Aquele que transborda do Pai e do Filho para nós homens. Muitas vezes nós limitamos o Espírito Santo a dons, virtudes, carismas, inspirações e revelações, no entanto, o Espírito Santo é Deus e vai muito além de tudo isto, porque ele é Deus, e quando o Espírito Santo transborda, Ele gera em nós a Pessoa do Pai e a Pessoa do Filho, e começa uma obra de divinização.
Quando Jesus diz: “Sede perfeitos como o pai Celestial é perfeito” está nos dando um mandato de divinização. Jesus está nos mandando ser dóceis a esse processo de divinização que Ele está realizando em nós. E isto é muito sério. No entanto, nós conhecemos esta obra tão profunda de uma maneira rápida e superficial. Divinização não significa que nós nos tornamos deuses, mas que o Senhor quer fazer em nós um processo de divinização, o Espírito Santo quer esculpir em nós a imagem de Jesus , revestir o nosso interior e exterior com a imagem de Jesus, que é ser um outro Cristo, ser um outro Jesus. O processo de divinização realizado pelo Espírito Santo, portanto, significa que a imagem e semelhança de Deus que foi corrompida pelo pecado é refeita, significa a realização da obra de redenção, de justificação, de santificação feita em nossa vida.
A Palavra de Deus nos ensina que quem não tiver em si o Espírito de Deus não pertence a Deus, não é dele: “Vós, porém, não viveis segundo a carne, mas segundo o Espírito, se realmente o Espírito de Deus habita em vós. Se alguém não possui o Espírito de Cristo, este não é dele” (Rm 8,9). Os verdadeiros filhos de Deus, diz São João, não “nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas sim de Deus”. Mais adiante quando Jesus conversa com Nicodemos, diz: “Necessário vos é nascer de novo” (Jo 3,7). Aquele que nasce da carne é carne, o que nasce do Espírito é espírito.
O Espírito Santo é Aquele que ordena a vida espiritual do homem para a caridade. É Aquele que ordena o homem para a perfeição, porque a perfeição acontece quando o homem ama com o amor divino. O Espírito Santo é Aquele que diviniza o homem a imagem de Jesus. E nós sabemos disso, mas nós não sabemos como isso funciona. Por isto, podemos viver dentro de uma comunidade cristã, que serve a Igreja, e vivermos segundo a carne, gostando do que é carnal. Mesmo vivendo dentro de uma comunidade cristã podemos não ter a abertura necessária para que o Espírito Santo realize em nós o processo de santificação.
Para que este processo aconteça em nossas vidas, requer de nós uma abertura profunda ao Espírito, requer uma coerência de vida que o próprio Espírito nos dá, mas que supõe a submissão da vontade do homem, do seu sim, do seu fiat. O que acontece muitas vezes com aqueles que dizem sim ao chamado de Jesus é que até começaram a viver no Espírito, mas terminam por viverem na carne.
Os cristãos comprometidos, que participam de uma comunidade cristã ou de grupos de oração, muitas vezes pensam que vivem no Espírito, porque oram, porque são fiéis as orações comunitárias ou porque possuem um ministério, e, no entanto, seus corações estão cheios de mentalidade, de sentimentos de quem vive uma vida na carne. É necessário que o homem dê espaço para a ação do Espírito em sua vida, se não, não crescerá na vida espiritual.
Para vivermos a vida no Espírito precisamos da ajuda deste mesmo Espírito pois precisamos deixar os frutos da carne. Em vez disto, muitas vezes continuamos satisfazendo os apetites da nossa carne. Precisamos pedir muito a Jesus que tire do nosso coração toda hipocrisia. São Paulo nos diz: “Deixai-vos conduzir pelo Espírito e não satisfazei aos apetites da carne”. Ë uma lei tão simples, sem nenhuma complicação. O cristão que não segue as inspirações de Deus, as inspirações do Espírito, está correndo o risco de pecar gravemente. Por que? Porque os desejos do Espírito se opõem aos desejos da carne. Se não segue as moções do Espírito, qual a moção que seguirá? A da carne, com certeza. E um cristão não é chamado a viver a vida na carne. Não é chamado a viver destruindo a si próprio e aos outros. Estará fechando o seu coração para a ação da graça de Deus em sua vida.
Quais são os apetites da carne? Os apetites da carne são frutos das três concupiscências: prazer, poder e possuir, que foram combatidos por Jesus através da pobreza, obediência e castidade. Então, se nós vivermos pelo Espírito não satisfaremos os apetites da carne. É necessário tomarmos uma decisão. E a partir daí, orientarmos a nossa vida segundo esta decisão. Deus nos convida a vivermos cheios do Espírito Santo.
Jesus disse a Nicodemos que tudo aquilo que não é da luz, não vem para a luz, porque tem medo de ser revelada a sua maldade. Porém, tudo o que é de Deus, tudo aquilo que é santo vem para luz, porque não tem nada para esconder. Há coisas em nós que preferimos não ver. Há coisas em nós que preferimos achar que está tudo bem, porque gostamos do pecado. Nós gostamos do pecado. Não é novidade, nós gostamos do pecado. O pecado é “bom”. Brincamos com o pecado porque ele é gostoso para nós, ele nos satisfaz na carne, apesar de matar a nossa alma, de destruir o que temos de muito precioso, porque a morte da alma leva a morte do nosso ser.
Os desejos da carne se opõem aos do Espírito, e estes, aos da carne. Então, para que o Senhor nos divinize com o Espírito do seu Jesus, é preciso vivermos no Espírito e tirarmos tudo o que é carnal de nossas vidas, porque vai fazer oposição ao Espírito, vai entristecer o Espírito, vai afastar o Espírito de nossas vidas, e vai nos fazer viver na carne. É o inferno.
O senhor não nos conhecerá quando dissermos para Ele: “Meu filho eu não conheço você. Você viveu na carne. Você cuidou de forma carnal de algo que é Espírito, uma graça espiritual, uma graça única, graça de pouquíssimos, de privilegiadíssimos. Você cuidou dessa graça, você cuidou da condução do Espírito nessa graça como homem natural e o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, pois para ele são loucuras” (cf. I Cor 2,14). “Quem semeia na carne, da carne colherá corrupção; quem semeia no Espírito, do Espírito colherá a vida eterna” (Gal 5,8).
Seremos fortes enquanto vivermos no Espírito. Nossa vida será coesa enquanto vivermos no Espírito. Ela será cheia de poder, enquanto vivermos no Espírito. E somente cheios do Espírito poderemos realizar as mesmas obras de Jesus ou até maiores do que elas (cf. Jo 14,12).
As obras da carne são, como nos ensina São Paulo: “Fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, superstição, inimizades, brigas, ciúmes, ódio...” (Gal 5,18-21). Precisamos refletir se estamos vivendo no Espírito ou na carne, porque aqueles que agem através dessas obras da carne, como querem ser cheios do Espírito? Como querem ter vida de oração? Deus vai derramar o Seu Espírito, a Sua graça sobre aqueles que estão de coração aberto e lutam contra estas obras da carne. Se nós vivemos na carne, a nossa vida de oração é uma mentira. É melhor não rezar. É melhor rezar o salmo mecanicamente, sem rezar nenhum minuto no Espírito, para ver se pela Palavra Deus realiza a nossa conversão.
As nossas centralizações, o lugar onde colocamos o nosso coração se não estiver em Deus, certamente nos levará a realizar as obras da carne. Não é aquela pessoa, aquele namorado, aquele desejo, aquele plano... que devem ser o centro da nossa vida, mas únicamente Deus. Deus é o centro de tudo, não podemos sair por aí colocando outros deuses na nossa vida. Desejar viver a vida no Espírito significa dizer que somos esposas de Jesus, que queremos ser d’Ele.
Nós muitas vezes mitigamos nossos conceitos morais, porque nós com nosso libertinagem que atinge níveis que não podemos imaginar, vamos mitigando a nossa vida cristã. Deus nos pede uma vida como a sua, de penitência, de renúncia, de abandono, de sacrifício, de compromisso, mas nem parece, porque estamos sempre nos justificando para fazermos exatamente o contrário. Dessa forma vamos mitigando a nossa vida cristã.
Outra situação não rara é em relação a oração pessoal, terço, estudo bíblico, a vida sacramental. Começamos até muito bem, mas depois vamos nos descuidando, nos contentamos com pouco: “afinal de contas já está tão tarde e hoje eu já fiz tantas coisas para Jesus”. Libertinagem não é só ir para festas carnavalescas, aderir ao sexo livre, é também irmos mitigando as coisas de Deus, as exigências do Evangelho, é nos entregarmos a vida na carne, é não termos uma amor a Deus concreto e indiviso, um amor total.
Tudo isto é fruto da mitigação, da vida mais ou menos, da entrega de vida com reservas, sem nos abandonarmos inteiramente. Parece que queremos que aconteça o impossível: colocar o Evangelho dentro da nossa medida e isto é deslealdade, é cometer uma grave injustiça contra Deus que é o Senhor de tudo. Isto é tentar a Deus, dissimular, mentir, enganar a si mesmo e o pior, enganar também a Deus. Isso acontece porque os apetites da nossa carne não estão submetidos à condução do Espírito Santo. Não cedemos aos apelos do Espírito que de forma profunda vencem os apelos carnais. “Não nos consideramos mortos ao pecado, porém vivos para Deus” ( Rm 6,11). Oferecemos os nossos membros ao pecado, em vez de oferecê-los como instrumento do bem a serviço de Deus (cf. Rm 6,13). E isto é libertinagem, lugar de desordem, cada um faz o que quer. Isto é destruir vocações cristãs e a vida espiritual.
Começa então a existir no meio cristão inimizades, brigas, fofocas, ciúmes, ódio, escândalos...Tudo isso é libertinagem! Tenhamos cuidado porque desta forma ficaremos cheios não do Espírito Santo e sua graça, mas das coisas mundanas. É preciso que aconteça a decisão se queremos Deus ou as coisas do mundo que satisfazem nossa carne manchada pelo pecado, como as orgias, invejas, bebedeiras, ciúmes, competições... “dessas coisas vos previno, como já vos preveni, os que as praticam não herdarão o Reino de Deus”, como nos exorta São Paulo. Acontece ao contrário com aquele que se lança nos braços do Espírito Santo, este é leal, é verdadeiro, porque deseja fazer a vontade de Deus, é aquele que se decidiu por Deus sem reservas, é um sábio, conheceu aonde se encontra o verdadeiro tesouro, nenhum brilho é capaz de ofuscar a sua decisão por Deus.
Além de tudo isto precisamos experimentar a alegria de pertencer ao Senhor, pois é a única fonte de alegria, é o único que pode saciar-nos. O amor de Deus é muito maior que discórdia, do que o ciúme, do que a inveja, do que a centralização em mim mesmo, do que a minha opinião. Estas coisas podem até me trazer uma satisfação, mas é satisfação como a do vinho, que trás aquela euforia, mas esta euforia é passageira e deixa uma tremenda dor na alma e no corpo.
A vida na carne pode nos trazer um prazer carnal, mas nos mata, por isso devemos buscar somente a alegria que vem de pertencermos a Deus, de desfrutarmos do seu amor que nos cura e salva. Tudo que existe no mundo não se compara ao amor de Deus por nós, não se compara a felicidade que desfrutamos pelo fato de pertencermos a Deus, dele ser o Senhor de nossa vida. As coisas do mundo podem até serem deliciosas, mas não são tão deliciosas como a vida com Deus, a vida no Espírito, por isso devemos nos decidir em entregarmos a nossa vida a Ele, em nos darmos inteiramente a Ele, à Sua vontade, à vida no Espírito que contraria os nossos desejos carnais. Preferimos nos consumir na penitência, na continência, no silêncio, para que desfrutemos plenamente do amor de Deus e não andemos enganados com outros amores
Oração Pedindo o Poder do Espírito Santo para os Sacerdotes
Pai Celestial, viemos a Ti e te apresentamos todos os teus sacerdotes ordenados. Pedimos que, em teu amor, derrames sobre eles o teu Espírito Santo. Tu lhes deste poder sobre Satanás e seus demônios. Pedimos que Tu os inundes com o conhecimento renovado deste poder: fortifica-os e fortalece-os para que se movam no Teu Espírito Santo, em nome de Jesus, a fim de expulsar Satanás e seus demônios quando e onde os defrontarem. Dá-lhes uma nova visão a fim de que,, em Tua luz, possam eles ver claramente as influências do mal na vida deles, na vida daqueles que amam e na vida das pessoas da sua comunidade, ou que deles se aproximarem.
Senhor Jesus, pedimos que, em tua infinita misericórdia, protejas teus sacerdotes de qualquer influência do mal, de todos os ataque dos espíritos embusteiros, sejam no vício do alcoolismos, de cigarros, da compulsão de gastar,das mentiras, do prazer de bens materiais, da prostituição,ou de qualquer desequilíbrio na sexualidade, do desânimo da oração, o afaste de todas escândalo que tem atentado contra a Tua Igreja. Pedimos que te manifestes neles de maneira firme a fim de que reconheçam a Tua presença, e que a Tua presença se irradie deles.
Vem, Espírito Santo, iluminar o coração, a mente e a alma de todos os sacerdotes, especialmente hoje te peço pelo(s) da minha comunidade, este que colocaste na frente dela, para ser sinal da tua graça para nos, pois, foste Tu, que o consagrastes para que ele se configurasse ao Cristo Senhor para nós. Encha com tua presença, de modo que ele possa andar com sabedoria e discernimento. Dá-lhe também os dons de cura, milagres, de profecia, de ciência, a docilidade no atendimento, uma intrepidez na pregação, para que os ouvintes saiam transformados pela palavra por ele pregada, daí a ele um coração manso e humilde como o de Jesus, que assim todos os prodígios e sinais que Deus te confiou, a dar a estes filhos prediletos, possa ser por ele realizado em conformidade do Cristo Sacerdote.
Espírito Santo, Tu que és o Espírito da verdade que procede do Pai, vem com teu poder e ação, manifestar na vida deste nosso sacerdote, para que atua Igreja, seja cada dia mais rica da virtudes e possa levar o conhecimento a todos os homens e mulheres da nossa Igreja, necessitamos de sacerdotes santos, daí ele a santidade em plenitude, para que assim teu povo torne cada vez mais cheio de graça, e busque também esta santidade.
Anjos do altíssimo, a ti foram confiando a missão de nos guardar na luta contra o demônio e seus anjos, nos te rogamos agora pelo nosso sacerdote, que o proteja desta força maligna devastadora, que tem assediado muitos sacerdotes, mas bem sabemos que na força do oração da comunidade, tu libertaste Pedro da prisão e da morte, assim vós clamamos pelo nosso sacerdote, que nenhuma força maligna o acorrente.
Querida Mãe, santíssima, vimos te pedir pelo nosso sacerdote que o proteja com seu manto sagrado, como cuidastes de Jesus, cuida também deste teu filho eleito nosso sacerdote, que muito precisa da tua proteção , guarda com todo carinho sob sua proteção amora de mãe. Pai querido nos te agradecemos por ouvir nossa oração, Te agradecemos Jesus, porque sabes que precisamos do nosso sacerdote, e fui Tu que o configuraste no Teu poder e te louvamos Espírito Santo, pois és capaz de enriquecer nosso sacerdote com teus dons e carisma e o configurando cada dia mais, na Pessoa de Cristo. Amem!!!! Aleluia!!!!!
Pentecostes
Era para os judeus uma festa de grande alegria, pois era a festa das colheitas. Ação de graças pela colheita do trigo. Vinha gente de toda a parte: judeus saudosos que voltavam a Jerusalém, trazendo também pagãos amigos e prosélitos. Eram oferecidas as primícias das colheitas no templo. Era também chamada festa das sete semanas por ser celebrada sete semanas depois da festa da páscoa, no qüinquagésimo dia. Daí o nome Pentecostes, que significa "qüinquagésimo dia".
No primeiro pentecostes, depois da morte de Jesus, cinqüenta dias depois da Páscoa, o Espírito Santo desceu sobre a comunidade cristã de Jerusalém na forma de línguas de fogo; todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas (At 2,1-4). As primícias da colheita aconteceram naquele dia, pois foram muitos os que se converteram e foram recolhidos para o Reino. Quem é o Espírito Santo?
O prometido por Jesus: "...ordenou-lhes que não se afastassem de Jerusalém, mas que esperassem a realização da promessa do Pai a qual, disse Ele, ouvistes da minha boca: João batizou com água; vós, porém, sereis batizados com o Espírito Santo dentro de poucos dias" (At 1,4-5).
Espírito que procede do Pai e do Filho: "quando vier o Paráclito, que vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da Verdade que vem do Pai, ele dará testemunho de mim e vós também dareis testemunho..." (Jo 15 26-27). O Espírito Santo é Deus com o Pai e com o Filho. Sua presença traz consigo o Filho e o Pai. Por Ele somos filhos no Filho e estamos em comunhão com o Pai.
Solenidade Pentecostes
No dia de Pentecostes o Espírito Santo desceu com poder sobre os Apóstolos; teve assim início a missão da Igreja no mundo. O próprio Jesus tinha preparado os Onze para esta missão aparecendo-lhes várias vezes depois da sua ressurreição (cf. Act 1, 3). Antes da ascensão ao Céu, ordenou que "não se afastassem de Jerusalém, mas que aguardassem que se cumprisse a promessa do Pai" (cf. Act 1, 4-5); isto é, pediu que permanecessem juntos para se prepararem para receber o dom do Espírito Santo. E eles reuniram-se em oração com Maria no Cenáculo à espera do acontecimento prometido (cf. Act 1,14).
Permanecer juntos foi a condição exigida por Jesus para receber o dom do Espírito Santo; pressuposto da sua concórdia foi uma oração prolongada. Desta forma, encontramos delineada uma formidável lição para cada comunidade cristã. Por vezes pensa-se que a eficiência missionária dependa principalmente de uma programação atenta e da sucessiva inteligente realização mediante um empenho concreto. Sem dúvida, o Senhor pede a nossa colaboração, mas antes de qualquer resposta nossa é necessária a sua iniciativa: é o seu Espírito o verdadeiro protagonista da Igreja. As raízes do nosso ser e do nosso agir estão no silêncio sábio e providente de Deus.
As imagens que São Lucas usa para indicar o irromper do Espírito Santo o vento e o fogo recordam o Sinai, onde Deus se tinha revelado ao povo de Israel e lhe tinha concedido a sua aliança (cf. Êx 19, 3ss). A festa do Sinai, que Israel celebrava cinquenta dias depois da Páscoa, era a festa do Pacto. Falando de línguas de fogo (cf. Act 2, 3), São Lucas quer representar o Pentecostes como um novo Sinai, como a festa do novo Pacto, na qual a Aliança com Israel se alarga a todos os povos da Terra. A Igreja é católica e missionária desde a sua origem. A universalidade da salvação é significativamente evidenciada pelo elenco das numerosas etnias a que pertencem todos os que ouvem o primeiro anúncio dos Apóstolos (cf. Act 2, 9-11).
O Povo de Deus, que tinha encontrado no Sinai a sua primeira configuração, hoje é ampliado a ponto de não conhecer qualquer fronteira de raça, cultura, espaço ou tempo. Diferentemente do que tinha acontecido com a torre de Babel (cf. Jo 11, 1-9), quando os homens, intencionados a construir com as suas mãos um caminho para o céu, tinham acabado por destruir a sua própria capacidade de se compreenderem reciprocamente. No Pentecostes o Espírito, com o dom das línguas, mostra que a sua presença une e transforma a confusão em comunhão. O orgulho e o egoísmo do homem geram sempre divisões, erguem muros de indiferença, de ódio e de violência.
O Espírito Santo, ao contrário, torna os corações capazes de compreender as línguas de todos, porque restabelece a ponte da comunicação autêntica entre a Terra e o Céu. O Espírito Santo é Amor. Mas como entrar no mistério do Espírito Santo, como compreender o segredo do Amor? A página evangélica conduz-nos hoje ao Cenáculo onde, tendo terminado a última Ceia, um sentido de desorientação entristece os Apóstolos. A razão é que as palavras de Jesus suscitam interrogativos preocupantes: Ele fala do ódio do mundo para com Ele e para com os seus, fala de uma sua misteriosa partida e há muitas outras coisas ainda para dizer, mas no momento os Apóstolos não são capazes de carrregar o seu peso (cf. Jo 16, 12). Para os confortar explica o significado do seu afastamento: irá mas voltará; entretanto não os abandonará, não os deixará órfãos. Enviará o Consolador, o Espírito do Pai, e será o Espírito que dará a conhecer que a obra de Cristo é obra de amor: amor d'Ele que se ofereceu, amor do Pai que o concedeu.
É este o mistério do Pentecostes: o Espírito Santo ilumina o espírito humano e, revelando Cristo crucificado e ressuscitado, indica o caminho para se tornar mais semelhantes a Ele, isto é, ser "expressão e instrumento do amor que d'Ele promana" (Deus caritas est 33). Reunida com Maria, como na sua origem, a Igreja hoje reza: "Veni Sancte Spiritus! Vem, Espírito Santo, enche os corações dos teus fiéis e acende neles o fogo do teu amor!".
Aprofundamento no Espírito Santo
Qual é sua missão?
Introduzir-nos na comunhão do Filho com o Pai, santificando-nos e fazendo-nos filhos com Jesus. Fortalecer-nos para a missão de testemunhar e anunciar Jesus ao mundo. Para isso recebemos a plenitude de seus dons bem como a capacidade de proclamar a todos a quem somos enviados o Evangelho de Jesus. O Espírito Santo é o AMOR do Pai e do Filho derramado em nossos corações.O amor é fogo que arde, é chama que aquece e é força que aproxima e une. O milagre das línguas é este: tomados pelo amor de Deus os homens passam a viver uma profunda comunhão e entre eles se estabelece a concórdia e a paz destruída pelo orgulho de Babel, raiz da discórdia e da confusão das línguas.
Guiar a Igreja nos caminhos da história para que ela permaneça fiel ao Senhor e encontre sempre de novo os meios de anunciar eficazmente o Evangelho. E isto o Espírito Santo o faz assistindo os pastores, derramando seus carismas sobre todo o Povo e a todos sustentando na missão de testemunhar o Evangelho. É pelo Espírito Santo que Jesus continua presente e atuante na sua Igreja.
Quem O recebe?
Todos os que são batizados e crismados.
Quem dele vive?
Somente aqueles que procuram guardar a Palavra do Senhor no esforço de conversão, na oração e no empenho em testemunhar e anunciar o Evangelho de Jesus. Quem crê no Espírito Santo e procura viver Dele, é feliz.
Dom Eduardo Benes
Arcebispo de Sorocaba (SP)
Beijo do Espírito Santo
Bill, um estudante de engenharia, formou-se e foi trabalhar num local de tecnologia avançada. Rapidamente, viu-se absorvido pelo ritmo veloz de seu ambiente de trabalho. Em certo sentido, Bill era dono de uma propriedade que tinha petróleo em seu subsolo, mas que durante muitos anos não foi descoberto. Em alguns momentos esporádicos de graça, no decorrer dos anos, ele sentia um mover interior do Espírito, mas era fugaz e efêmero.
Uma reviravolta simples e inesperada nos acontecimentos provocou a descoberta do petróleo subterrâneo de Bill. Numa sexta-feira à noite, Bill ficou sem gasolina na auto-estrada. Um jovem engenheiro parou para ajudá-lo. Depois de conseguir gasolina para o carro, o jovem lhe disse: "Estou a caminho de um, grupo de oração, você gostaria de vir comigo?" Ele respondeu: "Está bem, vou com você".
Era um encontro de oração carismático-católico em uma paróquia com cerca de 50 pessoas. Ele sentiu uma nova alegria em seu espírito à medida que a reunião transcorria, "Puxa vida!", exclamou quando começaram a cantar em línguas. "Isto é maravilhoso! Que língua é essa?" seu amigo sussurrou-lhe: "Este é o dom de línguas. Quando as pessoas se abrem ao Espírito Santo, normalmente recebem do Senhor este dom. É a prova visível do fluir do Espírito em sua vida". Bill sentiu leveza e paz enquanto o grupo cantava em línguas. Desde criança, depois que seu pai saiu de casa, ele não se sentia tão bem.
"Como é essa experiência de efusão do Espírito Santo?" Bill quis saber momentos mais tarde durante o cafezinho. "De certa forma", respondeu o seu amigo, "é o cumprimento de sua Confirmação". "O poder do Espírito Santo pedido na Confirmação raramente vem daquele momento. A maior parte dos católicos crê que o derramamento do Espírito é a liberação do Espírito Santo já presente no Batismo Sacramental e na Confirmação. É um dom de Jesus para nos revestir de poder e anunciá-Lo ao mundo. É a mesma coisa que aconteceu no Pentecostes. Aos seguidores de Jesus foi prometido que recebiam poder para ser suas testemunhas. É o modo de Deus cuidar de nós e de nos ajudar a cuidar dos outros. É nossa herança espiritual."
Quando orou e pediu a Jesus que o batizasse no Espírito Santo, Bill deu um passo mais adiante em seu compromisso. Ele escancarou as portas para o céu e disse: "Jesus, concordo em pertencer inteiramente ao Senhor". Isso não quer dizer que não houvesse áreas de sua vida que permaneciam encobertas em sua natureza e, portanto, eram inacessíveis. Significava, isto sim, que ele concedia ao Espírito Santo autorização para dar início a incursões sobrenaturais naqueles locais ocultos. O importante nisso tudo é continuar a dizer "Sim" a Ele em níveis cada vez mais profundos. Quanto mais formos capazes de dizer "Sim" a Ele, tanto mais acesso teremos ao petróleo subterrâneo.
O Espírito Santo em minha vida
"Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância"
(Jo 10,10)
"Quem permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer".
(Jo 15,5)
"O vento sopra onde quer; ouves-lhes o ruído, mas não sabes donde vem, nem para onde vai. Assim acontece com aquele que nasceu do Espírito".
(Jo 3,8)
Quando retorno meus pensamentos para refletir minha caminhada em Jesus, deparo-me com essas três citações que alicerçaram a história de minha vida renovada no Espírito Santo. Lá pelos idos de 1972, juntamente com alguns jovens e o Pe Jonas, fomos até Campinas - SP (Vila Brandina); lá fizemos uma experiência com Deus através do seu Espírito Santo que marcou minha vida e me faz até hoje "viver"as realidades ensinadas por Jesus.
Permanecer em Jesus é reconhecer que nada somos ou podemos sem Ele; é uma realidade cotidiana. Permanecer em Jesus é deixar-se ser modelado por Ele: viver a nossa natureza humana, conforme o projeto que Deus pensou para nós - ser amor e fazer a experiência do amor no convívio com os irmãos; desfazendo nossa vaidade, orgulho, "deixando" o Espírito Santo frutificar em nós os frutos que nos identificam como filhos amados: paz, alegria, delicadeza, bondade, fidelidade, brandura... (Gl 5,22). No meu dia a dia, continuo acreditando na exortação de Jesus: sem mim nada podeis fazer!
Á medida que reconhecemos nossa dependência em Deus nos tornamos como o vento...; nossa vida não pertence mais a nós! Sou casado já há 28 anos, vivo conforme a vontade de Deus meu casamento com a Ana Maria, tenho dois filhos o Mateus e a Ana Teresa, sou professor e como servo de Deus minha vida é toda dedicada ao serviço do Reino. É possível fazer tudo isso: ser esposo dedicado, pai presente, profissional competente e responsável e, sobretudo, servo de Deus abençoado e ungido.
Minha vida não me pertence! Quando estava prestes a casar-me com a Ana Maria, coloquei para ela minha prioridade em desposar-me dela sendo um esposo dedicado sem abrir mão do meu serviço pela causa do Reino de Deus. Ela topou e hoje juntos reconhecendo nossa total dependência em Deus, nos esforçamos pela evangelização e construção desse Reino, oferecemos nossas vidas, dispondo-as a Deus. O vento sopra onde quer...
Posso testemunhar a "revolução" que Deus fez e continua fazendo em minha vida e história através da efusão de seu Santo Espírito: tenho experimentado o despertar do amor a Deus Pai - olha que foi difícil compreender "esse amor" pois meu relacionamento com meu pai Antonio foi muito difícil; a experiência profunda de Jesus vivo - amigo, companheiro de "todas" as horas; dá-nos novo amor a Maria - como filhos e dela buscar um modelo de serviço; nova compreensão da palavra de Deus, coragem para testemunhar, dá-nos o dom do louvor profundo e inicia, em nós, uma vida nova de cura e transformação. É dessa maneira que venho fazendo a experiência do "pentecostes" em minha vida! Viver conforme a vontade de Deus, em Abundância
Batismo no Espírito
É Ele que vos batizará no Espírito Santo e no fogo"
(Mt 3,11)
"Esta promessa vai ter seu cumprimento, externo e visível ao mesmo tempo, no dia de Pentecostes: "Então apareceram línguas como de fogo. (...) Todos ficaram repletos do Espírito Santo".
(At 2,3-4)
Igualmente a palavra de Jesus: "Eu vim para atear fogo sobre a terra" (Lc 12,49), refere-se ao dom do Espírito, ou ao menos o inclui. Quanto a Paulo, também ele, implicitamente compara o Espírito ao fogo, recomendando que não se deve "apagar" o Espírito (cf. 1Ts 5,19).
Para descobrir o que é que a Revelação quis nos dizer com isto, devemos ver o que o fogo simboliza na Bíblia. Vamos então descobrir que o fogo tem múltiplos significados, alguns positivos, outros negativos. O fogo ilumina (como no caso da coluna de fogo, no Êxodo), aquece, inflama, devora os inimigos, punirá por toda a eternidade os ímpios.
Mas, entre todos esses significados, há um que se destaca e predomina sobre os outros: o fogo purifica. Também a água simboliza muitas vezes a purificação, mas com uma diferença importante que a própria Bíblia enfatiza: "...o ouro, a prata, o ferro, o estanho e o chumbo, tudo o que pode resistir ao fogo, deveis passar pelo fogo para que seja purificado. (...) O que não resistir ao fogo, fareis passar na água lustral" (Nm 31,22-23).
O fogo é o símbolo de uma purificação mais profunda, radical. A água purifica por fora, o fogo também por dentro. Canta o salmista: "Examina-me, Senhor, e submete-me à prova, purifica no fogo meus rins e coração" (Sl 26,2). As coisas preciosas - o ouro, no âmbito material, a fé no espiritual - são provadas no fogo (cf. 1Pd 1,7)...
A esta luz se deve compreender também a definição de Deus como um "fogo devorador". A sua santidade e simplicidade não toleram mistura alguma, e põem a nu todo o mal e o devoram. Somente quem afasta de si o mal "poderá agüentar um fogo devorador" (cf. Is 33,14s). em certo sentido, o título de "fogo" limita-se a explicitar o adjetivo de "Santo" que acompanha o nome "Espírito". O Espírito é fogo porque é Santo...
Em Pentecostes - escreve Cirilo de Jerusalém - os apóstolos receberam "o fogo que queima os espinhos dos pecados e dá esplendor à alma"... Um antigo responsório que se recitava no Ofício de Pentecostes diz: "Sobreveio um fogo divino, que não queima, mas ilumina, não consome, mas brilha; encontrou os corações dos discípulos como receptáculos puros e distribuiu entre eles os seus dons e carismas"...
Resumindo esta tradição sobre o fogo de Pentecostes, dotado do poder de criar e destruir, um grande poeta moderno escreve: "A pomba desce, fendendo os ares, com chama incandescente de terror, e as línguas declaram que a única esperança (ou desespero) está na escolha entre queimar ou queimar, ser remidos do fogo pelo Fogo".
Nós "escolhemos" passar pelo fogo que redime para não sofrer um dia o fogo do juízo que destrói... A partir deste momento, o Espírito começa a agir como um fogo, não mais porém como fogo que purifica e refunde, mas como fogo que aquece e inflama... A Liturgia resgata esse ensinamento quando nos faz dizer, na Missa de Pentecostes: "Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor", e ainda, na Seqüência: "Aquece o que está frio"...
Santo Efrém Sírio cantou profunda e poeticamente esta prerrogativa do Espírito de aquecer, fecundar e derreter o gelo do pecado, que faz a alma ficar rígida de frio: "Com o calor, tudo amadurece; / graças ao Espírito, tudo é santificado: / símbolo evidente! / O calor derrete o gelo dos corpos: / o mesmo faz o Espírito com a impureza dos corações. / Ao primeiro calor, saltam os bezerrinhos na primavera; / assim também os discípulos, quando o Espírito desceu sobre eles. / O calor rompe os troncos do inverno que mantêm flores e frutos prisioneiros: graças ao Espírito Santo, / quebra-se o jugo do maligno, / que impede à graça desabrochar. / O calor desperta o seio da terra adormecida: / o mesmo faz o Espírito Santo com a Igreja".
Também para João da Cruz, são dois os efeitos da Chama viva de amor: ela purifica a alma e lhe infunde força, vivacidade e ardor por Deus. Não se contenta em purificar-nos do pecado, mas prolonga a sua ação em nós até nos fazer "fervorosos no Espírito" (Rm 12,11). Comporta-se como o fogo quando se apega à lenha úmida: primeiro o expurga, arrancando-lhe com barulho todas as impurezas, depois o inflama progressivamente, até que se torne toda incandescente e ela mesma se transforme em fogo.
Concretamente, isto quer dizer que o Espírito Santo nos preserva de cair na tibieza e, se por acaso já tivermos caído na tibieza ou estivermos caindo, livra-nos dela. Da tibieza não se pode sair sem uma intervenção do Espírito Santo, intervenção nova, decisiva. Podemos vê-lo na vida dos apóstolos. Antes de Pentecostes, eram pessoas tíbias. Não eram capazes de vigiar uma hora, discutiam sempre quem seria o maior, ficavam espantados diante de qualquer ameaça. Mas, que diferença depois que sobre eles vieram pairar as línguas de fogo. A partir daquele momento, tornaram-se a viva imagem do zelo, do fervor e da coragem. Fervorosos no pregar, no louvar a Deus, no fundar e organizar as Igrejas e, enfim, no sacrificar a vida por Cristo...
Pouco adianta dizer: é preciso aplicar à doença da tibieza o remédio do fervor! É como dizer a um doente que o remédio para o seu mal é a saúde, ignorando que justamente este é o seu problema: a falta de saúde. Não, o remédio para a tibieza não é o fervor, mas é o Espírito Santo. O fervor é o contrário da tibieza, não é o remédio para ela.
Com isto há uma esperança também para nós. Se nos parece diagnosticar em nós os sintomas deste "mal obscuro" da vida espiritual - a tibieza - se descobrimos que estamos apagados, frios, apáticos, insatisfeitos com Deus e com nós mesmos, existe remédio, e é infalível: precisamos de um belo e santo Pentecostes! Com o auxílio da graça, é possível sair da tibieza. Houve grandes santos que, como eles mesmos o admitiram, se tornaram santos depois de um longo período de tibieza. É o que desejamos pedir ao Espírito Santo.
O gosto de Deus
É uma grande graça conhecer o Senhor. Na Bíblia, "conhecer o Senhor" não é uma atitude intelectual, mas sim um conhecimento como o das crianças. Não é verdade que as crianças conhecem tudo com a boca? Elas logo levam as coisas à boca. O conhecer da Bíblia é saborear, sentir o gosto. Portanto, conhecer a Deus é sentir o gosto de Deus. O Senhor nos dá a grande oportunidade de aproximar-se d'Ele e saboreá-Lo. Saborear como o Senhor é bom, saborear como o Senhor, realmente, é íntimo nosso. A Igreja, graças a Deus, nos dá essa possibilidade.
Eu fui muito cedo para o Seminário. Eu conhecia Jesus pelas orações, pelo ensino religioso, mas fui ter uma experiência pessoal no último ano de seminário, antes de me ordenar. Foi uma grande graça para mim. Foi em Mariápolis, em 1964. Você deve estar pensando: "Só um ano antes de se ordenar é que você foi ter uma experiência pessoal com Jesus?" Sim! Numa noite, abri meu Novo Testamento e dei com meus olhos justamente naquela pergunta que Jesus fez a Pedro e aos demais apóstolos: "E vós, quem dizeis que eu sou?" (Mt 16,15) Na verdade, era Jesus mesmo perguntando-me: "E você, Jonas, quem diz que Eu sou?" Ali, naquele quarto, aquela noite, aconteceu meu primeiro encontro pessoal com Jesus.
Certa vez, em um momento de grande dificuldade em minha vida, aconteceu a grande graça: um padre passou pela cidade em que eu estava e falou rapidamente a respeito do que Deus estava fazendo no mundo por meio da Renovação Carismática Católica. Isso aconteceu em 2 de novembro de 1971. Na verdade, não entendi muito bem o que eram o batismo e dons do Espírito Santo, mas eu quis, de todo meu coração, "aquele batismo no Espírito Santo". Senti que aquilo que os apóstolos receberam no início da Igreja, no dia de Pentecostes, era o que me faltava. Por isso eu sentia aquele vazio dentro de mim. O padre passou impondo as mãos sobre os sacerdotes que estavam na sacristia após a missa. Quando ele as impôs sobre mim, não senti nada de especial. Não senti calor, nem frio... mas, aquela noite, senti que algo havia mudado: comecei a orar como nunca havia orado antes em minha vida.
Na manhã seguinte, quando acordei, parecia que tudo estava diferente. Comecei a ter, principalmente, mais intimidade com o Senhor. Eu amava o Senhor, trabalhava para Ele, mas, a partir daquele dia, o Senhor passou a me ser intimo e comecei a saboreá-Lo. Parecia até que eu lia a Bíblia com a língua, tal o sabor que vinha daquelas palavras. Tudo começou a mudar, especialmente minha pregação. Apesar de tudo isso, comecei a viver uma experiência dolorosa e muito importante: a experiência dura de meu pecado. Não que fossem grandes pecados, aquilo que eu pensava que fossem pecados leves começava a me incomodar, a ter peso em mim.
Depois de meu batismo no Espírito Santo, tudo começou a mudar. Até hoje não parou. Ainda não sou o que devo ser, o que Deus quer que eu seja, o que o povo de Deus espera e tem o direito de esperar que eu seja. Mas tenho certeza: não sou mais o mesmo que era. Isso não é mérito meu, tudo vem do Senhor. Eu devia fazer muito mais. Certamente deveria ter muito mais intimidade com o Senhor, mas graças a Deus, não sou mais o que era. Em tudo o que aconteceu, o Senhor me preparou para chegar até aqui, mas o grande dia, o dia "D" da minha vida, foi aquele 2 de novembro de 1971, quando recebi a graça do batismo no Espírito Santo.
Orai muito ao Espírito Santo
Toda alma batizada possui o Espírito Santo nela como um Hóspede, Amigo, Conselheiro e Consolador. Ele conhece o Plano de nossa vida a medida segundo a qual nós devemos ser transformados no Cristo Jesus. Ele trabalha sem cessar, nessa transformação. Como deveríamos amá-Lo.
Deveríamos dizer-lhe: Ó Espírito Santo, amor do Pai e do Filho, inspirai-me sempre aquilo que devo pensar, aquilo que devo dizer, como eu devo dize-lo, aquilo que devo calar, aquilo que devo escrever, como eu devo agir, aquilo que eu devo fazer, para procurar a vossa glória, o bem das almas e minha própria santificação. Ó Jesus, toda a minha confiança está em Vós. Ó Maria, templo do Espírito Santo, ensinai-nos a sermos fiéis Àquele que habita em nosso coração.
Dons Carismáticos
A nossa vida espiritual tem duas dimensões, primeiro uma dimensão voltada para dentro de nós e depois outra voltada para fora. Na segunda dimensão está a Igreja, é a dimensão de comunidade, a dimensão de caminhar com o povo de Deus, e Deus nos concede então os dons carismáticos, que não são necessariamente para nós, mas para os outros, por exemplo o dom da sabedoria que não é a sabedoria para alimentar a nós mas para alimentar os outros, não apenas para nos orientar, o dom da fé, da ciência, o dom de cura, de milagres que são dons como diz São Paulo para o bem da Igreja, para os outros, para utilidade de todos.
Quando nós exercemos os dons carismáticos não quer dizer que já somos santos, porque Deus pode usar quem Ele quiser da maneira que quiser, mas é preciso dizer que quanto mais santo a pessoa for, mais fácil é para Deus usar essa pessoa, por isso os dons carismáticos não estão separados dos dons de santificação, e eu até diria que existe uma grande interface entre eles, quanto mais a pessoa vive os dons de santificação mais aptidão ela tem para viver os dons carismáticos. Na dimensão interior estão os Dons de Santificação
Dom da Fé
A fé é o dom que recebemos no batismo. Ele vai acrescentando em nós, a ponto de se tornar uma fé operativa. Não a fé intelectual: "Eu acredito que Jesus pode curar", e só. Não; de tal maneira estou convencido do poder curador do senhor, que minha fé me leva a ser instrumento dele. Tudo isso depende de estarmos no Espírito Santo e permanecermos Nele.
Se pego um copo e ponho nele água, um pouco de azeite, uma rolhinha e um pavio, terei feito uma lamparina de azeite. Se eu pegar só o pavio e lhe puser fogo, em poucos segundos o pavio se consumirá. Mas, deixando o pavio embebido no azeite estará produzindo luz e calor. Conosco é a mesma coisa: tudo depende de permanecermos embebidos no Espírito. E então Ele, que tem todos os dons, manifesta-se em nós conforme a necessidade.
Leia a Palavra:
"Quando eles chegaram perto da multidão, um homem aproximou-se dele e lhe disse, caindo de joelhos: "Senhor, tem piedade de meu filho: ele é lunático e sofre muito; cai muitas vezes no fogo ou na água. Embora eu o tenha trazido a teus discípulos, ele não o puderam curar".
Tomando a palavra, Jesus disse:
"Geração incrédula e transviada, até quando estarei convosco? Até quando terei de vos suportar? Trazei-mo aqui". Jesus ameaçou o demônio, que saiu do menino, e este ficou curado desde aquela hora.
Então os discípulos, aproximando-se de Jesus, disseram-lhe em particular: "E nós, por que não conseguimos expulsá-lo?" Ele lhes disse: "Por causa da pobreza de vossa fé. Pois, em verdade, eu vos digo, se um dia tiverdes fé do tamanho de um grão de mostarda, direi a está montanha: Passa daqui para acolá; e ela passará. Nada vos será impossível" (Mateus 17,14-20).
Ore agora: Tua Palavra é santa, Senhor. Tua Palavra é a Verdade. Eu quero acolher, viver esta Verdade. Acolho, agora, a Tua Palavra. A Tua Palavra é a Verdade. A Verdade está aqui! Eu quero viver esta Tua Palavra AGORA. Na Bíblia, o episódio que acabamos de ler vem logo depois da transfiguração. Jesus vai para o alto do monte, e lá se transfigura diante de Pedro, Tiago e João. Quando ele desce, encontra esta situação: os apóstolos tinham recebido aquele pai, e não conseguiram fazer nada pelo filho dele. Jesus expulsou o demônio, o menino ficou curado e Jesus o devolveu ao pai.
"Então os discípulos disseram-lhe em particular: "Por que não pudemos nós expulsar esse demônio?" Ele lhes disse: "Por causa da pobreza de vossa fé" (Mt 17,20a) Que é isso! Os apóstolos não tinham fé? Nós dizemos: "Claro que tinham!" Eles acreditavam em Jesus, acreditavam que ele era o filho de Deus, acreditavam que Jesus curava, acreditavam que ele expulsava o demônio. Eles acreditavam que o poder de Deus estava em Jesus.
E Jesus continua:
"Em verdade, eu vos digo: se um dia tiverdes fé do tamanho de um grão de mostarda, direis a esta montanha: passa daqui para acolá e ela passará. Nada vos será impossível" (Mt 17,20b).
Dom da interpretação
Normalmente, nem aquele que fala em línguas nem os outros entendem o que se enuncia. Mas o Senhor, muitas vezes, quer que aquela oração seja de edificação para a comunidade; quer usar o veículo das línguas para falar à comunidade. Então, o Senhor dá, à mesma pessoa ou a outra pessoa, o dom da interpretação. É portanto outro dom: o dom de interpretar - não se trata de tradução.
Às vezes, Deus nos fala por meio do dom de profecia em línguas. Nossa oração em línguas é uma oração de louvor, de adoração, de intercessão; é uma oração para Deus; não precisa de interpretação. Mas quando Deus usa o mesmo canal de oração em línguas para nos dirigir uma palavra de profecia, faz-se necessária a interpretação, do contrário a profecia não pode ser feita.
No momento em que o grupo de oração se reúne, naquele instante de silêncio, alguém é movido pelo Espírito Santo a falar em línguas; e fala algumas frases em línguas. Deus suscita nesse momento o dom da interpretação, ao qual precisamos estar abertos. Como acontece isso?
Vem à nossa mente, a nosso coração, a interpretação, o sentido daquelas palavras em línguas. E isso nos vem da mesma forma que o dom da profecia. Sentimos a interpretação nascer em nós. Esse dom é muito precioso, ele causa uma impressão maravilhosa na assembléia. É uma palavra muito forte, muito consoladora, que vem de Deus, e é expressa na linguagem dos anjos, na linguagem própria do Espírito Santo.
Fonte Comunidade Shalom
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