A PENITÊNCIA

PENITÊNCIA, PENITÊNCIA, PENITÊNCIA!


Lourdes, 8ª. Aparição: Santa Bernadete “subiu de joelhos o aclive que precede a cavidade, osculando a cada passo o chão. Voltou-se depois em direção à multidão de 300 pessoas. Com a voz marcada pelos soluços, referiu à multidão o pedido de Nossa Senhora: “Penitência, penitência, penitência!”

Fátima, 3º Segredo: “Vimos ao lado esquerdo de Nossa Senhora, um pouco mais alto, um anjo com uma espada de fogo na mão esquerda. Ao cintilar despedia chamas que pareciam incendiar o mundo. Mas, apagavam-se com o contato do brilho que da mão direita expedia Nossa Senhora ao seu encontro. O anjo, apontando com a mão direita para a terra, com voz forte dizia: - Penitência, penitência, penitência!” (cf.Ratzinger, atual Bento XVI, no site:

- A penitência é algo facultativo?
- Não. É estritamente obrigatório: "Se não fizerdes penitência, perecereis todos do mesmo modo". (Lc 13,5). PERECEREIS!

E que é penitência? É reparação dos nossos pecados, das nossas ofensas. Supõe o arrependimento. É possível, sem maior esforço, transformar as 24 horas de cada dia em contínua expiação dos nossos pecados: as mesmas ações ordinárias de cada dia, as mesmas orações que acaso fazemos se tornam penitência contínua se oferecidas cada manhã “em reparação de nossas ofensas” com uma fórmula que nós mesmos podemos compor ou utilizando o “oferecimento do dia” do Apostolado da Oração, segundo o qual é possível transformar em penitência até  mesmo as alegrias de cada dia; “...é a existência toda que se torna penitencial” (João Paulo II, “Reconciliação e Penitência” 4 § 4).

 E,  conforme o Vaticano II também o próprio DESCANSO do corpo e do espírito: (LG 34: “...o descanso do espírito e do corpo, se forem feitos no Espírito, e as próprias incomodidades da vida, suportadas com paciência, se tornam em outros tantos sacrifícios espirituais (= penitências), agradáveis a Deus por Jesus Cristo (cfr. 1 Ped. 2,5).”). Agradáveis a Deus: Falando do Apostolado da Oração, o Papa Pio XII usa o superlativo: “Agradabilíssimo”.

Conforme Bento XVI a gente oferece as agruras de nossa vida diária que o Papa designa como “pequenas alfinetadas”, assim como “as pequenas canseiras” de cada dia (“Spe salvi” 40). Sem o Oferecimento tudo isto é DESPERDIÇADO e não conta pontos para a Eternidade! Com o MESMO Oferecimento reparamos também os pecados alheios, purificando o Mundo, tornando-o apto a receber Jesus quando regressar na Sua Glória.

Quanto menos tivermos a expiar dos nossos próprios pecados, mais valerá o Oferecimento para expiar os pecados do mundo. E quanto mais nos servirmos da “reparação alheia” com o uso tão recomendado pela Igreja, das santas Indulgências, menos teremos a expiar dos nossos próprios pecados.

Resulta, em certo sentido, que o Apostolado da Oração não é facultativo e sim obrigatório!

Desprezando essa penitência suave, teremos que supri-la com penitências mais duras “sob cilício e cinza” (Mt 11,21), “cobrindo-se de saco e cinza” (Lc 10,13), "para que seja reduzido à impotência o corpo (outrora) subjugado ao pecado, e já não sejamos escravos do pecado" (Rm 6,6), "para mortificação do seu corpo, a fim de que a sua alma seja salva no dia do Senhor Jesus" (1Cor 5,5). Com o mesmo temor que sentia o Apóstolo: "Castigo o meu corpo e o mantenho em servidão, de medo de vir eu mesmo a ser excluído depois de eu ter pregado aos outros". (1Cor 9,27). "Trazemos sempre em nosso corpo os traços da morte de Jesus para que também a vida de Jesus se manifeste em nosso corpo". (2Cor 4,10) "De ora em diante ninguém me moleste, porque trago em meu corpo as marcas de Jesus". (Gl 6,17) "De fato, à nossa chegada em Macedônia, nenhum repouso teve o nosso corpo”. (2 Cor 7,5). "Meu ardente desejo e minha esperança são que em nada serei confundido, mas que, hoje como sempre, Cristo será glorificado no meu corpo (tenho toda a certeza disto), quer pela minha vida quer pela minha morte". (Fl 1,20) “Eram aflições de todos os lados, combates por fora, temores por dentro". (2Cor 7,5) "Agora me alegro nos sofrimentos suportados por vós. O que falta às tribulações de Cristo, completo na minha carne, por seu corpo que é a Igreja". (Cl 1,24) "Trabalhos e fadigas, repetidas vigílias, com fome e sede, freqüentes jejuns, frio e nudez!" (2Cor 11,27) "... este é um homem perfeito, capaz de refrear todo o seu corpo". (Tg 3,2) E, conforme o exemplo de Santa Bernadete acima, “Subindo de joelhos e osculando a cada passo o chão”.

Comenta o Cardeal Ratzinger: “O anjo com a espada de fogo à esquerda da Mãe de Deus lembra imagens análogas do Apocalipse: ele representa a ameaça do juízo que pende sobre o mundo. A possibilidade que este acabe reduzido a cinzas num mar de chamas, hoje já não aparece de forma alguma como pura fantasia: o próprio homem preparou, com suas invenções, a espada de fogo. Em seguida, a visão mostra a força que se contrapõe ao poder da destruição: o brilho da Mãe de Deus e, de algum modo proveniente do mesmo, o apelo à penitência.

Mas... considera Bento XVI, não temos força suficiente para grandes austeridades. Que fazer então? Recomenda o Papa o uso das indulgências da Igreja que outra coisa não é que aproveitar-se da penitência alheia. Está em “Sacramentum Caritatis 21”, textualmente: “não somos capazes, só com as nossas forças, de reparar o mal cometido”.

A penitência mais suave nos é outorgada “pelas misericórdias de Deus”: "Eu vos exorto, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, a oferecerdes vossos corpos em sacrifício vivo, santo, agradável a Deus: é este o vosso culto espiritual". (Rm 12,1). É, portanto, o nosso “Oferecimento”!

E as indulgências são chamadas por João Paulo II de “o dom total da misericórdia de Deus”. (a absolvição sacramental é “dom parcial” a ser complementado pelas indulgências).

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