O tempo do Advento

O que é o Advento

A palavra "advento" quer dizer "que está para vir". O tempo do Advento é para toda a Igreja, a vivência do mistério de espera e preparação da vinda de Cristo. Neste tempo celebramos nas primeiras semanas a espiritualidade de espera da segunda vinda, e nas semanas mais próximas a seu fim a preparação para as solenidades de sua primeira vinda, seu nascimento.

É Momento de forte mergulho na liturgia e na mística cristã. É tempo de espera e esperança, de estarmos atentos e vigilantes, preparando-nos alegremente para a vinda do Senhor, como uma noiva que se enfeita, se prepara para a chegada de seu noivo, seu amado.

O Advento começa às vésperas do Domingo mais próximo do dia 30 de Novembro e vai até as primeiras vésperas do Natal de Jesus contando quatro domingos.

Esse Tempo possui as duas características já citadas: As duas últimas semanas, dos dias 17 a 24 de dezembro, visam em especial, a preparação para a celebração do Natal, a primeira vinda de Jesus entre nós. Nas duas primeiras semanas, a nossa expectativa se volta para a segunda vinda definitiva e gloriosa de Jesus Cristo, Salvador e Senhor da história, no final dos tempos. Por isto, o Tempo do Advento é um tempo de piedosa e alegre expectativa.

Origem

Há relatos de que o Advento começou a ser vivido entre os séculos IV e VII em vários lugares do mundo, como preparação para a festa do Natal. No final do século IV na Gália (atual França) e na Espanha tinha caráter ascético com jejum abstinência e duração de 6 semanas como na Quaresma (quaresma de S. Martinho). Este caráter ascético para a preparação do Natal se devia à preparação dos catecúmenos para o batismo na festa da Epifania. Somente no final do século VII, em Roma, é acrescentado o aspecto escatológico do Advento, recordando a segunda vinda do Senhor e passou a ser celebrado durante 5 domingos.

Só após a reforma litúrgica é que o Advento passou a ser celebrado nos seus dois aspectos: a vinda definitiva do Senhor e a preparação para o Natal, mantendo a tradição das 4 semanas. A Igreja entendeu que não podia celebrar a liturgia, sem levar em consideração a sua essencial dimensão escatológica.

Teologia do Advento

O Advento recorda a dimensão histórica da salvação, evidencia a dimensão escatológica do mistério cristão e nos insere no caráter missionário da vinda de Cristo. Ao serem aprofundados os textos litúrgicos desse tempo, constata-se na história da humanidade o mistério da vinda do Senhor. Jesus que de fato se encarna e se torna presença salvífica na história, confirmando a promessa e a aliança feita ao povo de Israel. Deus que, ao se fazer carne, plenifica o tempo (Gl 4,4) e torna próximo o Reino (Mc 1,15) . O Advento recorda também o Deus da revelação, Aquele que é, que era e que vem (Ap 1, 4-8), que está sempre realizando a salvação mas cuja consumação se cumprirá no "dia do Senhor", no final dos tempos. O caráter missionário do Advento se manifesta na Igreja pelo anúncio do Reino e a sua acolhida pelo coração do homem até a manifestação gloriosa de Cristo. As figuras de João Batista e Maria são exemplos concretos da missionariedade de cada cristão, quer preparando o caminho do Senhor, quer levando o Cristo ao irmão para o santificar. Não se pode esquecer que toda a humanidade e a criação vivem em clima de advento, de ansiosa espera da manifestação cada vez mais visível do Reino de Deus.

A celebração do Advento é, portanto, um meio precioso e indispensável para nos ensinar sobre o mistério da salvação e assim termos a Jesus como referencia e fundamento, dispondo-nos a "perder" a vida em favor do anúncio e instalação do Reino.

Espiritualidade do advento

A liturgia do Advento nos impulsiona a reviver alguns dos valores essenciais cristãos, como a alegria expectante e vigilante, a esperança, a pobreza, a conversão.

Deus é fiel a suas promessas: o Salvador virá; daí a alegre expectativa, que deve nesse tempo, não só ser lembrada, mas vivida, pois aquilo que se espera acontecerá com certeza. Portanto, não se está diante de algo irreal, fictício, passado, mas diante de uma realidade concreta e atual. A esperança da Igreja é a esperança de Israel já realizada em Cristo mas que só se consumará definitivamente na parusia do Senhor. Por isso, o brado da Igreja característico nesse tempo é "Marana tha"! Vem Senhor Jesus!

O tempo do Advento é tempo de esperança porque Cristo é a nossa esperança (I Tm 1, 1); esperança na renovação de todas as coisas, na libertação das nossas misérias, pecados, fraquezas, na vida eterna, esperança que nos forma na paciência diante das dificuldades e tribulações da vida, diante das perseguições, etc.

O Advento também é tempo propício à conversão. Sem um retorno de todo o ser a Cristo não há como viver a alegria e a esperança na expectativa da Sua vinda. É necessário que "preparemos o caminho do Senhor" nas nossas próprias vidas, "lutando até o sangue" contra o pecado, através de uma maior disposição para a oração e mergulho na Palavra.

No Advento, precisamos nos questionar e aprofundar a vivência da pobreza. Não pobreza econômica, mas principalmente aquela que leva a confiar, se abandonar e depender inteiramente de Deus (e não dos bens terrenos), que tem n'Ele a única riqueza, a única esperança e que conduz à verdadeira humildade, mansidão e posse do Reino.

As Figuras do Advento:
ISAIAS

É o profeta que, durante os tempos difíceis do exílio do povo eleito, levava a consolação e a esperança. Na segunda parte do seu livro, dos capítulos 40 - 55 (Livro da Consolação), anuncia a libertação, fala de um novo e glorioso êxodo e da criação de uma nova Jerusalém, reanimando assim, os exilados.

As principais passagens deste livro são proclamadas durante o tempo do Advento num anúncio perene de esperança para os homens de todos os tempos.

JOÃO BATISTA

É o último dos profetas e segundo o próprio Jesus, "mais que um profeta", "o maior entre os que nasceram de mulher", o mensageiro que veio diante d'Ele a fim de lhe preparar o caminho, anunciando a sua vinda (conf. Lc 7, 26 - 28), pregando aos povos a conversão, pelo conhecimento da salvação e perdão dos pecados (Lc 1, 76s).

A figura de João Batista ao ser o precursor do Senhor e aponta-lO como presença já estabelecida no meio do povo, encarna todo o espírito do Advento; por isso ele ocupa um grande espaço na liturgia desse tempo, em especial no segundo e no terceiro domingo.

João Batista é o modelo dos que são consagrados a Deus e que, no mundo de hoje, são chamados a também ser profetas e profecias do reino, vozes no deserto e caminho que sinaliza para o Senhor, permitindo, na própria vida, o crescimento de Jesus e a diminuição de si mesmo, levando, por sua vez os homens a despertar do torpor do pecado.

MARIA

Não há melhor maneira de se viver o Advento que unindo-se a Maria como mãe, grávida de Jesus, esperando o seu nascimento. Assim como Deus precisou do sim de Maria, hoje, Ele também precisa do nosso sim para poder nascer e se manifestar no mundo; assim como Maria se "preparou" para o nascimento de Jesus, a começar pele renúncia e mudança de seus planos pessoais para sua vida inteira, nós precisamos nos preparar para vivenciar o Seu nascimento em nós mesmos e no mundo, também numa disposição de "Faça-se em mim segundo a sua Palavra" (Lc 1, 38), permitindo uma conversão do nosso modo de pensar, da nossa mentalidade, do nosso modo de viver, agir etc.

Em Maria encontramos se realizando, a expectativa messiânica de todo o Antigo Testamento.

JOSÉ

Nos textos bíblicos do Advento, se destaca José, esposo de Maria, o homem justo e humilde que aceita a missão de ser o pai adotivo de Jesus. Ao ser da descendência de Davi e pai legal de Jesus, José tem um lugar especial na encarnação, permitindo que se cumpra em Jesus o título messiânico de "Filho de Davi".

José é justo por causa de sua fé, modelo de fé dos que querem entrar em diálogo e comunhão com Deus.

A Celebração do Advento

O Advento deve ser celebrado com sobriedade e com discreta alegria. Não se canta o Glória, para que na festa do Natal, nos unamos aos anjos e entoemos este hino como algo novo, dando glória a Deus pela salvação que realiza no meio de nós. Pelo mesmo motivo, o diretório litúrgico da CNBB orienta que flores e instrumentos sejam usados com moderação, para que não seja antecipada a plena alegria do Natal de Jesus.

As vestes litúrgicas (casula, estola etc) são de cor roxa, bem como o pano que recobre o ambão, como sinal de conversão em preparação para a festa do Natal com exceção do terceiro domingo do Advento, Domingo da Alegria ou Domingo Gaudete, cuja cor tradicionalmente usada é a rósea, em substituição ao roxo, para revelar a alegria da vinda do libertador que está bem próxima e se refere a segunda leitura que diz: Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito, alegrai-vos, pois o Senhor está perto.(Fl 4, 4).

Vários símbolos do Advento nos ajudam a mergulhar no mistério da encarnação e a vivenciar melhor este tempo. Entre eles há a coroa ou grinalda do Advento. Ela é feita de galhos sempre verdes entrelaçados, formando um círculo, no qual são colocadas 4 grandes velas representando as 4 semanas do Advento. A coroa pode ser pendurada no prebistério, colocada no canto do altar ou em qualquer outro lugar visível. A cada domingo uma vela é acesa; no 1° domingo uma, no segundo duas e assim por diante até serem acesas as 4 velas no 4° domingo. A luz nascente indica a proximidade do Natal, quando Cristo salvador e luz do mundo brilhará para toda a humanidade, e representa também, nossa fé e nossa alegria pelo Deus que vem. O círculo sem começo e sem fim simboliza a eternidade; os ramos sempre verdes são sinais de esperança e da vida nova que Cristo trará e que não passa. A fita vermelha que enfeita a coroa representa o amor de Deus que nos envolve e a manifestação do nosso amor que espera ansioso o nascimento do Filho de Deus. A cor roxa das velas nos convida a purificar nossos corações em preparação para acolher o Cristo que vem. A vela de cor rosa, nos chama a alegria, pois o Senhor está próximo. Os detalhes dourados prefiguram a glória do Reino que virá.

Podemos também, em nossas casas, com as nossas famílias, mergulhar no espírito do Advento celebrando-o com a ajuda da coroa do Advento ou com a Escada do Advento que pode ser colocada ao lado da mesa de refeição











Sentido do advento


«O Advento e o Natal experimentaram um incremento de seu aspecto externo e festivo profano tal que no seio da Igreja surge, da própria fé, uma aspiração a um Advento autêntico: a insuficiência desse ânimo festivo por si só se deixa sentir, e o objetivo de nossas aspirações é o núcleo do acontecimento, esse alimento do espírito forte e consistente do qual nos fica um reflexo nas palavras piedosas com as quais nos felicitamos nas festas. Qual é esse núcleo da vivência do Advento?



Podemos tomar como ponto de partida a palavra «Advento»; este termo não significa «espera», como poderia se supor, mas é a tradução da palavra grega parusia, que significa «presença», ou melhor, «chegada», quer dizer, presença começada. Na antigüidade era usado para designar a presença de um rei ou senhor, ou também do deus ao qual se presta culto e que presenteia seus fiéis no tempo de sua parusia. Ou seja, o Advento significa a presença começada do próprio Deus. Por isso, nos recorda duas coisas: primeiro, que a presença de Deus no mundo já começou, e que ele já está presente de uma maneira oculta; em segundo lugar, que essa presença de Deus acaba de começar, ainda que não seja total, mas está em processo de crescimento e amadurecimento. Sua presença já começou, e somos nós, os crentes, que, por sua vontade, devemos fazê-lo presente no mundo. É por meio de nossa fé, esperança e amor que ele quer fazer brilhar a luz continuamente na noite do mundo. De modo que as luzes que acendamos nas noites escuras deste inverno sejam ao mesmo tempo consolo e advertência: certeza consoladora de que «a luz do mundo» já foi acesa na noite escura de Belém e transformou a noite do pecado humano na noite santa do perdão divino; por outra parte, a consciência de que esta luz somente pode - e somente quer - seguir brilhando se é sustentada por aqueles que, por ser cristãos, continuam através dos tempos a obra de Cristo. A luz de Cristo quer iluminar a noite do mundo através da luz que somos nós; sua presença já iniciada deve seguir crescendo por meio de nós. Quando na noite santa soe uma e outra vez o hino Hodie Christus natus est, devemos recordar que o início que foi produzido em Belém deve ser em nós início permanente, que aquela noite santa é novamente um «hoje» cada vez que um homem permite que a luz do bem faça desaparecer nele as trevas do egoísmo (...) a criança - Deus nasce ali onde se obra por inspiração do amor do Senhor, onde se faz algo mais que intercambiar presentes.



Advento significa presença de Deus já começada, mas também apenas começada. Isto implica que o cristão não olha somente o que já foi e o que aconteceu, como também ao que está por vir. Em meio a todas as desgraças do mundo, tem a certeza de que a semente de luz segue crescendo oculta, até que um dia o bem triunfará definitivamente e tudo lhe estará submetido: no dia em que Cristo retorne. Sabe que a presença de Deus, que acaba de começar, será um dia presença total. E esta certeza o faz livre, o dá um apoio definitivo (...)».



Alegrai-vos no Senhor



(...) «"Alegrai-vos, uma vez mais vos digo: alegrai-vos". A alegria é fundamental no cristianismo, que é por essência evangelium, boa nova. E, entretanto, é ali onde o mundo se equivoca, e sai da Igreja em nome da alegria, achando que a Igreja a tira do homem com todos os seus preceitos e proibições. Certamente, a alegria de Cristo não é tão fácil de ver como o prazer banal que nasce de qualquer diversão. Mas seria falso traduzir as palavras: «Alegrai-vos no Senhor» por estas outras: «Alegrai-vos, mas no Senhor», como se na segunda frase se quisesse recordar o afirmado na primeira. Significa simplesmente «alegrai-vos no Senhor», já que o apóstolo evidentemente crê que toda verdadeira alegria está no Senhor, e que fora dele não pode haver nenhuma. E de fato é verdade que toda alegria que se dá fora dele ou contra ele não satisfaz, mas que, ao contrário, arrasta o homem a um redemoinho no qual não pode estar verdadeiramente contente. Mas isso aqui nos faz saber que a verdadeira alegria não chega até que não a traz Cristo, e que do que se trata em nossa vida é de aprender a ver e compreender a Cristo, o Deus da graça, a luz e a alegria do mundo. Pois nossa alegria não será autêntica até que deixe de apoiar-se em coisas que podem ser-nos arrebatadas e destruídas, e se fundamente na mais íntima profundidade de nossa existência, impossível de ser-nos arrebatada por força alguma do mundo. E toda perda externa deveria fazer-nos avançar um passo rumo a essa intimidade e fazer-nos mais maduros para nossa vida autêntica.



Assim se passa a ver que os dois quadros laterais do tríptico de Advento, João e Maria, apontam ao centro, a Cristo, desde o qual são compreensíveis. Celebrar o Advento significa, dizendo mais uma vez, despertar para a vida a presença de Deus oculta em nós. João e Maria nos ensinam a fazê-lo. Para isso, devemos andar por um caminho de conversão, de afastamento do visível e aproximação ao invisível. Andando esse caminho somos capazes de ver a maravilha da graça e aprendemos que não há alegria mais luminosa para o homem e para o mundo que a da graça, que apareceu em Cristo. O mundo não é um conjunto de penas e dores, toda a angústia que exista no mundo está amparada por uma misericórdia amorosa, está dominada e superada pela benevolência, o perdão e a salvação de Deus. Quem celebre assim o Advento poderá falar com razão da celebração natalina: feliz bem-aventurada e cheia de graça. E conhecerá como a verdade contida na felicitação natalina é algo muito maior do que esse sentimento romântico dos que a celebram como uma espécie de diversão de carnaval».



Estar preparados...



«No capítulo 13 que Paulo escreveu aos cristãos em Roma, diz o Apóstolo o seguinte: "A noite vai muito avançada e já se aproxima o dia. Despojemo-nos, pois, das obras das trevas e vistamos as armas da luz. Andemos decentemente e como de dia, não vivendo em orgias e bebedeiras, nem em devassidão e libertinagem, nem em rixas e ciúmes, antes vesti-vos do Senhor Jesus Cristo..." Segundo isso, Advento significa colocar-se de pé, despertar, sacudir-se do sono. Que quer dizer Paulo? Com termos como "orgias, bebedeiras, devassidão e libertinagem" expressou claramente o que entende por «noite». As orgias noturnas, com todos seus acompanhamentos, são para ele a expressão do que significa a noite e o sono do homem. Esses banquetes se convertem para São Paulo em imagem do mundo pagão em geral que, vivendo de costas para a verdadeira vocação humana, se afunda no material, permanece na escuridão sem verdade, dorme apesar do ruído e da agitação. A orgia noturna aparece como imagem de um mundo estragado. Não devemos reconhecer com espanto quão freqüentemente descreve Paulo desse modo nosso paganizado presente? Despertar-se do sono significa sublevar-se contra o conformismo do mundo e de nossa época, sacudir-nos, com valor, para a virtude e a fé, sono que nos convida a nos desentendermos de nossa vocação e nossas melhores possibilidades. Talvez as canções do Advento, que escutamos de novo esta semana, tornem-se sinais luminosos para nós, mostrem-nos o caminho e nos permitam reconhecer que há uma promessa maior que a do dinheiro, do poder e do prazer. Estar despertos para Deus e para os demais homens: eis aqui o tipo de vigilância a que se refere o Advento, a vigilância que descobre a luz e proporciona mais claridade ao mundo».



João Batista e Maria



«João Batista e Maria são os dois grandes protótipos da existência própria do Advento. Por isso, dominam a liturgia desse período. Olhemos primeiro a João Batista! Está frente a nós exigindo e atuando, exercendo, pois, exemplarmente a tarefa masculina. Ele é o que chama, com todo rigor, à metanóia, a transformar nosso modo de pensar. Quem queira ser cristão deve "mudar" continuamente seus pensamentos. Nosso ponto de vista natural é, desde então, querer afirmar-nos sempre a nós mesmos, pagar com a mesma moeda, colocar-nos sempre no centro. Quem quiser encontrar a Deus deve se converter interiormente uma e outra vez, caminhar na direção oposta. Tudo isso deve se estender também a nosso modo de compreender a vida em seu conjunto. Dia após dia nos topamos com o mundo do visível. Tão violentamente penetra em nós através de cartazes, do rádio, do tráfico e demais fenômenos da vida diária, que somos induzidos a pensar que só existe ele. Entretanto, o invisível é, na verdade, mais excelso e possui mais valor que todo o visível. Uma só alma é, segundo a soberba expressão de Pascal, mais valiosa que o universo visível. Mas, para percebê-lo de forma viva, é preciso converter-se, transformar-se interiormente, vencer a ilusão do visível e fazer-se sensível, afinar o ouvido e o espírito para perceber o invisível. Aceitar esta realidade é mais importante que tudo o que, dia após dia, se projeta violentamente sobre nós. Metanoeite: dai uma nova direção a vossa mente, disponde-na para perceber a presença de Deus no mundo, mudai vosso modo de pensar, considerai que Deus se fará presente no mundo em vós e por vós. Nem sequer João Batista se eximiu do difícil acontecimento de transformar seu pensamento, do dever de converter-se. Quão certo é que este seja também o destino do sacerdote e de cada cristão que anuncia a Cristo, ao qual conhecemos e não conhecemos!»



Palavras do Cardeal Joseph Ratzinger sobre o Advento













Teologia e Espiritualidade do Advento





À luz da liturgia da Igreja e de seus conteúdos podemos resumir algumas linhas do pensamento teológico e da vivência existencial deste tempo de graça.

1. Advento, tempo de Cristo: a dupla vinda

A teologia litúrgica do Advento se encaminha, nas duas linhas enunciadas pelo Calendário romano: a espera da Parusia, revivida com os textos messiânicos escatológicos do AT e a perspectiva de Natal que renova a memória de algumas destas promessas, já cumpridas, ainda que não definitivamente.

O tema da espera é vivido na Igreja com a mesma oração que ressoava na assembléia cristã primitiva: o Marana-tha (Vem Senhor) ou Maran-athá (o Senhor vem) dos textos de Paulo (1 Cor 16,22) e do Apocalipse (Ap 22,20), que se encontra também na Didaché e, hoje, em uma das aclamações da oração eucarística. Todo o Advento ressoa como um "Marana-thá" nas diferentes modulações que esta oração adquire nas preces da Igreja.

A palavra do Antigo Testamento convida a repetir na vida a espera dos justos que aguardavam o Messias; a certeza da vinda de Cristo na carne estimula a renovar a espera da última aparição gloriosa na qual as promessas messiânicas terão total cumprimento já que até hoje se cumpriram só parcialmente. O primeiro prefácio de Advento canta esplendidamente esta complexa, mas verdadeira realidade da vida cristã.

O tema da espera do Messias e a comemoração da preparação para este acontecimento salvífico atinge o auge nos dias que precedem o Natal. A Igreja se sente submersa na leitura profética dos oráculos messiânicos. Lembra-se de nossos Pais na Fé, patrísticos e profetas, escuta Isaías, recorda o pequeno núcleo dos anawim de Yahvé que está ali para esperá-lo: Zacarias, Isabel, João, José, Maria.

O Advento é, pois, como uma intensa e concreta celebração da longa espera na história da salvação, como o descobrimento do mistério de Cristo presente em cada página do AT, do Gênesis até os últimos livros Sapienciais. é viver a história passada voltada e orientada para o Cristo escondido no AT que sugere a leitura de nossa história como uma presença e uma espera de Cristo que vem.

Hoje na Igreja, Advento é como um redescobrir a centralidade de Cristo na história da salvação. Recordam-se seus títulos messiânicos através das leituras bíblicas e das antífonas: Messias, Libertador, Salvador, Esperado das nações, Anunciado pelos profetas... Em seus títulos e funções Cristo, revelado pelo Pai, se converte no personagem central, a chave do arco de uma história, da história da salvação.

2. Advento tempo por excelência de Maria, a Virgem da espera

É o tempo mariano por excelência do Ano litúrgico. Paulo VI expressa isso com toda autoridade na Marialis Cultus, nn. 3-4. Historicamente a memória de Maria na liturgia surgiu com a leitura do Evangelho da Anunciação antes do Natal naquele que, com razão, foi chamado o domingo mariano prenatalício.

Hoje o Advento recupera plenamente este sentido com uma serie de elementos marianos da liturgia, que podemos sintetizar da seguinte maneira:

- Desde os primeiros dias do Advento há elementos que recordam a espera e a acolhida do mistério de Cristo por parte da Virgem de Nazaré.
- a solenidade da Imaculada Conceição se celebra como "preparação radical à vinda do Salvador e feliz principio da Igreja sem mancha nem ruga ("Marialis Cultus 3).
- dos dias 17 a 24 o protagonismo litúrgico da Virgem é muito característico nas leituras bíblicas, no terceiro prefácio de Advento que recorda a espera da Mãe, em algumas orações, como a do dia 20 de dezembro que nos traz um antigo texto do Rótulo de Ravena ou na oração sobre as oferendas do IV domingo que é uma epíclesis significativa que une o mistério eucarístico com o mistério de Natal em um paralelismo entre Maria e a Igreja na obra do único Espírito.
Em uma formosa síntese de títulos. I. Calabuig apresenta nestas pinceladas a figura da Virgem do Advento:
- é a "Cheia de graça", a "bendita entre as mulheres", a "Virgem", a "Esposa de Jesus", a "serva do Senhor".
- é a mulher nova, a nova Eva que restabelece e recapitula no desígnio de Deus pela obediência da fé o mistério da salvação.
- é a Filha de Sião, a que representa o Antigo e o Novo Israel.
- é a Virgem do Fiat, a Virgem fecunda. É a Virgem da escuta e acolhe.

Em sua exemplaridade para a Igreja, Maria é plenamente a Virgem do Advento na dupla dimensão que a liturgia tem sempre em sua memória: presença e exemplaridade. Presença litúrgica na palavra e na oração, para uma memória grata dAquela que transformou a espera em presença, a promessa em dom. Memória de exemplaridade para uma Igreja que quer viver como Maria a nova presença de Cristo, com o Advento e o Natal no mundo de hoje.

Na feliz subordinação de Maria a Cristo e na necessária união com o mistério da Igreja, Advento é o tempo da Filha de Sião, Virgem da espera que no "Fiat" antecipa o Marana thá da Esposa; como Mãe do Verbo Encarnado, humanidade cúmplice de Deus, tornou possível seu ingresso definitivo, no mundo e na história do homem.

3. Advento, tempo da Igreja missionária e peregrina

A liturgia com seu realismo e seus conteúdos põe a Igreja em um tempo de características e expressões espirituais: a espera, a esperança, a oração pela salvação universal. Preparando-nos para a festa de Natal, nós pensamos nos justos do AT que esperaram a primeira vinda do Messias.

Lemos os oráculos de seus profetas, cantamos seus salmos e recitamos suas orações. Mas nós não fazemos isto pondo-nos em seu lugar como se o Messias ainda não tivesse vindo, mas para apreciar melhor o dom da salvação que nos trouxe. O Advento para nós é um tempo real. Podemos recitar com toda verdade a oração dos justos do AT e esperar o cumprimento das profecias porque estas ainda não se realizaram plenamente; se cumprirão com a segunda vinda do Senhor. Devemos esperar e preparar esta última vinda.

No realismo do Advento podemos recolher algumas atualizações que oferecem realismo à oração litúrgica e à participação da comunidade:

- a Igreja ora por um Advento pleno e definitivo, por uma vinda de Cristo para todos os povos da terra que ainda não conheceram o Messias ou não reconhecem ainda ao único Salvador.
- a Igreja recupera no Advento sua missão de anúncio do Messias a todas as gentes e a consciência de ser "reserva de esperança" para toda a humanidade, com a afirmação de que a salvação definitiva do mundo deve vir de Cristo com sua definitiva presença escatológica.
- Em um mundo marcado por guerras e contrastes, as experiências do povo de Israel e as esperas messiânicas, as imagens utópicas da paz e da concórdia, se tornam reais na história da Igreja de hoje que possui a atual "profecia" do Messias Libertador.
- na renovada consciência de que Deus não desdiz suas promessas –confirma-o o Natal!- a Igreja através do Advento renova sua missão escatológica para o mundo, exercita sua esperança, projeta a todos os homens um futuro messiânico do qual o Natal é primícia e confirmação preciosa.

À luz do mistério de Maria, a Virgem do Advento, a Igreja vive neste tempo litúrgico a experiência de ser agora "como uma Maria histórica" que possui e dá aos homens a presença e a graça do Salvador.

A espiritualidade do Advento resulta assim uma espiritualidade comprometida, um esforço feito pela comunidade para recuperar a consciência de ser Igreja para o mundo, reserva de esperança e de gozo. Mais ainda, de ser Igreja para Cristo, Esposa vigilante na oração e exultante no louvor do Senhor que vem.


















ADVENTO, tempo de vigilância


Escreve a nossa liturgista Ione Buyst, em seu livro Preparando Advento e Natal (São Paulo, Paulinas, 2002), p. 13: “Costumamos dizer que o Ano Litúrgico começa no 1o domingo do Advento, assim como o ano civil começa em 1o de janeiro. Mas, na verdade, o Ano Litúrgico não tem começo nem fim. Todo ano comemoram-se duas grandes festas: Páscoa e Natal. A Páscoa é mais importante que o Natal. É a maior festa cristã, porque celebra a ressurreição de Jesus. Ambas as festas são precedidas por um tempo de preparação”.

“Tu vens, tu vens, eu já escuto os teus sinais...” (Alceu Valença, Anunciação). Esta música popular, cantada por muitos jovens, pode nos ajudar a entrar no espírito do tempo do Advento, seguir as pistas dos sinais do Reino e acolher a presença de um Deus que vem ao nosso encontro.

As antigas comunidades cristãs, quando começaram a celebrar o Natal, o fizeram, ao mesmo tempo, como o desdobramento da alegria pascal e como celebração do início do mistério da salvação. E assim como a festa da páscoa era preparada por um tempo de jejum e escuta da Palavra, colocaram também um tempo de preparação antes da festa do Natal.

A Palavra Advento, como tantos outros termos importantes do cristianismo, foi tirada do vocabulário pagão, e significa chegada ou vinda. Ao longo do tempo, foi assumindo o sentido tanto do nascimento do Senhor (o Senhor veio!), quanto da preparação para este evento (o Senhor vem!) e também da espera da segunda vinda de Cristo (o Senhor virá!).

A liturgia ocidental, nas duas primeiras semanas do Advento, acentua a espera da segunda vinda de Cristo no final dos tempos, enquanto nas outras duas semanas coloca a ênfase na preparação para a solenidade do Natal.

Os cristãos primitivos tinham o costume de esperar a celebração de cada domingo com uma vigília de oração. Com isto desejavam expressar uma verdade profunda de seu modo de viver o cristianismo. Como afirmou Santo Agostinho em uma destas vigílias: “Para nós, cristãos, viver não é outra coisa que vigiar. E vigiar é abrir-se à vida”.

No Evangelho, encontramos muitas Palavras de Jesus nos exortando à vigilância. Um dos textos que inspirou muito a liturgia do Advento é a parábola das virgens sábias, contada em Mt 25,1-13, com sua imagem das lâmpadas acesas e seu mandamento de vigiar.

Isto poderia ser vivenciado, por exemplo, retomando a antiga tradição das vigílias (o Ofício Divino das Comunidades tem um roteiro muito bom). Mas também poderia ser feito através da solenização do acendimento da coroa do Advento, como expressão da vontade comunitária de vigiar. É claro que tudo isto terá um sentido profundo se dedicarmos um tempo maior para a oração pessoal e escuta da Palavra de Deus.

Concluindo, citemos de novo Ione Buyst: “A celebração do Ano Litúrgico é uma forma de a gente lembrar, ao longo da caminhada, a presença dinâmica de Deus em meio a seu povo. E, lembrando, unimo-nos e nos comprometemos com ele. Celebrando a Páscoa de Jesus, fazemos hoje, nele, a nossa Páscoa. Celebrando o Natal de Jesus, fazemos hoje, nele, o nosso Natal. Celebrando o Advento... de Jesus, ele se manifesta a nós e nos faz caminhar mais depressa em direção ao Reino. Foi por isso que o papa Paulo VI disse que a celebração do Ano Litúrgico não é só recordação de um fato passado, mas ‘goza de de força sacramental e especial eficácia para alimentar a vida cristã’” (ibid., p. 14).



Perguntas para reflexão pessoal e em grupos:

1. Por que existe o Ano Litúrgico e qual o seu sentido?

2. Como se encaixa o Advento no Ano Litúrgico? Qual o seu sentido?

3. Qual a atitude que se espera do cristão no tempo do Advento?















Subiu aos Céus e está sentado à Direita de Deus


Ascensão de Jesus (Cat 659 - 664)

“E o Senhor Jesus, depois de ter-lhes falado, foi arrebatado ao Céu e sentou-se à direita de Deus Pai” (Mc 16,19). O corpo de Jesus foi glorificado desde o momento da Ressurreição e recebe agora propriedade novas sobrenaturais que irá desfrutar em caráter definitivo (Lc 24,31; Jo 20,19.26). Só aquele que “saiu do Pai” pode “retornar ao Pai”: Cristo (Jo 16,28).

A elevação da Cruz significa e anuncia a elevação da Ascensão ao céu (Jo 12,23). Jesus Cristo , o único Sacerdote da nova e eterna aliança, não “entrou em um santuário feito por mão de homem ... e sim do próprio céu, a fim de comparecer agora diante da face de Deus a nosso favor” (Hb 9,24).

Jesus Cristo, Cabeça da Igreja, nos precede no Reino de glorioso do Pai para que nós, membros de seu Corpo, vivamos na esperança de entrarmos um dia eternamente com Ele. Tendo entrado uma vez por todas no santuário do céu, Jesus Cristo intercede sem cessar por nós como mediador que nos garante permanentemente a efusão do Espírito Santo.

A segunda vinda de Jesus ou parusia (Cat 668 - 679)

A partir da Ascensão, o Advento de Cristo na glória que poderá acontecer em breve (Ap 22,20), embora não nos “caiba conhecer os tempos e os momentos que o Pai fixou com sua própria autoridade” (At 1,7). Este acontecimento escatológico pode ocorrer a qualquer momento (Mt 24,44; I Ts 5,2).

A fé ensina que a história deste mundo caminha para a sua consumação, quando Jesus virá “rematar” a obra que iniciou em sua primeira vinda. A volta glorioso de Cristo constitui a mensagem que norteia a vida dos cristãos. A Parusia do Senhor deve marcar as atitudes do cristão neste mundo. O Reino de Deus já começou, mas com ele subsistem ainda resquícios do “reino de Satanás” e do Mistério da Iniquidade (2Tes 2,7). O cristão tem dentro de si o Reino de Deus, mas traz este tesouro guardado em “vaso de argila”, pois ainda precisa ver “joio no meio do trigo” e aguarda com uma atitude heróica o dia da consumação, para presenciar a “eliminação do joio”.

A Igreja só entrará na glória do Reino através da sua última Páscoa, em que seguirá seu Senhor na sua Morte e Ressurreição (Ap 19,1-9). O Reino de Deus se realizará pela vitória de Deus sobre todo desencadeamento último do mal (Ap 20,7-10) que fará a sua esposa ( a Igreja gloriosa) descer do céu (Ap 21,2-4).

Ao vir no fim dos tempos julgar os vivos e os mortos, Cristo glorioso revelará a disposição secreta dos corações e retribuirá a cada um segundo suas obras e segundo tiver acolhido ou rejeitado.













Advento: Sermos Como João Batista





Dentre as figuras fortes do advento, tem uma que eu gostaria de Falar hoje. Vamos primeiro recapitular quais são as personagens, as figuras que a Igreja nos apresenta neste período de advento: Isaías, João Batista, José e Maria. João Batista é o último dos profetas. Ele resume em sua pessoa e palavra toda história precedente, no momento em que esta desemboca no seu cumprimento. João Batista é aquele que está com o pé em cima da soleira da porta, não entrou ainda na casa, mas está bem perto, está entrando, mas não entrou. Este é João Ba-tista. Atrás dele vêm muitos profetas, vêm muitos homens de Deus que indicaram o tempo da graça, que falaram da salvação, que profetizaram o messias, atrás dele vem uma multidão que veio antes e que foi concluída nele, ele é como a ponta deste "iceberg".

Ele é aquele que colocou o pé na soleira da porta mas não entrou na casa. O que significa isto? Significa dizer que ele não só profetizou sobre o messias mas ele apontou: aquele é o Messias, aquele é o Salvador, aquele é o Cordeiro de Deus que veio tirar o pecado do mundo. E ele é o últi-mo dos profetas e o maior do profetas e a ele foi dada a missão que não foi dada a nenhum dos pro-fetas: A missão de preparar os caminhos do Senhor. Esta é a missão de João Batista. E Como é que ele prepara os caminhos do Senhor? Isso agente vê lá em Lucas 1, 77. É Zacarias quem fala sobre essa missão de João: "Para transmitir ao seu povo a seu povo o conhecimento da Salvação" essa é a missão de João Batista, transmitir a Israel o conhecimento da salvação "para a remissão de seus pecados". Como é que ele vai preparar os caminhos do Senhor? Dizendo a salvação está próxima, a salvação vem pelo perdão dos pecados, até chegar a dizer: está ali a salvação, Jesus é a Salvação! Zacarias continua dizendo: "graças às entranhas de Misericórdia de nosso Deus, pelo qual nos visita o astro das alturas" Esta é a tradução mais literal do "Benedictus". João Batista é aquele que indicou a salvação para os judeus, que veio das entranhas de misericórdia do nosso Deus. Jesus que nasce, que foi gerado nas entranhas de misericórdia e que se encarnou e ele pôde indicar Jesus Cristo ao seu povo.

João Batista é aquele que tem uma consciência clara da sua missão. A sua vontade de ceder o seu próprio lugar para Cristo que deve crescer. Convém que Cristo cresça e que ele diminua. No capítulo 1 de João versículo 19, João Batista que tem uma consciência tão clara de que ele não é o Messias, que ele veio para preparar os caminhos do Senhor, que quando aparece o Messias ele diz: Agora eu vou me retirar, agora eu vou diminuir, desaparecer para que ele apareça. Ele, João Batista é o modelo daquele que Deus consagra para preparar os seus caminhos.

Meu irmão, você e eu somos chamados a ser João Batista neste tempo do Advento. Nós somos chamados a preparar os caminhos do Senhor, a falar da Salvação de Jesus, do amor de Deus, a dizer o quanto Deus ama o seu povo. Somos chamados a indicar a salvação, porém quando aquela pessoa descobre a salvação, tem um encontro pessoal com Deus, nós somos chamados a fazer a mesma coisa que João fez ,diminuir, desaparecer e deixar que aquela pessoa fique com Deus. Não tomar o lugar de Deus na vida da pessoa. E muito menos posicionar como Deus na vida da pessoa. Somos chamados também na obra a ser como João Batista, a fazer grandes coisas, a pregar o Evan-gelho, a varrer o chão com amor, a tudo fazer com amor, por amor, a fazer tudo para preparar os caminhos de Senhor. Mas uma vez os caminhos do Senhor preparados; uma vez o chão varrido, uma vez que a agente pregou o evangelho, libertou; uma vez que agente fez tudo, devemos desapa-recer para que Deus continue brilhando nos corações, para que Deus continue reinado no meio do seu povo.

João é o modelo daqueles que experimentam a alegria de ouvir a voz divina, a voz do esposo, a voz do amigo e ver acolhido o próprio testemunho. João que ouviu a voz de Jesus e se alegrou, nós que podemos ouvir a voz de Jesus no coração das pessoas que acolhem a palavra de Deus e nos alegramos com ela. João é o modelo daqueles que seguem o evangelho despertando inquietações saudáveis nas consciências adormecidas do homem. Por que João disse: Convertei-vos se não a ira de Deus vem sobre vocês!

Neste advento nós precisamos ser como João. E vocês lembram qual foi o destino último de João. Ele diminuiu tanto que chegou a ser preso, não podia mais falar, proclamar, batizar, e ele só podia falar para Herodes e chegou um momento que ele foi decapitado. E desta forma ele desapare-ceu inteiramente.

Meus irmãos para viver bem este advento vamos contemplar a figura deste homem de Deus. No seio materno foi preparado pelo espírito Santo e com o Espírito Santo que veio pelo seio mater-no de Maria e que desta forma, por que ele estava cheio do Espírito Santo, pôde preparar os cami-nhos do Senhor pregando, anunciando, apontando o Senhor e depois diminuindo, diminuindo, dimi-nuindo. Que o Senhor nos conceda a intrepidez de João, a coragem de João, o destemor de João, que o Senhor nos conceda a consciência da missão que João tinha, a humildade que ele tinha.

Que o senhor nos conceda diminuir para que ele cresça sempre mais. Louvado seja nosso Se-nhor Jesus Cristo!

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