Catecismo de Nossa
Senhora
Exortação a invocar Maria, a
Estrela do mar
E o nome da Virgem era Maria (Lc.
1,27). Falemos um pouco deste nome que significa, segundo se diz,
Estrela do mar, e que convém maravilhosamente à
Virgem Mãe. ... Ela é verdadeiramente esta esplêndida estrela que
devia se levantar sobre a imensidade do mar, toda brilhante por seus
méritos, radiante por seus exemplos.
Ó tu, quem quer que sejas, que te
sentes longe da terra firme, arrastado pelas ondas deste mundo, no
meio das borrascas e tempestades, se não queres soçobrar, não
tires os olhos da luz desta estrela.
Se o vento das tentações se
levanta, se o escolho das tribulações se interpõe em teu caminho,
olha a estrela, invoca Maria.
Se és balouçado pelas vagas do
orgulho, da ambição, da maledicência, da inveja, olha a estrela,
invoca Maria.
Se a cólera, a avareza, os desejos
impuros sacodem a frágil embarcação de tua alma, levanta os olhos
para Maria.
Se, perturbado pela lembrança da
enormidade de teus crimes, confuso à vista das torpezas de tua
consciência, aterrorizado pelo medo do Juízo, começas a te deixar
arrastar pelo turbilhão da tristeza, a despenhar no abismo do
desespero, pensa em Maria.
Nos perigos, nas angústias, nas
dúvidas, pensa em Maria, invoca Maria.
Que seu nome nunca se afaste de teus
lábios, jamais abandone teu coração; e para alcançar o socorro da
intercessão d’Ela, não negligencies os exemplos de sua vida.
Seguindo-A, não te transviarás;
rezando a Ela, não desesperarás; pensando n’Ela, evitarás todo
erro.
Se Ela te sustenta, não cairás; se
Ela te protege, nadas terás a temer; se Ela te conduz, não te
cansarás, se Ela te é favorável, alcançarás o fim.
E assim verificarás, por tua
própria experiência, com quanta razão foi dito: "E o
nome da Virgem era Maria".
† São Bernardo
Louvores da Virgem Maria, Super
missus, 2ª homília, 17 - apud Pierre Aubron SJ, L'oeuvre mariale de
Saint Bernard, Editions du Cerf, Paris, Les Cahiers de la Vierge, nº
13-14, março de 1936, pp. 68-69.
Catecismo de Nossa
Senhora
Lição I
Predestinação de Maria
1 - Quem é a Santíssima Virgem
Maria?
A Santíssima Virgem Maria é a Mãe
de Nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus feito homem para nos
salvar.
2 - Que se deve entender por
predestinação de Maria ?
Deve-se entender o lugar especial e
privilegiado que Maria ocupou no pensamento de Deus ao decretar e
preparar, desde toda a eternidade, a grande obra da Redenção. Eis
as palavras do Espírito Santo que a Igreja aplica a Maria: "O
Senhor me possuiu no princípio dos seus caminhos, desde o princípio,
antes que criasse coisa alguma. Desde a eternidade fui constituída
desde o princípio, antes que a terra fosse criada" (Prov. 8, 22
e ss.); "Eu saí da boca do Altíssimo, a primogênita de todas
as criaturas" (Eclo. 24, 5).
3 - Para que foi predestinada
Maria?
Além da predestinação à graça e
à glória de todos os eleitos, Maria foi objeto de uma predestinação
especialíssima: ter a honra de ser a Mãe do Verbo feito homem e,
por isso, os mais preciosos dons da graça neste mundo e maior glória
no outro.
4 - De onde veio o nome Maria?
Segundo a opinião dos santos
doutores, São Jerônimo, Santo Epifânio, Santo Antônio. São Pedro
Damião e outros, este santíssimo nome veio do Céu, foi por
ordem expressa de Deus que São Joaquim e Santa Ana o
impuseram em sua santíssima filha.
5 - Que
significa o nome de Maria?
Significa: Estrela do Mar, Senhora,
Soberana, luz brilhante, ou oceano de amargura.
6 - Devemos ter devoção ao
nome de Maria?
Sim, porque é o nome da Mãe de
Deus e nossa Mãe e protetora. Nome que enche o céu de alegria e é
o terror dos demônios.
7- Há uma festa especial para
honrar o nome de Maria?
A festa do Santíssimo Nome de
Maria, no dia 12 de setembro. Festa instituída pelo Papa Inocêncio
XI, em 1683, em agradecimento pela libertação da cidade de Viena
sitiada pelos Turcos maometanos.
Lição II
Promessas de Maria
8 - Que se entende por promessas
de Maria?
Entende-se por promessas de Maria
certas profecias, contidas no Antigo Testamento, que tratam mais
particularmente desta augusta Virgem e pelas quais Deus quis
anunciá-La ao mundo, muitos séculos antes de Ela nascer.
9 - Quais as principais
promessas de Maria?
a) Gênesis III, 15:
"Porei inimizades entre ti e a mulher, entre a tua descendência
e a descendência dela, e ela esmagar-te-á a cabeça”.
b)
Cânticos VI, 9: "Quem e aquela que vem como a aurora, bela como
a lua, brilhante como o sol e terrível como um exercito em ordem de
batalha?"
Cânticos II, 2: "Como o lírio
no meio dos espinhos, tal é minha amada entre os filhos de Adão."
c) Isaías VII, 14: "Uma
Virgem conceberá e dará à luz um filho que será chamado Emanuel".
Há ainda numerosas promessas de
Maria no Antigo Testamento.
10 - Explique a primeira
promessa de Nossa Senhora.
A "mulher" anunciada é
Maria Imaculada; a "descendência", ou posteridade da
mulher, é Jesus Cristo, seu Unigênito Filho, e em Jesus Cristo
todos os cristãos. A serpente é o demônio, e a raça da serpente
são os que de tal modo cometem o pecado que se identificam com ele:
"Quem comete o pecado é do demônio" (I Jo. III, 8).
Maria esmaga a cabeça da serpente,
isto é, vence o demônio: primeiro e principalmente por seu Filho
Jesus, vencedor do demônio e do pecado; segundo, pela sua Imaculada
Conceição.
Deus estabeleceu, assim,
"inimizades" perpétuas e irreconciliáveis entre Maria e o
demônio, entre a posteridade de Maria e a do demônio. Os hereges de
todos os tempos compartilharam dessa inimizade, do lado do demônio,
atacando o culto a Maria, destruindo suas imagens e santuários,
perseguindo seus devotos.
11 - Por que Maria e
comparada à aurora ?
A aurora anuncia o
nascer do sol; Maria anuncia o nascimento do Sol de Justiça, Nosso
Senhor Jesus Cristo, luz do mundo.
12 - Por que Maria é comparada
à lua?
A lua excede às estrelas em brilho
e beleza; Maria excede a todos os santos e anjos em santidade e
glória. A lua recebe toda a luz do sol, assim toda a graça e glória
de Maria vem de Deus. A lua guia os homens durante a noite; Maria
guia o cristão na noite desta vida, na noite das tentações.
13 - Por que Maria é
comparada ao sol?
O sol sobrepuja todos os astros em
beleza e luz; Maria sobrepuja todos os santos e anjos em beleza e
glória. O sol ilumina, alegra, aquece, fecunda; Maria conforta os
corações, abrasa-os do divino amor, fá-los produzir frutos de boas
obras.
14 - Por que Maria é comparada
a um exército em ordem de batalha?
Para nos fazer compreender o grande
poder que Deus deu a Maria a fim de nos defender contra os assaltos
do demônio.
15 - Por que Maria é comparada
ao lírio entre os espinhos?
Para nos mostrar a sua pureza
virginal, da qual essa flor é o símbolo. E porque o lírio era tido
como remédio contra as mordeduras de serpente; assim Maria é
remédio contra as tentações.
Lição III
Figuras de Maria
16 - Que se entende por figuras
de Maria?
São coisas e pessoas do Antigo
Testamento que têm analogias particulares com essa divina Mãe.
17 - Quais são as principais
coisas que prefiguram Maria no Antigo Testamento ?
A arca de Noé, a escada de Jacó, a
sarça ardente, o velo de Gedeão, a arca da aliança.
18 - Explique as analogias entre
a arca de Noé e Maria.
A arca era uma espécie de um grande
navio feito por Noé, por ordem de Deus, no qual ele com sua família
e as diversas espécies de animais se salvaram durante o dilúvio.
Portanto:
a) A arca salvou a família de
Noé e, por ela, o gênero humano; Maria, por Jesus, salvou os
homens.
b) A arca flutuava sobre as
águas, enquanto tudo o mais submergia; Maria foi a única preservada
das ondas do pecado.
c) Todos aqueles que
estavam na arca se salvaram; todos os que recorrem a Maria se salvam.
d) Depois do dilúvio a terra
foi povoada pelos que estavam na arca: o paraíso é povoado pelos
filhos de Maria.
19 - Explique as analogias entre
a escada de Jacó e Maria.
Jacó teve a visão de uma escada
que da terra se elevava ao céu, e os anjos por ela subiam e desciam,
enquanto Deus lhe falava do alto da escada (Gen. 18, 10).
Maria, por ser da natureza humana, é
da terra, mas eleva-se até ao céu, pelas suas prerrogativas,
principalmente por ser Mãe de Deus. Por Ela, por sua intercessão,
Deus envia constantemente seus anjos para nos socorrer.
20 - Por que Maria é comparada
à sarça ardente?
Moisés avistou sobre o monte Horeb
um arbusto que ardia sem se consumir e Deus lhe falou daquele arbusto
(Ex. 3,1).
Assim canta a Igreja, na Liturgia:
"Na sarça que Moisés viu permanecer incólume no meio das
chamas, nós reconhecemos a vossa admirável virgindade, ó Santa Mãe
de Deus.
Maria, nesse mundo, onde todos são
consumidos pelas chamas do pecado, conservou-se intacta, sem a menor
mancha do pecado.
Deus, oculto nas chamas da sarça,
preparava Moisés para a libertação do povo do cativeiro do Egito.
Também nosso Salvador, oculto no seio de Maria, preparava nossa
redenção.
21 - O
velo de Gedeão é figura de Maria?
O velo era uma pele de ovelha,
instrumento de um duplo prodígio, destinado a convencer Gedeão da
divindade de sua missão. Gedeão pedira a Deus um sinal da vitória:
que seu velo, durante a noite ficasse encharcado de orvalho, enquanto
toda a terra ao redor permanecesse seca; e, na noite seguinte, o
contrário, que toda a terra ficasse molhada e seu velo
seco. E assim aconteceu (Juízes 6 ss.)-
Assim como só o velo ficou coberto
de orvalho, enquanto tudo em derredor estava seco, assim só Maria
foi cheia de graça. E assim como só o velo, na noite seguinte ficou
seco, enquanto a terra estava molhada; assim também só Maria ficou
imune do pecado.
O orvalho no velo simboliza também
Jesus vivendo em Maria. Gedeão espremeu o velo e encheu um jarro.
Esse jarro simboliza a Santa Igreja que Jesus Cristo enche de graça
através de sua Mãe. Assim canta a Igreja na sua Liturgia:
"Descestes (Cristo), como chuva sobre o velo para salvar o
gênero humano".
22 - Como a arca da aliança
figura Maria ?
A arca da aliança era um grande
cofre de madeira preciosa, todo revestido de ouro, por dentro e por
fora, com dois querubins de ouro de cada lado. A parte superior
chamava-se propiciatório. Dali Deus falava a Moisés e aos Sumos
Pontífices (Exo. 37).
a) A arca da Aliança
era de madeira de cedro incorruptível; Maria foi imaculada e seu
corpo não conheceu a corrupção do sepulcro.
b) O ouro era
considerado o mais precioso dos metais. A arca era forrada de ouro
por dentro e por fora; Maria está toda adornada com a mais sublime
das virtudes, a caridade, o amor de Deus.
c) A arca guardava
as tábuas da lei, o maná, a vara de Aarão; Maria teve em seu seio
o autor da Lei, o Pão vivo descido do céu, o verdadeiro Sacerdote
da nova lei.
d) A arca era sinal da
aliança de Deus com o povo. Maria é mais que sinal, pois, dando
Jesus ao mundo, tornou-se instrumento da aliança que Deus fez com os
homens, a Nova Aliança.
e) A arca é
figura de Maria nos inúmeros prodígios que Deus realizava através
dela. Diante da Arca, o Jordão se abriu para dar passagem ao povo a
pé enxuto; à vista de Maria os demônios fogem e deixam os
cristãos. A arca atraía prosperidade e as bênçãos de Deus sobre
o povo escolhido; e os castigos mais terríveis contra os inimigos;
imagem maravilhosa das graças que acompanham a verdadeira devoção
a Nossa Senhora e dos castigos que comumente caem sobre os que
desprezam e injuriam Maria.
23 - Existem ainda outras
figuras de Maria?
O Paraíso terrestre, no qual Jesus,
o novo Adão, estabeleceu sua morada.
A árvore da vida, plantada no meio
do Paraíso, única digna de produzir o fruto de salvação.
O Tabernáculo, onde Deus habitou
com toda a sua glória.
O candelabro de ouro com sete braços
que dão luz admirável; Maria ornada com os sete dons do Espírito
Santo.
A nuvenzinha avistada por Elias,
anunciando a chuva benéfica.
O arco-íris, símbolo da aliança
que Deus fez com Noé; Maria Medianeira entre Deus e os homens.
24 - Quais são as pessoas que
prefiguram mais especialmente Nossa Senhora no Antigo Testamento?
A Santíssima Virgem Maria foi
prefigurada por todas as mulheres santas do Antigo Testamento. Mais
especialmente por:
EVA, mãe do gênero
humano: Maria, mãe da nova raça purificada do pecado, Rainha de
todos os eleitos, Mãe do inocente e verdadeiro Abel, traído e
imolado.
SARA, esposa de Abraão:
Maria foi mais maravilhosamente ainda fecunda do que ela, Mãe do
verdadeiro Isaque, do filho único que carregou o instrumento no qual
foi imolado.
REBECA, que brilhava com
todos os dons da natureza, imperfeitamente figura a beleza
incomparável de Maria, na ordem da graça.
RAQUEL, mãe do justo José,
vendido pelos irmãos; Maria, Mãe do inocente Jesus, também traído
e vendido.
ABIGAIL, esposa de Nabal,
que, com suas súplicas a Davi, salvou toda a sua família da morte;
Maria co-redentora do gênero humano, com seu Filho salvou-nos da
morte eterna.
JUDITE, notável pela sua
beleza, virtude e coragem, salvou seu povo da invasão de Holofernes.
Maria, obra-prima das mãos de Deus, salvou-nos do cativeiro do
demônio, dando ao mundo o Filho de Deus.
ESTER, esposa do rei
Assuero, por suas súplicas também salvou seu povo da destruição;
como Maria salvou-nos por seu Filho.
25 - Que lições podemos tirar
dessas figuras de Maria?
Especialmente devemos concluir que,
sendo a mediação de Maria poderosíssima junto de Deus, sem cessar
devemos recorrer a Ela, para alcançarmos o perdão de nossos pecados
e as graças de Deus.
Lição IV
Pais de Maria Santíssima
26 - A que nação pertencia
Maria?
A nação judaica, que foi outrora
escolhida por Deus para conservar sobre a terra o depósito da
verdadeira religião e dar ao mundo o Salvador prometido.
27 - Como se chamavam os pais de
Maria?
São Joaquim e Santa Ana, ambos
recomendáveis pela sua virtude.
28 - De que tribo e de
que família eram os pais de Maria ?
Da tribo de Judá e da família de
Davi.
Lição V
Dogmas Marianos
29 - Que são dogmas?
São todas as verdades reveladas, e
propostas a crer pela Igreja como tais, ou seja, como de fé divina;
e ainda todas as verdades cujas contraditórias foram condenadas pela
Igreja como heréticas; e todas as verdades manifestamente contidas
na Sagrada Escritura.
30 -A Igreja é infalível
quando nos propõe um dogma para crer?
Sim, porque a Igreja é assistida
pelo Divino Espírito Santo: "Rogarei ao Pai, e Ele vos dará um
outro Paráclito, para que permaneça convosco até a consumação
dos séculos, Espírito de verdade" (Jo. 14, 16). Nosso Senhor
disse ainda: "Ide, ensinai a todas as gentes... Eu estarei
convosco todos os dias até a consumação dos séculos" (Mt
28,20). Se a Igreja errasse na proposição de uma verdade da fé,
teria falhado a promessa de Nosso Senhor. O que é manifestamente um
absurdo.
31 - Quais são os dogmas
marianos?
Os dogmas marianos, ou seja, as
verdades sobre Nossa Senhora reveladas por Deus, definidas como tais
pela Igreja e por Ela propostas à nossa crença são; a Imaculada
Conceição, a Maternidade Divina, a Virgindade Perpétua e a
Assunção Gloriosa.
Lição VI
Imaculada Conceição
32 - Maria, como todo
descendente de Adão, herdou a mancha do pecado original?
Não. Desde o primeiro instante da
sua conceição, por singular graça e privilégio de Deus, em
virtude dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, Ela
foi preservada imune de toda a mancha do pecado original. Por isso, a
Igreja a chama: Imaculada Conceição.
33 - Este privilégio diz apenas
imunidade de pecado (original e atual) e de concupiscência?
Não. Maria não somente foi
preservada da mancha do pecado e da chama da concupiscência, mas,
desde o primeiro instante de sua conceição imaculada, foi cumulada
de graças por Deus, num grau incomparavelmente superior a todos
anjos e homens. Por esse motivo o Anjo a saudou: "Ave, cheia de
graça".
34 - Maria também foi remida
pelo Sangue de Jesus, na Cruz ?
Sim, Maria também foi remida pelos
merecimentos de Jesus Cristo, seu divino Filho, só que de um modo
especial e singular Os merecimentos do Salvador tiveram por efeito
não purificar sua Mãe, mas preservá-la do pecado que Ela devia
contrair como filha de Adão. Para Maria, a Redenção não foi
liberativa, mas preservativa.
35 - Por que Maria foi
preservada do pecado original ?
Porque escolhida para ser a Mãe de
Deus. O Salvador não poderia ter escolhido formar seu corpo adorável
de uma carne que tivesse sido manchada com a nódoa do pecado. E
Santo Anselmo diz que Deus, conservando puros milhões de anjos no
meio da ruína de tantos outros, não podia deixar de preservar da
queda comum a Mãe de seu Filho e Rainha dos anjos.
36 - A Imaculada Conceição de
Maria é um dogma definido pela Igreja?
Sim, o Papa Pio IX, no dia 8 de
dezembro de 1854, definiu solenemente como de fé católica a
doutrina da Imaculada Conceição de Maria, na Bula "Ineffabilis
Deus": "...com a autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo,
dos bem-aventurados Apóstolos Pedro e Paulo e com a Nossa,
declaramos, pronunciamos e definimos: A doutrina que sustenta que a
beatíssima Virgem Maria, ao primeiro instante de sua Conceição,
por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos
méritos de Jesus Cristo, salvador do gênero humano, foi preservada
imune de toda mancha de pecado original, essa doutrina foi revelada
por Deus, e por isso deve ser crida firme e inviolavelmente por todos
os fiéis" (n. 41).
37 - Esta verdade está, de
fato, contida no Depósito da Revelação?
1) Na Sagrada Escritura:
a)
"Porei inimizades entre ti e a mulher; entre a tua descendência
e a descendência dela (...) ela te esmagará a cabeça" (Gen 3,
15). Conforme a doutrina constante da Igreja, a "mulher" de
que fala o Gênesis é Maria, Mãe de Jesus, sua "descendência".
Nessa passagem são prenunciadas a comum inimizade e comum vitória
total do Redentor e de sua Mãe Santíssima sobre o demônio. Ora,
essas "inimizades" e essa vitória ("Ela te esmagará
a cabeça") supõem, não somente em Jesus, mas também em
Maria, uma total ausência de pecado, mesmo original.
b)
"Ave, cheia de graça; o Senhor é contigo" (Lc 1, 28). O
sentido exato, da saudação do Anjo, "Ave, cheia de graça"
(kecharitoméne) é que Maria nunca esteve sem a graça. Logo nunca
esteve com o pecado.
"Toda és formosa, amiga minha,
e em ti não há mácula" (Cânticos 4,7). A Igreja aplica estas
palavras a Maria, Esposa castíssima do Espírito Santo. E ainda
estas: "Como a açucena entre os espinhos, assim é a minha
amiga entre as donzelas" (Cânticos 2, 2).
2) Na Tradição: expressa no ensino
oficial da Igreja, na Liturgia, na pregação constante dos Padres e
doutores.
A própria razão nos persuade desta
verdade. Maria e Mãe de Deus. Portanto, era sumamente conveniente à
Santíssima Trindade que Ela fosse imaculada.
38 - Em que dia celebramos a
festa da Imaculada Conceição?
No dia 8 de dezembro.
Lição VII Maternidade divina
39 - Será Maria a Mãe de Deus?
Sim, Maria é Mãe de Deus, porque,
embora não tenha gerado a natureza divina, nem a pessoa divina,
enquanto tal; gerou, todavia, a natureza humana hipostaticamente
unida à pessoa divina. A natureza humana de Jesus só existe e só
existiu unida hipostaticamente à pessoa divina. Ora, o termo
completo da geração é a pessoa e não a natureza. Portanto, Maria
deu à luz uma Pessoa divina, é Mãe de Deus.
40 - Quando Nossa Senhora se
tornou Mãe de Deus ?
No momento da Encarnação. O Anjo
Gabriel foi enviado por Deus a Maria, para anunciar-Lhe que seria a
Mãe de Deus: "Eis que conceberás no teu ventre e darás à luz
um filho, a quem porás o nome de Jesus. Este será grande e será
chamado Filho do Altíssimo" (Lc. 1,31). E Maria consentiu:
“Faça-se em mim segundo a tua palavra" (Lc. 1, 38). E o
Verbo, o Filho de Deus, Segunda Pessoa da Santíssima Trindade,
fez-se homem no seio puríssimo de Maria.
41 - A Maternidade Divina de
Maria é também um dogma de fé?
É um dogma de fé, contido na
Sagrada Escritura e na Tradição. Este dogma foi definido
solenemente pela Igreja nos seus concílios como o de Éfeso, no
século V e de Constantinopla no século VI; está contido no Credo,
símbolo de nossa fé; na pregação constante da Igreja, nas
liturgias mais antigas.
42 - Poderia citar mais algumas
passagens das Escrituras que dizem ser Maria Mãe de Deus ?
a) "Ela dará á luz um Filho a
quem porás o nome de Jesus (...) Tudo isso aconteceu para que se
cumprisse o que o Senhor havia dito pelo profeta nestes termos: Eis
que uma Virgem conceberá e dará à luz um Filho ao qual se porá o
nome de Emanuel, isto é Deus conosco" (S. Mat. 1,21- 23).
b) "O Santo que há de nascer
de ti será chamado Filho de Deus"(Lc 1,3 5).
c)
"E donde procede esta honra para mim que a Mãe de meu Senhor se
digne visitar-me?" (Lc. 1, 43).
d)
"Quando se completaram os tempos. Deus mandou seu Filho nascido
de uma mulher" (Gal. 4, 4 ).
43 - Em que dia se celebra a
festa da Maternidade divina de Maria ?
No dia 11 de outubro.
Lição VIII
Virgindade Perpétua de Maria
44 - Maria tornou-se
Mãe como as outras mulheres ?
Por um singular privilégio de Deus,
Maria foi mãe conservando sua virgindade antes do parto, durante o
parto e depois do parto; durante toda a sua vida conservou intacta
sua pureza original e virginal.
45 - A Virgindade perpétua de
Maria é um dogma de fé ?
Sim, é uma verdade de fé católica
definida pela Igreja em seus concílios, especialmente o de Latrão
(649) e o III de Constantinopla (680) que definiram a "ilibada
virgindade de Maria, antes do parto, durante o parto e depois do
parto".
46 - Em que se baseou a Igreja
para essa definição dogmática ?
Como sempre, a Igreja foi haurir
essa verdade na Bíblia e na Tradição. Os textos da Bíblia são
claros:
"Eis que a Virgem conceberá e
dará à luz e o nome deste será Emanuel" (Isaías 7, 14). Pelo
contexto se vê que Isaías designa esse acontecimento como um grande
sinal de Deus, como um grande prodígio. Ora não há prodígio algum
quando uma mulher tem filho deixando de ser virgem. O sentido desse
oráculo de Isaías é confirmado por S. Mateus que, depois de
relatar a anunciação do anjo a Maria, acrescenta: "E tudo isso
aconteceu para que se cumprisse o que foi dito por Deus ao profeta:
Eis que uma virgem..." (Mat. 1,22).
47 - Poderia especificar melhor
os textos que se referem à Virgindade perpétua de Maria ?
a) Antes do parto: (além do
texto de Isaías já citado) "O anjo Gabriel foi enviado por
Deus a uma Virgem (...) e o nome da Virgem era Maria ... Maria disse
ao anjo: Como se fará isso, pois eu não conheço varão?
Respondendo o anjo disse-lhe: O Espírito Santo descerá sobre ti e a
virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra" (Lc. 1, 26 e
34- 35).
E virgem permaneceu, quando concebeu
em seu seio o Filho de Deus; pois essa conceição foi "por obra
do Espírito Santo" (Mat. 1, 18), sem conhecer varão.
b) Durante o parto: Com
uma descrição delicadíssima, São Lucas nos persuade de que Maria
conservou sua virgindade no ato mesmo de tornar-se Mãe do Salvador:
"Chegou para ela o tempo do parto e deu à luz seu filho
primogênito, envolveu-o em faixas e o pôs numa manjedoura" (2,
6). Maria, nesse relato, não aparece como sujeita às dores e
fraquezas que são o preço natural da maternidade. É Ela mesma quem
presta os primeiros cuidados a Jesus recém-nascido. São Lucas não
poderia ter falado assim, se Ela tivesse dado à luz de maneira
comum.
c) Depois do parto: é o
que se conclui do mesmo texto de São Lucas já citado. Pelas
palavras de Maria ao anjo vê-se claramente seu propósito de
virgindade. Estando já desposada com José, Ela diz: "Como se
fará isso, pois eu não conheço varão?" Em outras palavras:
"Como me tornarei mãe, tendo o propósito de não conhecer
varão?"
Como seria possível que, depois do
parto milagroso, Ela deixasse esse propósito, esse voto de
virgindade? Tamanha ingratidão para com Aquele que milagrosamente
lhe conservara a virgindade antes e durante o parto e inconcebível
na Mãe de Deus.
Além disso, era de suma
conveniência que o Filho Unigênito do Pai eterno fosse também,
segundo a carne, o Unigênito da Mãe.
48 - Mas a Bíblia fala que
Jesus teve irmãos. Logo, Maria teve outros filhos.
A Bíblia se refere a quatro pessoas
como "irmãos de Jesus". Mas, isso não permite concluir
que sejam irmãos carnais de Jesus.
De fato, três desses "irmãos
de Jesus" têm seus pais nomeados na Bíblia:
1) Tiago: é Tiago, o Apóstolo
(Gal. 1, 19); o Menor (Mc. 15, 40), cujo pai é Alfeu (Mat. 10,3).
2)
José: é irmão carnal de Tiago, pois ambos são filhos de uma das
três Marias que estiveram ao pé da Cruz (Mat. 27, 56) e cujo pai é
também Alfeu.
3) Judas, o Tadeu: é
também irmão de Tiago (Jud. 1,1), cujo pai é Alfeu. São Lucas o
chama de Judas de Tiago (6, 16).
O quarto dos "irmãos de Jesus"
é Simão, cujos pais não estão na Bíblia. Mas o antigo
historiador Hegezipo (séc. II) informa que ele é filho de Cléofas,
esposo de Maria, "irmã da Mãe de Jesus" (Jo. 19, 25). É,
pois, primo de Jesus.
E, se Cléofas e Alfeu são nomes em
hebraico e aramaico da mesma pessoa, como pensam muitos entendidos,
os quatro são entre si irmãos carnais; e, em qualquer hipótese,
primos ou parentes de Jesus.
Além disso, a Bíblia nunca os
chama "filhos de Maria", ao passo que só a Jesus chama "o
filho de Maria" com artigo (no original - Mc 6, 3).
De fato, é muito comum na Bíblia
parentes próximos serem chamados de irmãos. Gen. 13, 8 comparado
com Gen. 12, 5 e 11, 28 - 31; Gen. 29, 13 e 15; Lev. 10, 4; Cron. 23,
22, etc. Note-se que algumas edições mais recentes da Bíblia já
trazem parentes em vez de "irmãos", nesses casos.
49 - S. Lucas (2, 7)
diz que Jesus foi o primogênito. Logo Maria teve outros filhos.
"Primogênito" é termo
jurídico da Bíblia que tem significação bem determinada: é o
primeiro filho, quer venham outro/outros, quer não. De fato, a
Bíblia afirma que todo primogênito pertence de modo especial ao
Senhor (Ex. 34, 19; 13, 12). E ele devia cumprir, logo no primeiro
mês, a lei do resgate (Num. 18,16). Não se esperava pelo segundo
filho para que o primeiro fosse tido e tratado como primogênito a
vida toda.
Confirma isso o túmulo
recém-descoberto de uma judia do I século com a inscrição: "Aqui
jaz Arsinoé, morta ao dar à luz o seu primogênito".
Portanto, Jesus é, ao mesmo tempo,
o primogênito e o unigênito de Maria.
50 - S. Mateus (1, 25) diz:
"José não a conheceu até que ela deu à luz"- Isso não
quer dizer que depois de dar à luz, José a teria conhecido?
A expressão "até
que" e um hebraísmo da Bíblia que significa "sem que"
invertendo-se os termos da frase. Significa, então, que Maria "deu
à luz sem que José a tivesse conhecido".
São incontáveis os exemplos disso
na Bíblia. Eis apenas um: "O coração do justo está firme e
não temerá até que veja confundidos seus inimigos" (SI. 111,
8). Ora, se não temeu antes, não temerá depois. O sentido da frase
é: "os inimigos serão confundidos sem que o coração do justo
tema".
Assim, São Mateus quis apenas
afirmar que "Maria concebeu sem que José a tivesse conhecido".
Outros exemplos, veja: Deut. 7, 24;
Sab. 10, 14; SI. 56, 2; Is. 22, 14; Mat. 5, 18.
Lição IX
Assunção ao Céu
51 - Como terminou para Maria
Santíssima a vida na terra?
Tendo terminado o curso de sua vida
aqui na terra, Ela foi elevada, assunta ao Céu, em corpo e alma. E
esse singular privilégio concedido por Deus a Maria é um dogma de
nossa Fé, definido pelo Papa Pio XII, no dia 1° de novembro de
1950: "... com a autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, dos
Bem-aventurados Apóstolos São Pedro e São Paulo e com a Nossa,
pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma
divinamente revelado que: a Imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem
Maria, terminando o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e
alma à glória celestial" (n. 44).
52 - Em que se baseia a Igreja
para definir que Maria foi assunta ao Céu em corpo e alma?
1) Na Sagrada Escritura: Essa
verdade da fé está contida implicitamente na Bíblia, naqueles
lugares já citados por nós quando tratamos da Imaculada Conceição
e da Maternidade divina de Maria. De fato, se Maria foi preservada do
pecado original, de qualquer outra mácula e cheia de graça desde a
sua conceição, conseqüentemente não devia também ser vencida
pela morte.
O mesmo se conclui do fato de Maria
ser a Mãe de Deus. A dignidade tão excelsa de ser Mãe de Deus não
é compatível com a humilhação da podridão do sepulcro.
Outros lugares da Escritura fazem
também menção implícita da Assunção de Maria: SI 131, 8; SI.
44, 10; Apoc. 12, 1).
2) É sobretudo na Tradição
unânime e constante que a Igreja se baseia para a definição desse
dogma mariano. De fato, a Igreja é assistida pelo Espírito Santo.
Ora, o Espírito Santo não poderia deixar sua Igreja durante tantos
séculos professar um erro. E desde os primórdios, especialmente na
sua Liturgia, a Igreja professou sua crença na Assunção gloriosa
de Maria.
53 - Assunção e o mesmo que
Ascensão?
Não. Ascensão de Jesus é a subida
de Jesus ao Céu, pelo seu próprio poder divino.
Assunção de Maria é a elevação
de Maria ao Céu, não pelo seu próprio poder, mas pelo poder de
Deus.
Lição X
Realeza de Maria
54 - Que se entende com dizer
que Maria foi coroada no Céu?
Entende-se que, depois de sua
entrada triunfante no Céu, Maria foi revestida de uma glória,
superior, por sua maternidade divina e eminência de santidade, a
todos os anjos e santos; Rainha do Céu e da terra. Essa glória de
Maria foi revelada por São João no Apocalipse: "Um grande
prodígio apareceu no céu; uma mulher vestida de sol, com a lua sob
os pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça" (12,1).
55 - Maria é, de fato, Rainha?
Sim, porque é Mãe do Rei Divino,
Jesus Cristo. Ela é Rainha por duplo título:
a) pela Maternidade divina; Ela deu
à luz um Filho que, no próprio instante de sua conceição, mesmo
como homem, era Rei e Senhor de todas as coisas, pela união
hipostática da natureza humana com o Verbo (conf. Luc. 1, 32-33).
Assim Maria e Rainha e Senhora de todas as coisas.
b) E pela participação na obra da
Redenção: Jesus Cristo e Rei, não só por direito de natureza, mas
por direito de conquista, isto e, pela redenção dos homens. Ora.
Maria foi intimamente associada a Jesus na obra da Redenção.
Portanto, Maria é Rainha também a este título de Co-redentora.
56 - A Realeza de Maria
é também um dogma de fé?
A Realeza de Maria e uma conclusão
teológica da sua Maternidade divina. É uma verdade que se
fundamenta na Sagrada Escritura, e professada na Tradição, mas
ainda não foi objeto de uma definição dogmática por parte da
Igreja. O Papa Pio XII escreveu uma belíssima Encíclica, "Ad
Caeli Reginam" (1955), demonstrando a verdade da Realeza de
Maria à luz da Sagrada Escritura e da Tradição e instituindo a
festa da Realeza de Maria.
57 -Em que dia a igreja celebra
as festas da Assunção e Realeza de Maria?
A Assunção, no dia 15 de agosto e
a Realeza de Maria, no dia 31 de maio.
Lição XI
Medianeira de todas as graças
58 - Por que nós católicos
pedimos as graças a Deus por meio de Maria?
Porque, por disposição divina, Ela
é a Medianeira universal de todas as graças.
59 - Mas São Paulo não diz, na
sua epístola a Timóteo: "Há um só mediador entre Deus e os
homens, Jesus Cristo homem" (I Tim 2, 5) ?
Jesus Cristo é o único Mediador e
essa mediação de Jesus Cristo beneficia a própria Virgem Mãe. A
mediação de Maria é para a aplicação da graça, mediação
necessária, mas secundária, subordinada, dependente da de Jesus
Cristo.
60 - Quer dizer então que Maria
é Medianeira necessária de todas as graças?
Sim, Ela é medianeira necessária,
por vontade de Deus, para a aplicação da graça. Com efeito, as
graças merecidas por Jesus Cristo, para santificarem, deveras os
homens precisam checar às almas, informá-las, delas expulsando o
pecado e tornando-as agradáveis a Deus, capazes de fazer atos
sobrenaturais, meritórios da vida eterna. E esta aplicação da
graça às almas, merecida por Jesus Cristo, não se faz sem a
intervenção de Maria. “Tendo prestado seu ministério na Redenção
dos homens, ensina Leão XIII, Ela exerce paralelamente o mesmo
ministério na distribuição da Graça que daquela Redenção
perpetuamente decorre, investida para esse fim de um poder quase
imenso" (Enc. Adjutricem populi).
61 - A Mediação de Maria é um
dogma de fé?
Não, a Mediação de Maria ainda
não foi definida pela Igreja como dogma de fé. Mas e uma verdade
sempre crida e ensinada na Igreja. Embora os Papas já se tenham
pronunciado várias vezes, ensinando ser Nossa Senhora Medianeira de
todas as graças, falta ainda a definição final e solene do
Magistério.
62 - Em que se baseia a
Igreja para ensinar que Maria é Medianeira?
No fato de Ela ser Mãe de Deus, Mãe
do Redentor e, por isso, nossa Mãe, nossa Co-redentora e
Dispensadora de todas as graças.
63 - Que quer dizer: Maria é
nossa Co-redentora?
Quer dizer que Maria cooperou real e
imediatamente com Jesus, Redentor divino, na Redenção dos homens.
Não com uma cooperação colateral, mas dependente, subordinada a
Jesus Cristo. Como causa secundária, subordinada, mas real, eficaz e
verdadeira. O Filho de Deus teria podido remir-nos sozinho. Mas, de
fato, Ele quis a cooperação de sua Mãe.
64 - Em que se baseia a Igreja
para ensinar essa verdade ?
1) Na Sagrada Escritura: Já no
Antigo Testamento, quando Deus promete o Redentor, associa-O à
figura de sua Mãe, a co-redentora (Gcn. 3, 15). A mesma verdade
encontramos nas figuras de Maria, aquelas mulheres do Antigo
Testamento que conseguiram a libertação de seu povo, como
já vimos.
No Novo Testamento, vemos Maria
cooperar de maneira próxima e eficaz na Redenção: quando consentiu
em ser a Mãe do Redentor (Lc. I, 38); e quando quis estar de pé
junto à Cruz sofrendo, em seu coração materno, o que o Redentor
sofria em seu Corpo ( Jo. 19, 25-27).
2) Mas é sobretudo na Tradição
constante da Igreja que vemos a pregação desta verdade: na
Liturgia, nos Concílios, nos documentos pontifícios e nas sentenças
dos santos Padres e Doutores. Não custa insistir, a Tradição
constante da igreja é infalível.
65 - Onde estão as provas de
que Deus escolheu Maria para dispensadora de todas as graças?
1) Na Sagrada Escritura:
a) naquela celebre passagem do
Gênesis já citada, em que Maria é apresentada como unida por
estreitíssimo vínculo a Cristo na obra da Redenção. Ora a
Redenção tem também seu aspecto subjetivo de aplicação das
graças às almas. Portanto, Maria colabora também na aplicação da
graça.
b) Em passagens do santo Evangelho,
sobretudo se tomadas em conjunto, em que as graças são dispensadas
pela Virgem Santíssima: na Visitação (Lc. 1, 41 - 45); no milagre
das bodas de Cana (Jo. 2, 1 - II); na descida do Espírito Santo
sobre os apóstolos (At. 1, 12 - 14). E na promulgação
solene da maternidade universal de Maria feita por "Nosso Senhor
na Cruz (Jo. 19, 26),
2)
A voz da Tradição também e unânime neste ponto, são inúmeros os
pronunciamentos dos Santos Padres, dos Doutores e dos Papas.
3) Reforçam ainda essa
verdade as incontáveis graças obtidas em todos os tempos da Igreja
por intermédio de Maria, os milagres, sobretudo nos seus santuários.
Lição XII
Maternidade Espiritual
66 - Em que sentido nós
católicos chamamos Maria de Mãe?
Maria é nossa verdadeira Mãe, não
evidentemente carnal, mas espiritual. De fato, mãe é aquela que
coopera para dar a vida e, tendo dado, a protege até que tenha
alcançado o pleno desenvolvimento.
Ora, Maria coopera com o Redentor
para nos dar a vida sobrenatural da graça. A graça é uma nova
vida: "Quem não nascer de novo..." disse Nosso Senhor.
Portanto, desde o momento em que Maria coopera para nos dar essa vida
da graça, se tomou nossa Mãe espiritual.
67 - Quando Maria nos gerou para
a vida da graça?
Ela concebeu-nos para a vida da
graça, no momento em que o Filho de Deus se fez homem no seu seio
puríssimo, no momento da Encarnação. Porque, como ensina São
Paulo: "Somos um só corpo em Cristo" (Rom. 12, 5). "Com
seu consentimento para tornar-se Mãe de Deus, escreve São
Bernardino de Sena, trouxe a salvação e a vida eterna a todos os
eleitos, de sorte que se pode dizer que, naquele instante, nos
acolheu em seu seio, conjuntamente com o Filho de Deus" (Tract.
de B.M.V. Ser. VIII, art. 2).
Maria gerou-nos para a vida da graça
no Calvário, quando se tornou nossa Co-redentora: "Maria é Mãe
de todos os cristãos, por havê-los gerado no Calvário entre os
supremos tormentos do Redentor" (Leão XIII - Enc. Quam
pluries).
68 - Efetivamente, para cada um
de nós, quando Maria se tornou nossa Mãe?
No momento em que fomos incorporados
a Cristo, pela nossa inserção no Corpo Místico, no dia em que
"nascemos de novo", no nosso batismo. Aquele que renasce
para a vida da graça torna-se outro Cristo e, como tal, filho de
Maria. Embora Maria possa se dizer também Mãe até mesmo dos
infiéis, num sentido mais amplo, enquanto todos os homens podem se
dizer filhos de Deus.
69 - Onde estão as provas de
que Maria é nossa Mãe?
1) Na Sagrada Escritura: Em
todos aqueles lugares em que Nosso Senhor se refere aos discípulos
como "irmãos"; São Paulo fala de Jesus como
"primogênito"; São Paulo fala ainda da nossa incorporação
ao Corpo Místico, cuja Cabeça é Cristo: "Vós sois corpo de
Cristo e membro de membros" (I Cor. 12, 27); "Ele é a
cabeça do corpo da Igreja" (Col. 1, 18). Assim, Maria é Mãe
de todo o Corpo Místico: Cabeça, Jesus Cristo; e membros, os fiéis.
Mas foi, sobretudo, no momento mais
solene da vida de Nosso Senhor sobre a terra que Ele quis promulgar
Maria nossa Mãe: "Mulher, eis aí teu filho" e voltando-se
para o discípulo: "Eis tua Mãe". Comentando este trecho,
Leão XIII afirma: "Na pessoa de João, segundo o pensamento
constante da Igreja, designou Cristo o gênero humano, principalmente
aqueles que aderem a Ele pela Fé" (Enc. Adjutricem populi
christiani).
2) Na Tradição constante
da Igreja, desde os primeiros séculos: nos escritos dos Santos
Padres e doutores, nas liturgias mais antigas e no Magistério
ordinário dos Papas.
A Maternidade espiritual de Maria
com relação a nós é uma conclusão teológica tirada da sua
Maternidade divina. Ela e nossa Mãe, porque é Mãe de Deus, Mãe do
Redentor.
70 - Poderia explanar mais essa
verdade tão consoladora ?
A melhor explanação desse
suavíssimo mistério da maternidade espiritual de Maria encontramos
em São Pio X:
"Não é Maria, Mãe de Deus? -
Portanto, é Mãe nossa também. Pois deve- se estabelecer o
princípio de que Jesus, Verbo feito carne, é ao mesmo tempo
Salvador do gênero humano. Em conseqüência, como Deus Homem, Ele
tem um corpo qual os outros homens; como Redentor do nosso gênero,
um corpo espiritual, ou, como sói dizer-se místico, que outra coisa
mais não é do que a comunidade dos cristãos unidos a Ele pela Fé.
A Virgem, pois, não concebeu o Filho de Deus só para que, d’Ela
recebendo a natureza humana, se tornasse homem; mas a fim de que Ele
se tornasse, mediante esta natureza d’Ela recebida, o Salvador dos
homens (...) Por isso, no seio virginal de Maria, onde Jesus assumiu
a carne mortal, lá mesmo Ele se agregou um corpo espiritual, formado
de todos os que deviam crer n’Ele. E pode dizer-se que Maria,
trazendo a Jesus nas suas entranhas, trazia também a todos aqueles
cuja vida o Salvador continha. Todos, portanto, que, unidos a Cristo,
somos, consoante as palavras do Apóstolo, "membros de seu
corpo, de Sua carne, de Seus ossos" (Ef. 5, 30), devemos
crer-nos nascidos da Virgem, de onde um dia saímos, qual um corpo
unido à cabeça. E, por isso, somos chamados, num sentido espiritual
e místico, filhos de Maria, e Ela é, por sua vez, nossa Mãe comum.
Mãe espiritual, contudo verdadeira Mãe dos membros de Jesus Cristo
quais somos nós" (Enc. Ad diem illum).
Lição XIII
Culto de Maria
71 - Devemos prestar à Santíssima Virgem um
culto particular?
Sim, somos obrigados a prestar a
Nossa Senhora um culto particular, superior ao culto dos anjos e
santos. Culto que a Igreja chama de hiperdulia.
72 - Por que devemos à
Santíssima Virgem um culto particular?
1)
por ser a Mãe de Deus;
2) por ser nossa Mãe e
Medianeira;
3) por ser a mais bela,
a mais santa e perfeita das criaturas e a mais amada de Deus.
73 - Por que o culto a
Maria chama-se de hiperdulia?
Hiperdulia quer dizer singular,
especial veneração. Distingue-se do culto que prestamos
exclusivamente a Deus: latria, adoração, pela infinita majestade
divina; distingue-se ainda do culto de dulia, isto é, simples
veneração, que prestamos aos anjos e santos.
74 - E legítimo este culto
católico a Maria ?
Sim é perfeitamente legítimo,
porque:
1º) Está na própria Bíblia
Sagrada:
a) Deus foi o primeiro a honrar a
Maria, através do Anjo Gabriel: "Foi enviado por Deus o Anjo
Gabriel (...) a uma virgem (...) e o nome da virgem era Maria.
Entrando o Anjo onde ela estava, disse-lhe: Ave, cheia de graça, o
Senhor e contigo" ( Lc. 1, 27).
b) Inspirada por Deus,
Isabel saudou a Maria: "Bendita és tu entre as mulheres e
bendito é o fruto do teu ventre" (Lc. 1, 42).
c) Uma mulher
anônima louvou a Maria, Mãe de Jesus, com estas
palavras:"Bem-aventurado o seio que te trouxe e o peito que te
amamentou" (Lc. 11,27).
d) A própria Virgem,
inspirada por Deus, predisse seu culto perpétuo: "Desde agora
todas as gerações me chamarão bem-aventurada"(Lc. 1, 48).
2º) É uma conseqüência lógica
da maternidade divina. Se Maria é Mãe de Deus, evidentemente Jesus,
como o melhor dos filhos, quer veneremos com todo respeito e amor sua
divina Mãe, como Ele próprio deu o exemplo: "era-lhes
submisso" (Lc. 2, 51).
3º) Comprova-o a prática constante
da Igreja, desde os primeiros séculos. De fato, a Igreja, em todos
os tempos e lugares prestou a Maria um culto singular. Esse culto se
acha gravado nas catacumbas, nas liturgias, nos hinos, nos escritos
dos santos e doutores; nas catedrais, nos santuários, igrejas,
capelas, ermidas e altares de todos os cantos da terra. Ora, já o
vimos, a Tradição constante da igreja é infalível.
Comprovam ainda a legitimidade deste
culto os incontáveis milagres que Deus realiza por intermédio de
Maria, especialmente em seus inúmeros santuários. Milagres
reconhecidos oficialmente pela Igreja e comprovados em análises da
mais avançada tecnologia científica, como as curas em Lourdes, ou o
quadro de Nossa Senhora de Guadalupe.
75 - Há, no Brasil, veneração
a Maria sob algum título especial ?
Sim, o de Imaculada Conceição.
Desde os primórdios do Descobrimento, foi implantada aqui esta
devoção pelos portugueses. De sorte que, no Brasil, é sob este
título que há mais igrejas e oratórios dedicados a Maria.
76 - Quais os principais
santuários marianos no Brasil?
Nossa Senhora da Conceição
Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, no Estado de São Paulo;
Nossa Senhora da Penha, no Espírito Santo; Nossa Senhora de Nazaré,
em Belém e outros.
77 - Quais são as principais
práticas de devoção a Maria Santíssima?
As festas litúrgicas em honra de
Nossa Senhora, a Ave-Maria, o Rosário; as Ladainhas, antífonas,
hinos e orações compostas pela Igreja ou pelos santos.
As confrarias e irmandades dedicadas
ao culto mariano e aprovadas pela Igreja.
Os escapulários e medalhas de Nossa
Senhora.
Nossa Senhora Aparecida
No fim de setembro de 1717, perto da
vila de Guaratinguetá, em São Paulo, três pescadores, Domingos
Garcia, João Alves e Filipe Pedroso, pescaram, no Rio Paraíba do
Sul, uma pequena imagem de Nossa Senhora da Conceição. Através
desta singela imagem, a Virgem Imaculada passou a dispensar uma série
de incontáveis graças e milagres a seus devotos do Brasil. Naquela
mesma noite de seu aparecimento, obteve aos devotos pescadores uma
abundante pescaria, depois de muitas horas de trabalho sem nada
pescar...
Filipe Pedroso conservou a imagem
durante alguns anos em sua casa, depois confiou-a a seu filho
Atanásio, que lhe fez um altarzinho de madeira. Diante deste altar
todos os sábados se reunia a vizinhança para a reza do terço e
outras devoções. Depois os devotos edificaram uma capelinha,
inaugurada pelo vigário de Guaratingetá, no dia 26 de julho de
1745.
Mais tarde foi construída a
basílica de Nossa Senhora Aparecida, que ainda hoje existe, e o
atual santuário.
78 - Quais são as principais
festas litúrgicas de Nossa Senhora?
Imaculada Conceição - 8 de
dezembro.
Nossa Senhora de Guadalupe,
padroeira da América Latina -12 de dezembro
Purificação de Nossa Senhora - 2
de fevereiro
Anunciação - 25 de março
Realeza de Maria - 31 de maio
Visitação - 2 de julho
Assunção - 15 de agosto
Imaculado Coração de Maria - 22 de
agosto
Natividade de Nossa Senhora - 8 de
setembro
Santíssimo Nome de Maria - 12 de
setembro
Nossa Senhora das Dores - 15 de
setembro
Nossa Senhora do Rosário - 7 de
outubro
Maternidade Divina - 11 de outubro
Nossa Senhora da Conceição
Aparecida, Patrona do Brasil - 12 de outubro
Apresentação de Nossa Senhora - 21
de novembro.
79 - Existem ainda outras festas
marianas?
Sim, elas pontilham todo o Ano
Litúrgico, todos os meses do ano. São inumeráveis, quer as festas
universais, para a igreja toda; quer as particulares, de uma diocese,
de uma região. Quase todos os países tem seu santuário nacional.
Além disso, a Igreja consagra a Nossa Senhora todos os sábados do
ano. E a piedade popular, guiada pelo Espírito Santo, consagrou-Lhe
o mês de maio.
Lição XIV
A Ave-Maria
80 - Qual a oração mais
excelente que podemos fazer em honra de Maria?
E a Ave-Maria, ou Saudação
Angélica, composta pelo Anjo Gabriel, por Santa Isabel e pela
Igreja.
81 - Devemos apreciar muito esta
oração?
Sim, porque, depois do Padre nosso,
não há oração mais bela, mais excelente, mais útil:
1)
encerra em poucas palavras os principais privilégios de Maria: cheia
de graça, Mãe de Deus, advogada nossa poderosíssima;
2) foi composta pelo
Espírito Santo;
3) lembra-nos o mistério
da Encarnação;
4) é muito própria
para reparar os ultrajes feitos pelos hereges contra Nossa Senhora.
82 - A Igreja recomenda alguma
maneira especial de se rezar a Ave Maria?
Além das Ave-Marias rezadas no
Rosário, a igreja recomenda a prática das Três Ave-Marias de manhã
e à noite acompanhadas da invocação composta por Santo Afonso:
"Maria, minha boa Mãe, livrai-me neste dia (nesta noite) do
pecado mortal."
Lição XV
Santo Rosário e a Ladainha
83 - Que é o Rosário?
É um conjunto de orações
acompanhadas da meditação dos principais mistérios da vida de
Nosso Senhor e de Nossa Senhora. Chama-se Rosário por ser como uma
coroa de rosas que se oferece a Maria.
84 - Quem
compôs o Rosário?
Na sua forma atual, o Rosário foi
composto por São Domingos, fundador da Ordem dos Pregadores, que foi
para isso favorecido com uma revelação particular de Maria no ano
1206.
85 - Donde provém a excelência
do Rosário?
a)
da sua origem: pois foi a própria Santíssima Virgem quem o revelou
a São Domingos;
b) das orações que o
compõem: Credo, resumo das verdades de nossa Fé; Padre-nosso e
Ave-Maria, as mais belas orações; Glória ao Pai, ato de fé e
adoração à Santíssima Trindade; meditação dos mistérios da Fé;
c) da autoridade da
Igreja que autorizou e recomendou por diversas vezes esta prática.
Só o Papa Leão XIII escreveu dez encíclicas sobre o Rosário.
Pode-se, portanto, dizer que é a devoção particular mais
recomendada pela Igreja.
86 - Deve-se rezar sempre o
Rosário?
É muito útil e salutar rezar todos
os dias pelo menos o Terço, pois esta e a recomendação da Igreja e
este foi o insistente apelo de Nossa Senhora nas aparições de
Lourdes e Fátima: "Rezai o Terço todos os dias".
87 - A Igreja recomenda alguma
forma especial de se rezar o Terço?
Sim, o Terço rezado em família ou
em comunidade. Para cada dia que o fiel, em família ou em
comunidade, reza piedosamente o Terço, meditando nos mistérios, a
Igreja concede uma indulgência plenária, observadas as outras
condições gerais. A Igreja exorta também os fiéis a rezarem o
Terço no Mês do Rosário, mês de outubro, durante a Santa Missa ou
diante do Santíssimo Sacramento exposto.
88 - O que é a Ladainha de
Nossa Senhora?
É uma oração aprovada pela Igreja
composta de 47 invocações a Nossa Senhora, recordando seus
principais privilégios e títulos de honra, de veneração e de
amor, pedindo sua proteção: "rogai por nós".
89 - Poderia dar a explicação
de algumas dessas invocações ?
Sim:
Espelho de justiça:
Maria é o espelho da perfeição cristã. Todas as virtudes cristãs
brilham no Coração Imaculado de Maria. Este espelho de santidade
nos foi dado como uma luz a guiar-nos no caminho da santidade.
Sede da Sabedoria: ou
templo da Sabedoria, Templo de Deus, este título convém
eminentemente a Maria, Mãe de Deus.
Causa de nossa alegria: Maria
é causa da nossa alegria espiritual, pois nos trouxe Jesus e é por
Ela que nos vem a graça de Deus.
Vaso espiritual: como um
vaso precioso, o Coração de Maria encerra os dons espirituais da
divina graça.
Vaso honorífico: este
título convém à alma de Maria, onde permaneceu sempre a graça de
Deus e a seu corpo, do qual o Divino Espírito Santo formou o Corpo
de Jesus.
Vaso insigne de devoção: Maria
encerra de maneira insigne, notabilíssima, a maior devoção de que
é capaz uma criatura.
Rosa mística: a rosa é a
rainha das flores, portanto é muito natural que Maria, rainha dos
anjos e dos santos, seja comparada à rosa.
Torre de Davi: Davi, tendo
se apoderado da torre dos Jebuseus, a qual dominava Jerusalém e
servia de defesa àquela cidade, aumentou-a, fortificou-a e confíou-a
aos soldados mais experimentados. Maria é a torre inexpugnável de
defesa da Igreja contra os inimigos de todos os tempos (Jerusalém é
figura da Igreja).
Torre de marfim: Nossa
Senhora é aqui comparada a uma torre de uma alvura semelhante à do
marfim, para nos lembrar sua pureza imaculada e poder que Deus lhe
concedeu contra os inimigos da religião.
Casa de ouro: o ouro é
símbolo da caridade, rainha das virtudes. Maria amou a Deus e ao
próximo como nenhuma criatura.
Arca da aliança: já
abundantemente explicado este título.
Porta do céu: este título
pertence em primeiro lugar a Jesus Cristo, "Eu sou a porta";
mas, Maria também, de maneira subordinada a Jesus, é a porta do
Céu, pela qual nos vêm as graças de Deus, e pela qual podemos ir a
Deus.
Estrela da Manhã: a
estrela da manha anuncia a chegada do sol, a dissipação das trevas;
assim a chegada de Maria anuncia a vinda de Jesus, Sol de justiça
que dissipa as trevas do pecado.
Lição XVI
O Escapulário do Carmo
90 - Que é o
escapulário de Nossa Senhora do Carmo?
É um pequeno hábito de pano (lã)
que, como sinal de devoção a Maria Santíssima, se traz aos ombros,
pendendo uma parte ao peito, outra sobre as costas (do latim:
scapulae = ombros).
91 – A quem se deve o
escapulário do Carmo?
Foi a própria Virgem Santíssima
que o deu a São Simão Stoek no dia 16 de julho de 1265, com a
promessa: "Aquele que morrer revestido do escapulário, será
preservado das penas do inferno. Este hábito e um sinal de
salvação". Mais tarde Nossa Senhora confirmou essas promessas
ao Papa João XXII, acrescentando-lhes o privilégio sabatino.
92 - O que vem a ser o
privilégio sabatino?
Nossa Senhora prometeu àqueles que
morrerem com o escapulário, ajudá-los na hora da morte, consolar
suas almas no Purgatório e livrá-las de lá brevemente, no primeiro
sábado depois da morte.
93 - Quais as condições para
se lucrar as graças deste privilégio?
1) Para se obter a proteção de
Nossa Senhora na vida e na morte:
a) receber o
escapulário, na forma prescrita, por um sacerdote autorizado;
b) trazer
piedosamente o escapulário de dia e de noite, vivendo uma vida
cristã.
2) Para se lucrar o privilégio
sabatino (além das condições acima):
a) guardar a castidade
segundo o próprio estado;
b)
rezar todos os dias o Ofício Parvo de Nossa Senhora do Carmo ou
abster-se de carne nas quartas e sábados (o sacerdote pode comutar);
c) guardar os jejuns e
abstinências prescritos pela Igreja.
94 - É lícito o uso
da medalha em lugar do escapulário ?
Sim, São Pio X autorizou usar uma
medalha que tenha de um lado a efígie do Sagrado Coração de Jesus
e do outro a de Nossa Senhora em lugar do escapulário de pano. Com
esta medalha a pessoa lucra as mesmas graças e privilégios anexos
ao escapulário, inclusive o privilégio sabatino. É, contudo,
preferível o uso do escapulário (AAS. 16/1/1911 - ano I, vol. 111,
pags. 22-23).
Lição XVII
As Confrarias e os livros
marianos
95 - Quais são as principais
confrarias dedicadas a Nossa Senhora, aprovadas ou recomendadas pela
Igreja?
Certas Ordens Terceiras, como a do
Carmo; as Congregações Marianas e as Pias Uniões das Filhas de
Maria.
96 - É recomendável aos
católicos fazer parte dessas associações?
Sim, é muito recomendável, e a
própria Igreja insiste nisso, no seu Código de Direito Canônico.
Sobretudo, porque é uma prática muito antiga e universal na Igreja.
97 - Que escritos podem ser
recomendados aos fiéis para alimentar sua piedade mariana ?
Os textos do Magistério oficial da
Igreja: Encíclicas e outros documentos pontifícios. Os textos dos
Santos Padres e Santos Doutores da Igreja. Entre os quais não se
pode deixar de destacar as "Glórias de Maria Santíssima"
de Santo Afonso Maria de Ligório e o "Tratado da verdadeira
devoção" de São Luís Maria Grignion de Montfort.
Outros livros de autores católicos
também são recomendáveis, desde que aprovados pela autoridade
eclesiástica.
Lição XVIII
Devoção a Nossa Senhora, hoje
98 - Será a
devoção a Nossa Senhora o remédio para estes tempos de crise na
Igreja e no mundo de hoje?
Sim, o remédio é este. "Deus
quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração",
disse Nossa Senhora na mensagem de Fátima. A condição para se
debelar a crise na Igreja, ou, pelo menos, para cada católico se
manter fiel em meio ao indiferentismo geral é a devoção a Nossa
Senhora.
99 - Há algum
modo especial de se viver a devoção ao Imaculado Coração de
Maria?
Sim, pela prática dos Cinco
primeiros Sábados do Mês. Consiste em o fiel se confessar, fazer a
Comunhão reparadora, rezar o Terço e fazer quinze minutos de
companhia a Nossa Senhora, meditando nos mistérios do Rosário, tudo
isso em cinco primeiros sábados do mês, em desagravo ao Imaculado
Coração de Maria.
100 - A devoção a Nossa
Senhora é um seguro de salvação?
Sim, porque Ela é nossa
Co-redentora, Advogada e Medianeira. "Ó Senhora, porque sois a
dispensadora de todas as graças, e só de vossas mãos nos há de
vir a salvação, de Vós também depende nossa salvação" (S.
Bernardino de Sena, citado por Santo Afonso - Glórias de Maria).
"Os que me fizerem conhecer
terão a vida eterna" (Eclesiástico 24, 31)
Fontes:
Este Pequeno Catecismo de Nossa
Senhora é apenas um resumo do livro elaborado por uma Reunião de
Professores de 1915, "Maria ensinada à Mocidade - Pequeno
Catecismo de Nossa Senhora".

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