Festa da Solenidade Pentecostes



 Era para os judeus uma festa de grande alegria, pois era a festa das colheitas. Ação de graças pela colheita do trigo. Vinha gente de toda a parte: judeus saudosos que voltavam a Jerusalém, trazendo também pagãos amigos e prosélitos. Eram oferecidas as primícias das colheitas no templo. Era também chamada festa das sete semanas por ser celebrada sete semanas depois da festa da páscoa, no qüinquagésimo dia. Daí o nome Pentecostes, que significa "qüinquagésimo dia".
No primeiro pentecostes, depois da morte de Jesus, cinqüenta dias depois da Páscoa, o Espírito Santo desceu sobre a comunidade cristã de Jerusalém na forma de línguas de fogo; todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas (At 2,1-4). As primícias da colheita aconteceram naquele dia, pois foram muitos os que se converteram e foram recolhidos para o Reino. Quem é o Espírito Santo?


O prometido por Jesus: "...ordenou-lhes que não se afastassem de Jerusalém, mas que esperassem a realização da promessa do Pai a qual, disse Ele, ouvistes da minha boca: João batizou com água; vós, porém, sereis batizados com o Espírito Santo dentro de poucos dias" (At 1,4-5).


Espírito que procede do Pai e do Filho: "quando vier o Paráclito, que vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da Verdade que vem do Pai, ele dará testemunho de mim e vós também dareis testemunho..." (Jo 15 26-27). O Espírito Santo é Deus com o Pai e com o Filho. Sua presença traz consigo o Filho e o Pai. Por Ele somos filhos no Filho e estamos em comunhão com o Pai.

Solenidade Pentecostes
No dia de Pentecostes o Espírito Santo desceu com poder sobre os Apóstolos; teve assim início a missão da Igreja no mundo. O próprio Jesus tinha preparado os Onze para esta missão aparecendo-lhes várias vezes depois da sua ressurreição (cf. Act 1, 3). Antes da ascensão ao Céu, ordenou que "não se afastassem de Jerusalém, mas que aguardassem que se cumprisse a promessa do Pai" (cf. Act 1, 4-5); isto é, pediu que permanecessem juntos para se prepararem para receber o dom do Espírito Santo. E eles reuniram-se em oração com Maria no Cenáculo à espera do acontecimento prometido (cf. Act 1,14).

Permanecer juntos foi a condição exigida por Jesus para receber o dom do Espírito Santo; pressuposto da sua concórdia foi uma oração prolongada. Desta forma, encontramos delineada uma formidável lição para cada comunidade cristã. Por vezes pensa-se que a eficiência missionária dependa principalmente de uma programação atenta e da sucessiva inteligente realização mediante um empenho concreto. Sem dúvida, o Senhor pede a nossa colaboração, mas antes de qualquer resposta nossa é necessária a sua iniciativa: é o seu Espírito o verdadeiro protagonista da Igreja. As raízes do nosso ser e do nosso agir estão no silêncio sábio e providente de Deus.

As imagens que São Lucas usa para indicar o irromper do Espírito Santo o vento e o fogo recordam o Sinai, onde Deus se tinha revelado ao povo de Israel e lhe tinha concedido a sua aliança (cf. Êx 19, 3ss). A festa do Sinai, que Israel celebrava cinquenta dias depois da Páscoa, era a festa do Pacto. Falando de línguas de fogo (cf. Act 2, 3), São Lucas quer representar o Pentecostes como um novo Sinai, como a festa do novo Pacto, na qual a Aliança com Israel se alarga a todos os povos da Terra. A Igreja é católica e missionária desde a sua origem. A universalidade da salvação é significativamente evidenciada pelo elenco das numerosas etnias a que pertencem todos os que ouvem o primeiro anúncio dos Apóstolos (cf. Act 2, 9-11).

O Povo de Deus, que tinha encontrado no Sinai a sua primeira configuração, hoje é ampliado a ponto de não conhecer qualquer fronteira de raça, cultura, espaço ou tempo. Diferentemente do que tinha acontecido com a torre de Babel (cf. Jo 11, 1-9), quando os homens, intencionados a construir com as suas mãos um caminho para o céu, tinham acabado por destruir a sua própria capacidade de se compreenderem reciprocamente. No Pentecostes o Espírito, com o dom das línguas, mostra que a sua presença une e transforma a confusão em comunhão. O orgulho e o egoísmo do homem geram sempre divisões, erguem muros de indiferença, de ódio e de violência.

O Espírito Santo, ao contrário, torna os corações capazes de compreender as línguas de todos, porque restabelece a ponte da comunicação autêntica entre a Terra e o Céu. O Espírito Santo é Amor. Mas como entrar no mistério do Espírito Santo, como compreender o segredo do Amor? A página evangélica conduz-nos hoje ao Cenáculo onde, tendo terminado a última Ceia, um sentido de desorientação entristece os Apóstolos. A razão é que as palavras de Jesus suscitam interrogativos preocupantes: Ele fala do ódio do mundo para com Ele e para com os seus, fala de uma sua misteriosa partida e há muitas outras coisas ainda para dizer, mas no momento os Apóstolos não são capazes de carrregar o seu peso (cf. Jo 16, 12). Para os confortar explica o significado do seu afastamento: irá mas voltará; entretanto não os abandonará, não os deixará órfãos. Enviará o Consolador, o Espírito do Pai, e será o Espírito que dará a conhecer que a obra de Cristo é obra de amor: amor d'Ele que se ofereceu, amor do Pai que o concedeu.
É este o mistério do Pentecostes: o Espírito Santo ilumina o espírito humano e, revelando Cristo crucificado e ressuscitado, indica o caminho para se tornar mais semelhantes a Ele, isto é, ser "expressão e instrumento do amor que d'Ele promana" (Deus caritas est 33). Reunida com Maria, como na sua origem, a Igreja hoje reza: "Veni Sancte Spiritus! Vem, Espírito Santo, enche os corações dos teus fiéis e acende neles o fogo do teu amor!".

Aprofundamento no Espírito Santo

 Qual é sua missão?


Introduzir-nos na comunhão do Filho com o Pai, santificando-nos e fazendo-nos filhos com Jesus. Fortalecer-nos para a missão de testemunhar e anunciar Jesus ao mundo. Para isso recebemos a plenitude de seus dons bem como a capacidade de proclamar a todos a quem somos enviados o Evangelho de Jesus. O Espírito Santo é o AMOR do Pai e do Filho derramado em nossos corações.O amor é fogo que arde, é chama que aquece e é força que aproxima e une. O milagre das línguas é este: tomados pelo amor de Deus os homens passam a viver uma profunda comunhão e entre eles se estabelece a concórdia e a paz destruída pelo orgulho de Babel, raiz da discórdia e da confusão das línguas.

Guiar a Igreja nos caminhos da história para que ela permaneça fiel ao Senhor e encontre sempre de novo os meios de anunciar eficazmente o Evangelho. E isto o Espírito Santo o faz assistindo os pastores, derramando seus carismas sobre todo o Povo e a todos sustentando na missão de testemunhar o Evangelho. É pelo Espírito Santo que Jesus continua presente e atuante na sua Igreja.


Quem O recebe?

Todos os que são batizados e crismados.


Quem dele vive?

Somente aqueles que procuram guardar a Palavra do Senhor no esforço de conversão, na oração e no empenho em testemunhar e anunciar o Evangelho de Jesus. Quem crê no Espírito Santo e procura viver Dele, é feliz.


Dom Eduardo Benes

Arcebispo de Sorocaba (SP)

Beijo do Espírito Santo

Bill, um estudante de engenharia, formou-se e foi trabalhar num local de tecnologia avançada. Rapidamente, viu-se absorvido pelo ritmo veloz de seu ambiente de trabalho. Em certo sentido, Bill era dono de uma propriedade que tinha petróleo em seu subsolo, mas que durante muitos anos não foi descoberto. Em alguns momentos esporádicos de graça, no decorrer dos anos, ele sentia um mover interior do Espírito, mas era fugaz e efêmero.


Uma reviravolta simples e inesperada nos acontecimentos provocou a descoberta do petróleo subterrâneo de Bill. Numa sexta-feira à noite, Bill ficou sem gasolina na auto-estrada. Um jovem engenheiro parou para ajudá-lo. Depois de conseguir gasolina para o carro, o jovem lhe disse: "Estou a caminho de um, grupo de oração, você gostaria de vir comigo?" Ele respondeu: "Está bem, vou com você".

Era um encontro de oração carismático-católico em uma paróquia com cerca de 50 pessoas. Ele sentiu uma nova alegria em seu espírito à medida que a reunião transcorria, "Puxa vida!", exclamou quando começaram a cantar em línguas. "Isto é maravilhoso! Que língua é essa?" seu amigo sussurrou-lhe: "Este é o dom de línguas. Quando as pessoas se abrem ao Espírito Santo, normalmente recebem do Senhor este dom. É a prova visível do fluir do Espírito em sua vida". Bill sentiu leveza e paz enquanto o grupo cantava em línguas. Desde criança, depois que seu pai saiu de casa, ele não se sentia tão bem.
"Como é essa experiência de efusão do Espírito Santo?" Bill quis saber momentos mais tarde durante o cafezinho. "De certa forma", respondeu o seu amigo, "é o cumprimento de sua Confirmação". "O poder do Espírito Santo pedido na Confirmação raramente vem daquele momento. A maior parte dos católicos crê que o derramamento do Espírito é a liberação do Espírito Santo já presente no Batismo Sacramental e na Confirmação. É um dom de Jesus para nos revestir de poder e anunciá-Lo ao mundo. É a mesma coisa que aconteceu no Pentecostes. Aos seguidores de Jesus foi prometido que recebiam poder para ser suas testemunhas. É o modo de Deus cuidar de nós e de nos ajudar a cuidar dos outros. É nossa herança espiritual."

Quando orou e pediu a Jesus que o batizasse no Espírito Santo, Bill deu um passo mais adiante em seu compromisso. Ele escancarou as portas para o céu e disse: "Jesus, concordo em pertencer inteiramente ao Senhor". Isso não quer dizer que não houvesse áreas de sua vida que permaneciam encobertas em sua natureza e, portanto, eram inacessíveis. Significava, isto sim, que ele concedia ao Espírito Santo autorização para dar início a incursões sobrenaturais naqueles locais ocultos. O importante nisso tudo é continuar a dizer "Sim" a Ele em níveis cada vez mais profundos. Quanto mais formos capazes de dizer "Sim" a Ele, tanto mais acesso teremos ao petróleo subterrâneo.


 O Espírito Santo em minha vida

"Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância"

(Jo 10,10)

"Quem permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer".

(Jo 15,5)

"O vento sopra onde quer; ouves-lhes o ruído, mas não sabes donde vem, nem para onde vai. Assim acontece com aquele que nasceu do Espírito".

(Jo 3,8)


Quando retorno meus pensamentos para refletir minha caminhada em Jesus, deparo-me com essas três citações que alicerçaram a história de minha vida renovada no Espírito Santo. Lá pelos idos de 1972, juntamente com alguns jovens e o Pe Jonas, fomos até Campinas - SP (Vila Brandina); lá fizemos uma experiência com Deus através do seu Espírito Santo que marcou minha vida e me faz até hoje "viver"as realidades ensinadas por Jesus.


Permanecer em Jesus é reconhecer que nada somos ou podemos sem Ele; é uma realidade cotidiana. Permanecer em Jesus é deixar-se ser modelado por Ele: viver a nossa natureza humana, conforme o projeto que Deus pensou para nós - ser amor e fazer a experiência do amor no convívio com os irmãos; desfazendo nossa vaidade, orgulho, "deixando" o Espírito Santo frutificar em nós os frutos que nos identificam como filhos amados: paz, alegria, delicadeza, bondade, fidelidade, brandura... (Gl 5,22). No meu dia a dia, continuo acreditando na exortação de Jesus: sem mim nada podeis fazer!


Á medida que reconhecemos nossa dependência em Deus nos tornamos como o vento...; nossa vida não pertence mais a nós! Sou casado já há 28 anos, vivo conforme a vontade de Deus meu casamento com a Ana Maria, tenho dois filhos o Mateus e a Ana Teresa, sou professor e como servo de Deus minha vida é toda dedicada ao serviço do Reino. É possível fazer tudo isso: ser esposo dedicado, pai presente, profissional competente e responsável e, sobretudo, servo de Deus abençoado e ungido.


Minha vida não me pertence! Quando estava prestes a casar-me com a Ana Maria, coloquei para ela minha prioridade em desposar-me dela sendo um esposo dedicado sem abrir mão do meu serviço pela causa do Reino de Deus. Ela topou e hoje juntos reconhecendo nossa total dependência em Deus, nos esforçamos pela evangelização e construção desse Reino, oferecemos nossas vidas, dispondo-as a Deus. O vento sopra onde quer...


Posso testemunhar a "revolução" que Deus fez e continua fazendo em minha vida e história através da efusão de seu Santo Espírito: tenho experimentado o despertar do amor a Deus Pai - olha que foi difícil compreender "esse amor" pois meu relacionamento com meu pai Antonio foi muito difícil; a experiência profunda de Jesus vivo - amigo, companheiro de "todas" as horas; dá-nos novo amor a Maria - como filhos e dela buscar um modelo de serviço; nova compreensão da palavra de Deus, coragem para testemunhar, dá-nos o dom do louvor profundo e inicia, em nós, uma vida nova de cura e transformação. É dessa maneira que venho fazendo a experiência do "pentecostes" em minha vida! Viver conforme a vontade de Deus, em Abundância

Batismo no Espírito

É Ele que vos batizará no Espírito Santo e no fogo"

(Mt 3,11)

"Esta promessa vai ter seu cumprimento, externo e visível ao mesmo tempo, no dia de Pentecostes: "Então apareceram línguas como de fogo. (...) Todos ficaram repletos do Espírito Santo".

(At 2,3-4)

Igualmente a palavra de Jesus: "Eu vim para atear fogo sobre a terra" (Lc 12,49), refere-se ao dom do Espírito, ou ao menos o inclui. Quanto a Paulo, também ele, implicitamente compara o Espírito ao fogo, recomendando que não se deve "apagar" o Espírito (cf. 1Ts 5,19).


Para descobrir o que é que a Revelação quis nos dizer com isto, devemos ver o que o fogo simboliza na Bíblia. Vamos então descobrir que o fogo tem múltiplos significados, alguns positivos, outros negativos. O fogo ilumina (como no caso da coluna de fogo, no Êxodo), aquece, inflama, devora os inimigos, punirá por toda a eternidade os ímpios.

Mas, entre todos esses significados, há um que se destaca e predomina sobre os outros: o fogo purifica. Também a água simboliza muitas vezes a purificação, mas com uma diferença importante que a própria Bíblia enfatiza: "...o ouro, a prata, o ferro, o estanho e o chumbo, tudo o que pode resistir ao fogo, deveis passar pelo fogo para que seja purificado. (...) O que não resistir ao fogo, fareis passar na água lustral" (Nm 31,22-23).


O fogo é o símbolo de uma purificação mais profunda, radical. A água purifica por fora, o fogo também por dentro. Canta o salmista: "Examina-me, Senhor, e submete-me à prova, purifica no fogo meus rins e coração" (Sl 26,2). As coisas preciosas - o ouro, no âmbito material, a fé no espiritual - são provadas no fogo (cf. 1Pd 1,7)...


A esta luz se deve compreender também a definição de Deus como um "fogo devorador". A sua santidade e simplicidade não toleram mistura alguma, e põem a nu todo o mal e o devoram. Somente quem afasta de si o mal "poderá agüentar um fogo devorador" (cf. Is 33,14s). em certo sentido, o título de "fogo" limita-se a explicitar o adjetivo de "Santo" que acompanha o nome "Espírito". O Espírito é fogo porque é Santo...


Em Pentecostes - escreve Cirilo de Jerusalém - os apóstolos receberam "o fogo que queima os espinhos dos pecados e dá esplendor à alma"... Um antigo responsório que se recitava no Ofício de Pentecostes diz: "Sobreveio um fogo divino, que não queima, mas ilumina, não consome, mas brilha; encontrou os corações dos discípulos como receptáculos puros e distribuiu entre eles os seus dons e carismas"...


Resumindo esta tradição sobre o fogo de Pentecostes, dotado do poder de criar e destruir, um grande poeta moderno escreve: "A pomba desce, fendendo os ares, com chama incandescente de terror, e as línguas declaram que a única esperança (ou desespero) está na escolha entre queimar ou queimar, ser remidos do fogo pelo Fogo".


Nós "escolhemos" passar pelo fogo que redime para não sofrer um dia o fogo do juízo que destrói... A partir deste momento, o Espírito começa a agir como um fogo, não mais porém como fogo que purifica e refunde, mas como fogo que aquece e inflama... A Liturgia resgata esse ensinamento quando nos faz dizer, na Missa de Pentecostes: "Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor", e ainda, na Seqüência: "Aquece o que está frio"...
Santo Efrém Sírio cantou profunda e poeticamente esta prerrogativa do Espírito de aquecer, fecundar e derreter o gelo do pecado, que faz a alma ficar rígida de frio: "Com o calor, tudo amadurece; / graças ao Espírito, tudo é santificado: / símbolo evidente! / O calor derrete o gelo dos corpos: / o mesmo faz o Espírito com a impureza dos corações. / Ao primeiro calor, saltam os bezerrinhos na primavera; / assim também os discípulos, quando o Espírito desceu sobre eles. / O calor rompe os troncos do inverno que mantêm flores e frutos prisioneiros: graças ao Espírito Santo, / quebra-se o jugo do maligno, / que impede à graça desabrochar. / O calor desperta o seio da terra adormecida: / o mesmo faz o Espírito Santo com a Igreja".

 Também para João da Cruz, são dois os efeitos da Chama viva de amor: ela purifica a alma e lhe infunde força, vivacidade e ardor por Deus. Não se contenta em purificar-nos do pecado, mas prolonga a sua ação em nós até nos fazer "fervorosos no Espírito" (Rm 12,11). Comporta-se como o fogo quando se apega à lenha úmida: primeiro o expurga, arrancando-lhe com barulho todas as impurezas, depois o inflama progressivamente, até que se torne toda incandescente e ela mesma se transforme em fogo.

Concretamente, isto quer dizer que o Espírito Santo nos preserva de cair na tibieza e, se por acaso já tivermos caído na tibieza ou estivermos caindo, livra-nos dela. Da tibieza não se pode sair sem uma intervenção do Espírito Santo, intervenção nova, decisiva. Podemos vê-lo na vida dos apóstolos. Antes de Pentecostes, eram pessoas tíbias. Não eram capazes de vigiar uma hora, discutiam sempre quem seria o maior, ficavam espantados diante de qualquer ameaça. Mas, que diferença depois que sobre eles vieram pairar as línguas de fogo. A partir daquele momento, tornaram-se a viva imagem do zelo, do fervor e da coragem. Fervorosos no pregar, no louvar a Deus, no fundar e organizar as Igrejas e, enfim, no sacrificar a vida por Cristo...
Pouco adianta dizer: é preciso aplicar à doença da tibieza o remédio do fervor! É como dizer a um doente que o remédio para o seu mal é a saúde, ignorando que justamente este é o seu problema: a falta de saúde. Não, o remédio para a tibieza não é o fervor, mas é o Espírito Santo. O fervor é o contrário da tibieza, não é o remédio para ela.


 Com isto há uma esperança também para nós. Se nos parece diagnosticar em nós os sintomas deste "mal obscuro" da vida espiritual - a tibieza - se descobrimos que estamos apagados, frios, apáticos, insatisfeitos com Deus e com nós mesmos, existe remédio, e é infalível: precisamos de um belo e santo Pentecostes! Com o auxílio da graça, é possível sair da tibieza. Houve grandes santos que, como eles mesmos o admitiram, se tornaram santos depois de um longo período de tibieza. É o que desejamos pedir ao Espírito Santo.

O gosto de Deus

É uma grande graça conhecer o Senhor. Na Bíblia, "conhecer o Senhor" não é uma atitude intelectual, mas sim um conhecimento como o das crianças. Não é verdade que as crianças conhecem tudo com a boca? Elas logo levam as coisas à boca. O conhecer da Bíblia é saborear, sentir o gosto. Portanto, conhecer a Deus é sentir o gosto de Deus. O Senhor nos dá a grande oportunidade de aproximar-se d'Ele e saboreá-Lo. Saborear como o Senhor é bom, saborear como o Senhor, realmente, é íntimo nosso. A Igreja, graças a Deus, nos dá essa possibilidade.


Eu fui muito cedo para o Seminário. Eu conhecia Jesus pelas orações, pelo ensino religioso, mas fui ter uma experiência pessoal no último ano de seminário, antes de me ordenar. Foi uma grande graça para mim. Foi em Mariápolis, em 1964. Você deve estar pensando: "Só um ano antes de se ordenar é que você foi ter uma experiência pessoal com Jesus?" Sim! Numa noite, abri meu Novo Testamento e dei com meus olhos justamente naquela pergunta que Jesus fez a Pedro e aos demais apóstolos: "E vós, quem dizeis que eu sou?" (Mt 16,15) Na verdade, era Jesus mesmo perguntando-me: "E você, Jonas, quem diz que Eu sou?" Ali, naquele quarto, aquela noite, aconteceu meu primeiro encontro pessoal com Jesus.

Certa vez, em um momento de grande dificuldade em minha vida, aconteceu a grande graça: um padre passou pela cidade em que eu estava e falou rapidamente a respeito do que Deus estava fazendo no mundo por meio da Renovação Carismática Católica. Isso aconteceu em 2 de novembro de 1971. Na verdade, não entendi muito bem o que eram o batismo e dons do Espírito Santo, mas eu quis, de todo meu coração, "aquele batismo no Espírito Santo". Senti que aquilo que os apóstolos receberam no início da Igreja, no dia de Pentecostes, era o que me faltava. Por isso eu sentia aquele vazio dentro de mim. O padre passou impondo as mãos sobre os sacerdotes que estavam na sacristia após a missa. Quando ele as impôs sobre mim, não senti nada de especial. Não senti calor, nem frio... mas, aquela noite, senti que algo havia mudado: comecei a orar como nunca havia orado antes em minha vida.
Na manhã seguinte, quando acordei, parecia que tudo estava diferente. Comecei a ter, principalmente, mais intimidade com o Senhor. Eu amava o Senhor, trabalhava para Ele, mas, a partir daquele dia, o Senhor passou a me ser intimo e comecei a saboreá-Lo. Parecia até que eu lia a Bíblia com a língua, tal o sabor que vinha daquelas palavras. Tudo começou a mudar, especialmente minha pregação. Apesar de tudo isso, comecei a viver uma experiência dolorosa e muito importante: a experiência dura de meu pecado. Não que fossem grandes pecados, aquilo que eu pensava que fossem pecados leves começava a me incomodar, a ter peso em mim.


Depois de meu batismo no Espírito Santo, tudo começou a mudar. Até hoje não parou. Ainda não sou o que devo ser, o que Deus quer que eu seja, o que o povo de Deus espera e tem o direito de esperar que eu seja. Mas tenho certeza: não sou mais o mesmo que era. Isso não é mérito meu, tudo vem do Senhor. Eu devia fazer muito mais. Certamente deveria ter muito mais intimidade com o Senhor, mas graças a Deus, não sou mais o que era. Em tudo o que aconteceu, o Senhor me preparou para chegar até aqui, mas o grande dia, o dia "D" da minha vida, foi aquele 2 de novembro de 1971, quando recebi a graça do batismo no Espírito Santo.

Orai muito ao Espírito Santo

Toda alma batizada possui o Espírito Santo nela como um Hóspede, Amigo, Conselheiro e Consolador. Ele conhece o Plano de nossa vida a medida segundo a qual nós devemos ser transformados no Cristo Jesus. Ele trabalha sem cessar, nessa transformação. Como deveríamos amá-Lo.

Deveríamos dizer-lhe: Ó Espírito Santo, amor do Pai e do Filho, inspirai-me sempre aquilo que devo pensar, aquilo que devo dizer, como eu devo dize-lo, aquilo que devo calar, aquilo que devo escrever, como eu devo agir, aquilo que eu devo fazer, para procurar a vossa glória, o bem das almas e minha própria santificação. Ó Jesus, toda a minha confiança está em Vós. Ó Maria, templo do Espírito Santo, ensinai-nos a sermos fiéis Àquele que habita em nosso coração.

Dons Carismáticos

A nossa vida espiritual tem duas dimensões, primeiro uma dimensão voltada para dentro de nós e depois outra voltada para fora. Na segunda dimensão está a Igreja, é a dimensão de comunidade, a dimensão de caminhar com o povo de Deus, e Deus nos concede então os dons carismáticos, que não são necessariamente para nós, mas para os outros, por exemplo o dom da sabedoria que não é a sabedoria para alimentar a nós mas para alimentar os outros, não apenas para nos orientar, o dom da fé, da ciência, o dom de cura, de milagres que são dons como diz São Paulo para o bem da Igreja, para os outros, para utilidade de todos.

Quando nós exercemos os dons carismáticos não quer dizer que já somos santos, porque Deus pode usar quem Ele quiser da maneira que quiser, mas é preciso dizer que quanto mais santo a pessoa for, mais fácil é para Deus usar essa pessoa, por isso os dons carismáticos não estão separados dos dons de santificação, e eu até diria que existe uma grande interface entre eles, quanto mais a pessoa vive os dons de santificação mais aptidão ela tem para viver os dons carismáticos. Na dimensão interior estão os Dons de Santificação

Dom da Fé

A fé é o dom que recebemos no batismo. Ele vai acrescentando em nós, a ponto de se tornar uma fé operativa. Não a fé intelectual: "Eu acredito que Jesus pode curar", e só. Não; de tal maneira estou convencido do poder curador do senhor, que minha fé me leva a ser instrumento dele. Tudo isso depende de estarmos no Espírito Santo e permanecermos Nele.

Se pego um copo e ponho nele água, um pouco de azeite, uma rolhinha e um pavio, terei feito uma lamparina de azeite. Se eu pegar só o pavio e lhe puser fogo, em poucos segundos o pavio se consumirá. Mas, deixando o pavio embebido no azeite estará produzindo luz e calor. Conosco é a mesma coisa: tudo depende de permanecermos embebidos no Espírito. E então Ele, que tem todos os dons, manifesta-se em nós conforme a necessidade.


Leia a Palavra:

"Quando eles chegaram perto da multidão, um homem aproximou-se dele e lhe disse, caindo de joelhos: "Senhor, tem piedade de meu filho: ele é lunático e sofre muito; cai muitas vezes no fogo ou na água. Embora eu o tenha trazido a teus discípulos, ele não o puderam curar".

Tomando a palavra, Jesus disse:

"Geração incrédula e transviada, até quando estarei convosco? Até quando terei de vos suportar? Trazei-mo aqui". Jesus ameaçou o demônio, que saiu do menino, e este ficou curado desde aquela hora.

Então os discípulos, aproximando-se de Jesus, disseram-lhe em particular: "E nós, por que não conseguimos expulsá-lo?" Ele lhes disse: "Por causa da pobreza de vossa fé. Pois, em verdade, eu vos digo, se um dia tiverdes fé do tamanho de um grão de mostarda, direi a está montanha: Passa daqui para acolá; e ela passará. Nada vos será impossível" (Mateus 17,14-20).

Ore agora: Tua Palavra é santa, Senhor. Tua Palavra é a Verdade. Eu quero acolher, viver esta Verdade. Acolho, agora, a Tua Palavra. A Tua Palavra é a Verdade. A Verdade está aqui! Eu quero viver esta Tua Palavra AGORA. Na Bíblia, o episódio que acabamos de ler vem logo depois da transfiguração. Jesus vai para o alto do monte, e lá se transfigura diante de Pedro, Tiago e João. Quando ele desce, encontra esta situação: os apóstolos tinham recebido aquele pai, e não conseguiram fazer nada pelo filho dele. Jesus expulsou o demônio, o menino ficou curado e Jesus o devolveu ao pai.
Segue-se então a parte mais importante do Evangelho, no v. 19:

"Então os discípulos disseram-lhe em particular: "Por que não pudemos nós expulsar esse demônio?" Ele lhes disse: "Por causa da pobreza de vossa fé" (Mt 17,20a) Que é isso! Os apóstolos não tinham fé? Nós dizemos: "Claro que tinham!" Eles acreditavam em Jesus, acreditavam que ele era o filho de Deus, acreditavam que Jesus curava, acreditavam que ele expulsava o demônio. Eles acreditavam que o poder de Deus estava em Jesus.

Acreditavam que Deus os estava usando. Prova disso é que foram à frente de Jesus, de aldeia em aldeia, de cidade em cidade, pregando, curando e vendo curas acontecerem. Eles viram! Portanto, acreditavam. Porém, diante daquela situação, diante do menino naquele estado, não acreditaram. Eles se julgaram muito pequenos para aquilo e Jesus foi claro: "Por causa da pobreza de vossa fé".

E Jesus continua:

"Em verdade, eu vos digo: se um dia tiverdes fé do tamanho de um grão de mostarda, direis a esta montanha: passa daqui para acolá e ela passará. Nada vos será impossível" (Mt 17,20b).

Dom da interpretação

Normalmente, nem aquele que fala em línguas nem os outros entendem o que se enuncia. Mas o Senhor, muitas vezes, quer que aquela oração seja de edificação para a comunidade; quer usar o veículo das línguas para falar à comunidade. Então, o Senhor dá, à mesma pessoa ou a outra pessoa, o dom da interpretação. É portanto outro dom: o dom de interpretar - não se trata de tradução.


Às vezes, Deus nos fala por meio do dom de profecia em línguas. Nossa oração em línguas é uma oração de louvor, de adoração, de intercessão; é uma oração para Deus; não precisa de interpretação. Mas quando Deus usa o mesmo canal de oração em línguas para nos dirigir uma palavra de profecia, faz-se necessária a interpretação, do contrário a profecia não pode ser feita.

No momento em que o grupo de oração se reúne, naquele instante de silêncio, alguém é movido pelo Espírito Santo a falar em línguas; e fala algumas frases em línguas. Deus suscita nesse momento o dom da interpretação, ao qual precisamos estar abertos. Como acontece isso?

Vem à nossa mente, a nosso coração, a interpretação, o sentido daquelas palavras em línguas. E isso nos vem da mesma forma que o dom da profecia. Sentimos a interpretação nascer em nós. Esse dom é muito precioso, ele causa uma impressão maravilhosa na assembléia. É uma palavra muito forte, muito consoladora, que vem de Deus, e é expressa na linguagem dos anjos, na linguagem própria do Espírito Santo.
Fonte Comunidade Shalom

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