AMIGOS
INTIMO DE DEUS
“Que
eles se lembrem de como nosso pai Abraão foi provado e de como
passou por múltiplas
tribulações
para se tornar o amigo de Deus” (Jd 8,22).
INTRODUÇÃO
Este
material não foi desenvolvido somente para lhe dar
conhecimento, mas aqui também queremos
alertar
para o grande Chamado que Deus está lhe fazendo:
“Leva-lo
a retomar uma vida de intimidade com o Senhor através da
vivência das práticas
espirituais
aqui sugeridas: Jejum, Adoração, Leitura Orante da
Palavra de Deus, Oração pessoal,Rosário e
Confissão.”
Durante
as vigílias do núcleo de discernimento da RCC/Pr por
diversas vezes o Senhor nos orientou
para
a realização deste material que foi inspirado no livro
de Judite, que foi escrito num momento
crucial
para o povo de Israel e serviu para dar-lhes ânimo e
encorajamento para enfrentar o inimigo
que
os ameaçava. Nele são relatadas várias situações
que muitos de nós experimentamos em nossa
vida,
em nossa família, em nosso grupo de oração e até
em nossa comunidade paroquial.
No
livro de Judite observamos que os Judeus ao saberem da ameaça
que se aproximava com o
poderoso
exército de Holofernes trataram logo em criar estratégias
humanas para enfrentar o perigo
eminente
e rapidamente começaram a agir conforme suas habilidades.
Mandaram mensageiros por
toda
a Samaria e seus arredores até Jericó, e ocuparam todos
os cumes dos montes. Cercaram de
muros
todas as suas cidades e armazenaram trigo para poder sustentar o
combate... Pediram ao
povo
que ocupassem as vertentes montanhosas que davam acesso à
Jerusalém, e que pusessem
guarnições
nos desfiladeiros por onde se pudesse passar. (Jd. 4, 4. 6).
Apesar
de aparentarem fé com suas atitudes e orações
(cf. Jd. 4,8-17), na verdade eles se deixaram
abater
diante do inimigo, pois não acreditaram que Deus poderia
livra-los de tamanha ameaça.
Quando
a situação se agrava com a falta da água, toda a
sua incredulidade vem à tona e são tentados
a
dar um prazo para Deus vir livrá-los (cf. Jd. 8,13), na
verdade já haviam tomado a decisão de se
aliar
ao inimigo para não sucumbirem e não perceberam que
este não é o meio de atrair a
misericórdia
de Deus.
Hoje
também somos tentados a enfrentar com ações
unicamente humanas as adversidades que nos
sobrevém
e corremos o grande perigo de sucumbir diante destas dificuldades que
encontramos pelo
caminho,
nos assemelhando aos Israelitas. Nossa fé e esperança
tendem a ficar debilitadas ao ponto
de
nos entregar ao desânimo levando-nos ao afastamento de Deus.
Estas dificuldades muitas vezes
nos
atingem com situações que nem sempre julgamos
negativas, por exemplo, o excesso de
segurança
financeira, o excesso de segurança em nossas capacidades
humanas e inclusive o
ativismo.
Tudo isso tende a se agravar quando consentimos com o pecado em nossa
vida. Este
afastamento
será inevitável se mantivermos a decisão de não
buscarmos o Senhor através de
práticas
espirituais como oração pessoal, adoração,
vida sacramental e mortificações. Desta forma é
preciso
ter a coragem de fazer aquilo que Judite concretamente orienta ao seu
povo: “...façamos,
pois,
penitência por isso e peçamos-lhe perdão com
lágrimas nos olhos, pois Deus não ameaça
como
os homens e não se deixa arrastar como eles à violência
da cólera. Humilhemo-nos diante
dele
e prestemos-lhe nosso culto com espírito de humildade (Jd
8,14-16).
A
prática espiritual sincera alarga nossos horizontes. A prática
espiritual honesta nos ensina que
além
de todas as coisas que vemos, existe sempre algo muito mais amplo e
profundo que não
percebemos
quando olhamos para a realidade somente a partir de nossas próprias
intuições. Nem
sempre
o óbvio expressa a vontade de Deus em nossas vidas e em nossos
ministérios. A prática
espiritual
nos faz ver segundo Deus, por isso descobrimos que tudo é
apenas um roteiro, um
caminho,
uma janela que se abre para realidades muito maiores. E quando
enxergamos as coisas
com
os olhos de Deus, uma força suprema e dinâmica, o
próprio Espírito Santo, vem em nosso
socorro
e nos fortalece. A prática espiritual concreta de Judite foi a
porta pela qual Deus fez passar
a
sua graça para o povo:
“Que
eles se lembrem de como nosso pai Abraão foi provado e de como
passou por múltiplas
tribulações
para se tornar o amigo de Deus” (Jd 8,22).
Judite
é a figura de Maria Santíssima, que esmaga a cabeça
da serpente infernal. Também Maria
Santíssima
confiou em Deus e abandonou-se à Sua Palavra. Nela se
manifestou o poder e a
misericórdia
de Deus, que por meio de Jesus Cristo, seu Filho, salva o seu povo.
Assim
como Deus se utilizou de Judite e de Maria Santíssima para
vencer o inimigo que ameaçava
o
seu povo, também deseja se utilizar de você para vencer
aquele que causa todas estas ameaças. O
Senhor
deseja formar um grande exército de homens e mulheres
apaixonados por Deus e
fortificados
na fé para resgatar todos aqueles que estão
perigosamente afastados da Salvação. Mas,
para
isso, não podemos tomar nas nossas mãos a direção
da nossa vida ou do nosso ministério,
porque
este lugar tem que ser do Senhor Jesus. Precisamos entender que é
através da escuta
profética
e da total dependência da Graça de Deus que faremos a
Sua vontade, e estas virtudes nós
somente
adquirimos através de uma vida de intensa oração.
Não há dúvida de que o desejo daqueles
que
estão empenhados na evangelização é de
fazer a vontade do Senhor, porém naquelas atividades
que
nos julgamos capazes de realizá-las, a tendência natural
é de agirmos como se não
precisássemos
da direção e do auxílio do Espírito
Santo, pois já estamos seguros daquilo que já
sabemos
fazer, então nos aventuramos em agir do nosso jeito e conforme
os nossos critérios, por
isso
agimos sem saber ao certo qual o objetivo a ser alcançado e
aonde queremos chegar, acabamos
assim
fazendo o que Deus não falou. Precisamos, sem demora, voltar a
depender de Deus também
naquilo
que acreditamos que já sabemos fazer bem.
Este
é um chamado para toda a Renovação Carismática
Católica do Paraná. E é com este intuito que
recomendamos
a todos os servos da RCC/Pr estas práticas espirituais para
que tenhamos uma visão
ampliada
e assumamos os nossos postos, a fim de passarmos de uma fase
apologética para uma fase
de
combatividade profética em nossa missão na Renovação
Carismática Católica. Recomendamos
também
o diário espiritual deste livro para que tenhamos disciplina
em nossa vida espiritual.
Oramos
para que você faça parte daqueles que escutarão
este chamado e que buscarão pô-lo em
prática
a cada dia, pois cada dia é uma aventura na busca por esta
maravilhosa fidelidade. Agindo
assim,
com certeza experimentaremos a presença deste Deus que está
tão próximo de cada um de nós.
Luiz
César Martins
Presidente
do Conselho Estadual da RCC/Pr
O
SANTO SACRIFÍCIO DA MISSA
A
PARTICIPAÇÃO À MISSA FONTE DE SANTIFICAÇÃO
Pe.
Reginald Garrigou-Lagrange, O. P.
A
santificação de nossa alma se encontra em uma união,
cada dia, mais íntima com Deus, união de fé, de
confiança e de amor. Por isso um dos maiores meios de
santificação é o ato mais elevado da virtude de
religião e do culto cristão: a participação
no sacrifício da Missa.
Para
toda alma interior, a Missa deve ser, cada manhã, como a fonte
eminente, de onde derivam todas as graças de que temos
necessidade durante o curso do dia, fonte de luz e de calor,
semelhante na ordem espiritual, ao que é o nascer do sol na
ordem da natureza.
Depois
da noite e do sono que são como uma imagem da morte, o sol
reaparecendo cada manhã, dá de alguma maneira, vida a
tudo o que acorda na superfície da terra. Se conhecêssemos
profundamente o preço da missa quotidiana, veríamos que
ela é como um nascer do sol espiritual, para renovar,
conservar e aumentar em nós a vida da graça, que é
a vida eterna começada.
Mas
muitas vezes o hábito de assistir a missa, por falta de
espírito de fé, degenera em rotina e não
recebemos mais então do santo sacrifício todos os
frutos que deveríamos receber.
Este
então deveria ser o maior ato de nossos dias e na vida de um
cristão, sobretudo de um religioso, todos os outros atos
quotidianos só deveriam ser o acompanhamento daquele, ou seja,
todas as outras orações e pequenos sacrifícios
que devemos oferecer ao Senhor durante o dia.
Lembremos
aqui:
1º.
O que dá valor ao sacrifício da missa;
2º.
Qual é a relação de seus efeitos com nossas
disposições interiores,
3º.
Como devemos nos unir ao sacrifício eucarístico.
A
oblação sempre viva do coração do cristo
A
excelência do sacrifício da Missa vem, diz o Concílio
de Trento [1], do fato de ser o mesmo sacrifício em
substância que o sacrifício da Cruz, porque é o
mesmo sacerdote que continua atualmente a se oferecer por seus
ministros, é a mesma vítima, realmente presente no
altar, que é realmente ofertada; só difere a maneira de
oferecer: enquanto há na Cruz uma imolação
cruenta, na Missa há uma imolação sacramental
pela separação, não física, mas
sacramental do corpo e do sangue do Salvador, em virtude da dupla
consagração. Assim o sangue de Jesus sem ser
fisicamente derramado é sacramentalmente derramado
[2].
Esta
imolação sacramental é um sinal [3] da oblação
interior de Jesus, à qual devemos nos unir; é também
o memorial da imolação cruenta do Calvário.
Apesar dela ser somente sacramental, esta imolação do
Verbo de Deus feito carne, é mais expressiva do que a imolação
cruenta do cordeiro pascal e de todas as vítimas do Antigo
Testamento.
Um
sinal tira, com efeito, seu valor expressivo da grandeza da coisa
significada; a bandeira que nos lembra a pátria, de tecido
comum, tem maior preço a nossos olhos do que a flâmula
de uma companhia ou do que a insígnia de um oficial. A
imolação cruenta das vítimas do Antigo
Testamento, figura longínqua do sacrifício da Cruz,
exprimia somente os sentimentos interiores dos sacerdotes e dos fieis
da antiga Lei; enquanto que a imolação
sacramental do Salvador sobre nossos altares exprime, sobretudo, a
oblação interior sempre viva do coração
do “Cristo que não cessa de interceder por nós”
(Hb. 7, 25).
Ora,
essa oblação que é como a alma do sacrifício
da Missa, tem um valor infinito, que emana da pessoa divina do Verbo
feito carne, sacerdote principal e vítima, cuja imolação
continua sob uma forma sacramental.
São
João Crisóstomo escreveu: “Quando virem no
altar o ministro sagrado elevando para o céu a santa hóstia,
não creiam que este homem seja o verdadeiro padre (principal),
mas, elevando o pensamento acima daquilo que atinge os sentidos,
considerem a mão de Jesus Cristo invisivelmente estendida”
[4].
O
padre que vemos com nossos olhos de carne não pode penetrar em
toda a profundeza desse mistério, mas acima dele está a
inteligência e a vontade de Jesus sacerdote principal. Apesar
do ministro não ser sempre o que deveria ser o sacerdote
principal é infinitamente santo; o ministro, mesmo quando é
bom, pode estar ligeiramente distraído ou ocupado com as
cerimônias exteriores do sacrifício, sem penetrar no
sentido íntimo, mas acima dele há alguém de um
valor infinito, uma súplica e uma ação de graças
sem limite de tamanho.
Esta
oblação interior sempre viva no coração
do Cristo é, por assim dizer, a alma do sacrifício da
Missa. É a continuação daquela pela qual
Jesus se ofereceu como vítima entrando neste mundo e em todo o
curso de sua existência terrestre, sobretudo na Cruz.
Quando o Salvador estava sobre a terra, essa oblação
era meritória; agora continua sem essa modalidade de mérito.
Continua sob a forma de adoração reparadora e de
súplica, para nos aplicar os méritos passados da Cruz.
Mesmo
quando a última Missa acabar no fim do mundo e que não
houver mais sacrifício propriamente dito, mas sua consumação,
a oblação interior do Cristo para seu Pai durará,
não mais sob a forma de reparação e de súplica,
mas sob a forma de adoração e de ação de
graças. É o que nos faz prever o Sanctus, Sanctus,
Sanctus, que dá uma idéia do culto dos bem-aventurados
na eternidade.
Se
nos fosse dado a conhecer, imediatamente, o amor que inspira esta
oblação interior, que dura sem cessar no coração
do Cristo, “sempre vivo para interceder por nós”,
qual não seria nossa admiração!
A
Bem-aventurada Ângela de Foligno nos diz [5]: “Não
tenho um vago pensamento, mas a certeza absoluta que, se uma alma
visse e contemplasse algum dos esplendores íntimos do
sacramento do altar, incendiaria, pois veria o amor divino. Parece-me
que aqueles que oferecem o sacrifício, ou que nele tomam
parte, deveriam meditar profundamente sobre a verdade profunda do
mistério três vezes santo, na contemplação
do qual deveríamos permanecer imóveis e absorvidos”.
-
2. DA INSTITUIÇÃO E DOS EFEITOS DO SACRAMENTO DA EUCARISTIA
Jesus Cristo instituiu o Sacramento da Eucaristia na Última Ceia que celebrou com seus discípulos, na noite que precedeu sua Paixão. Jesus Cristo instituiu a Santíssima Eucaristia por três razões principais:
1. para ser o sacrifício da Nova Lei;
2. para ser alimento da nossa alma;
3. para ser um memorial perpétuo da sua Paixão e Morte, e um penhor precioso do seu amor para conosco e da vida eterna.
Jesus Cristo instituiu este Sacramento debaixo das espécies de pão e de vinho porque a Eucaristia devia ser nosso alimento espiritual, e era por isso conveniente que nos fosse dada em forma de comida e de bebida.
Os principais efeitos que a Santíssima Eucaristia produz em quem a recebe dignamente são estes:
1. conserva e aumenta a vida da alma, que é a graça, assim como o alimento material sustenta e aumenta a vida do corpo;
2. perdoa os pecados veniais e preserva dos mortais;
3. produz consolação espiritual.
A Santíssima Eucaristia produz em nós outros três efeitos, a saber:
1. enfraquece as nossas paixões, e em especial amortece em nós o fogo da concupiscência;
2. aumenta em nós o fervor e ajuda-nos a proceder em conformidade com os desejos de Jesus Cristo;
3. dá-nos um penhor da glória futura e da ressurreição do nosso corpo.
3. DAS DISPOSIÇÕES NECESSÁRIAS PARA BEM COMUNGAR
Para fazer uma comunhão bem feita, são necessárias três coisas:
1. estar em estado de graça;
2. estar em jejum desde a meia-noite até o momento da comunhão* (*esta lei não está mais em vigor, bastando, atualmente, o jejum de uma hora);
3. saber o que se vai receber e aproximar-se da sagrada comunhão com devoção";
"Estar em estado de graça" quer dizer: ter a consciência limpa de todo o pecado mortal.
Quem sabe que está em pecado mortal deve fazer uma boa confissão antes de comungar; porque para quem está em pecado mortal, não basta o ato de contrição perfeita, sem a confissão, para fazer uma comunhão bem feita. A Igreja ordenou, em sinal de respeito a este Sacramento, que quem é culpado de pecado mortal não ouse receber a Comunhão sem primeiro se confessar.
Quem comungasse em pecado mortal receberia a Jesus Cristo, mas não a sua graça; pelo contrário, cometeria sacrilégio e incorreria na sentença de condenação.
O jejum eucarístico consiste em abster-se de qualquer espécie de comida ou bebida** (**exceto a água natural). Quem engoliu restos de comida presos aos dentes pode comungar, porque já não são tomados como alimentos ou perderam tal condição. Comungar sem estar em jejum é permitido aos doentes que estão em perigo de morte, e aos que obtiveram permissão especial do Papa em razão de doença prolongada. A comunhão feita pelos doentes em perigo de morte chama-se Viático, porque os sustenta na viagem que eles fazem desta vida à eternidade.
"Saber o que vai receber" quer dizer: conhecer o que ensina com respeito a este Sacramento a Doutrina Cristã e acreditá-lo firmemente.
"Comungar com devoção" quer dizer: aproximar-se da sagrada Comunhão com humildade e modéstia, tanto na própria pessoa como no vestir, e fazer a preparação antes e a ação de graças depois da Comunhão.
A preparação antes da Comunhão consiste em nos entretermos algum tempo a considerar quem é Aquele que vamos receber e quem somos nós; e em fazer atos de fé, de esperança, de caridade, de contrição, de adoração, de humildade e de desejo de receber a Jesus Cristo.
A ação de graças depois da Comunhão consiste em nos conservarmos recolhidos a honrar a presença do Senhor dentro de nós mesmos, renovando os atos de fé, de esperança, de caridade, de adoração, de agradecimento, de oferecimento e de súplica, pedindo sobretudo aquelas graças que são mais necessárias para nós e para aqueles por quem somos obrigados a orar.
No dia da Comunhão deve-se manter, o mais possível, o recolhimento, e ocupar-se em obras de piedade, bem como cumprir com grande esmero os deveres de estado.
Depois da sagrada Comunhão, Jesus Cristo permanece em nós com a sua graça enquanto não se peca mortalmente; e com a sua presença real permanece em nós enquanto não se consomem as espécies sacramentais.
4. DA MANEIRA DE COMUNGAR
No ato de receber a sagrada Comunhão, devemos estar de joelhos, com a cabeça medianamente levantada, com os olhos modestos e voltados para a sagrada Hóstia, com a boca suficientemente aberta e com a língua um pouco estendida sobre o lábio inferior. Senhoras e meninas devem estar com a cabeça coberta.
A toalha ou a patena da Comunhão deve-se segurar de maneira que recolha a sagrada Hóstia, caso ela venha a cair.
Devemos procurar engolir a sagrada Hóstia o mais depressa possível, e convém abster-nos de cuspir algum tempo. Se a sagrada Hóstia se pegar ao céu da boca, é preciso despegá-la com a língua, nunca porém com os dedos.
Os
efeitos do sacrifício da missa e nossas disposições
interiores.
A
oblação interior do Cristo Jesus, que é a Alma
do sacrifício eucarístico, tem os mesmos fins e os
mesmos efeitos que o sacrifício da Cruz, mas importa
distinguir, entre esses efeitos, aqueles que são relativos a
Deus e os que nos concernem.
Os
efeitos da Missa imediatamente relativos a Deus, como a adoração
reparadora e a ação de graças, se produzem
sempre infalivelmente e plenamente com seu valor infinito, mesmos sem
nosso concurso, mesmo que a Missa seja celebrada por um ministro
indigno, desde que seja válida. De cada Missa se eleva, então,
para Deus uma adoração e uma ação de
graças de um valor sem limites, em razão da dignidade
do Sacerdote principal que oferece e do preço da vítima
ofertada. Esta oblação “agrada mais a Deus do
que todos os pecados reunidos lhe desgostam”; é isso
que constitui a própria essência do mistério da
Redenção por modo de satisfação [6].
Quanto
aos efeitos da Missa, relativos a nós, só nos são
dispensados na medida de nossas disposições interiores.
É
assim que a Missa, como sacrifício propiciatório, obtém
ex opere operato, para os pecadores que não resistem à
graça atual que os leva a se arrependerem e que os inspira a
confessar suas faltas [7]. As palavras do Agnus Dei, qui tollis
peccata mundi, parce nobis Domine, produzem nesses pecadores que
não põem obstáculos aos sentimentos de
contrição, o que o sacrifício da Cruz
produziu na alma do bom ladrão. Trata-se aqui,
sobretudo, dos pecadores que assistem a Missa ou daqueles por quem
ela é dita.
O
sacrifício da Missa, como satisfatório, apaga também,
infalivelmente aos pecadores arrependidos, ao menos uma parte da pena
temporal devida pelo pecado e isso em proporção às
disposições mais ou menos perfeitas com as quais a
assistem. É por isso que o Concílio de Trento diz que o
sacrifício eucarístico pode ser oferecido também
pelo sufrágio das almas do purgatório [8].
Enfim
como sacrifício impetratório ou de Súplica,
a Missa nos obtém ex opere operato todas as graças
que temos necessidade para nos santificar. É a grande oração
do Cristo sempre vivo que continua para nós, acompanhado da
oração da Igreja, Esposa do Salvador. O efeito desta
dupla oração é proporcionado ao nosso fervor e
aquele que se uni o melhor que pode, está certo de obter para
ele e para aqueles que lhes são caros, as mais abundantes
graças.
Segundo
Santo Tomas e muitos teólogos, esses efeitos da Missa
relativos a nós são limitados apenas pela medida de
nosso fervor [9]. A razão é que a influência
de uma causa universal só é limitada pela capacidade
dos sujeitos que a recebem. Assim o sol clareia e aquece em um só
lugar tanto mil pessoas como a uma só.
Ora
o sacrifício da Missa, sendo substancialmente o mesmo que o da
Cruz é, por modo de reparação e de
oração, uma causa universal de graças, de luz,
de atração e de força. Sua influência
sobre nós só é, pois, limitada pelas
disposições ou pelo fervor daqueles que a recebem.
Assim uma única missa será tão proveitosa para
um grande número de pessoas como se fosse oferecida para uma
só entre elas; assim como o sacrifício da Cruz rendeu
ao bom ladrão tanto proveito quanto teria rendido se oferecido
por ele só.
Se
o sol aquece, em um só lugar, mil pessoas como a uma, a
influência desta fonte de calor espiritual que é a Missa
não é menor em sua ordem. Quanto mais se assiste
a Missa com fé, confiança, religião e amor,
maiores serão os frutos que dela se retira.
Tudo
isso nos mostra porque os santos, à luz dos dons do Espírito
Santo, sempre tanto apreciaram o Sacrifício da Missa. Alguns,
ainda que enfermos e doentes, queriam se arrastar até a missa,
porque ela vale mais do que todos os tesouros.
Santa
Joana d’Arc, indo para Chinon, importunava seus companheiros de
armas e obtinha deles, a força de insistência, que
assistissem a missa todos os dias.
Santa
Germana Cousin era fortemente atraída para a Igreja quando
escutava o sino anunciar o santo sacrifício, deixava suas
ovelhas na guarda dos anjos e corria para assistir a missa; seu
rebanho era bem guardado.
O
santo Cura d’Ars falava do valor da Missa com tal convicção,
que tinha obtido que todos ou quase todos os seus paroquianos a
assistissem.
Inúmeros
outros santos derramavam lágrimas de amor ou caíam em
êxtase durante o sacrifício eucarístico; alguns
viram no lugar do celebrante o próprio Nosso Senhor, o
Sacerdote principal. Outros, na elevação do cálice,
viram o precioso sangue transbordar, escorrendo pelos braços
do padre e pelo santuário e anjos virem recolhê-lo em
taças de ouro como para levá-lo por toda parte onde
houvesse homens para salvar. São Felipe de Néri recebeu
graças desse gênero e se escondia para celebrar por
causa dos arrebatamentos, que muitas vezes, era tomado no altar.
Como
nos unir ao sacrifício eucarístico?
Pode-se
aplicar a isso o que Santo Tomás [10] diz sobre a atenção
na oração vocal: “A atenção pode
estar ou bem nas palavras para bem pronunciá-las, ou no
sentido das palavras, ou no fim da oração, quer dizer
em Deus e naquilo pelo que se reza... Esta ultima atenção,
que os mais humildes, sem cultura podem ter, é algumas vezes
tão grande que é como se o espírito fosse
elevado para Deus e se esquecesse de todo o resto”.
Assim
também para bem assistir a missa, com fé, confiança,
verdadeira piedade e amor, podemos segui-la de maneiras diferentes.
Podemos estar atentos às preces litúrgicas, geralmente
tão belas e tão cheias de unção, de
elevação e de simplicidade. Podemos lembrar a Paixão
e a Morte do Salvador, cuja missa é o memorial e se considerar
como estando ao pé da Cruz com Maria, João, as santas
mulheres. Podemos ainda nos aplicar a render a Deus, em união
com Jesus, os quatro deveres que são os fins do Sacrifício:
adoração, reparação, pedido e ação
de graças [11].
Desde
que se reze, mesmo recitando piedosamente seu terço,
assistimos com frutos à missa. Podemos também com
grande proveito, como santa Joana de Chantal e muitos santos,
continuar com a sua oração, sobre tudo se somos levados
a um puro e intenso amor, um pouco como são João na
Ceia repousando sobre o Coração de Jesus.
Mas
de qualquer maneira que se siga a Missa, é preciso insistir em
uma coisa importante. É preciso sobretudo nos unirmos
profundamente à oblação do Salvador, o sacerdote
principal: com ele, é preciso oferecê-lo a seu
Pai, nos lembrando que esta oblação agrada mais a Deus
do que todos os pecados lhe desagradam. É preciso nos
oferecer, cada dia, mais profundamente, oferecer particularmente as
penas e contrariedades que costumamos ter e aquelas que se
apresentarão durante o dia.
É
assim que no ofertório o padre diz: “In spiritu
humilitatis et in animo contrito suscipiamur a te, Domine: É
com espírito de humildade e coração contrito que
vos pedimos Senhor, de nos receber”.
O
autor da Imitação, I. IV, cap. VIII, insiste com razão
sobre este ponto: O Senhor diz: “ Como me ofereci
voluntariamente a meu Pai por vossos pecados, na cruz..., assim
deveis todos os dias, no sacrifício da Missa, vos oferecer a
mim, como uma hóstia pura e santa, do mais profundo do vosso
coração... É a vos que eu quero e não
vossos dons... Se permanecerdes em vós mesmos, se não
vos abandonardes sem reserva a minha vontade, vossa oblação
não será completa e não estaremos unidos
perfeitamente”.
No
capítulo seguinte, o fiel responde: “Na simplicidade
de meu coração, eu me ofereço a vós meu
Deus, para vos servir para sempre... Recebei-me com a oblação
santa de vosso precioso Corpo... Ofereço-vos também
tudo o que há de bom em mim, por mais imperfeito que seja,
para que vós a torne mais digna de vós. Ofereço-vos
ainda todos os piedosos desejos das almas fiéis, a oração
por aqueles que me são queridos... A súplica por
aqueles que me ofenderam ou entristeceram, por aqueles também
que eu mesmo afligi, feri, escandalizei, sabendo ou não, afim
de que nos perdoeis todas nossas ofensas mútuas... e fazei que
sejamos dignos de gozar aqui na terra dos vossos dons e alcançar
a vida eterna.”
A
missa assim compreendida é uma fonte fecunda de santificação,
de graças sempre renovadas; por ela pode-se realizar cada vez
melhor para nós a oração do Salvador: “Dei-lhes
a luz que vós me destes, para que sejam um como nós
somos um, Eu neles e vós em mim, afim de que eles sejam
perfeitamente um e que o mundo saiba que vós me enviastes e
que vós os amastes como vós me amais” (João,
17, 23).
A
visita ao Santíssimo Sacramento deve nos recordar a missa da
manhã e devemos pensar que no Tabernáculo, se não
há sacrifício propriamente dito, que cessa com a missa,
no entanto Jesus realmente presente continua a adorar, orar e render
graças.
Deveríamos
nos unir a essa oblação do Salvador a qualquer hora do
dia. Como diz a oração do Coração
Eucarístico: “Ele é paciente a nos esperar,
apressado em nos atender; é a sede de todas as graças
sempre renovadas, o refúgio da vida escondida, o mestre dos
segredos da união divina”. Devemos junto ao
Tabernáculo, “calar-nos para escutar, e abandonar-nos
para nele nos perder” [12].
Originalmente
publicado em “La Vie Spirituel” nº 187, 1.04.1935
A
SANTA MISSA AUMENTA EM NÓS
A
DIVINA GRAÇA E A GLÓRIA CELESTE.
É
uso, nas cidades e nos arrabaldes, haver mercados e feiras, onde se
vendem toda a espécie de objetos úteis.
A
própria Igreja, e o céu também, têm,
diariamente, um mercado. Que oferecem? A graça divina e
a glória celeste. Mas são cousas preciosas;
onde achar bastantes meios para comprá-las? Não tenhas
nenhum receio pois podem-se adquirir gratuitamente.
O
profeta Isaías no-lo afirma: "Vós que não
tendes dinheiro, vinde, aproximai-vos, comprai sem troca"
(Is. 55, 1). Com efeito, o Senhor as dá sempre gratuitamente,
porém, raras vezes, com tanta abundância como na santa
Missa, o que provaremos neste capítulo.
Em
primeiro lugar, porém, devemos compreender bem o que é
a graça.
A
graça é um dom, um socorro sobrenatural que Deus nos
concede em virtude dos méritos de Jesus Cristo. Distinguem-se
duas espécies de graça: a "santificante"
e a "atual".
A
graça "santificante" é um estado de
alma que nos torna justos aos olhos de Deus e nos dá o direito
de herdar os bens eternos. Esta graça, elevando-nos acima da
nossa própria natureza, nos torna participantes da natureza
divina. Segundo o Concílio de Trento, não é
somente "a remissão de nossos pecados com favor
sensível da bondade de Deus", porém "um
estado divino, uma luz brilhante, que nos embeleza a alma",
a qual permanece neste feliz estado até que percamos a graça
pelo pecado mortal.
A
graça "atual" é um socorro
passageiro, pelo qual Deus ilumina-nos o entendimento e comove-nos a
vontade, para evitar o mal e fazer o bem. Se nossa alma está
morta, a graça atual ajuda a recuperar a graça
santificante; se, pelo contrário, está na amizade de
Deus, a graça atual, ajudando-nos a fazer boas obras, aumenta,
de mais a mais, esta amizade divina.
São
Tomás de Aquino ensina que "a graça
concedida a uma alma vale mais que o mundo inteiro e tudo quanto
encerra". O próprio céu com o seu
esplendor não lhe pode ser comparado.
Grandiosos
são os efeitos da graça de Deus: reveste, em primeiro
lugar, a alma de uma beleza sem igual. Comparando com este esplendor
o sol, as estrelas, as flores, parecem embaciadas, descoradas, sem
encantos. Se te fosse dado ver uma alma em estado de graça,
tudo o que então tivesse algum brilho para ti, aparecer-te-ia,
depois, sem encanto, segundo a palavra do Bem-aventurado Blósio:
"Se a beleza de uma alma em estado de graça pudesse
ser contemplada, ficaríamos arrebatados".
Em
segundo lugar, a graça é o laço da caridade
entre Deus e o homem. Por ela o Criador e a criatura tornam-se, um
para a outra, ternos e confiantes amigos, segundo a palavra de Jesus
Cristo: "Não vos chamarei mais servos, e, sim,
amigos" (Jo. 15, 15).
Ora,
que há de maior, de mais excelente do que ser chamado amigo de
Jesus Cristo e sê-lo realmente? Esta dignidade ultrapassa a
natureza humana, porque tudo serve ao Senhor e nada existe que não
esteja sob seu domínio. É por isso que Deus eleva os
servos a uma dignidade sobrenatural, chamando-os seus amigos e
tratando-os como tais. E quando, por nossa infelicidade, pelo pecado,
quebramos o laço desta terna amizade, Deus não se
afasta inteiramente, fica esperando à porta de nossa alma,
bate docemente e pede para entrar: "Eis que estou à
porta e bato: se alguém me ouvir a voz e me abrir a porta,
entrarei em sua casa e cearei com ele e ele comigo"
(Apoc. 3, 20).
Enfim,
terceiro, a alma santificada é de tal modo enobrecida, que se
torna a própria filha de Deus. Que honra para o filho de um
mendigo ser adotado por um príncipe! Que honra infinitamente
maior sê-lo pelo soberano Senhor!
A
este pensamento São João exclama como em êxtase:
"Considerai, o amor que nos mostrou o Pai foi tal que
chegamos a ser chamados filhos de Deus e o somos" (I Jo.
3, 1). E São Paulo acrescenta: "Se somos filhos,
também somos herdeiros, verdadeiramente, herdeiros de Deus, e
coerdeiros de Cristo" (Rom. 8, 17).
Ser
herdeiro de Deus! que sorte, que glória! Nada poderia
fazer-nos melhor compreender a excelência da graça desta
adoção divina, que é, ao mesmo tempo, a prova
manifesta do amor infinito de Deus por suas pobres criaturas.
Ora,
esta graça santificante é, sem cessar, aumentada pela
nossa correspondência à graça atual, pela qual
Deus orna a alma de virtudes, de piedade, cumula-a de consolações,
inspira-lhe santos desejos, concede-lhe a alegria espiritual,
protege-a, fortifica-a, governa-a, une-se-lhe, enfim estreitamente e
lhe dá tudo o que contribui para a vida e a piedade.
Estas
explicações ensinar-te-ão a conhecer o valor
infinito da graça.
Agora
provaremos, até a evidência, primeiro, que a santa
Missa aumenta poderosamente a graça, depois, que nos aumenta a
glória futura, e finalmente, insistiremos sobre a
Comunhão espiritual como sobre uma parte da santa Missa muito
própria para enriquecer-nos a alma de novas graças.
Um
piedoso autor dizia: "Não somente o sacerdote, mas também
os que mandam dizer a Missa ou a assistem, podem, conforme sua
piedade, merecer um acréscimo de graça ou de glória,
e este benefício lhe é abonado em virtude de sua
cooperação ao santo Sacrifício.
O
sacerdote é o primeiro beneficiado; os que mandam dizer a
Missa, por si ou por outrem, tiram igualmente os preciosos frutos e
um aumento de graças, se estão na amizade de Deus.
Finalmente, os assistentes têm parte, não somente pela
devoção para com o santo Sacrifício, como também
em recompensa das virtudes múltiplas que exercem;
assistindo-a, renovam, no coração, a dor de haver
pecado, cada vez que batem no peito; exercem a fé,
reconhecendo a presença real de Jesus na santa Hóstia e
sua imolação pelos pecados dos homens. Esta crença
é o fundamento de nossa salvação. Além da
fé, produzem ainda atos de adoração interior e,
se bem que estes sentimentos sejam devidos a Nosso Senhor, contudo
nosso bom Mestre não os julga menos agradáveis e neles
se compraz particularmente.
Se,
na elevação da Hóstia e do Cálice,
ofereces este dom divino ao Pai eterno, fazes um ato de grande
merecimento e, se oras pelos vivos e pelos mortos, acrescentas um ato
de caridade; finalmente, se participas do Corpo e do Sangue de Jesus
Cristo, ao menos pela Comunhão espiritual, mereces graças
particulares.
Além
disso, por causa do desprezo dos hereges pelo divino Sacrifício
do Altar que consideram idolatria, Deus olha, amorosamente,
para os que reparam estes insultos por sua piedosa assistência.
Os Santos Padres falam, freqüentemente, nas recompensas
especiais, concedidas a este ato de reparação.
São
Cirilo diz: "Os dons espirituais serão,
abundantemente, distribuídos aos que assistirem à santa
Missa". São Cipriano nota por sua vez: "O
pão sobrenatural e o cálice consagrado contribuem para
a vida e a salvação do homem". Também
o Papa Inocêncio III afirma: "Pela eficácia
do santo Sacrifício, todas as virtudes nos são
aumentadas e os frutos da graça nos são profusamente
distribuídos". São Máximo, exorta
aos cristãos "a não desprezarem a santa
Missa, porque as graças do Espírito Santo nela são
comunicadas aos assistentes".
Citamos
ainda o testemunho de Osório: "Deus Padre vos dá,
na santa Missa, seu Filho único, em quem reside, unida à
humanidade, a plenitude da divindade e onde se acham ocultos todos os
tesouros da sabedoria. Dando-nos seu Filho, dá-nos tudo".
Sim,
dá-nos Jesus com seus méritos, suas satisfações,
seu corpo e sua alma. Que poderia dar mais? E que meio mais cômodo
poderia inventar, para permitir-nos participar destes tesouros
infinitos? Certamente, se tua alma está na indigência,
deves, unicamente, ao teu imperdoável torpor, à tua
preguiça espiritual.
Oh
delicioso e incompreensível dom da glória celeste para
a qual fomos criados e pela qual nosso coração suspira
ardentemente! Como poderemos tratar de aumentá-la, visto que o
Apóstolo exclama: "Os olhos não viram, nem o
ouvido, nem jamais veio à mente do homem, o que Deus preparou
para aqueles que o amam!" (Cor. 2, 9). A santa Igreja
ensina, é verdade, que as boas obras aumentam a graça e
a glória futura, porém não indica o grau desta
glória.
Contentemo-nos,
pois, com as palavras de Nosso Senhor a Santa Gertrudes: "O
cristão aumenta os méritos para a vida eterna cada vez
que assiste, devotamente, à santa Missa". É
desta recompensa eterna que o Evangelho diz: "Derramar-vos-ão,
no seio, uma boa medida, bem cheia e recalcada e transbordante".
(Lc. 6, 38).
Efetivamente,
na Missa merecemos um novo grau de glória. O santo
Sacrifício é como uma escada celeste: cada vez que o
fiel assiste, sobe um degrau e torna-se mais belo, mais
resplandecente, mais glorioso, mais estimável aos olhos de
Deus e dos Santos. Cada vez que assistes à Missa, o
céu o registra e te assegura um grau de glória mais
elevado. Esta glória pode ser roubada pelo pecado mortal, mas,
pela extrema bondade de Deus, ela te será restituída
após uma humilde confissão. Que glória, que
riqueza, que felicidade te esperam lá em cima, se todos os
dias assistires ao santo Sacrifício!
"Aquilo
que de tribulação nos vem no presente, momentâneo
e leve, produz em nós, de modo incomparável e
maravilhoso, um peso eterno de glória". Grava, cristão,
estas palavras no coração, e convence-te de que, se o
Apóstolo promete tão bela recompensa aos sofrimentos
momentâneos, Deus reserva graças muito mais insignes aos
fiéis que assistem à santa Missa, porque a esta prática
ligam-se uma multidão de pequenas mortificações,
e bem as conheces.
A
igreja acha-se afastada de tua casa; é necessário
levantar-se mais cedo; o caminho é mau e perigoso no inverno,
o vento frio sopra-te no rosto; no verão, o sol dardeja sobre
ti os ardentes raios; depois, o ofício é, algumas vezes
longo, o fervor desaparece, um trabalho urgente te espera, um lucro
te escapa. Mas, coragem! Na santa Missa, há tantos
títulos de glória, tantos tesouros para o céu!
Depois
de haver declarado ser o desejo da santa Igreja que todos os fiéis
fizessem a santa Comunhão na Missa que assistem, o santo
Concílio de Trento recomenda, instantemente, aos que se
reconhecem indignos da recepção da Eucaristia, fazer,
pelo menos, a Comunhão espiritual que consiste no
ardente desejo de receber Jesus Cristo. Esta prática
não seria tão recomendada, se não fosse
proveitosíssima às nossas almas e um dos principais
meios de aumentar-nos a graça divina e a glória
celeste.
Quando
Jesus Cristo estava na terra, fez muitas curas pela imposição
das mãos; a muitos, porém, restituiu a saúde de
longe, sem estar presente, como, por exemplo, à filha da
Cananéia e ao servo do centurião. A infinita
generosidade de Nosso Senhor não se limita às almas que
se aproximam dignamente de seu Sacramento de amor, estende-se também
as que não podem recebê-lo sacramentalmente. Não
diz ele: "Eu sou o pão da vida; o que vem a mim não
terá mais fome, e o que crê em mim, não terá
mais sede"?
Ir
a Jesus é crer nele e amá-lo. Quem for a ele deste modo
será saciado. Jesus Cristo não ligou sua graça à
santa Comunhão, de forma que não possa concedê-la
sem a recepção do Sacramento. Uma Comunhão
espiritual, feita com ardentes desejos, produz-nos mais graças
que uma Comunhão sacramental feita sem fervor. A
intensidade de nossos desejos é a medida da graça que
nos vem pela Comunhão espiritual.
Mas,
como fazer para bem comungar espiritualmente?
O
sábio Fornero, bispo de Hebron, no-lo ensina: "Todos
os que ouvem a santa Missa com boas disposições, são
nutridos, de maneira mística, com o corpo de Jesus Cristo. A
virtude da santa Missa é tão grande que basta unir-se
espiritualmente ao sacerdote, para participar com ele do fruto do
Sacrifício" (Sermão 83). - Esta doutrina é
muito consoladora, para os que desejam fazer a Comunhão
espiritual e não sabem fazê-la. Basta dizer: Uno
minha intenção com a do sacerdote, e desejo, comungando
com ele, participar do santo Sacrifício.
"Assim
como os nossos membros que não comem, acrescenta o bispo de
Hebron, nutrem-se tão bem como a boca, da mesma maneira, os
que assistem à santa Missa nutrem-se, espiritualmente, por
intermédio do sacerdote, sem comungar realmente. Também
é justo que o que está em espírito com o
celebrante à mesa do Senhor, seja nutrido em espírito
com ele. Se os convidados de um rei não saem com fome da sala
do festim, como nosso divino Salvador deixaria ir embora, sem ficarem
saciados, os que vieram adorá-lo na santa Missa!"
A
santa Missa; a grande ceia do Senhor; aí, cada um recebe sua
parte a não ser que feche, obstinadamente, a boca de sua alma
diante da mão de Jesus Cristo, que lhe oferece o Corpo em
alimento.
A
Comunhão espiritual é, portanto, santa e salutar. A
santa Igreja diz expressamente: "Aqueles que, pelo desejo,
comem deste pão celeste, sentem-lhe o fruto e a utilidade, em
virtude da fé viva que a caridade torna fecunda"
(Conc. de Trento, sessão 13).
O
TREMENDO VALOR DA SANTA MISSA
São Leonardo Imprimatur: + Michael Augustine Archbishop of New York, Jan 2, 1890.
1. Na hora da morte, as Santas Missas que tiverdes ouvido devotamente serão vossa maior consolação.
2. Deus vos perdoa todos os pecados veniais que estais determinados a evitar.
3. Ele vos perdoa todos os vossos pecados desconhecidos que jamais confessáreis.
4. O poder de Satanás sobre vós é diminuído.
5. Cada Missa irá convosco ao Julgamento e implorará por perdão para vós.
6. Por cada Missa tendes diminuída a punição temporal devida a vossos pecados, mais ou menos, de acordo com vosso fervor.
7. Assistindo devotamente à Santa Missa, rendeis a maior homenagem possível à Sagrada Humanidade de Nosso Senhor.
8. Através do Santo Sacrifício, Nosso Senhor Jesus Cristo repara por muitas de vossas negligências e omissões.
9. Ouvindo piedosamente a Santa Missa, ofereceis às Almas do Purgatório o maior alívio possível.
10. Uma Santa Missa ouvida durante vossa vida será de maior benefício a vós do que muitas ouvidas por vós após vossa morte.
11. Através da Santa Missa, sois preservados de muitos perigos e infortúnios, que de outra forma cairiam sobre vós.
12. Vós encurtais vosso Purgatório a cada Missa.
13. Durante a Santa Missa, vós ajoelhais entre uma multidão de santos Anjos, que estão presentes ao Adorável Sacrifício com reverente temor.
14. Pela Santa Missa sois abençoados em vossos bens e empreendimentos temporais.
15. Quando ouvis a Santa Missa devotamente, oferecendo-a ao Deus Todo-Poderoso em honra de qualquer Santo ou Anjo em particular, agradecendo a Deus pelos favores dispensados nele, etc., etc. Vós conseguis para aquele Santo ou Anjo um novo grau de honra, alegria e felicidade, e dirigis seu amor e proteção especiais para vós.
16. Toda vez que assistis a Santa Missa, entre outras intenções, deveis oferecê-la em honra do Santo do dia.
MÉTODO
DE ASSISTIR À SANTA MISSA
EM
UNIÃO COM O ESPÍRITO DO SANTO SACRIFÍCIO
São Pedro Julião Eymard
O
Santo Sacrifício divide-se em três partes: a
primeira vai do começo da Missa ao Ofertório; a
segunda, do Ofertório à Comunhão; a terceira, da
Comunhão ao último Evangelho.
I
Enquanto
o sacerdote ora aos pés do Altar e se humilha pelos seus
pecados, deveis confessar vossas culpas e adorar a Deus em toda
humildade, a fim de vos preparar para assistir dignamente ao Santo
Sacrifício.
Durante
o Intróito
lembrai-vos dos santos desejos dos Patriarcas e Profetas, que
ansiavam pela vinda do Messias, unindo-vos a eles para pedir a Jesus
Cristo que venha a vós e em vós reine.
No
Glória
uni-vos em espírito aos Anjos para louvar a Deus e
agradecer-lhe o mistério da Encarnação.
Nas
Orações,
uni vossas intenções e vossos pedidos aos da Santa
Igreja. Adorai o Deus infinitamente bondoso, de quem procede todo
dom.
Prestai
à Epistola
a mesma atenção que prestaríeis se vos falassem
os Profetas ou Apóstolos, e adorai a Santidade de Deus.
No
Evangelho
ouvi a Jesus Cristo em Pessoa falando-vos e adorai a Verdade de Deus.
Recitai
o Credo
com vivos sentimentos de Fé, Fé essa que renovareis em
união com a da Igreja, protestando, ao mesmo tempo, que
defendereis, se preciso for, com vosso próprio sangue todas as
verdades contidas no Símbolo.
II
Na
segunda parte da Missa, unindo vossas intenções às
do sacerdote, oferecei-a pelos quatro fins do Santo Sacrifício:
1.°)
Como homenagem de suma adoração.
Oferecei ao Padre Eterno as adorações do seu Filho
Encarnado, unidas às vossas próprias adorações
e às de toda a Igreja. Oferecei-vos também a vós
mesmo com Jesus Cristo, para amá-lo e servi-lo.
2.°)
Como homenagem de ação
de graças.
Oferecei o Santo Sacrifício ao Pai, a fim de lhe agradecer os
méritos, as graças e a glória de Jesus Cristo;
os méritos e a glória de Maria Santíssima, e de
todos os Santos; todos os benefícios pessoais recebidos, e a
receber, pelos méritos de seu Filho.
3.°)
Como hóstia
satisfatória.
Oferecei-o para satisfazer todos os vossos pecados, e expiar todos os
crimes que se cometem no mundo. Lembrai ao Padre Eterno que Ele nada
nos pode recusar, já que nos deu seu Filho, que ali está
em sua Presença, num estado de Sacrifício e de Vítima
— Vítima que é dos nossos pecados e dos pecados de
todos os homens.
4.°)
Como sacrifício
impetratório,
ou hóstia de oração. Oferecei ao Pai, como o
penhor que nos deu do Amor Divino, para que, confiantes, possamos
dele esperar, em abundância, os bens espirituais e temporais.
Exponde-lhe quais vossas necessidades e pedi-lhe instantemente a
graça de vos corrigir do vosso defeito dominante.
No
Lavabo,
purificai-vos pela contrição a fim de vos tornardes uma
verdadeira hóstia de louvor, agradável a Deus, o que
lhe atrairá um olhar de complacência.
No
Prefácio,
uni-vos ao concerto da Corte Celeste, para louvar, bendizer e
glorificar o Deus três vezes Santo por todos os seus dons de
graça e de glória, e sobretudo por nos ter remido na
Pessoa de Jesus Cristo.
No
Cânon,
associai-vos à piedade e ao amor dos Santos da Nova Lei, para,
com eles, celebrar dignamente a nova encarnação e a
nova imolação que se vão operar pela palavra do
sacerdote. Pedi ao Pai Celeste que, nesse Sacrifício, abençoe
a todos os outros sacrifícios que lhe ofertareis, quer de
virtude, quer de santidade.
Enquanto
o sacerdote, cercado por uma falange de Anjos, se inclina
profundamente cheio de respeito ante a Ação Divina que
lhe cabe realizar; enquanto fala e opera divinamente na Pessoa de
Jesus Cristo, consagra o pão e o vinho no Corpo, no Sangue, na
Alma e na Divindade do Homem-Deus, renovando o mistério da
Ceia, admirai esse Poder inaudito, transmitido aos sacerdotes em
vosso favor.
Depois,
ao baixar Jesus sobre o Altar à palavra do seu ministro,
adorai a Hóstia Santa, o cálice do Sangue de Jesus
Cristo, clamando misericórdia por vós e recebei, qual
outra Madalena, ao pé da Cruz, o Sangue que brota das Chagas
de Jesus.
Oferecei
essa Vitima divina à Justiça de Deus, por vós e
por todos os homens, oferecei-a à sua Misericórdia
infinita e divina, para que seu Coração, à vista
das vossas próprias misérias, se enterneça e vos
abra a fonte de sua Bondade sem fim.
Oferecei
ainda essa mesma Vítima à Bondade de Deus para que Ele
aplique seus frutos de luz e de paz às almas padecentes do
Purgatório, até que esse Sangue lhes apague as chamas
e, purificando-as inteiramente, as torne dignas do Paraíso.
Recitai
o Pater,
com Jesus Cristo em Cruz, perdoando aos seus inimigos, e perdoai, por
vossa vez, do fundo do coração e com toda sinceridade,
àqueles que vos ofenderam.
No
Libera nos,
pedi a Deus que, por Maria e todos os Santos, vos livre dos pecados e
dos males passados, presentes e futuros, bem como de toda ocasião
de pecado.
No
Agnus Dei,
lembrai-vos dos carrascos convertidos no Calvário e, como
eles, batei no peito. Depois recolhei-vos por meio dum ato de fé,
humildade e de confiança, de amor e de desejo, e ide receber a
Jesus Cristo.
III
Se
não comungardes de fato, comungai espiritualmente, do seguinte
modo:
Desejai
ardentemente unir-vos a Jesus Cristo, confessando quão
necessário é para vós viver de sua Vida.
Recitai
um ato de contrição perfeita, por todos os vossos
pecados, passados e presentes, baseada na Bondade e Santidade de
Deus.
Levai,
em espírito, a Jesus Cristo ao fundo de vossa alma,
pedindo-lhe para fazer-vos viver unicamente para Ele, já que
não podeis viver senão por Ele.
Imitai
a Zaqueu tomando boas resoluções, e agradecei a Nosso
Senhor terdes podido assistir à Santa Missa e fazer a Comunhão
espiritual.
Oferecei-lhe,
em ação de graças, uma homenagem particular, um
sacrifício, um ato de virtude, e pedi a Nosso Senhor que vos
abençoe a vós e a todos os vossos parentes e amigos.
COMO
ASSISTIR COM FRUTO À SANTA MISSA
São João Bosco
A
Missa é o Sacrifício do Corpo e do Sangue de Nosso
Senhor Jesus Cristo, que é oferecido a Deus nos altares sob as
espécies do pão e do vinho consagrados.
Trate
de compreender bem, caro amigo, que assistindo à Santa
Missa é como se você visse o Divino Salvador, quando
saiu de Jerusalém para levar a Cruz ao Calvário, onde,
no meio dos mais bárbaros tormentos, foi crucificado,
derramando até a última gota de seu sangue.
Esse
mesmo sacrifício é renovado pelo Sacerdote quando
celebra a Santa Missa, com a única diferença que o
sacrifício do Calvário foi doloroso para Jesus e foi
com derramamento de sangue, ao passo que o sacrifício da Missa
é incruento.
Como
não se pode imaginar coisa mais santa e mais preciosa do que o
Corpo, o Sangue, a Alma e a Divindade de Jesus Cristo,
assim, ao assistir à Missa, você deve estar
convencido de que faz a ação mais santa e gloriosa aos
olhos de Deus e benéfica para sua alma. Jesus Cristo vem em
pessoa aplicar a cada um de nós em particular os merecimentos
daquele Sangue adorável, que derramou por nós no
Calvário. Isso deve nos inspirar suma estima para com
a Santa Missa e ao mesmo tempo um vivíssimo desejo de assistir
bem a ela.
O
triste fato de vermos tantas pessoas voluntariamente distraídas,
sem modéstia, sem atenção, sem respeito, de pé,
olhando para cá e para lá, faz-nos pensar que não
assistem ao divino sacrifício como Nossa Senhora e São
João, e sim, como os Judeus, crucificando outra vez
Nosso Senhor, com grande escândalo para os companheiros e
desonra para nossa fé!
Assista,
pois, meu caro amigo, à Santa Missa com espírito de
verdadeiro cristão, meditando a começar pelo
dolorosa Paixão que Jesus Cristo sofreu pela nossa salvação.
Durante a Missa você deve estar com modéstia e
recolhimento que nada possa perturbar. A mente,
o coração, todos os pensamentos estejam unicamente
ocupados em honrar Deus. Recomendo,
faça grande empenho em assistir à Santa Missa todos os
dias, até com alguns sacrifícios.
Santo
Isidoro, que servia nos trabalhos do campo, para ir à
Missa se levantava de madrugada, para poder depois, no tempo
marcado, estar pronto para fazer os trabalhos que o patrão lhe
determinava. Desse modo, atraía sobre si todas as
bênçãos de Deus e todo trabalho era bem
executado. Lembre-se sempre de oferecer a Santa Missa em
sufrágio pelas almas do Purgatório.
Breves
Orações (em silêncio):
Antes
da Santa Missa: Meu
Senhor e meu Deus, ofereço-vos este santo sacrifício
para a vossa maior glória e para o bem de minha alma.
Concedei-me a graça que meu coração e a minha
mente somente se ocupem de Vós. Afastai de minha alma toda
distração e preparai-me bem para assistir a esta Santa
Missa com o maior recolhimento.
Ato
penitencial: Senhor,
tende misericórdia desta minha pobre alma e das de todos
aqueles por quem sou obrigado a rezar.
Oração
Coleta: Recebei,
ó Senhor, as orações que vos dirige este
sacerdote em nosso nome. Concedei-me a graça de viver e morrer
como cristão em unidade com a Santa Madre Igreja.
Ofertório:
Ofereço-vos,
ó meu Deus, pelas mãos do sacerdote, o pão e o
vinho que devem ser transubstanciados no Corpo e no Sangue de Jesus
Cristo. Ofereço-vos também o meu coração
e a minha vontade, para que possam sempre estar ao vosso serviço.
Elevação
da Hóstia: Humildemente
prostrado, eu vos adoro, meu Senhor, e creio firmemente, que estais
presente na Santíssima Eucaristia.
Elevação
do Cálice: Eterno
Pai, adoro o preciosíssimo Sangue derramado pelo vosso divino
Filho para a salvação da minha alma. Recebei-o pela
minha salvação e pelas necessidades da Igreja.
Ação
de graças após a Comunhão:
Agradeço-vos, meu Jesus, por terdes
sacrificado por mim; fazei que eu sempre possa me sacrificar por Vós.
A
SANTA MISSA E COMO SE DEVE OUVÍ-LA
São Francisco de Sales
São Francisco de Sales
A
Eucaristia é, na verdade, a alma da piedade e o centro da
religião cristã, à qual se referem todos
os seus mistérios e leis. É o mistério da
caridade, pelo qual Jesus Cristo, dando-se a nós, nos enche de
graças dum modo tão amoroso quão sublime.
A
oração feita em união com este sacrifício
divino recebe uma força maravilhosa, de
sorte que a alma, Filotéia, cheia das graças de Deus,
da suavidade de seu espírito e da influência de Jesus
Cristo, se acha naquele estado de que fala a Escritura quando diz que
a Esposa dos Cantares estava reclinada sobre o seu Dileto, inundada
de delícias e semelhante a uma nuvem de fumaça que o
incenso mais precioso levanta o céu, aromatizando o ar.
Faz
o possível para arranjar o tempo necessário de ouvir
todos os dias a Santa Missa, a fim de oferecer juntamente com o
sacerdote o sacrifício do teu divino redentor a Deus, seu Pai,
por ti mesma e por toda a Igreja. São
João Crisóstomo nos afirma que os anjos a ele assistem
em grande número, para honrar com sua presença este
mistério adorável.
Não
devemos duvidar que, unindo-nos com ele num mesmo espírito,
tornemos o Céu propício a nós, enquanto a Igreja
triunfante e militante se ajunta com Jesus neste ato divino, para
ganhar-nos nele e por ele o Coração de Deus, seu Pai, e
merecer-nos todas as suas misericórdias.
Que
dita para uma alma poder concorrer para isso algum tanto, por uma
devoção sincera e afetuosa!
Se
absolutamente não poder ir à igreja, é
necessário então suprires a falta da presença
corporal pela espiritual; nunca omitas, numa hora da manhã, ir
em espírito aos pés do altar, identificar a tua
intenção com a do padre e dos fiéis e ocupar-te
com este santo sacrifício, em qualquer parte que estiveres,
como o farias, se estivesses na igreja.
Proponho-te
em seguida um método de ouvir a Missa devotamente:
a)
Desde o começo da Missa até o padre subir ao altar,
faze com ele a preparação, que consiste em te
apresentares a Deus, em confessares a tua indignidade e em pedires
perdão de teus pecados.
b)
Depois de subir o padre ao altar, até o Evangelho, considera
a vinda e a vida de Nosso Senhor neste mundo, lembrando-te delas com
uma representação simples e geral.
c)
Do Evangelho até depois do Credo considera a pregação
de Nosso Senhor; protesta-lhe sinceramente que queres viver e morrer
na fé, na prática de sua palavra divina e na união
da santa Igreja Católica;
d)
Do Credo ao Pai Nosso (Pater Noster) aplica teu espírito
à meditação da Paixão e morte de Jesus
Cristo, as quais se representam atual e essencialmente neste santo
sacrifício, que oferecerás em união com o
Sacerdote e com todo o povo a Deus, o Pai de misericórdia,
para sua glória e nossa salvação.
e)
Do Pai Nosso (Pater Noster) à comunhão, excita
teu coração, por todos os modos possíveis, a
querer ardentemente unir-se a Jesus Cristo pelos laços mais
fortes do eterno amor.
f)
Da Comunhão ao fim, agradece à sua divina
majestade, por sua encarnação, vida, paixão e
morte e também pelo amor que nos testemunhou neste santo
sacrifício, conjurando-o por tudo isso a ser propício a
ti, a teus parentes e amigos e a toda a Igreja e, ajoelhando-te em
seguida com profunda humildade, recebe devotamente a bênção
que Nosso Senhor te dá na pessoa de seu ministro ordenado.
Querendo,
no entanto, fazer no tempo da Santa Missa a tua meditação
habitual, escusa-te seguir este método. Será suficiente
fazer no começo a intenção de assistir a este
santo sacrifício, tanto mais que quase todas as práticas
deste método se acham sintetizadas numa meditação
bem feita.
I.
ADORAÇÃO AO SANTÍSSIMO SACRAMENTO
Dom
Celso Antônio Marchiori
Bispo
da Diocese de Apucarana – Pr.
1.1.
O QUE A IGREJA FALA SOBRE A ADORAÇÃO AO SANTÍSSIMO
SACRAMENTO?
A
Igreja nos ensina que “A reserva do Corpo de Cristo para a Comunhão
dos enfermos criou entre
os
fiéis o louvável costume de se recolherem em oração
para adorar Cristo realmente presente no
Sacramento
conservado no sacrário. Recomendada pela Igreja aos Pastores e
fiéis, a adoração do
Santíssimo
é uma alta expressão da relação existente
entre a celebração do sacrifício do Senhor e a
sua
presença permanente na Hóstia Consagrada”(cf. De
sacra Communione, 79-100; Eclesia de
Eucaristia,
25; Mysterium fidei; Redemptionis Sacramentum, 129-141). Sobre este
ponto assim se
expressa
o Romano Pontífice em sua Exortação Apostólica
Pós-sinodal, Sacramentum Caritatis, nº
66:
“De fato, na Eucaristia, o Filho de Deus vem ao nosso encontro e
deseja unir-Se conosco; a
adoração
eucarística é apenas o prolongamento visível da
celebração eucarística, a qual, em si
mesma,
é o maior ato de adoração da Igreja: receber
a Eucaristia significa colocar-se em atitude
de
adoração d'Aquele que comungamos. Precisamente assim, e
somente assim, é que nos tornamos
um
só com Ele e, de algum modo, saboreamos antecipadamente a
beleza da liturgia celeste. O ato
de
adoração fora da Santa Missa prolonga e intensifica
aquilo que se fez na própria celebração
litúrgica.
Com efeito, “somente na adoração pode maturar um
acolhimento profundo e verdadeiro.
Precisamente
neste ato pessoal de encontro com o Senhor amadurece depois também
a missão
social,
que está encerrada na Eucaristia e deseja romper as barreiras,
não apenas entre o Senhor e
nós
mesmos, mas também, e sobretudo, as barreiras que nos separam
uns dos outros”. Portanto,
“O
permanecer em oração diante do Senhor vivo e verdadeiro
no santo Sacramento amadurece
nossa
união com ele: dispõe-nos para a frutuosa celebração
da Eucaristia e prolonga as atitudes de
culto
por ela suscitadas”(Ano da Eucaristia. Nº 13 - 15
de Outubro de 2004)
1.2.
SEGUNDO A BÍBLIA O QUE DEUS NOS FALA SOBRE A ADORAÇÃO
AO
SANTÍSSIMO
SACRAMENTO?
Na
Bíblia não vamos encontrar literalmente a expressão:
“adoração ao Santíssimo Sacramento”.
Mas,
na verdade, o que é o Santíssimo Sacramento? É
Deus presente no meio do seu povo. É Jesus
atuando
na história. Portanto, vamos encontrar na Bíblia
diversos textos que nos sugerem adoração
a
Deus. De fato, somente a Deus devemos adorar. Adorar a Deus é
o máximo que podemos fazer
enquanto
passamos pelos caminhos da existência terrestre. Nossa primeira
atitude como criaturas
diante
do Criador é, sem dúvida, a adoração.
Pela adoração exaltamos a grandeza do Senhor que
nos
fez e a onipotência do Salvador que nos liberta do mal. A
adoração do Deus três vezes santo e
sumamente
amável nos enche de humildade e dá garantia a nossas
súplicas. No Antigo Testamento
podemos
ler freqüentes vezes expressões como estas: “Todo o
povo se prostrou com o rosto em
terra
para adorar e bendizer no céu aquele que os havia conduzido ao
triunfo”(1Mac 4, 55). “Assim
vos
bendirei em toda a minha vida, com minhas mãos erguidas vosso
nome adorarei”(Sl 62, 5). “É
somente
a vós, Senhor, que devemos adorar”(Br 6, 5). “Prostrando-se
diante dele, o adoraram”(Mt
2,
11). “...os verdadeiros adoradores hão de adorar o Pai em
espírito e verdade, e são esses
adoradores
que o Pai deseja”( Jo 4, 23). Quando nos prostramos em adoração
a Jesus no Santíssimo
Sacramento,
somos muito mais felizes que Abraão, Moisés, Davi, os
Profetas... Sem dúvida, eles
adoraram
a Deus Santíssimo, ou como é comum na Bíblia, ao
Deus três vezes Santo, ou ao Santo,
Santo,
Santo, o Senhor Deus do universo. Mas como nos diz a Palavra em Hb
11, 13, eles
“morreram
firmes na fé. Não chegaram a desfrutar a realização
da promessa, mas puderam vê-la e
saudá-la
de longe e se declararam estrangeiros e peregrinos na terra que
habitavam”. Nós, porém,
somos
privilegiados. Diante do Santíssimo Sacramento, nossa
experiência se identifica com a
experiência
dos Apóstolos, pois estamos diante de Jesus vivo e operante.
No silêncio, ele nos ensina
como
Mestre. Encerrado no Sacrário ele nos dá a liberdade,
escondido na Hóstia Consagrada ele
nos
revela a glória de Deus Pai e o poder do Espírito
Santo. Assim como no deserto o Senhor Deus
libertou
seu povo da escravidão do Egito, no Santíssimo
Sacramento o Senhor Jesus nos liberta de
nossa
aridez espiritual, de nosso egocentrismo, de nossos vãos
desejos. Ele nos liberta da escravidão
do
pecado e nos conduz à vida da graça. Ele nos aproxima
do Pai celestial e de todos os irmãos e
irmãs,
faz-nos crescer em comunhão, torna-nos solidários com
os mais carentes e nos abre o
coração
para acolhermos a vontade de Deus. No Santíssimo Sacramento,
Jesus é nosso refúgio e
nossa
segurança, nossa paz, nosso caminho, nossa vida e nossa
verdade. Ali no tabernáculo Jesus
nos
aponta para o Tabernáculo eterno.
1.3.
COMO PREPARAR-SE PARA PRATICAR A ADORAÇÃO AO SANTÍSSIMO
SACRAMENTO?
É
recomendável, para um aproveitamento mais eficaz da devoção
eucarística, que os adoradores
estejam
em estado de graça, ou seja, que pratiquem a confissão
sacramental com mais freqüência,
busquem
viver uma vida digna, sejam testemunhas fiéis, sejam assíduos
à leitura orante da Bíblia,
especialmente
que conheçam os Santos Evangelhos como também tenham
sempre mais interesse
pelo
estudo da doutrina católica, sobretudo pelo que a Igreja
ensina através de seu Catecismo e de
seus
documentos. Reconhecendo Jesus na Eucaristia, precisamos também
reconhecê-lo entre nós,
em
todas as pessoas e especialmente na pessoa dos mais sofredores.
1.4.
COMO FAZER A ADORAÇÃO AO SANTÍSSIMO SACRAMENTO?
Segundo
a tradição da Igreja, exprime-se de diversas
modalidades:
–
a simples visita ao
Santíssimo Sacramento, conservado no Sacrário: breve
encontro com Cristo,
sugerido
pela fé na sua presença e caracterizado pela oração
silenciosa;
–
a adoração
diante do Santíssimo Sacramento exposto, segundo as normas
litúrgicas, na custódia
ou
na píxide, de forma prolongada ou breve;
–
a adoração
perpétua, a das Quarenta Horas ou noutras formas, que empenham
toda a comunidade
religiosa,
uma associação eucarística ou uma comunidade
paroquial, e que são ocasião de
numerosas
expressões de piedade eucarística (cf. Diretório,
165).
-
cada um de nós tem sua criatividade; são inúmeras
as formas que nos ajudarão a adorar profunda e
respeitosamente
a Jesus Eucarístico; diversos são os instrumentos que
podemos usar para nos
ajudarem
a rezar com eficácia diante do Santíssimo; temos a
Bíblia, especialmente os Salmos, o
rosário
é um valioso e eficaz instrumento para nossa adoração,
existe ainda uma infinidade de livros
de
orações; mas nunca nos esqueçamos de que se faz
muito importante o silêncio; a oração
silenciosa
e contemplativa é de um valor sem medida; precisamos resgatar
o silêncio em nossas
adorações
eucarísticas; nós precisamos aprender a cultivar o
silêncio que nos leva às profundezas do
ser,
onde podemos realmente ter um encontro alegre e salvífico com
o Senhor.
1.5.
QUAIS OS BENEFÍCIOS E EFEITOS DA ADORAÇÃO AO
SANTÍSSIMO
SACRAMENTO?
Adorar
Jesus no Santíssimo Sacramento, além de nos encher de
alegria, também sentimos
amadurecer
nossa união com Ele; somos mais livremente conduzidos à
celebração da Eucaristia e
saudavelmente
crescemos no amor a Deus e ao próximo. Em outras palavras,
essa relação pessoal
com
o Senhor favorece um contínuo crescimento na fé e
prolonga a graça do Sacrifício Eucarístico
celebrado
especialmente no Domingo(Dies Domini). A Eucaristia estimula à
conversão e purifica o
coração.
Reaviva nosso coração e nos impulsiona à
celebração da Missa Dominical. O ato de adorar
Jesus
no Santíssimo Sacramento nos aproxima de Deus Pai, abre nosso
coração para a ação do
Espírito
Santo, faz arder nosso coração quando lemos as
Escrituras, especialmente os Santos
Evangelhos,
impulsiona-nos para irmos ao encontro dos irmãos,
especialmente os mais
necessitados,
firma-nos como discípulos e nos faz ardorosos missionários.
Nosso “encontro com o
Senhor,
presente na Eucaristia, amadurece também a missão
social, que está encerrada na Eucaristia
e
deseja romper as barreiras não apenas entre o Senhor e nós
mesmos, mas também e, sobretudo, as
barreiras
que nos separam uns dos outros”(Bento XVI). A adoração
ao Santíssimo Sacramento
purifica
e alimenta a comunhão entre os esposos; tonifica o ministério
dos Pastores da Igreja e a
docilidade
dos fiéis ao seu magistério; os enfermos experimentam a
comunhão com o sofrimento de
Cristo;
todos se sentem motivados a buscar a reconciliação
sacramental para poderem comungar
com
proveito; a comunhão e a unidade são garantidas entre
os múltiplos carismas, funções,
serviços,
grupos e movimentos no seio da Igreja; todas as pessoas empenhadas
nas diversas
atividades,
serviços e associações de uma paróquia,
são identificadas por atitudes pautadas pelos
valores
do Evangelho e por uma espiritualidade de comunhão; e ainda, a
adoração ao Santíssimo
sustenta
as relações de paz, de entendimento e de concórdia
na cidade terrena, entre todos os seres
humanos.
“Prostrando-nos diante da Eucaristia, aprenderemos de maneira certa
o que significa
comunhão,
cultura do diálogo, vida solidária, serviço aos
mais necessitados e respeito à dignidade
humana.
Graças à iniciativa do Senhor que quis permanecer
conosco podemos aprender dele as
melhores
lições. A busca incessante de muitos homens de hoje em
responder às suas grandes perguntas não pode ser
desvinculada da fé que nos faz prostrar diante de Jesus
“simples” (DIEGO TALES).
Portanto,
“Permaneçamos longamente prostrados diante de Jesus presente
na Eucaristia, reparando
com
a nossa fé e o nosso amor os descuidos, os esquecimentos e até
os ultrajes que nosso Salvador
deve
sofrer em tantas partes do mundo” (Mane Nobiscum Domine, n.18). No
Documento para o
Ano
da Eucaristia, Nº 6, encontramos este salutar ensinamento: “A
Eucaristia nos torna santos, e
não
pode existir santidade que não esteja encarnada na vida
eucarística. “Quem come a minha carne
viverá
por mim” (Jo 6,
57).
1.6.
QUAIS OS PREJUÍZOS QUANDO NÃO PRATICAMOS A ADORAÇÃO
AO
SANTÍSSIMO
SACRAMENTO?
Segundo
o Papa Bento XVI, “pecaríamos se não adorássemos”
o Santíssimo Sacramento. Diante de
Jesus
Sacramentado encontramos refúgio, alento, renovação
de nossas forças desgastadas pelos
inúmeros
trabalhos e preocupações. Se deixarmos de procurar
Jesus no Santíssimo Sacramento não
estamos
em comunhão com Ele que se entrega totalmente a nós na
celebração da Missa. Não
praticar
a adoração ao Santíssimo Sacramento pode
significar que Jesus não está em primeiro lugar
em
nossa vida. E se Ele não ocupa o primeiro lugar em nossa vida,
estamos em dificuldades, pois
“sem
Ele nada podemos fazer”(Jo 15, 5); sem Jesus deixamos de produzir
frutos, ou seja, virtudes,
atos
de amor, e se não somos virtuosos ou não praticamos
atos de amor, tornamo-nos perigosos para
nós
mesmos e para os que conosco convivem. Sem Jesus falamos o que não
convém, o que não
edifica;
fazemos coisas que impedem nosso crescimento no Reino de Deus e,
conseqüentemente,
nossa
comunhão com Deus e com os irmãos fica comprometida.
Sem adoração a Jesus no
Santíssimo
Sacramento perdemos muitas graças, muitas bênçãos;
e, ainda, não contribuímos para
que
o Reino de Deus cresça, para que os pecadores se convertam,
para que a paz, que é fruto da
justiça,
reine em nossos corações, em nossos lares, em nossas
comunidades, em nossa sociedade e
no
mundo. Os prejuízos seriam muitos. Poderíamos
identificá-los com o que encontramos em Jo 15,
se
não permanecermos unidos a Jesus. E é dEle mesmo que
escutamos este apelo “sem mim nada
podeis
fazer”(Jo 15, 5).
1.7.
QUAL A REGULARIDADE PARA PRATICAR A ADORAÇÃO AO
SANTÍSSIMO
SACRAMENTO?
Felizmente
não existe limite. Sempre que tenhamos tempo disponível
e Igreja ou Oratório por perto,
aproveitemos
para fazer uma visita ao Senhor presente no Santíssimo
Sacramento. Especialmente
busquemos
a Jesus sacramentado antes da Missa Dominical, ou ainda, quando
estivermos passando
por
uma Igreja ou Oratório, sintamo-nos livres para irmos ao
encontro do senhor que alegremente
nos
aguarda no Sacrário para nos acolher e derramar sobre nós
suas graças, seu carinho e seu amor.
Quanto
mais permanecemos ao lado de quem nos ama mais nos sentimos amados.
Quanto mais
perto
de Jesus no Santíssimo Sacramento, mais nos sentimos amados
por ele, e, consequentemente,
mais
nos sentimos impelidos a amar nossos semelhantes. Segundo Bento XVI
“É bom demorar-se
com
Ele e, inclinado sobre o seu peito como o discípulo
predileto(cf. Jo 13, 25), deixar-se tocar pelo
amor
infinito do seu coração. Se atualmente o cristianismo
se deve caracterizar sobretudo pela «arte
da
oração», como não sentir de novo a
necessidade de permanecer longamente, em diálogo
espiritual,
adoração silenciosa, atitude de amor, diante de Cristo
presente no Santíssimo
Sacramento?
Quantas vezes, meus queridos irmãos e irmãs, fiz esta
experiência, recebendo dela
força,
consolação, apoio!”. Sigamos o exemplo de tantos
santos e santas que “na Eucaristia
encontraram
o alimento para o seu caminho de perfeição. Quantas
vezes eles verteram lágrimas de
comoção
na experiência de tão grande mistério e viveram
indizíveis horas de alegria ‘esponsal’
diante
do Sacramento do altar”.(Mane Nobiscum Domine, n.31). Daí
que, ainda neste mesmo
Documento,
somos assim motivados: “A presença de Jesus no tabernáculo
deve constituir como que
um
pólo de atração para um número sempre
maior de almas apaixonadas por Ele, capazes de ficar
longo
tempo escutando a voz e quase que sentindo o palpitar do
coração”(Mane Nobiscum Domine,
n.
18). Neste mesmo documento, no nº 30, dirigindo-se especialmente
aos consagrados e
consagradas,
João Paulo II faz um veemente convite dizendo “Jesus no
Sacrário espera por vós
junto
d'Ele, para derramar nos vossos corações aquela
experiência íntima da sua amizade que é a
única
que pode dar sentido e plenitude à vossa vida”. Acolhamos
nós também esse amável convite e
não
hesitemos em correr ao encontro do Senhor para permanecermos em
oração diante d’Ele.
1.8.
QUEM PODE E QUEM DEVE PRATICAR A ADORAÇÃO AO SANTÍSSIMO
SACRAMENTO?
Podem
e devem praticar a adoração ao Santíssimo
Sacramento todos os que acreditam na presença
real
de Jesus na Santíssima Eucaristia e querem viver uma
experiência de intimidade com o Senhor
ressuscitado.
A adoração eucarística é um prolongamento
da celebração da Missa, de tal forma, que
ficará
faltando alguma coisa para quem realiza sua adoração e
não participa da Missa,
especialmente
aos Domingos, pois “A celebração eucarística
é, com efeito, o coração do Domingo”.
Poderíamos
dizer, então, que somente quem celebra o Domingo, com sua
participação na
celebração
da Missa, pode realmente adorar o Senhor no Santíssimo
Sacramento, a não ser que se
esteja
impedido, por algum motivo, de participar da celebração
dominical. A adoração eucarística é
um
exercício espiritual, pessoal ou comunitário, que nasce
da celebração do memorial da Páscoa do
Senhor,
a Santa Missa, e a este mistério o adorador deve ser
conduzido. Então, podemos afirmar
que
“o verdadeiro adorador é alguém que participa
plenamente da Ceia do Senhor, onde recebe o
Pão
da Vida e o toma do Cálice da Salvação. Ele
consegue, na prece silenciosa diante da Eucaristia,
fazer
passar pelo coração (recordar) as maravilhas de Deus. É
alguém que ama verdadeiramente a
sua
comunidade eclesial e que não recusa jamais o serviço
aos irmãos e irmãs, prolongando, assim,
a
Eucaristia na vida”. O verdadeiro adorador busca profeticamente
construir a comunhão e a
unidade
na comunidade onde vive e desenvolve sua fé. Quem pratica com
devoção e humildade a
adoração
ao Santíssimo Sacramento vive como os primeiros cristãos,
como está registrado no livro
dos
Atos dos Apóstolos, que eram assíduos à oração,
com Maria, mãe de Jesus. E que “Unidos de
coração
freqüentavam todos os dias o templo”(cf. At 1, 14; 2, 46).
A ORAÇÃO
Pe.
Luiz Fernando
Reitor
do Seminário Cristo Ressuscitado – Curitiba – Pr.
2.1.
SEGUNDO A BÍBLIA O QUE DEUS NOS FALA SOBRE A ORAÇÃO?
Na
perspectiva do Antigo Testamento, segundo o Catecismo da Igreja, a
oração
é vista, nas primeiras passagens bíblicas, como um modo
concreto e bonito de
relacionamento
com Deus que se mostra mediante a apresentação de
oferendas a Deus, ou pela
invocação
do nome de Deus, ou ainda como uma caminhada com Deus. À luz
dos relatos
bíblicos,
que nos narram diversas experiências espirituais dos grandes
homens de Deus,
encontraremos
várias noções que nos levam a entender o que
seja a oração. No chamamento de
Abraão
e na sua resposta a Deus, a oração se expressa como uma
escuta atenta e silenciosa do
coração
à voz de Deus e como uma resposta concreta na obediência
a Ele, (obediência significa
em
latim, ouvir com atenção), buscando realizar a vontade
de Deus, por meio de ações
concretas,
e que por sua vez requer como fundamento único o dom da fé
na fidelidade de Deus.
“A
oração restaura o homem a semelhança de Deus e o
faz participar do poder do amor de Deus
que
salva a multidão”. Na experiência de Jacó a
oração pode ser definida como o combate da fé
e
como a vitória da perseverança. Na profunda experiência
de Moisés a oração revela sua
dimensão
de intercessão, de diálogo com Deus, que por primeiro
vem ao seu encontro,
revelando
sua mais bela face, a da contemplação, pois Moisés
falava com Deus face a face.
Neste
âmbito a oração se apresenta como um encontro
íntimo com Deus. Por sua vez em Davi a
oração
adquire um rosto novo, de louvor e ação de graças,
expressando sua adesão fiel, sua
confiança
e alegria no Senhor. Já na experiência espiritual dos
Profetas a oração é revelada
como
uma escuta e fidelidade a Palavra de Deus, que impulsiona as
específicas missões de falar
em
nome de Deus. E os salmos são a própria Palavra de Deus
que se faz oração, pessoal e
comunitária,
ensinando-nos a orar sempre, em todas as circunstâncias da
vida, se caracterizando
pela
simplicidade e espontaneidade num contínuo desejo de Deus,
aqui a oração reflete a
vivência
da fé nos diversos acontecimentos da nossa vida.
Na
perspectiva do Novo Testamento, com a manifestação do
Filho de Deus, a
oração
encontra sua plena revelação em Jesus, que reza com seu
coração humano, sendo um
coração
de Filho. Desse modo a oração possui uma novidade: a
oração se manifesta como
oração
filial, como um encontro com o Pai. Jesus sendo um homem de oração
nos mostra toda a
força
da oração, e sua importância na vida humana e nos
seus momentos decisivos
configurando-se
segundo o testemunho de Jesus: como uma entrega humilde e confiante a
vontade
amorosa do Pai, como uma adesão amorosa do coração
ao mistério da vontade do Pai,
como
uma ação de graças, que deve vir por primeiro.
Nos
Evangelhos Jesus deixa seu ensinamento sobre a oração,
que deve ser
assim
compreendida: como um encontro filial com o Pai, movido pelo Espírito
Santo, que nasce
de
um coração humilde e reconciliado com todos, fruto de
uma fé viva, e em constante
vigilância.
A oração, em sua própria essência, requer
algumas propriedades: primeiro a
persistência;
depois a paciência e por fim a humildade. A grande novidade que
Jesus nos traz,
mediante
a sua encarnação, é esta: a oração
dos discípulos deve ser feita, “em seu Nome”, pois
Ele
é o caminho, a verdade e a vida, nosso Intercessor diante do
Pai. E por fim no Magnificat
aprendemos
de Maria qual a finalidade última da oração
cristã: a união com Deus, nossa
comunhão
com Ele, “ser todo dele porque Ele é todo nosso”.
2.2.
COMO PREPARAR PARA A ORAÇÃO?
Para
uma boa oração necessitamos estar atentos para algumas
condições
prévias
que nos ajudam a viver a oração como uma experiência
de encontro com Deus, ou seja,
para
uma oração profunda e verdadeira necessitamos de uma
preparação, que servirá de apoio e
ajuda
para que a oração flua em intimidade e profundidade.
a.
Disposição interior:
vai-se para a oração não apenas para cumprir um
dever ou para encarar
algo
difícil ou inútil, mas para dialogar com o Pai, para um
encontro de amor, procurando
ouvir
o Espírito Santo e aprender com Ele; por isso a primeira
exigência é entrar num clima
de
oração, com um coração que tenha desejo
de Deus e de sua Palavra.
b.
Escolher um bom lugar, onde
possa rezar melhor, que ajude a viver o clima de oração:
assim
como Jesus se retirava para lugares específicos como o
deserto, a montanha, também
nós
precisamos ficar a sós com Deus, e o lugar deve ser propício
para isso.
c.
Tempo: É indispensável
se preparar para a oração definindo um horário
do dia que seja
mais
favorável a sua oração, fixando um tempo
determinado para isso, e procurando ser fiel
a
Ele, pois Jesus se levantava de madrugada para rezar, e passava mesmo
a noite inteira em
oração
( Lc 6, 12; Mc 1, 35 ).
d.
Posição do corpo:
Encontrar a uma boa posição física, o que não
significa a mais cômoda,
que
facilite a concentração e possibilite que a oração
flua com naturalidade, evitando assim
que
se perca o foco e o ritmo da oração.
e.
Serenidade Interior: Quando se
está agitado emocionalmente e com um coração
inquieto e
perturbado
a oração encontrará maior dificuldade de
acontecer com fluidez e profundidade,
por
isso se requer dispor o coração na paz, acalmar as
paixões, esvaziar-se das preocupações
da
vida, entregando-se pela fé ao Senhor Jesus e clamando a graça
do Espírito Santo para o
apaziguamento
do coração.
f.
Silêncio Exterior: Em
meio a tanto barulho, que muitas vezes independe de nossa vontade,
sendo
externo a nós, requer uma capacidade interior de desligar-se,
evitando prestar atenção
ao
barulho, não se incomodando com ele, mudando o foco de sua
atenção para o que se está
disposto
a vivenciar naquele momento da oração, como nos diz
frei Clodovis : o ruído já não
mais
incomoda por dentro, embora persista por fora.
g.
Silêncio Interior: Aqui
se deve buscar o recolhimento, como encontro consigo mesmo,
visando
voltar-se para si mesmo, livrando-se do que possa tirar o foco do
diálogo com Deus,
não
mais daquilo que é exterior, mas agora das agitações
interiores. “Pois como Deus poderá
preencher
seu coração com sua presença, se você está
entulhado de tantas coisas”. Só uma
mente
recolhida e tranqüila dialoga com Deus, assim é preciso
esvaziar a cabeça,
tranqüilizar
o coração, focar-se em Deus.
h.
Dar-se conta do valor e da importância
da Oração: Eis um princípio básico
para começar
e
perseverar na oração, reconhecendo que isto é
fundamental para minha vida, assim como o
ar
que eu respiro. Não se faz aquilo que não se julga
importante. Por isso devo antes de tudo
tomar
consciência daquilo que vou fazer quando estou a orar: vou
realizar para um encontro
de
fé com o Pai, que me atrai ao seu amor, mesmo quando eu não
venho a sentir esse amor,
mas
poderei perceber que isso é verdade; e que o mais importante
é: unir-me a Deus, pois
esta
é a finalidade da oração, independente se sinto
sua presença ou não.
i.
Pedir a presença do Espírito
Santo: Esta exigência é peculiar a longa
tradição da Igreja,
uma
vez que o Espírito é o doce hóspede da alma e o
nosso Mestre Interior, somente sob sua
moção
podemos viver bem nossa oração pessoal, sendo por ele
iluminado neste desejo de
profunda
união com nosso Salvador e Senhor Jesus Cristo.
QUAIS OS BENEFÍCIOS E
EFEITOS DA ORAÇÃO?
A
oração pessoal possibilita aquele que reza com fé
e com perseverança, pois
neste
assunto não há imediatismo nem mágicas, e para
tanto requer persistência e fidelidade,
angariar
no âmbito humano, como nos ensina frei Clodovis, quem reza e
medita adquire uma
identidade
mais sólida. Ganha em auto-realização, vê
mais sentido nas coisas, percebe mais
encanto
em seu mundo, sente-se mais cheio de serenidade, equilíbrio e
felicidade interior, cresce
sua
sensibilidade aos valores profundos da vida, e mais ainda, a oração
ajuda a recuperar a
saúde,
protege contra a perda da harmonia interior, propiciando autocontrole
e serenidade do
coração,
e permite enfrentar os problemas da vida com melhores chances de
sucesso.
Por
sua vez no âmbito espiritual a oração gera uma
confiança filial em Deus,
de
quem tudo recebemos, nos impulsiona a uma fé mais viva, ao
mesmo tempo que dela
procede,
fortalece nossa vontade na busca pela santidade de vida, nos leva a
uma experiência
mais
profunda do amor de Deus, faz iniciar em nós um processo
contínuo de cura interior, assim
como
vai sedimentando em nosso coração as virtudes cristãs,
e opera a libertação interior dos
vícios
e de seu enraizamento em nossas estruturas humanas. Uma vez que não
podemos dizer
Jesus
é o Senhor senão pela moção do Espírito
Santo, como nos ensina o Catecismo: “cada vez
que
começamos a orar a Jesus é o Espírito Santo que,
por sua graça preveniente, nos atrai ao
caminho
da oração”, assim sendo, o Espírito Santo é
o nosso Mestre interior que move nossa
oração,
que derramado aumenta em nós os seus dons. E desejamos
acrescentar o fruto por
excelência
da oração cristã que nos faz experienciar a
graça da salvação que Jesus veio trazer a
todos
os que nEle crer, pois quem nele crê possui a vida eterna.
QUAIS OS PREJUÍZOS
QUANDO NÃO SE TEM A ORAÇÃO PESSOAL?
Por
conseguinte aquele que não reza se priva de todos esses
benefícios
espirituais
e humanos. Uma vez que a oração nos leva a um encontro
com Deus e consigo
mesmo,
quem não encontra a Deus também acaba por perder a si
mesmo. A falta de oração
deixa
o coração fragilizado diante das angústias e
problemas da vida. No livro de Jó temos um
testemunho
de como a oração é fonte de fortaleza da alma e
de firmeza da fé diante das diversas
tragédias
que podem acontecer nesta vida. Sem a oração o homem
perde o sentido maior desta
vida,
e de sua transcendência na direção de Deus. Uma
vez que orar é sempre possível, aquele
que
não reza perde a oportunidade de direcionar sua vida e os
acontecimentos a sua volta,
mesmo
os mais trágicos, para Deus e nEle viver a dimensão da
aceitação, mesmo quando não é
possível
compreende-los. A falta de oração enfraquece a alma
humana, e a pessoa que deixa de
rezar
se torna mais sujeita a perder o auto-domínio de si mesmo e de
seus impulsos, assim quem
não
ora se torna mais propenso ao pecado. É muito clara a
exortação do Catecismo nº. 2774: “Se
não
nos deixarmos levar pelo Espírito, cairemos de novo na
escravidão do pecado”. Aquele que
não
possui uma vida de oração pessoal certamente se torna
mais aberto às seduções desse
mundo
e às tentações do mal. Como nos diz Santo Afonso
Maria de Ligório: “Quem reza
certamente
se salva; quem não reza certamente se condena”. E São
João Crisóstomo nos ensina
algo
similar: “É impossível que caia em pecado o homem que
reza”, o que equivale a dizer que
quem
não reza facilmente acabará pecando.
COMO
DEVE SER A ORAÇÃO PESSOAL?
A
oração pessoal deve antes de tudo ser pessoal, onde
cada pessoa encontrará
seu
próprio caminho na oração sendo guiado pelo
Espírito Santo e norteado pelos ensinamentos
profundos
que a Igreja nos deixou em sua riquíssima Tradição,
a partir das diversas experiências
dos
grandes santos e santas da Igreja. Cada um deve encontrar seu método
de Oração Pessoal, e
a
forma de oração pelo qual vai se identificando,
passando pela Oração Vocal, de louvor e de
intercessão,
adentrando nos esquemas místicos da meditação e
da contemplação, como oração
mental,
e perpassando pela Lectio Divina, leitura orante da Bíblia, ou
pela Oração dos Salmos,
Liturgia
das Horas, ou ainda pela Oração do Santo Terço,
como devoção mariana, ou passando
pela
invocação do nome de Jesus, mediante diversas
jaculatórias, sendo que todas elas devem
convergir
para o sentido último de nossa vida: a adoração.
O
importante é encontrar-se naquela forma de oração
que mais o identifica
com
sua realidade existencial e com seus desejos espirituais de encontro
com Deus; assim como
deve
se priorizar antes de tudo a fidelidade à oração
pessoal, na busca da união com Deus, e não
simplesmente
de sentir a Deus, pois sentir Deus não depende de nós,
isto é graça, dom gratuito,
que
Deus concede a quem quiser e quando desejar, mas o buscar a Deus,
isso depende da minha
vontade.
“Contudo o sentir Deus não é ainda o principal na
vida espiritual. O principal está em
querer
a Deus por si mesmo. Pois o sentir Deus não está sempre
ao nosso alcance, enquanto o
querer
Deus sim”, nos alerta frei Clodovis.
A
oração pessoal deve concretizar o pedido de Jesus:
“Orai sem cessar”, em
todas
as circunstâncias da vida, o que equivale a dizer que todas as
circunstâncias, todos os
acontecimentos
são meios pelos quais podemos fazê-los oração,
aqui vida e oração se
encontram,
ambas se cruzam, a vida se faz oração, e oração
se faz nossa vida. Adorar a Deus em
espírito
e em verdade, este é o ideal proposto por Jesus. Comentando
esta passagem Monsenhor
Jonas
Abib ensinava que esta adoração a Deus dever ser feita
no Espírito, que clama em nós
Abba
Pai, e em verdade, na verdade de nossa vida, com tudo aquilo que
estamos passando em
nossa
realidade existencial e espiritual, do contrário nossa oração
corre o risco de ser mentirosa.
A
oração pessoal deve ser fruto do nosso amor a Deus,
pois onde o não há
amor
tudo se torna insignificante, já nos dizia Santa Terezinha:
Nada é pequeno onde o amor é
grande,
como também deve ser expressão de um compromisso de
vida, algo de fato vital para
nós,
sem a qual a vida perde sentido, uma vez que sem esse comprometimento
com Deus e
fidelidade
perseverante à oração pessoal corremos o risco
de um não progredir na fé, de
paralisar
nosso crescimento espiritual, e assim não chegarmos à
plena estatura do Cristo, como
meta
de toda vida cristã, segundo nos propõe São
Paulo.
RECONCILIAÇÃO
Sacramento
da misericórdia de Deus
Pe.
Ednilson de Jesus, MIC
Reitor
do Santuário da Divina Misericórdia - Curitiba
INTRODUÇÃO:
Cresce
cada vez mais na consciência dos cristãos a necessidade
de viver na graça de Deus.
Sabemos
pela Palavra de Deus, que a única coisa que pode nos afastar
do amor de Deus é o pecado,
pois
o pecado é desobediência a Deus, afastamento de Deus,
desejo humano de ser “como deuses”,
conhecendo
e determinando o bem e o mal (Gn 3,5). Mas, a misericórdia
infinita de Deus não recua
diante
do nosso pecado: Deus não nos rejeita, mesmo quando voltamos
às costas para Ele. Como o
pastor
que vai atrás da ovelha perdida (Lc 15, 1-7), Deus vai ao
nosso encontro, não para condenar,
não
para punir ou acertar as contas, mas para salvar e amar. Nisso reside
o mistério da misericórdia
divina.
Como
nos ensina o Catecismo (n. 1846), “o Evangelho é a
revelação, em Jesus Cristo, da
misericórdia
de Deus para com os pecadores”. Desde o anúncio da vinda de
Jesus, já se destaca sua
tarefa
de reconciliador entre Deus e os homens. Lemos no início do
Evangelho de São Mateus o que
o
anjo disse a José: “Por-lhe-ás o nome de Jesus,
porque Ele salvará o seu povo dos seus pecados”
(Mt
1, 21).
Queremos
propor neste artigo elementos para um aprofundamento da reflexão
sobre o
sacramento
da reconciliação, a fim de que você e eu possamos
nos aproximar ainda mais de Deus
pela
vivência desse sinal visível e extraordinário de
sua infinita misericórdia. Pautamo-nos,
sobretudo,
pela Palavra de Deus e pelo Catecismo da Igreja Católica,
cujas referências estão aqui
apresentadas
para favorecer seu estudo pessoal do tema.
3.1.
O QUE A IGREJA FALA SOBRE A RECONCILIAÇÃO.
O
Catecismo da Igreja Católica é, sem dúvida, a
grande referência da palavra da Igreja sobre
as
verdades da fé, incluindo o sacramento da reconciliação.
Ele faz alusão a outros textos
importantes
do magistério da Igreja (os escritos dos papas, documentos do
Concílio Vaticano II,
etc).
A
reconciliação deve ser compreendida à luz do
ensinamento da Igreja sobre o pecado.
Convido
você a dedicar algum tempo para estudar o que o Catecismo nos
ensina sobre este tema (n.
1846-1876).
A melhor síntese do que é o pecado foi descrita por
Santo Agostinho, que escreveu: “O
pecado
é amor de si mesmo até ao desprezo de Deus”. Santo
Agostinho, sem dúvida, viveu a
experiência
do pecado e da misericórdia, como nos relata em suas
Confissões.
Por isso, ele é aqui
citado
diversas vezes, como uma referência pessoal, mas também
como o maior representante da
tradição
patrística da Igreja.
Onde
o pecado manifestou toda sua força e violência? O
Catecismo responde a esta pergunta
dizendo:
“É
precisamente na paixão, em que a misericórdia de Cristo
o vai vencer, que o pecado
manifesta
melhor a sua violência e a sua multiplicidade: incredulidade,
ódio assassino,
rejeição
e escárnio por parte dos chefes e do povo, cobardia de Pilatos
e crueldade dos
soldados,
traição de Judas tão dura para Jesus, negação
de Pedro e abandono dos
discípulos.
No entanto, mesmo na hora das trevas e do príncipe deste
mundo, o sacrifício
de
Cristo torna-se secretamente a fonte de onde brotará,
inesgotável, o perdão dos nossos
pecados”
(Catecismo, n. 1851).
O
Concílio Vaticano II nos ensina que a reconciliação
tem um duplo sentido: em primeiro
lugar,
refere-se ao nosso reencontro com Deus; em segundo lugar, significa
também nossa
reconciliação
com a Igreja: “Aqueles que se aproximam do sacramento da Penitência
obtêm da
misericórdia
de Deus o perdão da ofensa a Ele feita e, ao mesmo tempo, são
reconciliados com a
Igreja,
que tinham ferido com o seu pecado, a qual, pela caridade, exemplo e
oração, trabalha pela
sua
conversão” (LG, 11).
O
Catecismo reforça este ensinamento, quando escreve:
“O
pecado é, antes de mais, ofensa a Deus, ruptura da comunhão
com Ele. Ao mesmo
tempo,
é um atentado contra a comunhão com a Igreja. É
por isso que a conversão traz
consigo,
ao mesmo tempo, o perdão de Deus e a reconciliação
com a Igreja, o que é
expresso
e realizado liturgicamente pelo sacramento da Penitência e
Reconciliação”
(Catecismo,
n. 1440).
Chamamos
a atenção para o uso que a Igreja faz de diferentes
nomes para esse sacramento.
Cada
um deles indica uma direção diferente, que não
se opõem nem se excluem, mas se
complementam.
Cada um deles mostra uma ênfase distinta, como as várias
faces de um diamante:
1)
a penitência acena
mais para o sacrifício, a pena, a expiação do
pecado; ela
“consagra
um esforço pessoal e eclesial de conversão, de
arrependimento e de satisfação do
cristão
pecador” (Catecismo, n. 1423);
2)
a confissão indica
mais a atitude de assumir publicamente nossos erros e de
tomarmos
consciência de nossa responsabilidade; a Igreja declara que “a
confissão dos
pecados
diante de um sacerdote é um elemento essencial desse
sacramento” (Catecismo,1424);
3)
chama-se também sacramento do perdão, pois por meio
dele Deus nos concede “o
perdão
e a paz”, como reza a fórmula da absolvição;
4)
por fim, é o sacramento da reconciliação que
melhor explica a natureza e o
mistério
desse sacramento: por ele, desfazemos o abismo que nos separou de
Deus, reatamos
o
nó que nos liga a Deus, voltamos à amizade e à
convivência com Deus, como Jesus
mostrou
pela parábola do filho pródigo (Lc 15, 11-32) e
cumprimos aquilo que o Apóstolo
Paulo
nos ensina: “Reconciliai-vos com Deus” (2Cor 5,20).
A
Igreja também nos convida a observar os tempos propícios
à conversão ao longo do ano
litúrgico:
“Os
tempos e os dias de penitência no decorrer do Ano
Litúrgico (tempo da Quaresma,
cada
sexta-feira em memória da morte do Senhor) são momentos
fortes da prática
penitencial
da Igreja. Estes tempos são particularmente apropriados para
os exercícios
espirituais,
as liturgias penitenciais, as peregrinações em sinal de
penitência, as
privações
voluntárias como o jejum e a esmola, a partilha fraterna
(obras caritativas e
missionárias)”
(Catecismo, n. 1438).
SEGUNDO A BÍBLIA O QUE
DEUS NOS FALA SOBRE A RECONCILIAÇÃO.
Do
Gênesis ao Apocalipse reconhecemos as linhas da história
da salvação, onde o Deus-
Amor
quer estabelecer os vínculos com sua criatura “feita à
sua imagem” e amada com amor de
predileção.
Embora não possamos nos deter exaustivamente aqui em analisar
toda a tradição
bíblica,
vamos acenar para alguns pontos.
A
Palavra de Deus revela a condição humana, na qual todos
somos pecadores: “Se
dissermos
que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a
verdade não está em nós” (1 Jo
1,
8). Todo o Antigo testamento é uma expressão viva do
amor de Deus que quer restabelecer a
Aliança,
tantas vezes destruída pela nossa infidelidade.
Em
Jesus, contudo, o coração misericordioso do Pai se
derrama em amor e compaixão pelos
homens.
Mas, Deus não nos força a aceitar a redenção.
Por isso, Jesus nos convida à conversão: “O
tempo
chegou ao seu termo, o Reino de Deus está próximo:
convertei-vos e acreditai na boa-nova”
(Mc
1,15). A conversão é, pois, uma atitude pessoal que
deve nascer do amor a Deus despertado
pelo
Seu Amor por nós. É Deus, pois, que com Seu Amor nos
ajuda a dar o passo da conversão: a
conversão,
assim, também é dom de Deus operado em nós, como
expressa o livro das Lamentações
“Convertei-nos,
Senhor, e seremos convertidos” (Lm 5, 21).
Jesus
nos ensinou a rezar pedindo perdão a Deus: “Perdoai-nos as
nossas ofensas” (Lc 11, 4)
e
mostrou que só Deus perdoa os pecados (Mc 2,7). Mas, mostrou
também que o Filho do Homem
tem
poder de perdoar os pecados (Mc 2,10) e Jesus exerce este poder:
“Teus pecados estão
perdoados”
(Mc 2,5; Lc 7,48).
Em
virtude de sua autoridade divina, Jesus transmite o poder de perdoar
os pecados aos
homens,
para que o exerçam em seu nome (Jo 20, 21-23 e Catecismo, n.
1441). Jesus “confiou o
exercício
do poder de absolvição ao ministério apostólico.
É este que está encarregado do
‘ministério
da reconciliação’ (2Cor
5, 18). O apóstolo é enviado ‘em nome de Cristo’ e
‘é o próprio
Deus’
que, através dele, exorta e suplica: ‘Deixai-vos reconciliar
com Deus’ (2Cor 5, 20)”
(Catecismo,
n. 1442).
E
ainda diz o Catecismo:
“Ao
tornar os Apóstolos participantes do seu próprio poder
de perdoar os pecados, o
Senhor
dá-lhes também autoridade para reconciliar os pecadores
com a Igreja. Esta
dimensão
eclesial do seu ministério exprime-se, nomeadamente, na
palavra solene de
Cristo
a Simão Pedro: ‘Dar-te-ei as chaves do Reino dos céus;
tudo o que ligares na terra
ficará
ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra ficará
desligado nos céus’ (Mt 16,
19).
Este mesmo encargo de ligar e desligar, conferido a Pedro, foi também
atribuído ao
colégio
dos Apóstolos unidos à sua cabeça (Mt 18,18; 28,
16-20)” (Catecismo, n. 1444).
A
Palavra de Deus também nos ensina que é o Espírito
Santo quem nos convence a respeito
do
pecado (Jo 16, 8-9). O Espírito Santo “dá ao coração
do homem a graça do arrependimento e da
conversão”
(Catecismo, n. 1433 e At 2,36-38). São Paulo afirma, pois:
“Vós fostes lavados, fostes
santificados,
fostes justificados pelo nome do Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito
do nosso Deus”
(1Cor 6, 11).
A
Bíblia ainda revela que a Eucaristia também é
sinal da misericórdia de Deus que se
derrama
sobre nós, pecadores: “Isto é o meu sangue, o sangue
da Aliança, que é derramado por
muitos
para a remissão dos pecados” (Mt 26,28), são as
palavras de Jesus repetidas no rito
eucarístico
da consagração. Recordando o ensinamento do Concílio
de Trento, o Catecismo nos diz
que
a Eucaristia “é o antídoto que nos livra das faltas
quotidianas e nos preserva dos pecados
mortais”
(Catecismo, n. 1436).
Iluminados
pela Palavra de Deus, devemos nos esforçar para sermos “santos
e imaculados
na
sua presença” (Ef 1, 4). Devemos viver o amor e a
misericórdia, como resposta ao amor e à
misericórdia
que Deus tem por nós, pois só o amor “cobre uma
multidão de pecados” (1Pe 4, 8).
COMO PREPARAR-SE PARA O
SACRAMENTO DA RECONCILIAÇÃO.
A
preparação para o sacramento da reconciliação
começa pelo exame de consciência, pelo
qual
revemos nossas ações, pensamentos e atitudes e os
comparamos com aquilo que Deus quer. A
vontade
de Deus e seus mandamentos devem ser a nossa referência de vida
e, portanto, a baliza de
nosso
exame de consciência. Deus respeita nossa consciência,
Ele não nos invade, mas nos convida
a
nós mesmos reconhecermos nossa pequenez e limitação,
derramando nossa alma na
presença do
Senhor
(1Sm 1,15).
O
exame de consciência leva ao arrependimento sincero ou
contrição. Quando percebo que
minhas
atitudes e ações não correspondem ao que Deus
quer, o Amor de Deus acende em nós
aquela
saudade de viver
perto de Deus. É esta saudade
de Deus que nos leva ao arrependimento.
Vale
a pena rezar o Salmo 50, para compreender a dinâmica de um
coração arrependido.
Acima
de tudo, o exame de consciência e o arrependimento devem estar
assentados numa
atitude
interior, como nos ensina o Catecismo:
“Como
já acontecia com os profetas, o apelo de Jesus à
conversão e à penitência não
visa
primariamente as obras exteriores, ‘o saco e a cinza’, os jejuns
e as mortificações,
mas
a conversão do coração,
a penitência interior: Sem ela, as obras de
penitência são
estéreis
e enganadoras; pelo contrário, a conversão interior
impele à expressão dessa
atitude
cm sinais visíveis, gestos e obras de penitência”
(Catecismo, n. 1430).
Portanto,
“a conversão é, antes de mais, obra da graça
de Deus, a qual faz com que os nossos
corações
se voltem para Ele” (Catecismo, n. 1431). Esta disposição
de voltar-se para Deus constitui
o
elemento fundamental da preparação para a confissão.
A
IGREJA ADOTA A CONFISSÃO COMUNITÁRIA?
Sobre
este ponto, de particular atenção, vejamos o que nos
diz a Igreja:
“A
confissão individual e íntegra e a absolvição
constituem o único modo ordinário pelo
qual
o fiel, consciente de pecado grave, se reconcilia com Deus e com a
Igreja: somente
a
impossibilidade física ou moral o escusa desta forma de
confissão. Há razões
profundas
para que assim seja. Cristo age em cada um dos sacramentos. Ele
dirige-Se
pessoalmente
a cada um dos pecadores: ‘Meu filho, os teus pecados são-te
perdoados’
(Mc
2, 5); Ele é o médico que Se inclina sobre cada um dos
doentes com necessidade
d'Ele
para os curar: alivia-os e reintegra-os na comunhão fraterna.
A confissão pessoal é,
pois,
a forma mais significativa da reconciliação com Deus e
com a Igreja” (Catecismo,
n.
1484).
Contudo,
a Igreja também reconhece a necessidade da confissão
com absolvição geral.
Vejamos
o texto do Catecismo a este respeito:
“Em
casos de grave necessidade, pode-se recorrer à
celebração comunitária da
reconciliação,
com confissão geral e absolvição geral.
Tal necessidade grave pode
ocorrer
quando há perigo iminente de morte, sem que o sacerdote ou os
sacerdotes
tenham
tempo suficiente para ouvir a confissão de cada penitente. A
necessidade grave
pode
existir também quando, tendo em conta o número dos
penitentes, não há
confessores
bastantes para ouvir devidamente as confissões individuais num
tempo
razoável,
de modo que os penitentes, sem culpa sua, se vejam privados, durante
muito
tempo,
da graça sacramental ou da sagrada Comunhão. Neste
caso, para a validade da
absolvição,
os fiéis devem ter o propósito de confessar
individualmente os seus pecados
graves
em tempo oportuno. Pertence ao bispo diocesano julgar se as condições
requeridas
para a absolvição geral existem. Uma grande afluência
de fiéis, por ocasião
de
grandes festas ou de peregrinações, não
constitui um desses casos de grave
necessidade”
(Catecismo, n. 1483).
QUAIS OS BENEFÍCIOS E
EFEITOS DA CONFISSÃO?
O
maior benefício da confissão é voltar a viver
“de acordo com Deus”, como Santo
Agostinho
escreveu:
“Aquele
que confessa os seus pecados e os acusa, já está de
acordo com Deus. Deus
acusa
os teus pecados; se tu também os acusas, juntas-te a Deus. O
homem e o pecador
são,
por assim dizer, duas realidades distintas. Quando ouves falar do
homem, foi Deus
que
o criou: quando ouves falar do pecador, foi o próprio homem
quem o fez. Destrói o
que
fizeste, para que Deus salve o que fez. [...] Quando começas a
detestar o que fizeste,
é
então que começam as tuas boas obras, porque acusas as
tuas obras más. O princípio
das
obras boas é a confissão das más. Praticaste a
verdade e vens à luz” (Cf. Catecismo,
n.
1458).
A
confissão opera em nós duas reconciliações,
o restabelecimento de dois laços: com Deus e
com
a Igreja, como já dissemos, mas é preciso sublinhar
novamente. De fato, “toda a eficácia da
Penitência
consiste em nos restituir à graça de Deus e em unir-nos
a Ele numa amizade perfeita. O
fim
e o efeito deste sacramento são, pois, a reconciliação
com Deus” (Catecismo, n. 1468). Por
outro
lado, “este sacramento reconcilia-nos
com a Igreja. O pecado abala ou rompe a comunhão
fraterna.
O sacramento da Penitência repara-a ou restaura-a. Nesse
sentido, não se limita apenas a
curar
aquele que é restabelecido na comunhão eclesial, mas
também exerce um efeito vivificante
sobre
a vida da Igreja que sofreu com o pecado de um dos seus membros”
(Catecismo, 1469).
QUAIS
OS PREJUÍZOS QUANDO NÃO CONFESSAMOS REGULARMENTE?
O
maior prejuízo da falta de confissão regular é
viver longe da graça de Deus.
Comprometemos
e colocamos em risco, assim, a nossa própria salvação.
“Deus nos criou sem nós,
mas
não quis salvar-nos sem nós” (Santo Agostinho). Por
isso, sem nossa atitude livre e decidida de
recorrer
ao perdão de Deus e de nos converter, Deus não
pode nos salvar.
Precisamos
entender que “a confissão regular dos nossos pecados veniais
ajuda-nos a formar
a
nossa consciência, a lutar contra as más inclinações,
a deixarmo-nos curar por Cristo, a progredir
na
vida do Espírito. Recebendo com maior freqüência,
neste sacramento, o dom da misericórdia do
Pai,
somos levados a ser misericordiosos como Ele” (Catecismo, 1458).
QUAL A REGULARIDADE DA
CONFISSÃO?
A
Igreja nos ensina que a confissão deve ser buscada “ao menos
uma vez ao ano”
(Catecismo,
n. 1457). Contudo, não devemos nos contentar com o mínimo.
Jesus mesmo fala,
referindo-se
à pecadora que sentou-se a seus pés na casa de Simão:
“A quem muito amou, muito foi
perdoado”.
Quanto mais amamos a Deus, mais somos por ele perdoados. Quanto mais
recorremos
ao
Seu Amor, mais Ele desce a nós e nos faz viver em comunhão
com Seu Espírito. Por isso, a
Igreja
também afirma que “Sem ser estritamente necessária, a
confissão das faltas quotidianas
(pecados
veniais) é contudo vivamente recomendada pela Igreja”
(Catecismo, n. 1458).
No
caso de pecados graves, no entanto, a Igreja assim ensina:
“Aquele
que tem consciência de haver cometido um pecado mortal, não
deve receber a
sagrada
Comunhão, mesmo que tenha uma grande contrição,
sem ter previamente
recebido
a absolvição sacramental; a não ser que tenha um
motivo grave para comungar
e
não lhe seja possível encontrar-se com um confessor”
(Catecismo, n. 1457).
QUEM PODE SE CONFESSAR?
Conforme
a recomendação da Igreja, “todo o fiel que tenha
atingido a idade da discrição,
está
obrigado a confessar fielmente os pecados graves, ao menos uma vez ao
ano” (Catecismo, n.
1457)
e, ainda: “As crianças devem aceder ao sacramento da
Penitência antes de receberem pela
primeira
vez a Sagrada Comunhão” (Catecismo, n. 1457).
Há
ainda um outro aspecto: a confissão deve ser buscada por
aqueles cristãos que, de fato,
querem
(e podem) realizar a conversão de vida. Não é
lícito buscar o sacramento sem sincero
arrependimento
e mudança de vida. Se eu busco o sacramento, mas não
quero deixar de viver como
estava
vivendo, em estado de pecado, estou abusando da graça de Deus.
3.9.
CONCLUSÃO
Esta
breve reflexão, evidentemente, não encerra toda a
riqueza doutrinal e bíblica sobre o
sacramento
da reconciliação. Oferece, contudo, algumas pistas para
o aprofundamento que deve ser
feito
por você e por mim.
Gostaria
de encerrar convidando você a rezar e interiorizar, na unção
do Espírito Santo, o
que
a Igreja expressa no rito da confissão, na conhecida fórmula
da absolvição. Faço votos de que
você
e eu possamos viver com cada vez mais profundidade o mistério
do amor misericordioso de
Deus
que se desvela no sacramento da confissão.
Deus,
Pai de misericórdia, que, pela morte e ressurreição
de seu Filho, reconciliou o
mundo
consigo e enviou o Espírito Santo para a remissão dos
pecados, te conceda, pelo ministério
da
Igreja, o perdão e a paz. E Eu te absolvo dos teus pecados em
nome do Pai, e do Filho e do
Espírito
Santo.
A BÍBLIA
Fonte
de vida
Pe.
Régis Bandil
Curitiba
– Pr.
"Quando
encontrei tuas palavras, alimentei-me; elas se tornaram para mim uma
delícia e a
alegria
do coração, o modo como invocar teu nome sobre mim,
Senhor Deus dos exércitos."
(Jr
15,16)
4.1.
O QUE A IGREJA FALA SOBRE A BÍBLIA.
A
Palavra de Deus tem sido algo de profunda reflexão na Igreja
Católica. Há um clamor em todas
as
comunidades para que a Sagrada Escritura seja realmente mais
valorizada, mais vivida, mais
amada
e mais lida. Não é em vão que os Bispos do mundo
inteiro estão estudando este tema no
Sínodo
Geral: A PALAVRA DE DEUS NA
VIDA E NA MISSÃO DA IGREJA.
Seu
objetivo principal deste Sínodo é incentivar a prática
do encontro com Jesus Cristo na
Sagrada
Escritura.
Fazendo
uma pequena comparação, por exemplo, quando compramos
um aparelho
eletrônico
(televisão, DVD, celular, etc), esses produtos vem com um
manual que orienta para o seu
uso
correto. Da mesma forma quando queremos conhecer a história de
alguém famoso (um santo,
uma
santa, um rei, uma rainha, etc), fazemos uso da biografia dessas
pessoas. Dessa maneira nós
acabamos
conhecendo como não estragar os aparelhos eletrônicos e
a história de uma pessoa
humana.
“Encontramos
Jesus na Sagrada Escritura, lida na Igreja. A Sagrada Escritura,
“Palavra de
Deus
escrita por inspiração do Espírito Santo”, é,
com a Tradição, fonte de vida para a Igreja e
alma
de sua ação evangelizadora. Desconhecer a Escritura é
desconhecer Jesus Cristo e
renunciar
a anunciá-lo.”
Documento
de Aparecida, n. 247.
Aqui
está à chave para tomarmos a Palavra de Deus como fonte
de inspiração para as nossas
vidas.
Para o Povo de Deus, a Bíblia é lugar privilegiado no
qual encontra-se a sua história e
experiência
pessoal com Deus. Este conjunto de Livros modificou a estrutura da
história humana,
tamanha
é a profundidade e o irresistível conteúdo
contido nestas sagradas páginas.
A
Bíblia não foi feita por mentes humanas, mais inspirada
por Deus através de diversos
autores.
Em comum tiveram a preocupação em manter a história
e a identidade de um povo amado e
escolhido.
A bíblia possui dois testamentos: o Antigo e o Novo, o
primeiro preparou a vinda do
messias,
Jesus Cristo, narrada no Novo Testamento.
"Testamento"
tem aqui o sentido antigo de "pacto atestado", pois a
experiência religiosa de
Israel
se apresenta em forma de um pacto, uma aliança oferecida por
Deus ao "povo eleito",
Israel,
e, segundo os cristãos, renovada e ampliada por Jesus de
Nazaré para o mundo inteiro.
4.2.
COMO PREPARAR-SE PARA LER A BÍBLIA.
Para
conhecermos Jesus Cristo, reconhecê-lo como filho de Deus e
orientarmos nossa vida
conforme
o anúncio Evangelho, é necessário irmos direto
na fonte da verdade, que está contida nas
linhas
e páginas das nossas Bíblias.
Esse
é o caminho para consolidarmos nossa intimidade com Jesus
Cristo, tê-lo como aquele
amigo
que está sempre ao nosso lado, e não como uma pessoa
distante ou indiferente a nossa
realidade.
Na
Palavra de Deus encontramos toda a História da Salvação
(Antigo e Novo Testamento),
não
é uma história qualquer, é a revelação
do mistério de Deus aos homens. Esta nos acompanha
desde
o início da nossa criação até o fim de
nossa peregrinação sobre a terra.
Deixando
ser guiados pelas orientações e ensinamentos da Palavra
de Deus, os cristãos serão
capazes
de responder às exigências do mundo atual no tocante as
diversas injustiças que
acompanhamos
e presenciamos.
Seremos
uma comunidade reflexo do amor de Deus no seio do mundo, nossas obras
e nosso
testemunho
serão frutos da ação do Espírito Santo e
do conhecimento da Bíblia.Não precisaremos
ter
medo de palavras humanas, mas o próprio Deus nos inspirará
a falarmos as suas palavras. Além
é
claro de dar razoes da sua fé (Ler 1 Pe 3,15).
4.3.
SEGUNDO A BÍBLIA O QUE DEUS NOS FALA SOBRE A SUA PALAVRA.
“A
Palavra de Cristo habite em vós com abundância, para vos
instruirdes e aconselhardes uns
aos
outros, com toda a sabedoria. E, com salmos, hinos e cânticos
inspirados, cantai de todo o
coração
a Deus a vossa gratidão. E tudo o que fizerdes por palavras ou
por obras, seja tudo em
nome
do Senhor Jesus, dando graças, por Ele, a Deus Pai”
(Col 3, 16-17).
É
necessário que o homem contemporâneo tome contato com a
Palavra de Deus. A falta de
orientação
e conhecimento faz o ser humano buscar caminhos para Deus em
realidades diversas e
por
muitas vezes confusas. A Palavra do nosso Deus permanece eternamente
(Is 40,8). É fonte de
verdade
e de satisfação para o homem.
“É
tão grande a força poderosa que se encerra na palavra
de Deus, que ela constitui sustentáculo
vigoroso
para a Igreja, firmeza na fé para seus filhos, alimento da
alma, perene e pura fonte da
vida
espiritual.” (Dei Verbum, n. 21)
4.4.
QUAIS OS BENEFÍCIOS E EFEITOS DA LEITURA ORANTE DA BÍBLIA?
O
distanciamento dos católicos desta riqueza inesgotável
preocupa a Igreja. Da Palavra de
Deus
encontramos Jesus Cristo, a Revelação de Deus aos
homens, a salvação da humanidade e a
garantia
da vida eterna.
Lutemos
por dedicar um tempo para a leitura da Bíblia entre as
famílias, nas pastorais, nos
movimentos,
enfim, que em nossas comunidades, ela seja lembrada o ano todo e não
apenas em
Setembro
durante o mês da Bíblia.
Diz
São Jerônimo: “A carne do Senhor é verdadeira
comida e o seu sangue verdadeira
bebida;
é esse o verdadeiro bem que nos é reservado na vida
presente: alimentar-nos da sua carne e
beber
o seu sangue, não só na Eucaristia, mas também
na leitura da Sagrada Escritura.
A
Palavra de Deus ilumina a vida dos católicos e está
presente na comunidade reunidas em
diversas
ações: catequese, liturgia e oração, nos
sacramentos, nos cursos e encontros de formação,
etc.
Afastar-se dela é perder um importante alimento para a nossa
vida interior e de crescimento na
escola
da fé.
4.5.
QUAIS OS PREJUÍZOS QUANDO NÃO ESTUDAMOS A BÍBLIA?
O
discípulo missionário do século XXI precisa
estar fundamentado nas Sagradas Escrituras,
sua
missão vai ser proclamar àquilo que lê, crê
e celebra a partir do seu encontro pessoal com Jesus
Cristo.
O anúncio do Evangelho atinge o coração do ser
humano quando nos abrimos a experiência
do
amor de Deus e da misericórdia contida na Palavra de Deus.
Se
nossa experiência com Deus não parte da Sagrada
Escritura perdemos uma fonte sagrada
que
nos leva a Santidade, além é claro, de dirigirmos nossa
vida pela nossa vontade humana e não
pela
vontade divina. E infelizmente nos guiamos por outros caminhos que
nós conhecemos, por
exemplo,
televisão, internet, etc, que nem sempre nos levam para Deus.
4.6.
COMO LER A BÍBLIA?
Um
dos métodos para transformar a Bíblia como itinerário
de oração é o que conhecemos
por
Lectio Divina. Ele é composto de quatro momentos interligados.
Mas atenção é preciso dar um
tempo
diário da nossa vida para Deus, realmente privilegiar essa
prática ou outras que nos ajudam a
tomar
intimidade com a Bíblia.
Os
momentos são:
Leitura:
Lê-se, em primeiro lugar, a sós ou em grupo,
uma passagem da Escritura;
Meditação:
Segue-se um tempo de meditação, que é
um aprofundamento do sentido do que
se
leu, apelando à inteligência, à memória, à
imaginação e ao desejo, eventualmente com a partilha
da
palavra;
Oração:
Na medida em que se vai escutando o que Deus diz, o fiel
responde com a oração,
que
pode ser de arrependimento, de ação de graças,
de intercessão, de súplica ou de louvor;
Contemplação:
Na medida da graça do Espírito Santo, esta
oração desabrocha em
saborosos
momentos de contemplação, que tornam mais viva e íntima
a comunhão com Deus, e
predispõe
a alma para uma vida mais santa e mais ativa na realização
do Reino de Deus.
4.7.
QUAL A REGULARIDADE PARA LER A BÍBLIA? QUEM PODE LER A BÍBLIA?
A
Bíblia deve ter um lugar de destaque em nossa vida, portanto,
o ideal é que seja lida
diariamente
e principalmente que todos os cristãos a leiam e tenham por
ela apreço e respeito. Com
isso
teremos cristãos mais apaixonados e conscientes do valor da
Sagrada Escritura.
“Esta
leitura orante, bem praticada, conduz ao encontro com Jesus-Mestre,
ao conhecimento
do
mistério de Jesus-Messias, à comunhão com
Jesus-Filho de Deus e ao testemunho de Jesus-
Senhor
do universo. Com seus quatro momentos (leitura, meditação,
oração, contemplação), a
leitura
orante favorece o encontro pessoal com Jesus Cristo semelhante ao
modo de tantos
personagens
do evangelho: Nicodemos e sua ânsia de vida eterna (cf. Jo
3,1-21), a Samaritana
e
seu desejo de culto verdadeiro (cf. Jo 4,1-12), o cego de nascimento
e seu desejo de luz
interior
(cf. Jo 9), Zaqueu e sua vontade de ser diferente (cf. Lc 19,1-10)...
Todos eles, graças a
este
encontro, foram iluminados e recriados porque se abriram à
experiência da misericórdia
do
Pai que se oferece por sua Palavra de verdade e vida. Não
abriram seu coração para algo
do
Messias, mas ao próprio Messias, caminho de crescimento na
“maturidade conforme a sua
plenitude”
(Ef 4,13), processo de discipulado, de comunhão com os irmãos
e de compromisso
com
a sociedade.”
Documento
de Aparecida, n. 249.
4.8.
PARA REFLETIR.
o
Quanto tempo temos disponibilizado para o estudo ou para
lermos a Palavra de
Deus?
o
Que atenção damos à Palavra de Deus no
nosso grupo de oração?
o
A Palavra de Deus tem inspirado a minha vida pessoal e meu
testemunho nos lugares
onde
freqüento (família, trabalho, escola, faculdade, Igreja,
etc)?
LER
MEDITAR E SEGUIR O CATECISMO DA
IGREJA
CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA
Disse
o saudoso Papa João Paulo II: “...nessa ocasião, os
padres sinodais afirmaram: “Muitíssimos expressaram o
desejo de que seja composto um Catecismo ou compêndio de toda a
doutrina Católica, tanto em matéria de fé como
de moral, para que ele seja como um ponto de referência para os
Catecismos ou compêndios que venham a ser preparados nas
diversas regiões. A apresentação da doutrina
deve ser bíblica e litúrgica, oferecendo ao mesmo tempo
uma doutrina sã e adaptada a vida atual dos cristãos”.
Depois do encerramento do sínodo, fiz meu este desejo,
considerando que ele “corresponde à verdadeira necessidade
da Igreja universal e das Igrejas particulares”.
Como
não havemos de agradecer de todo o coração ao
Senhor, neste dia em que podemos oferecer a toda a Igreja, com o
título de “Catecismo da Igreja Católica”, este
texto de referência para uma catequese renovada nas fontes
vivas da fé.
Mais
adiante continua João Paulo II: “O Catecismo da Igreja
Católica é fruto de uma vastíssima colaboração:
foi elaborado em seis anos de intenso trabalho, conduzido num
espírito de atenta abertura e com apaixonado ardor”.
Em
1986, confiei a uma Comissão de doze Cardeais e Bispos,
presidida pelo senhor Cardeal Joseph Ratzinger - (hoje Papa
Bento XVI), o encargo de preparar um projeto para o Catecismo
requerido pelos padres do Sínodo. Uma Comissão de
redação, composta por sete Bispos diocesanos, peritos
em teologia e em catequese, ajudou a Comissão no seu trabalho.
A
Comissão encarregada de dar as diretrizes e de vigiar sobre o
desenvolvimento dos trabalhos, seguiu atentamente todas as etapas da
redação das nove sucessivas composições.
A Comissão de redação, por seu lado, assumiu a
responsabilidade de escrever o texto e lhe inserir as modificações
pedidas pela Comissão e de examinar as observações
de numerosos teólogos, exegetas, catequistas e, sobretudo dos
Bispos do mundo inteiro, a fim de melhorar o texto. A Comissão
foi sede de intercâmbios frutuosos e enriquecedores, para
assegurar a unidade e a homogeneidade do texto.
O
projeto tornou-se objeto de vasta consultação de todos
os Bispos católicos, das suas conferências Episcopais ou
dos seus sínodos, dos Institutos de teologia e de catequética.
No seu conjunto, ele teve um acolhimento amplamente favorável
da parte do episcopado. É justo afirmar que este Catecismo é
o fruto de uma colaboração de todo o episcopado da
Igreja Católica, o qual acolheu com generosidade o meu convite
a assumir a própria parte de responsabilidade numa iniciativa
que diz respeito, intimamente à vida eclesial. Tal resposta
suscita em mim um profundo sentimento de alegria, porque o concurso
de tantas vozes exprime verdadeiramente aquela a que se pode chamar a
sinfonia da fé. A realização deste Catecismo
reflete, deste modo, a natureza colegial do episcopado: testemunha a
catolicidade da Igreja.
Um
Catecismo deve apresentar, com fidelidade e de modo orgânico, o
ensinamento da Sagrada Escritura, da Tradição viva na
Igreja e do Magistério autentico, bem como a herança
espiritual dos padres dos santos e das santas da Igreja, para
permitir conhecer melhor o mistério cristão e reavivar
a fé do povo de Deus. Deve ter em conta as explicações
da doutrina que, no decurso dos tempos, o Espírito Santo
sugeriu a Igreja.
É
também necessário que ajude a iluminar com a luz da fé,
as novas situações e os problemas que ainda não
tinham surgido no passado.
O
Catecismo incluirá, portanto, coisas novas e velhas (cf. Mt.
13,52), porque a fé é sempre a mesma e simultaneamente
é fonte de luzes e sempre novas.
Para
responder a esta dupla exigência o Catecismo da Igreja Católica
por um lado retoma a antiga ordem, a tradicional, já
seguida pelo Catecismo de São Pio V, articulando o
conteúdo em quatro partes: o Credo, a Sagrada Liturgia,
com os Sacramentos em primeiro plano, o agir cristão, exposto
a partir dos mandamentos, e por fim a oração cristã.
Mas, ao mesmo tempo, o conteúdo é com freqüência
expresso de um modo novo, para responder as interrogações
da nossa época.
As
quatro partes estão ligadas entre si: o mistério
cristão é o objeto da fé (primeira parte); é
celebrado e comunicado nos atos litúrgicos (segunda parte);
está presente para iluminar e amparar os filhos de Deus no seu
agir (terceira parte); funda a nossa oração, cuja
expressão privilegiada é o Pai Nosso, e constitui o
objeto da nossa súplica, do nosso louvor e da nossa
intercessão (quarta parte).
A
liturgia é ela própria oração; a
confissão da fé encontra o seu justo lugar na
celebração do culto. A graça, fruto dos
sacramentos é a condição insubstituível
do agir cristão, tal como a participação na
liturgia da Igreja requer a fé. Se a fé não se
desenvolve nas obras, essa está morta (cf. Tg 2,14-16) e não
pode dar frutos de vida eterna.
Lendo
o Catecismo da Igreja Católica, pode-se captar a maravilhosa
unidade do mistério de Deus, do seu desígnio de
salvação, bem como a centralidade de Jesus Cristo, o
Filho Unigênito de Deus, enviado pelo Pai, feio homem no seio
da Santíssima Virgem Maria por obra do Espírito Santo,
para ser o nosso Salvador. Morto e ressuscitado, Ele está
sempre presente na sua Igreja, particularmente nos Sacramentos; Ele é
a fonte da fé, o modelo de agir cristão e o Mestre da
nossa oração.
O
Catecismo da Igreja Católica, que aprovei no passado
dia 25 de junho e cuja publicação hoje ordeno em
virtude da autoridade Apostólica, é uma exposição
da fé da Igreja e da doutrina Católica, testemunhadas
ou iluminadas pela Sagrada Escritura, pela Tradição
Apostólica e pelo Magistério da Igreja. Vejo-o como um
instrumento válido e legitimo a serviço da comunhão
eclesial e como uma norma segura para o ensino da fé.
Sirva ele para a renovação, a qual o Espírito
Santo chama incessantemente a Igreja de Deus, Corpo de Cristo,
peregrina rumo a luz sem sombras do Reino.
A
aprovação e a publicação do Catecismo da
Igreja Católica constituem um serviço que o sucessor de
Pedro que prestar a Santa Igreja Católica, a todas as igrejas
particulares em paz e em comunhão com a Sé Apostólica
de Roma: o serviço de sustentar e confirmar a fé de
todos os discípulos dos Senhor Jesus (cf. Lc. 22,32), como
também de reforçar os laços da unidade na mesma
fé Apostólica.
Peço,
portanto, aos Pastores da Igreja e aos fieis que acolham este
Catecismo em espírito de comunhão, e que o usem
assiduamente ao cumprirem a sua missão de anunciar a fé
e de apelar para a vida evangélica. Este Catecismo lhes é
dado a fim de que sirva como texto de referência, seguro e
autêntico, para o ensino da doutrina Católica, e de modo
muito particular para a elaboração dos Catecismos
locais. É também oferecido a todos os fieis que desejam
aprofundar o conhecimento das riquezas inexoráveis da salvação
(cf. Jô. 8,32). ...O Catecismo da Igreja Católica, por
fim, é oferecido a todo o homem que nos pergunte a razão
da nossa esperança (cf. 1Pd, 3,15) e queira conhecer aquilo em
que a Igreja Católica crê.
...No
final deste documento que apresenta o Catecismo da Igreja Católica,
peço a Santíssima Virgem Maria, Mãe do Verbo
Encarnado e Mãe da Igreja, que ampare com a sua poderosa
intercessão o empenho catequético da Igreja inteira a
todos os níveis nestes tempos em que ela é chamada a um
novo esforço de evangelização. Possa a luz da
verdadeira fé libertar a humanidade da ignorância e da
escravidão do pecado, para a conduzir a única liberdade
digna deste nome (cf. Jô. 8,32): a da vida em Jesus Cristo sob
a guia do Espírito Santo, na terra e no reino dos céus
na plenitude da bem-aventurança da visão de Deus face a
face (cf 1 Cor. 13,12; 2 Cor. 5,6-8).
Em
11/10/1992
Joannes
Paulus PPII
O
ROSÁRIO E O TERÇO
Luis
Fernando Dornelles
Núcleo
de Discernimento da RCC/Pr
INTRODUÇÃO:
Uma
oração universal: assim poderia ser definido o Rosário
(e o Terço). Afinal, a qualquer hora do
dia,
em qualquer lugar do mundo, alguém o reza para louvar o Senhor
ou agradecer-lhe seus dons,
para
suplicar graças ou pedir-lhe perdão dos próprios
pecados. A cada momento alguém está
contemplando
os mistérios da vida de Jesus.
Rezar
o Rosário é passear pelo Evangelho em união com
Maria Santíssima; É como falar com uma
pessoa
amada. Quando amamos alguém, queremos dizer-lhe mil vezes: eu
amo você, eu amo você,
eu
amo você. Não é uma repetição, é
uma necessidade de coração. Maria é nossa mãe,
nosso
modelo,
é quem nos deu Jesus.
O
Rosário é uma oração universal porque
nela todos se encontram. Nos encontramos com o Pai que
“tanto
amou o mundo que entregou seu Filho Unigênito”(Jô
3,16); nos encontramos com o Filho, o
Emanuel,
isto é, o Deus conosco(cf. MT 1,23); e nos encontramos com o
Espírito Santo que
continua
sendo derramado sobre nós, conforme vemos e ouvimos (cf. At
2,33).
Na
oração do Rosário encontram-se aqueles que olham
para Maria e lhe dirigem as palavras que o
Espírito
Santo pôs na boca de Isabel: “Bendita és tu entre as
mulheres e bendito o fruto de teu
ventre”
(Lc 1,42).
O
Rosário é também uma maneira de olhar Maria com
o olhar do Pai que a chamou e a enriqueceu
com
Seus dons, em vista da missão que ela deveria exercer no
mistério de Cristo e da Igreja. É uma
oração
contemplativa acessível a todos: grandes e pequenos, leigos e
clérigos, cultos e pessoas com
pouca
instrução. É vínculo espiritual com Maria
para permanecermos unidos a Jesus, para nos
conformarmos
a Ele, assimilarmos os seus sentimentos e nos comportarmos como Ele
se
comportou.
Conforme
as palavras do Santo Padre João Paulo II: O Rosário (ou
Terço) é a oração para este
mundo.
É arma espiritual na luta contra o mal. É uma oração
para salvação das pessoas, para a
transformação
das famílias, para a mudança da nossa sociedade e para
que o mundo seja salvo.
Importante:
O Terço era a terça parte do Rosário; agora é
a quarta parte porque o Papa João
Paulo
II acrescentou mais um Terço ao Rosário, contemplando
os mistérios da luz ou
“Luminosos”,
da Vida Pública de Jesus. Em cada terço contemplamos
uma etapa da vida de
Jesus
e o mistério da nossa Salvação; logo, o Terço
é mais uma oração centrada em Cristo do
que
em Maria. Nossa Senhora reza conosco o Terço, contemplando
também ela os mistérios
da
nossa salvação e intercedendo por nós. Por isso,
é muito importante contemplar cada
mistério
do Terço.
O
Rosário é uma expressão de amor. É o que
você irá descobrir se puser em prática esta
simples e
poderosa
oração.
5.1.
O QUE A IGREJA FALA SOBRE O ROSÁRIO (ORIGEM E DEVOÇÃO)?
Não
há uma data precisa sobre a origem do Rosário. Em
linhas gerais, remonta já os primeiros
séculos
da Igreja primitiva e surge aproximadamente no ano 800 à
sombra dos mosteiros, como
Saltério
dos leigos. Dado que os monges rezavam os salmos (150), os leigos,
que em sua maioria
não
sabiam ler, aprenderam a rezar 150 Pai Nossos. Com o passar do tempo,
se formaram outros
três
saltérios com 150 Ave Marias, 150 louvores em honra a Jesus e
150 louvores em honra a Maria.
No
ano 1365 fez-se uma combinação dos quatro saltérios,
dividindo as 150 Ave Marias em 15
dezenas
e colocando um Pai nosso no início de cada uma delas. Em 1500
ficou estabelecido, para
cada
dezena a meditação de um episódio da vida de
Jesus ou Maria, e assim surgiu o Rosário de
quinze
mistérios. E o nome “terço”
popularizou-se por representar, como o nome diz, a terça
parte
do total das 150 ave-marias, ou propriamente do Rosário.
Vale
lembrar que, a segunda parte da Ave-Maria (”Santa Maria, Mãe
de Deus”), foi introduzida na
oração
por ocasião da vitória sobre a heresia nestoriana,
deflagrada no ano de 429. O bispo
Nestório,
Patriarca de Constantinopla, afirmava ser Maria mãe de Jesus e
não Mãe de Deus. O
episódio
tomou feições tão sérias que culminou no
Concílio de Éfeso convocado pelo Papa
Celestino
I. Sob a presidência de São Cirilo (Patricarca de
Alexandria), a heresia foi condenada e
Nestório,
recusando a aceitar a decisão do conselho, acabou sendo
excomungado.
Conta-se
que no dia do encerramento do Concílio, onde os Padres
Conciliares exaltaram as virtudes
e
as prerrogativas especiais da VIRGEM MARIA, o Santo Padre Celestino
ajoelhou-se diante da
assembléia
e saudou Nossa Senhora, dizendo: “SANTA MARIA, MÃE DE DEUS,
rogai por nós
pecadores,
agora e na hora de nossa morte. Amém.” Na continuidade dos
anos, esta saudação foi
unida
àquela que o Arcanjo Gabriel fez a Maria, conforme o Evangelho
de Jesus segundo São
Lucas
1,26-38: “Ave cheia de graça, o Senhor está contigo!”
e também, a outra saudação que Isabel
fez
a Maria, para auxiliá-la durante os últimos três
meses de sua gravidez: “Bendita és tu entre as
mulheres,
e bendito é o fruto do teu ventre.” (Lucas1, 42) Estas três
saudações deram origem a
AVE
MARIA.
A
difusão e posterior expansão do Rosário a Igreja
atribui a São Domingos de Gusmão (século XII),
conhecido
como o “Apóstolo do Rosário”, cuja devoção
propagou aos católicos como arma contra o
pecado
e contra a heresia albigense, que assolava Toulose (França).
O
terço que consiste em 50 Ave-Marias intercaladas por 10
Pai-Nossos se mantém desde o
pontificado
do Papa Pio V (1566-1572), que deu a forma definitiva ao terço
que conhecemos hoje
(O
Papa era religioso da Ordem de São Domingos). Quanto
às meditações, ressaltamos
novamente,
que até o ano de 2002, cada Rosário, que era composto
de três terços (150 Ave-
Marias)
passou a ser composto de quatro terços (portanto, 200
Ave-Marias no total). Foi
quando
o Papa João Paulo II inseriu aos mistérios existentes
(gozosos, dolorosos e gloriosos),
os
mistérios “luminosos” que retratam a vida pública
de Jesus.
A
palavra Rosário significa ‘Coroa de Rosas’. A Virgem Maria
revelou a muitas pessoas que cada
vez
que rezam uma Ave Maria lhe é entregue uma rosa e por cada
Rosário completo lhe é entregue
uma
coroa de rosas. A rosa é a rainha das flores, sendo assim o
Rosário é a rosa de todas as
devoções
e, portanto, a mais importante.
O
Santo Rosário é considerado a oração
perfeita porque junto com ele está a majestosa história
de
nossa
salvação. Com o rosário, meditamos os mistérios
de gozo, de dor, de luz e de glória de Jesus e
Maria.
É uma oração simples
e humilde como Maria.
É
uma oração que podemos fazer com ela, a Mãe de
Deus. Com o Ave Maria a convidamos a rezar
por
nós. A Virgem sempre nos dá o que pedimos. Ela une sua
oração à nossa. Portanto, esta é mais
poderosa,
porque Jesus recebe o que Maria pede. Jesus nunca diz não ao
que sua Mãe lhe pede. Em
cada
uma de suas aparições, nos convida a rezar o Rosário
como uma arma poderosa contra o
maligno,
para nos trazer a verdadeira paz.
O
Rosário ou o Terço é composto de dois elementos:
oração mental e oração verbal.
No
Santo Rosário a oração mental é a
meditação sobre os principais mistérios ou
episódios da vida,
morte
e glória de Jesus Cristo e de sua Santíssima Mãe.
A
oração verbal consiste em recitar quinze dezenas
(Rosário completo) ou cinco dezenas da Ave
Maria,
cada dezena iniciada por um Pai Nosso, enquanto meditamos sobre os
mistérios do Rosário.
5.2.
O QUE A BÍBLIA FALA SOBRE O ROSÁRIO?
A
devoção do rosário é preciosa e valorosa
por um grande motivo:
É
uma Oração Bíblica: O Pai
Nosso é a oração que Jesus nos
ensinou. A Ave-Maria na
primeira
parte,
é a saudação que lemos no Evangelho àquela
que seria escolhida para ser a Mãe de Deus (Lc
1,28.42).
O Rosário (ou Terço) repete as palavras do Evangelho.
Quando rezamos, realizamos a
profecia
de Maria no Magnificat: “Todas as gerações me
chamarão de bendita” (Lc 1,48). Bendita
sois
vós entre as mulheres....
Cristo
está no Centro do Rosário (e do Terço): Para
Cristo se dirigem e dele decorrem todos os
acontecimentos
da nossa salvação. Ele nasce. Ele cresce. Anuncia o
Reino. Realiza a vontade do
Pai.
Sofre a Paixão. Vence a morte. Vive.
São
os mistérios da vida de
Jesus. São os mistérios do Terço (ou do
Rosário).
O
"Glória", por nos falar da doxologia
trinitária, é o apogeu da contemplação.
Ele é posto em
grande
evidência no Rosário(ou no Terço). Na medida em
que a meditação do mistério tiver sido -
de
Ave Maria em Ave Maria - atenta, profunda, animada pelo amor de
Cristo e por Maria, a
glorificação
trinitária de cada dezena, em vez de reduzir-se a uma rápida
conclusão, adquirirá o seu
justo
tom contemplativo, quase elevando o espírito à altura
do Paraíso e fazendo-nos reviver de
certo
modo a experiência do Tabor, antecipação da
contemplação futura: « Que bom é estarmos
aqui!
» (Lc 9, 33)."(RVM34)
A
jaculatória final varia segundo os costumes. Sem
diminuir em nada o valor de tais invocações,
parece
oportuno assinalar que a contemplação dos mistérios
poderá manifestar melhor toda a sua
fecundidade,
se tivermos o cuidado de terminar cada um dos mistérios com
uma oração para obter
os
frutos específicos da meditação desse mistério.
(...)
Uma
tal oração conclusiva poderá gozar, como
acontece já, de uma legítima variedade na sua
inspiração.
Assim, o Rosário adquirirá uma fisionomia mais adaptada
às diferentes tradições
espirituais
e às várias comunidades cristãs. “(RVM35)”.
A
recitação termina com a oração
pelas intenções do Papa, para estender o olhar de quem
reza ao
amplo
horizonte das necessidades eclesiais. Foi precisamente para encorajar
esta perspectiva
eclesial
do Rosário que a Igreja quis enriquecê-lo com
indulgências sagradas para quem o recitar
com
as devidas disposições.
O
centro do Rosário(ou do Terço) é Cristo
crucificado. O Rosário é uma oração
amorosa e
profunda,
devoção querida da piedade popular, que nos mostra ser
uma oração Bíblica, pois é
cristológica,
uma espécie de compêndio do Evangelho, que concentra a
profundidade de toda
a
mensagem de Cristo. No Rosário ecoa a oração de
Maria. Com ele, o povo cristão freqüenta
a
escola de Maria para introduzir-se na contemplação do
rosto de Cristo e na experiência do
seu
amor infinito.
5.3.
COMO PREPARAR-SE E COMO REZAR O ROSÁRIO?
Para
recitar o Rosário com verdadeiro proveito deve-se estar em
estado de graça ou pelo menos ter
a
firme resolução de renunciar o pecado mortal.
O
Santo Rosário nos permite percorrer os grandes momentos da
obra salvífica de Cristo,
acompanhados
por nossa Mãe Maria, de quem tomamos o exemplo de “guardar
todas estas coisas
no
coração”.
Além
de ter como centro os Mistérios de Cristo, em conexão
com a Trindade Santa e a vida de
Nossa
Senhora, o Rosário torna presentes as circunstâncias de
nossa existência: alegrias,
esperanças,
angústias, inspirações, bem como dores e
decepções.
O
Rosário é “composto de quatro blocos de Mistérios,
conforme o acréscimo, feito pelo Papa João
Paulo
II, com a edição da Carta Apostólica Rosarium
Virginis Mariae”.
Como
rezar?
Oferecimento
do terço:
Divino
Jesus, nós Vos oferecemos este terço que vamos rezar,
meditando nos mistérios da nossa
redenção.
Concedei-nos, por intercessão da Virgem Maria, Mãe de
Deus e nossa Mãe, as virtudes
que
nos são necessárias para bem rezá-lo e a graça
de ganharmos as indulgências desta santa
devoção.
Oferecemos, particularmente, em desagravo dos pecados cometidos
contra o Sagrado
Coração
de Jesus e Imaculado Coração de Maria, pela paz no
mundo, pela conversão dos pecadores,
pelas
almas do purgatório, pelas intenções do Santo
Padre nosso vigário, pela santificação das
famílias,
pelas missões, pêlos doentes, pelos agonizantes, pôr
aqueles que pediram nossas intenções
particulares,
pelo Brasil e pelo mundo inteiro.
1
- Segurando o Crucifixo, fazer o Sinal da Cruz: Em nome do
Pai do Filho e do Espírito Santo.
Amém.
2
- Em seguida, ainda segurando a cruz, rezar o Credo.
Creio
em Deus Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra; e em
Jesus Cristo, seu único Filho,
nosso
Senhor; que foi concebido pelo poder do Espírito Santo; nasceu
da Virgem Maria, padeceu
sob
Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado. Desceu à
mansão dos mortos; ressuscitou ao
terceiro
dia; subiu aos céus, está sentado à direita de
Deus Pai todo-poderoso, donde há de vir a
julgar
os vivos e os mortos; creio no Espírito Santo, na Santa Igreja
Católica, na comunhão dos
Santos,
na remissão dos pecados, na ressurreição da
carne, na vida eterna. Amém.
3
- Na primeira conta grande, recitar um Pai Nosso.
Pai-Nosso
que estais nos céus, santificado seja vosso nome, venha a nós
o vosso reino, seja feita a
vossa
vontade assim na terra como no céu. O pão nosso de cada
dia nos dai hoje, perdoai-nos as
nossas
ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido, e
não nos deixeis cair em
tentação,
mas livrai-nos do mal. Amém.
4
- Em cada uma das três contas pequenas, recitar uma
Ave Maria.(em honra à Santíssima Trindade
–
Pai, Filho e Espírito
Santo)
Ave
Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita
sois vós entre as mulheres, e bendito é o
fruto
do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por
nós, pecadores, agora e na hora
da
nossa morte. Amém.
5
- Recitar um Glória antes da seguinte conta grande.
Glória
ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Como era no princípio,
agora e sempre. Amém
6
- Anunciar o primeiro Mistério do Rosário do
dia e recitar um Pai Nosso na seguinte conta
grande.
7
- Em cada uma das dez seguintes contas pequenas (uma
dezena) recitar um Ave Maria enquanto
se
faz uma reflexão sobre o mistério.
8
- Recitar um Glória depois das dez Ave Maria.
Também se pode rezar a oração ensinada por
Nossa
Senhora, quando de sua aparição em Fátima. (Óh!
meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo
do
inferno. Levai as almas todas para o céu e socorrei
principalmente as que mais precisarem, da
Vossa
misericórdia Senhor Jesus. Abençoai o Santo Padre o
Papa, os seus sacerdotes e toda a Santa
Igreja.
Abençoai as nossas famílias, aumentai a nossa fé
e dai-nos a Vossa Paz)
9
- Cada uma das seguintes dezenas é recitada da
mesma forma: anunciando o correspondente
mistério,
recitando um Pai Nosso, dez Ave Maria e um Glória enquanto se
medita o mistério.
10
- Ao se terminar o quinto mistério o Rosário
costuma ser concluído com a oração da Salve
Rainha.
Infinitas
graças vos damos, soberana Rainha, pelos benefícios que
todos os dias recebemos de
vossas
mãos liberais. Dignai- vos agora e para sempre nos tomar
debaixo do vosso poderoso
amparo
e, para mais vos obrigar, nós vos saudamos com uma
Salve-Rainha.
Salve,
Rainha, Mãe de misericórdia, vida, doçura e
esperança nossa, salve! A vós bradamos os
degredados
filhos de Eva. A vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale
de lágrimas. Eia, pois,
advogada
nossa, esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei, e
depois deste desterro mostrainos
Jesus,
bendito fruto do vosso ventre, ó clemente, ó piedosa, ó
doce e sempre Virgem Maria.
Rogai
por nós, Santa Mãe de Deus. Para que sejamos dignos das
promessas de Cristo. Amém
Mistérios
gozosos (segunda-feira e sábado)
1º
- O anjo Gabriel anuncia que Maria será a Mãe do Filho
de Deus.(Lc 1,26-38)
2º
- Maria visita sua prima Isabel. (Lc 1,39-56)
3º
- Nascimento de Jesus em uma gruta, em Belém (Lc 2,1-21)
4º
- Apresentação do Menino Jesus no templo (Lc 2,22-40)
5º
- Encontro de Jesus no templo entre os doutores da lei (Lc 2,41-52)
Mistérios
dolorosos (terça-feira e sexta-feira)
1º
- Agonia mortal de Jesus no horto das Oliveiras (Mt 26,36-46)
2º
- Flagelação de Jesus atado à coluna (Mt
27,11-26)
3º
- Coroação de espinhos de Jesus pôr seus algozes
(Mt 27,27-31)
4º
- Subida dolorosa de Jesus carregando a Cruz até o Calvário
(Jo 19,17-24)
5º
- Crucificação e Morte de Jesus (Jo 19,25-37)
Mistérios
gloriosos (quarta-feira e domingo)
1º
- Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo (Jo
20,1-18)
2º
- Ascensão gloriosa de Jesus Cristo ao céu (At 1,4-11)
3º
- Descida do Espírito Santo sobre os apóstolos (At 2,
1-13)
4º
- Assunção gloriosa de Nossa Senhora ao céu (Sl
44,11-18)
5º
- Coroação de Nossa Senhora no céu (Ap 12,1-4)
Mistérios
luminosos (quinta-feira)
1º
- O Batismo de Jesus no rio Jordão (Mt 3,13-17)
2º
- A sua auto-revelação nas bodas de Caná (Jo
12,1-12)
3º
- Jesus anuncia o Reino de Deus com o convite à conversão
(Mc
1,15 * Mc 2,3-13 * Lc 7,47-48 * Jo 20, 22-23)
4º
- A Transfiguração de Jesus no monte Tabor (Lc 9,28-36)
5º
- A instituição da Eucaristia, expressão
sacramental do mistério pascal (Jo 13,1-20)
34
5.4.
OS BENEFÍCIOS E AS BENÇÃOS DO ROSÁRIO
Conforme
as palavras do Santo Padre João Paulo II: O Rosário é
a oração para este mundo. Para
salvação
das pessoas, para a Transformação das famílias.
Para a mudança da nossa sociedade e para
que
o mundo seja salvo.
É
a oração dos simples, é a oração
dos sábios, é a oração dos pobres. É
a oração de todos!
É
uma Maravilhosa Terapia: Se você vive cansado, se você
está com insônia, se procura auxílio nos
calmantes,
tente rezar o Rosário(ou o Terço). Ele não é
tóxico e produz um efeito maravilhoso. O
Rosário
descontrai, gera confiança, acalma as tensões, dá
ânimo e motivação para o trabalho, além
da
alegria, paciência e tolerância. Nos livra dos
pensamentos negativos. É fonte de bênçãos
e de
graças.
Tente rezá-lo e você mesmo descobrirá.
É
uma Oração Simples e Profunda: Até as crianças
podem rezar o Rosário e colher seus frutos. É
uma
oração simples. Parece que surgiu no meio do povo mais
humilde. Mas mesmo os grandes
místicos
perceberam nesta oração uma fonte inesgotável de
benefícios espirituais. O Rosário é uma
oração
profunda.
É
uma Escola de Oração: Precisamos aprender a rezar.
Muitas pessoas não sabem como se achegar
a
Deus. O Terço será uma verdadeira e grande Escola. Ele
fortifica a nossa fé, apresenta-nos Maria
como
Mediadora, dá-nos lições de penitência,
faz retornar os dissidentes.
É
uma Oração Atual: Cada dia se fala de meditação.
Nosso mundo agitado está começando a dar
sinais
de cansaço. Cresce o interesse pelos métodos orientais
de oração. O Rosário é de inspiração
oriental....E
é cristão. Por que não ensiná-lo às
novas gerações?
É
uma Oração Libertadora: O Rosário liberta porque
nos põe em íntimo diálogo com o Libertador
(Jesus).
Maria canta: “Derruba os poderosos de seus tronos e eleva os
humildes” (Lc 1,52.53). Entre
um
mistério e outro repetimos: “Jesus, socorrei principalmente
os que mais precisarem”. É a opção
preferencial
pelos pobres presente no terço. A oração do
Terço(ou Rosário) nos livra dos
pensamentos
negativos. Nos dá equilíbrio em todas as situações
do nosso dia a dia.
É
uma Oração Popular: Na cidade ou no campo –
religiosos, leigos, bispos, padres, até o Papa,
todos
têm uma simpatia especial pelo Rosário(ou o Terço).
Não
é a oração oficial da Igreja. Mas sempre foi
rezado por toda a Igreja, principalmente pelo povo
simples
que encontra nele uma maneira prática de estar com Deus.
É
uma oração que traz a paz e a união para as
famílias: O Rosário sempre foi oração
querida das
famílias
e muito favoreceu sua união e seu crescimento. Sua oração
torna-se motivo e oportunidade
de
a família encontrar-se, no corre-corre da vida e com o pouco
tempo que dispõe de estar junto
tomado
pelas imagens da televisão. "Retomar a recitação
do Rosário em família significa inserir na
vida
diária imagens bem diferentes - as do mistério que
salva: a imagem do Redentor, a imagem de
sua
Mãe Santíssima. A família, que reza unida o
Rosário, reproduz em certa medida o clima da casa
de
Nazaré: põe-se Jesus no centro, partilha-se com Ele
alegrias e sofrimentos, colocam-se em suas
mãos
necessidades e projetos, e d'Ele se recebe a esperança e a
força para o caminho" (RMV, 41).
Rezando
o Rosário pelos filhos e com eles, os pais estarão
apresentando as etapas de crescimento de
Jesus,
desde a encarnação até a ressurreição
como seu ideal de vida. Ao mesmo tempo, estarão
realizando
a catequese da oração.
É
uma Oração Cinematográfica: Enquanto repetimos
as palavras, a imaginação vai criando em
nossa
mente o filme da vida de Cristo. Este modo de rezar é
conhecido por “contemplação”.
A
devoção do rosário é preciosa e nos traz
muitos benefícios e bênçãos:
Bênçãos
da Oração do Rosário:
*
Proteção especial na vida
*
Morte feliz
*
Salvação eterna de sua alma
*
Não morrerá sem os sacramentos
*
Não morrerá flagelado pela pobreza
*
Tudo obterá por meio do Rosário
*
A devoção do Rosário será sinal certo de
salvação
*
Os que rezarem o Rosário serão libertos do purgatório
no dia de sua morte
*
Terão grande glória no Céu
*
Aos que propagarem o Rosário, Maria promete ajudar em todas as
necessidades.
*
Os pecadores serão perdoados.
*
As almas áridas serão restauradas.
*
Aqueles que estão acorrentados terão suas correntes
rompidas.
*
Aqueles que choram encontrarão felicidade.
*
Aqueles que são tentados encontrarão paz.
*
O pobre encontrará ajuda.
*
Os religiosos serão corretos.
*
Aqueles que são ignorantes serão instruídos.
*
O ardente aprenderá a superar o orgulho.
*
Os defuntos (as almas santas do purgatório) terão
alívio em suas penas do sufrágio.
Benefícios
da Oração do Rosário
*
Gradualmente nos dá uma perfeita consciência de Jesus.
*
Purifica nossas almas, lava o pecado.
*
Dá-nos vitória sobre todos nossos inimigos.
*
Torna-nos fácil a prática das virtudes.
*
Faz arder em nós o amor do Senhor.
*
Enriquece-nos de graças e méritos.
*
Provém-nos o que é necessário para pagar todos
os nossos débitos a Deus e aos irmãos; e,
Finalmente,
obtém de Deus, todos os tipos de graças para nós.
Promessas
de Maria Santíssima aos devotos do Rosário
*
A todos aqueles que recitarem o meu Rosário promete a minha
especialíssima proteção.
*
Quem perseverar na reza do meu Rosário, receberá graças
potentíssimas.
*
O Rosário será uma arma potentíssima contra o
inferno, destruirá os vícios, dissipará o pecado
e
derrubará
as heresias.
*
O Rosário fará reflorir as virtudes, as boas obras e
obterá às almas as mais abundantes a
Misericórdias
de Deus.
*
Quem confiar-se a Mim, com o Rosário, não será
nunca oprimido pelas adversidades.
*
Quem quer que recite devotadamente o Santo Rosário, com a
meditação dos Mistérios, se
Converterá
se pecador, crescerá em graça se justo e será
feito digno da vida eterna.
*
Os devotos do Meu Rosário na hora da morte, não
morrerão sem sacramentos.
*
Aqueles que rezam o Meu Rosário encontrarão, durante
sua vida e na hora de sua morte, a luz de
Deus
e a plenitude das suas graças e participarão aos
méritos dos abençoados no Paraíso.
*
Eu libertarei, todos os dias, do Purgatório, as almas devotas
do Meu Rosário.
*
Os verdadeiros filhos do Meu Rosário, gozarão de uma
grande alegria no Céu.
*
Aquilo que se pedir com o Rosário se obterá.
*
Aqueles que propagarem o Meu Rosário serão por mim
socorridos em todas as suas necessidades.
*
Eu consegui do Meu Filho que todos os devotos do Rosário
tenham, por irmãos em sua vida e na
hora
de sua morte, os Santos do Céu.
*
Aqueles que recitarem o Meu Rosário fielmente serão
todos filhos meus amaríssimos, irmãos e
irmãs
de Jesus.
*
A devoção do Santo Rosário é um grande
sinal de predestinação.
"O
Rosário, lentamente recitado e meditado - em família,
em comunidade,
“Pessoalmente,
vos fará penetrar, pouco a pouco, nos sentimentos de Jesus
Cristo e de sua Mãe,
evocando
todos os acontecimentos que são a chave de nossa salvação”.
(João
Paulo II)
“Quando
se recita o Rosário revivem-se os momentos importantes e
significativos da história da
salvação;
percorrem-se as várias etapas da missão de Cristo. Com
Maria orienta-se o coração
para
o mistério de Jesus. Coloca-se Cristo no centro da nossa vida,
do nosso tempo, das nossas
cidades,
mediante a contemplação e a meditação dos
seus santos mistérios de alegria, de luz, de
dor
e de gloria”.
(Papa
Bento XVI)
O
JEJUM
O VALOR DO JEJUM PARA A
ESPIRITUALIDADE CRISTÃ
Pe.
Ednilson de Jesus, MIC
Reitor
do Santuário da Divina Misericórdia (Curitiba)
INTRODUÇÃO:
Queremos
refletir, neste breve artigo, sobre o valor do jejum para a
espiritualidade cristã e
para
o aprofundamento da intimidade com o Senhor. Nossa reflexão
será orientada por 8 questões
fundamentais.
Não queremos esgotar o assunto, pois a riqueza do tema é
muito grande.
Apresentamos
apenas algumas linhas de orientação para que cada qual
possa aprofundar o estudo
desse
magnífico meio de crescimento espiritual.
6.1.
O QUE A IGREJA FALA SOBRE O JEJUM?
A
Igreja reconhece o valor e o significado profundo do jejum para a
espiritualidade cristã. O
quinto
mandamento da Igreja nos orienta a “Jejuar e abster-se de carne,
conforme manda a Santa
Mãe
Igreja” (Catecismo, 2043).
Entre
os chamados Padres da Igreja, os primeiros teólogos das
origens cristãs, Santo
Agostinho
reconhece o valor espiritual e moral do jejum: “a abstinência
purifica a alma, eleva a
mente,
subordina a carne ao espírito, cria um coração
humilde e contrito, espalha as nuvens da
concupiscência,
extingue o fogo da luxúria e acende a verdadeira luz da
castidade” (Sermão
sobre a
oração
e o jejum).
Em
nosso tempo, a Igreja ainda recomenda a prática do jejum. O
jejum é citado no
Catecismo
da Igreja Católica em 9 parágrafos específicos.
Os parágrafos são: 575, 1387, 1430,
1434,
1438, 1755, 1969, 2043 e 2742. Síntese desse ensinamento é
a mensagem de que os gestos
exteriores
(saco e cinzas, jejuns e mortificações) não
devem ser vazios, mas devem ser
acompanhados
da conversão do coração
ou da penitência
interior: é por essa razão que o jejum é
associado
ao Sacramento da Reconciliação.
Além
do jejum, a oração e a esmola aparecem como as
principais formas de expressão da
penitência
interior. Assim, o jejum, a oração e a esmola
representam a conversão em relação a si
mesmo,
a Deus e aos outros (Catecismo, 1434). Como afirmou o Papa Bento XVI,
na homilia da
celebração
da Quarta-Feira de Cinzas, deste ano, “em relação
harmoniosa com a oração, também o
jejum
e a esmola podem ser considerados lugares de aprendizagem e prática
da esperança cristã”.
O
Concílio Vaticano II assim nos ensina: “A penitência
do tempo quaresmal não deve ser
somente
interna e individual, mas também externa e social. Fomente-se
a prática penitencial de
acordo
com as possibilidades de nosso tempo, dos diversos países e da
condição dos fiéis (...).
Tenha-se
como sagrado o jejum pascal que há de celebrar-se em todos os
lugares na Sexta-feira da
Paixão
e Morte do Senhor e ainda estender-se segundo as circunstancias, ao
Sábado Santo, para que
deste
modo cheguemos à alegria do Domingo da Ressurreição
com ânimo elevado e grande
entusiasmo”
(Sacrosanctum Concilium,
n. 110).
Para
o Papa Bento XVI, “jejuar significa aceitar um aspecto essencial da
vida cristã. É
necessário
redescobrir também o aspecto corporal da fé, a
abstinência do alimento é um desses
aspectos”
(Joseph Ratzinger, no livro A
Fé em crise?).
6.2.
SEGUNDO A BÍBLIA O QUE DEUS NOS FALA SOBRE O JEJUM?
O
Antigo Testamento é rico em passagens que revelam a prática
do jejum associada à vida
espiritual.
Eis apenas alguns exemplos: Lv 16,29; Nm 29,7; 1Rs 21,9; Esd 8,21; Tb
12,8; Jl 1,14,
2Sm
12,16. No livro do Gênesis pode-se encontrar uma primeira
referência ao jejum, ainda que
indireta,
na ordem de Deus: “Podes comer do fruto de todas as árvores,
do jardim, mas não comas
do
fruto da árvore da ciência do bem do mal, porque no dia
em que dele comeres, morrerás
indubitavelmente”
(Gn 2, 16-17).
Na
cultura judaica, o jejum era cumprido rigorosamente, o que é
atestado pelos constantes
desencontros
de Jesus com os fariseus a respeito do tema (Mc 2,18; Lc 5,33).
Jesus
jejuou durante quarenta dias e quarenta noites, depois do seu batismo
(Mt 4,2). O
jejum
de Jesus precede o início da pregação de Jesus
(Mt 4,17), a escolha dos primeiros discípulos
(Mt
4, 18-22), as primeiras curas (Mt 4,23-25) e o sermão sobre as
bem-aventuranças (Mt 5,1-12).
O
jejum é necessário para o apostolado. Aumenta nossa
intimidade com Deus Pai e
potencializa
nossa oração (Mt 17,14-20; Mc 9,29). Com efeito, Jesus
declarou certa ocasião:
”quanto
a esta espécie de demônio, só se pode expulsar à
força de oração e de jejum”.
O
Livro de Atos registra os crentes jejuando antes de tomarem
importantes decisões (Atos13:4; 14:23).
São
Paulo dá um sentido mais amplo ao jejum, inserindo-o nas
práticas que nos ajudam a
viver
segundo o Espírito e não apenas segundo
a carne: “Portanto irmãos, não somos
devedores da
carne,
para que vivamos segundo a carne. De fato, se viverdes segundo a
carne, haveis de morrer;
mas,
se pelo Espírito mortificardes as obras da carne, vivereis,
pois todos os que são conduzidos
pelo
Espírito de Deus são filhos de Deus (Rm 8, 13-14).
6.3.
COMO PREPARAR-SE PARA PRATICAR O JEJUM?
O
jejum é um sinal externo da conversão do coração.
Portanto, sua preparação exige um
profundo
exame de consciência e uma atitude de contrição,
de arrependimento de nossas fraquezas
e
um propósito firme de mudança de vida.
Pela
boca do profeta Isaías, o Senhor revela o sentido da conversão
que deve acompanhar o
jejum:
“Sabeis qual é o jejum que eu aprecio? - diz o Senhor Deus:
É romper as cadeias injustas,
desatar
as cordas do jugo, mandar embora livres os oprimidos, e quebrar toda
espécie de jugo” (Is
58,
6).
6.4.
COMO PRATICAR O JEJUM?
O
jejum deve estar associado a uma visão positiva da vida
espiritual, o que impede que seja
compreendido
como uma pena ou sacrifício ruim. Deve, portanto, expressar a
alegria, a fé e a
esperança.
É Jesus mesmo quem nos ensina a esse respeito: “Quando
jejuardes, não tomeis um ar
triste
como os hipócritas, que mostram um semblante abatido para
manifestar aos homens que
jejuam.
(...) Quando jejuares, perfuma a tua cabeça e lava teu rosto
Assim não parecerá aos homens
que
jejuas, mas somente a teu Pai, que vê no segredo” (Mt
6,16-18).
6.5.
QUAIS OS BENEFÍCIOS E EFEITOS DO JEJUM?
Os
benefícios do jejum vão além da vida espiritual.
Eles cobrem muitos aspectos da vida
humana.
Além do domínio dos vícios, o jejum enobrece a
mente, auxilia alcançar as virtudes da
sabedoria,
da prudência e temperança, promove o bem-estar, recupera
as perdas espirituais e nos
prepara
para a batalha do dia-a-dia da fé; por isto é eficaz em
quatro áreas fundamentais.
a)
Alimentar e física:
•
Disciplina a forma
desordenada e irregular de comer e o mau hábito de beliscar
entre as
refeições,
fumar, tomar café, chás, doces lanches e refrigerantes,
a todo instante;
•
Elimina o reprovável
desperdício e ensina a conhecer o valor nutritivo dos
alimentos
vegetais
e animais e a importância dos produtos naturais, orgânicos;
•
Torna o corpo mais
saudável através do bom funcionamento do sistema
digestivo e
possibilita
aumento a expectativa de vida.
b)
Mental e psicológica:
40
•
Mantém a mente
descansada, mais aberta e sensível às coisas
espirituais, atividades e à
criatividade
intelectual em diversas áreas;
•
Aumenta a estabilidade
mental e psicológica através do domínio das
emoções, torna o corpo
leve,
ativo e incansável (a história demonstra que os
filósofos pagãos, na Grécia antiga, para
um
melhor desempenho intelectual, jejuavam espontaneamente antes de
entrarem em
debates
públicos).
c)
Moral e religiosa:
•
Supera as dependências
e apegos às coisas materiais supérfluas e amplia a
consciência do
ser;
•
Fortalece a vontade,
renova a força moral e consolida os verdadeiros valores e a
fé;
•
Estimula a partilha com
generosidade e abre o nosso coração à caridade,
oferecendo aos
necessitados,
os que sofrem, aquilo que vem a sobrar em nossas despensas: “Boa
coisa é a
oração
acompanhada de jejum, e a esmola é preferível aos
tesouros de ouro escondidos” (Tb
12,8)
•
Traz o domínio
sobre a presunção, a indolência espiritual e
moral e intensifica a genuína
piedade.
d)
Vida de fé:
•
Prepara para uma intensa
participação nos mistérios da Fé, nos
Sacramentos, em particular
da
Penitência ou Confissão e da Eucaristia.
E
produz:
•
Maior qualidade de vida
interior, vida na graça e união íntima, real,
natural, pessoal e
constante
com Deus;
•
Docilidade e abertura às
inspirações do Espírito Santo;
•
Maior silêncio,
busca da meditação, confiança e disposição
para a adoração;
•
Maior disponibilidade
para servir, para a missão e para o próximo;
•
Libertação
a partir da renúncia à gula, luxúria, preguiça
e demais pecados capitais;
•
É uma poderosa
arma contra as tentações do Inimigo;
•
Portanto não deve
ser visto como um dever, mas um direito que nos abre à Graça.
6.6.
QUAIS OS PREJUÍZOS QUANDO NÃO PRATICAMOS O JEJUM?
O
maior prejuízo, sem dúvida, é deixar-se levar
pelas tendências humanas da “vida segundo
a
carne”, como nos ensina São Paulo (Rm 8). Não se
trata de viver o dualismo corpo e espírito,
muito
enfatizado na Idade Média, que via como mal e pecaminoso tudo
o que se relacionava ao
corpo.
Isso, de fato, é um exagero e não corresponde à
doutrina cristã: Deus, que criou-nos também
o
corpo, “viu que tudo era bom” (Gn 1,31).
6.7.
QUAL A REGULARIDADE PARA PRATICAR O JEJUM?
O
jejum não deve ser praticado em demasia e exagero, pois isso
causa prejuízo ao corpo,
constituindo-se
nesse caso um mal e não um bem. É preciso bom senso e
equilíbrio. No Código de
Direito
Canônico, a Igreja nos ensina que “os dias e tempos
penitenciais, em toda a Igreja, são todas
as
sextas-feiras do ano e o tempo da quaresma” (Cân. 1250). E
ainda: “Observe-se a abstinência de
carne
ou de outro alimento, segundo as prescrições da
conferência dos Bispos, em todas as sextasfeiras
do
ano, a não ser que coincidam com algum dia enumerado entre as
solenidades; observem-se
a
abstinência e o jejum na quarta-feira de Cinzas e na
sexta-feira da Paixão e Morte de Nosso
Senhor
Jesus Cristo” (Can. 1251).
Há
também a orientação da Igreja para o jejum que
prepara a participação na Eucaristia:
“Quem
vai receber a Santíssima Eucaristia abstenha-se de qualquer
comida ou bebida, excetuandose
somente
água e remédio no espaço de ao menos uma hora
antes da sagrada comunhão” (Can.
919).
6.8.
QUEM PODE E QUEM DEVE PRATICAR O JEJUM?
Conforme
o ensinamento da Igreja, no Código de Direito Canônico,
“todos os fiéis, cada
qual
a seu modo, estão obrigados por lei divina a fazer penitência;
mas, para que todos estejam
unidos
mediante certa observância comum da penitência, são
prescritos dias penitenciais, em que os
fiéis
se dediquem de modo especial à oração, façam
obras de piedade e caridade, renunciem a si
mesmos,
cumprindo ainda mais fielmente as próprias obrigações
e observando principalmente o
jejum
e a abstinência, de acordo com os cânones seguintes”
(Can. 1249).
A
Igreja também ensina que “estão
obrigados à lei da abstinência aqueles que tiverem
completado
catorze anos de idade; estão obrigados à lei do jejum
todos os maiores de idade até os
sessenta
anos começados. Todavia, os pastores de almas e os pais cuidem
que sejam formados para
o
genuíno sentido da penitência também os que não
estão obrigados à lei do jejum e da abstinência em
razão da pouca idade” (Can. 1252).
Fonte:www.derradeirasgraças.com
Fonte:www.rcc.org.br
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