
INSTRUÇÃO
GERAL DO MISSAL ROMANO
PROÉMIO
1. Quando
Cristo Senhor estava para celebrar com os discípulos a ceia
pascal, na qual instituiu o sacrifício do seu Corpo e Sangue,
mandou preparar uma grande sala mobiliada (Lc 22, 12). A
Igreja sempre entendeu que esta ordem lhe dizia respeito e, por isso,
foi estabelecendo normas para a celebração da
santíssima Eucaristia, no que se refere às disposições
da alma, aos lugares, aos ritos, aos textos. As presentes normas,
promulgadas por vontade expressa do II Concílio do Vaticano, e
o novo Missal que, de futuro, vai ser usado no rito romano para a
celebração da Missa, constituem mais uma prova desta
solicitude da Igreja, da sua fé e do seu amor inalterado para
com o sublime mistério eucarístico, e da sua tradição
contínua e coerente, não obstante a introdução
de algumas inovações.
Testemunho
de fé inalterável
2. A
natureza sacrificial da Missa, solenemente afirmada pelo Concílio
de Trento[1],
de acordo com toda a tradição da Igreja, foi mais uma
vez formulada pelo II Concílio do Vaticano, quando, a respeito
da Missa, proferiu estas significativas palavras: “O nosso
Salvador, na última Ceia, instituiu o sacrifício
eucarístico do seu Corpo e Sangue, com o fim de perpetuar
através dos séculos, até à sua vinda, o
sacrifício da cruz e, deste modo, confiar à Igreja, sua
amada Esposa, o memorial da sua Morte e Ressurreição”
[2].
Esta
doutrina do Concílio, encontramo-la expressamente enunciada,
de modo constante, nos próprios textos da Missa. Assim, o que
já no antigo Sacramentário, vulgarmente chamado
Leoniano, se exprimia de modo inequívoco nesta frase: “todas
as vezes que celebramos o memorial deste sacrifício,
realiza-se a obra da nossa redenção”[3],
aparece-nos desenvolvido com toda a clareza e propriedade nas Orações
Eucarísticas. Com efeito, no momento em que o sacerdote faz a
anamnese, dirigindo-se a Deus, em nome de todo o povo, dá-Lhe
graças e oferece-Lhe o sacrifício vivo e santo, isto é,
a oblação apresentada pela Igreja e a Vítima,
por cuja imolação quis o mesmo Deus ser aplacado[4];
e pede que o Corpo e Sangue de Cristo sejam sacrifício
agradável a Deus Pai e salvação para todo o
mundo[5].
Deste
modo, no novo Missal, a norma da oração (lex orandi)
da Igreja está em consonância perfeita com a perene
norma de fé (lex credendi). Esta ensina-nos que,
excepto o modo de oferecer, que é diverso, existe perfeita
identidade entre o sacrifício da cruz e a sua renovação
sacramental na Missa por Cristo Senhor instituída na última
Ceia, ao mandar aos Apóstolos que a celebrassem em memória
d’Ele. Consequentemente, a Missa é ao mesmo tempo sacrifício
de louvor, de acção de graças, de propiciação
e de satisfação.
3.
O mistério
admirável da presença real do Senhor sob as espécies
eucarísticas, reafirmado pelo II Concílio do
Vaticano[6]
e outros documentos do Magistério da Igreja[7],
no mesmo sentido e com a mesma doutrina com que o Concílio de
Trento o tinha proposto à nossa fé[8],
é também claramente expresso na celebração
da Missa, não só pelas próprias palavras da
consagração, em virtude das quais Cristo se torna
presente por transubstanciação, mas também pela
forma como, ao longo de toda a liturgia eucarística, se
exprimem os sentimentos de suma reverência e adoração.
É este o motivo que leva o povo cristão a prestar culto
peculiar de adoração a tão admirável
Sacramento, na Quinta-Feira da Ceia do Senhor e na solenidade do
Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo.
4.
Quanto à natureza do sacerdócio ministerial próprio
do presbítero, que em nome de Cristo oferece o sacrifício
e preside à assembleia do povo santo, ela é posta
claramente em relevo pela própria estrutura dos ritos, lugar
de preeminência e função mesma do sacerdote. Os
atributos desta função ministerial são
enunciados explícita e desenvolvidamente no prefácio da
Missa crismal, em Quinta-Feira da Semana Santa, precisamente no dia
em que se comemora a instituição do sacerdócio.
Nesta acção de graças é claramente
afirmada a transmissão do poder sacerdotal mediante a
imposição das mãos; e é descrito este
poder, enumerando as suas diversas funções, como
continuação do poder do próprio Cristo, Sumo
Pontífice da Nova Aliança.
5.
Mas esta natureza do sacerdócio ministerial vem também
colocar na sua verdadeira luz outra realidade de suma importância,
que é o sacerdócio real dos fiéis, cujo
sacrifício espiritual é consumado pelo ministério
dos sacerdotes em união com o sacrifício de Cristo,
único Mediador[9].
Com efeito, a celebração da Eucaristia é acção
de toda a Igreja; nesta acção, cada um intervém
fazendo só e tudo o que lhe compete, conforme a sua posição
dentro do povo de Deus. E foi precisamente isto o que levou a prestar
maior atenção a certos aspectos da celebração
litúrgica insuficientemente valorizados no decurso dos
séculos. Este povo é o povo de Deus, adquirido pelo
Sangue de Cristo, congregado pelo Senhor, alimentado com a sua
palavra; povo chamado para fazer subir até Deus as preces de
toda a família humana; povo que em Cristo dá graças
pelo mistério da salvação, oferecendo o seu
Sacrifício; povo, finalmente, que, pela comunhão do
Corpo e Sangue de Cristo, se consolida na unidade. E este povo,
embora seja santo pela sua origem, vai continuamente crescendo em
santidade, através da participação consciente,
activa e frutuosa no mistério eucarístico[10].
Uma
tradição ininterrupta
6.
Ao enunciar os princípios que deveriam presidir à
revisão do Ordo Missae, o II Concílio do
Vaticano, servindo-se dos mesmos termos usados por S. Pio V na Bula
Quo primum, que promulgava o Missal Tridentino de 1570,
determina, entre outras coisas, que certos ritos sejam restaurados
“em conformidade com a antiga norma dos Santos Padres”[11].
Na própria concordância de termos, pode já
verificar-se como, não obstante o espaço de quatro
séculos que medeia entre eles, ambos os Missais Romanos seguem
a mesma tradição. E, se examinarmos atentamente os
elementos mais profundos desta tradição, veremos também
como, de uma forma muito feliz, o segundo Missal vem aperfeiçoar
o primeiro.
7.
Numa época particularmente difícil como aquela, em que
estava em perigo a fé católica sobre o carácter
sacrificial da Missa, sobre o sacerdócio ministerial, sobre a
presença real e permanente de Cristo sob as espécies
eucarísticas, o que mais preocupava S. Pio V era salvaguardar
uma tradição, algo recente, é certo, mas
injustamente atacada, e, consequentemente, introduzir o mínimo
de alterações nos ritos sagrados. De facto, este Missal
de 1570 pouco difere do primeiro impresso em 1474, o qual, por sua
vez, reproduz fielmente o Missal do tempo de Inocêncio III.
Além disso, se bem que os códices da Biblioteca
Vaticana tenham ajudado a corrigir algumas expressões, não
permitiram, naquela diligente investigação dos “antigos
e mais fidedignos autores” ir além dos comentários
litúrgicos da Idade Média.
8.
Pelo contrário, hoje em dia, aquela “norma dos Santos
Padres”, que os correctores do Missal de S. Pio V se propunham
seguir, encontra-se enriquecida com numerosos estudos de eruditos.
Com efeito, após a primeira edição do chamado
Sacramentário Gregoriano, publicado em 1571, os antigos
Sacramentários Romanos e Ambrosianos, bem como os antigos
livros litúrgicos Hispânicos e Galicanos, têm sido
objecto de várias edições críticas, que
deram a conhecer numerosíssimas orações de
grande valor espiritual, até então desconhecidas.
Além
disso, após a descoberta de numerosos documentos litúrgicos,
também se conhecem melhor as tradições dos
primeiros séculos, anteriores à formação
dos ritos do Oriente e do Ocidente.
Há
ainda a acrescentar o progresso dos estudos patrísticos, que
veio projectar nova luz sobre a teologia do mistério
eucarístico, ilustrando-a com a doutrina dos mais eminentes
Padres da antiguidade cristã, tais como S. Ireneu, S.
Ambrósio, S. Cirilo de Jerusalém, S. João
Crisóstomo.
9.
Por isso, a “norma dos Santos Padres” não reclama somente
a conservação daquelas tradições que nos
legaram os nossos antepassados imediatos; exige também que se
abranja e examine mais profundamente todo o passado da Igreja e todos
esses diversos modos pelos quais se exprimiu a única e mesma
fé, através das mais variadas formas de cultura e
civilização, como as que correspondem às regiões
semitas, gregas e latinas. Esta mais ampla perspectiva permite-nos
descobrir como o Espírito Santo inspira ao povo de Deus uma
admirável fidelidade na guarda imutável do depósito
da fé, por mais variadas que se apresentem as formas da oração
e dos ritos sagrados.
Adaptação
às novas circunstâncias
10.
O novo Missal, se por um lado testemunha a norma da oração
(lex orandi) da Igreja Romana e salvaguarda o depósito
da fé tal como nos foi transmitido pelos Concílios mais
recentes, por outro lado significa também um passo de grande
importância na tradição litúrgica.
Embora
os Padres do II Concílio do Vaticano tenham reiterado as
afirmações dogmáticas do Concílio de
Trento, falavam contudo numa época da vida do mundo muito
distante daquela, o que os levou a apresentar, no campo pastoral,
resoluções e orientações impensáveis
quatro séculos atrás.
11.
O Concílio de Trento já tinha reconhecido o grande
valor catequético que encerra a celebração da
Missa; não estava, todavia, em condições de
poder extrair daí todas as consequências de ordem
prática. Muitos solicitavam que fosse autorizado o uso da
língua vernácula na celebração do
sacrifício eucarístico. Atentas, porém, as
circunstâncias particulares de então, face a um pedido
desta natureza, o Concílio entendeu que devia reafirmar a
doutrina tradicional da Igreja, segundo a qual o sacrifício
eucarístico é, antes e acima de tudo, acção
do próprio Cristo e, portanto, a eficácia que lhe é
própria não pode ser afectada pelo modo como nele
participam os fiéis. E assim, de modo firme e moderado,
exprimiu-se nestes termos: “Embora a Missa contenha uma grande
riqueza doutrinal para o povo fiel, todavia os Padres não
julgaram oportuno que ela fosse habitualmente celebrada em língua
vulgar”.[12]
E condenou quem sustentasse “ser de rejeitar o uso da Igreja
Romana, de recitar em voz baixa o Cânone com as palavras da
consagração; ou que se deve celebrar a Missa somente em
língua vulgar”[13].
No entanto, se por um lado o Concílio proibia o uso da língua
vernácula na Missa, por outro impunha aos pastores de almas a
obrigação de suprir esta deficiência com uma
catequese adequada: “Para que as ovelhas de Cristo não
passem fome..., ordena o sagrado Sínodo aos pastores e a todos
os que têm cura de almas que, no decurso da celebração
da Missa, façam com frequência, por si ou por outrem,
uma explicação dos textos lidos na Missa e, entre
outras coisas, exponham algum mistério deste santíssimo
sacrifício, especialmente aos domingos e dias festivos”[14].
12.
Reunido o II Concílio do Vaticano, precisamente com a
finalidade de adaptar a Igreja às exigências do seu
múnus apostólico em nossos dias, prestou fundamental
atenção, como já o fizera o de Trento, à
índole didáctica e pastoral da sagrada Liturgia[15].
E porque ninguém, entre os católicos, negava a
legitimidade e eficácia do rito sagrado celebrado em latim, o
Concílio não teve dificuldade em admitir que “não
raro pode ser de grande utilidade para o povo o uso da língua
vernácula na Liturgia” e autorizou o seu uso[16].
O entusiasmo com que por toda a parte foi recebida esta decisão
conciliar teve como resultado que, sob a égide dos Bispos e da
própria Sé Apostólica, se passou a autorizar a
língua vulgar em todas as celebrações litúrgicas
com participação do povo, a fim de permitir uma
compreensão mais plena do mistério celebrado.
13.
Dado que o uso da língua vernácula na Liturgia é
um instrumento de grande importância para exprimir mais
claramente a catequese do mistério contida na celebração,
o II Concílio do Vaticano entendeu dever relembrar a
necessidade de pôr em prática algumas prescrições
do Concílio de Trento que não tinham sido respeitadas
em toda a parte, como a obrigação da homilia aos
domingos e dias festivos[17]
e a possibilidade de inserir admonições dentro dos
próprios ritos sagrados[18].
Mas,
sobretudo, ao aconselhar “a participação mais
perfeita na Missa, pela qual os fiéis, depois da comunhão
do sacerdote, recebem do mesmo sacrifício o Corpo do
Senhor”[19],
o II Concílio do Vaticano exorta a pôr em prática
outra recomendação dos Padres Tridentinos: que, para
participarem mais plenamente na sagrada Eucaristia, “os fiéis
presentes comunguem em cada Missa, não apenas pelo desejo
espiritual, mas também pela recepção sacramental
da Eucaristia”[20].
14.
Este mesmo espírito e zelo pastoral levou o II Concílio
do Vaticano a reexaminar as decisões do Concílio de
Trento referentes à comunhão sob as duas espécies.
Uma vez que, hoje em dia, ninguém põe em dúvida
os princípios doutrinais relativos ao pleno valor da comunhão
eucarística recebida apenas sob a espécie do pão,
o Concílio autorizou para certos casos a comunhão sob
as duas espécies, com a qual, graças a uma apresentação
mais clara do sinal sacramental, se dá aos fiéis
ocasião oportuna para compreender mais profundamente o
mistério em que participam[21].
15.
Assim a Igreja, mantendo-se fiel à sua missão de mestra
da verdade, conservando o que é “antigo”, isto é, o
depósito da tradição, cumpre também o
dever de considerar e adoptar o que é “novo” (cf. Mt 13,
52).
Por
isso, uma parte do novo Missal apresenta orações da
Igreja mais directamente orientadas para as necessidades dos nossos
tempos. Isto aplica-se de modo particular às Missas rituais e
“para várias circunstâncias”, nas quais se encontram
oportunamente combinadas a tradição e a inovação.
Assim, enquanto se mantêm intactas inúmeras expressões
herdadas da mais antiga tradição da Igreja,
transmitidas pelo próprio Missal nas suas múltiplas
edições, muitas outras foram adaptadas às
necessidades e circunstâncias actuais; outras ainda – como as
orações pela Igreja, pelos leigos, pela santificação
do trabalho humano, pela comunidade das nações, por
algumas necessidades peculiares do nosso tempo – tiveram de ser
compostas integralmente, utilizando as ideias, muitas vezes até
as expressões, dos recentes documentos conciliares.
Ao
utilizar os textos da mais antiga tradição, tendo em
conta a situação do mundo contemporâneo,
entendeu-se que se podiam modificar certas frases ou expressões
sem atentar em nada contra tão venerável tesouro, com o
fim de adaptar melhor o seu estilo à linguagem teológica
hodierna e reflectir mais perfeitamente a presente disciplina da
Igreja; por exemplo: algumas expressões relativas ao apreço
e uso dos bens terrenos e outras que se referem a formas de
penitência exterior próprias de outros tempos.
Deste
modo, as normas litúrgicas do Concílio de Trento foram
em grande parte completadas e aperfeiçoadas pelas do II
Concílio do Vaticano, que pôde levar a termo os esforços
no sentido de aproximar mais os fiéis da sagrada Liturgia,
esforços estes desenvolvidos ao longo dos últimos
quatro séculos, sobretudo nos tempos mais recentes, graças
especialmente ao zelo litúrgico de S. Pio X e seus Sucessores.
CAPÍTULO
I
IMPORTÂNCIA
E DIGNIDADE
DA
CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA
16.
A celebração da Missa, como acção de
Cristo e do povo de Deus hierarquicamente ordenado, é o centro
de toda a vida cristã, tanto para a Igreja, quer universal
quer local, como para cada um dos fiéis[22].
Nela culmina toda a acção pela qual Deus, em Cristo,
santifica o mundo, bem como todo o culto pelo qual os homens, por
meio de Cristo, Filho de Deus, no Espírito Santo, prestam
adoração ao Pai[23].
Nela se comemoram também, ao longo do ano, os mistérios
da Redenção, de tal forma que eles se tornam, de algum
modo, presentes[24].
Todas as outras acções sagradas e todas as obras da
vida cristã com ela estão relacionadas, dela derivam e
a ela se ordenam[25].
17.
Por isso, é da máxima importância que a
celebração da Missa ou Ceia do Senhor de tal modo se
ordene que ministros sagrados e fiéis, participando nela cada
qual segundo a sua condição, dela colham os mais
abundantes frutos[26].
Foi para isso que Cristo instituiu o sacrifício eucarístico
do seu Corpo e Sangue e o confiou à Igreja, sua amada esposa,
como memorial da sua paixão e ressurreição[27].
18.
Tal finalidade só pode ser atingida se, atentas a natureza e
as circunstâncias peculiares de cada assembleia litúrgica,
se ordenar toda a celebração de forma a conduzir os
fiéis àquela participação consciente,
activa e plena, de corpo e espírito, ardente de fé,
esperança e caridade, que a Igreja deseja e a própria
natureza da celebração reclama, e que, por força
do Baptismo, constitui direito e dever do povo cristão[28].
19.
Embora nem sempre se consiga uma presença e uma
participação activa dos fiéis que manifestem com
toda a clareza a natureza eclesial da celebração[29],
a celebração eucarística tem sempre assegurada a
sua eficácia e dignidade, por ser acção de
Cristo e da Igreja, em que o sacerdote realiza a sua principal função
e actua sempre para a salvação do povo.
Recomenda-se
aos sacerdotes que, sempre que possível, celebrem o sacrifício
eucarístico diariamente[30].
20. A
celebração eucarística, como toda a Liturgia,
realiza-se por meio de sinais sensíveis, pelos quais se
alimenta, fortalece e exprime a fé[31].
Para isso, deve haver o máximo cuidado em escolher e ordenar
as formas e os elementos propostos pela Igreja que, atendendo às
circunstâncias de pessoas e lugares, mais intensamente
favoreçam a participação activa e plena e mais
eficazmente contribuam para o bem espiritual dos fiéis.
21.
O objectivo desta Instrução é traçar
as linhas gerais por que se há-de regular toda a celebração
eucarística e expor as normas a que deverá obedecer
cada uma das formas de celebração[32].
22. A
celebração da Eucaristia é da maior importância
para a Igreja particular.
O
bispo diocesano, como primeiro dispensador dos mistérios de
Deus na Igreja particular que lhe está confiada, é o
moderador, o promotor e o guardião de toda a vida
litúrgica[33].
Nas celebrações por ele presididas, principalmente na
celebração eucarística com a participação
do presbitério, dos diáconos e do povo, manifesta-se o
mistério da Igreja. Esta celebração da missa
deve, pois, ser exemplar para toda a diocese.
Por
isso, ele deve procurar que os presbíteros, diáconos e
fiéis leigos compreendam sempre profundamente o genuíno
sentido dos ritos e textos litúrgicos, e desse modo sejam
levados à celebração activa e frutuosa da
Eucaristia. Neste mesmo sentido deve procurar que cresça a
dignidade das mesmas celebrações, para a promoção
da qual muito contribui a beleza dos lugares sagrados, da música
e da arte.
23.
Para que a celebração esteja mais plenamente de acordo
com a letra e o espírito da sagrada Liturgia, e para que possa
aumentar a sua eficácia pastoral, expõem-se, nesta
Instrução geral e no Ordinário da Missa
alguns ajustamentos e adaptações.
24.
Tais adaptações consistem, muitas vezes, na escolha de
certos ritos e textos, como são os cantos, as leituras, as
orações, as admonições e os gestos, de
forma a corresponderem melhor às necessidades, à
preparação e à capacidade dos participantes;
elas são da responsabilidade do sacerdote celebrante.
Lembre-se contudo o sacerdote que ele próprio é
servidor da sagrada Liturgia, e que não lhe é
permitido, por sua livre iniciativa, acrescentar, suprimir ou mudar
seja o que for na celebração da Missa[34].
25.
Além disso, no lugar respectivo do Missal vão indicadas
algumas adaptações que, segundo a Constituição
da sagrada Liturgia, competem respectivamente ao Bispo diocesano ou à
Conferência Episcopal[35]
(cf. adiante, nn. 387, 391-395).
26.
No que se refere a variações e adaptações
mais profundas, relativas às tradições e à
índole dos povos e das regiões, quando for necessário
introduzi-las, de acordo com o art. 40 da Constituição
sobre a sagrada Liturgia, observe-se o que se expõe na
Instrução «A liturgia romana e a
inculturação»[36],
e mais adiante (nn. 395-399).
CAPITULO
II
ESTRUTURA
DA MISSA,
SEUS
ELEMENTOS E SUAS PARTES
I.
Estrutura geral da Missa
27.
Na Missa ou Ceia do Senhor, o povo de Deus é
convocado e reunido, sob a presidência do sacerdote que faz as
vezes de Cristo, para celebrar o memorial do Senhor ou sacrifício
eucarístico[37].
A esta assembleia local da santa Igreja se aplica eminentemente a
promessa de Cristo: “Onde estiverem dois ou três reunidos em
meu nome, aí estou Eu no meio deles” (Mt 18, 20). Com
efeito, na celebração da Missa, em que se perpetua o
sacrifício da cruz[38],
Cristo está realmente presente: na própria assembleia
congregada em seu nome, na pessoa do ministro, na sua palavra e,
ainda, de uma forma substancial e permanente, sob as espécies
eucarísticas[39].
28.
A Missa consta, por assim dizer, de duas partes: a
liturgia da palavra e a liturgia eucarística. Estas duas
partes, porém, estão entre si tão estreitamente
ligadas que constituem um único acto de culto[40].
De facto, na Missa é posta a mesa, tanto da palavra de Deus
como do Corpo de Cristo, mesa em que os fiéis recebem
instrução e alimento[41].
Há ainda determinados ritos, a abrir e a concluir a
celebração.
II.
Os diversos elementos da Missa
Leitura
da palavra de Deus e sua explanação
29.
Quando na Igreja se lê
a Sagrada Escritura, é o próprio Deus quem fala ao seu
povo, é Cristo, presente na sua palavra, quem anuncia o
Evangelho.
Por
isso as leituras da palavra de Deus, que oferecem à Liturgia
um elemento da maior importância, devem ser escutadas por todos
com veneração. E embora a palavra divina, contida nas
leituras da Sagrada Escritura, seja dirigida a todos os homens de
todos os tempos e seja para eles inteligível, no entanto a sua
mais plena compreensão e a sua eficácia são
favorecidas por um comentário vivo, isto é, a homilia,
que faz parte da ação litúrgica[42].
Orações
e outros elementos que pertencem à função do
sacerdote
30.
Entre as partes da Missa que pertencem ao sacerdote, está
em primeiro lugar a Oração eucarística, ponto
culminante de toda a celebração. Vêm a seguir as
orações: a oração coleta, a oração
sobre as oferendas e a oração depois da comunhão.
O sacerdote, que preside à assembléia fazendo as vezes
de Cristo, dirige estas orações a Deus em nome de todo
o povo santo e de todos os presentes[43].
Por isso se chamam “orações presidenciais”.
31.
Compete igualmente ao sacerdote, enquanto presidente da
assembléia reunida, fazer certas admoestações
previstas no próprio rito. Onde as rubricas o prevejam, o
celebrante pode adaptá-las de modo a corresponderem melhor à
capacidade dos participantes; no entanto, o sacerdote deve procurar
que o sentido da admoestação proposta no livro
litúrgico seja sempre mantido e expresso em poucas palavras.
Pertence ainda ao sacerdote presidente anunciar a palavra de Deus e
dar a bênção final. Pode ainda introduzir os
fiéis, com brevíssimas palavras: na Missa do dia, após
a saudação inicial e antes do rito penitencial; na
liturgia da palavra, antes das leituras; na Oração
eucarística, antes do Prefácio, mas nunca dentro da
própria Oração; finalmente, antes da despedida,
ao terminar toda a ação sagrada.
32.
O carácter «presidencial» destas
intervenções exige que elas sejam proferidas em voz
alta e clara e escutadas por todos com atenção[44].
Por isso, enquanto o sacerdote as profere, não se hão-de
ouvir nenhumas outras orações ou cânticos, nem o
toque do órgão ou de outros instrumentos musicais.
33.
Como presidente, o sacerdote pronuncia as orações
em nome da Igreja e da comunidade reunida, mas, por vezes, também
o faz em nome pessoal, para despertar maior atenção e
piedade no exercício do seu ministério. Estas orações,
propostas para antes da leitura do Evangelho, na preparação
dos dons, e antes e depois da comunhão do sacerdote, são
ditas em silêncio (“secreto”).
Outras
fórmulas utilizadas na celebração
34.
A celebração da Missa é, por sua
natureza, “comunitária”[45].
Por isso têm grande importância os diálogos entre
o celebrante e os fiéis reunidos, bem como as aclamações[46].
Tais elementos não são apenas sinais externos de
celebração colectiva, mas favorecem e realizam a
estreita comunhão entre o sacerdote e o povo.
35.
As aclamações e as respostas dos fiéis
às saudações do sacerdote e às orações
constituem aquele grau de participação activa por parte
da assembleia dos fiéis, que se exige em todas as formas de
celebração da Missa, para que se exprima claramente e
se estimule a acção de toda a comunidade[47].
36.
Há ainda outras partes da celebração,
que pertencem igualmente a toda a assembleia convocada e muito
contribuem para manifestar e favorecer a participação
activa dos fiéis: são principalmente o acto
penitencial, a profissão de fé, a oração
universal e a oração dominical.
37.
Finalmente, entre as restantes fórmulas:
a)
umas constituem um rito ou acto por si mesmas, como o hino Glória,
o salmo responsorial, o Aleluia e o versículo antes do
Evangelho, o Santo, a aclamação da anamnese e o cântico
depois da Comunhão;
b)
outras destinam-se a acompanhar um rito, como o cântico de
entrada, do ofertório, da fracção (Cordeiro de
Deus) e da Comunhão.
Modos
de proferir os vários textos
38.
Nos textos que devem ser proferidos claramente e em voz
alta, quer pelo sacerdote ou pelo diácono, quer pelo leitor ou
por todos, a voz deve corresponder ao género do próprio
texto, conforme se trata de leitura, oração, admonição,
aclamação ou cântico. Igualmente se há-de
acomodar à forma de celebração e à
solenidade da assembleia. Tenha-se em conta, além disso, a
índole peculiar de cada língua e a mentalidade dos
povos.
Nas
rubricas e normas que se seguem, as palavras “dizer” ou
“proferir” devem ser entendidas como referentes quer ao canto
quer à simples recitação, segundo os princípios
atrás enunciados.
Importância
do canto
39.
O Apóstolo exorta os fiéis, que se reúnem
à espera da vinda do Senhor, a que unam as suas vozes para
cantar salmos, hinos e cânticos espirituais (cf. Col 3, 16). O
canto é sinal de alegria do coração (cf. Actos
2, 46). Bem dizia Santo Agostinho: “Cantar é próprio
de quem ama”[48].
E vem já de tempos antigos o provérbio: “Quem bem
canta, duas vezes reza”.
40.
Deve ter-se, pois, em grande apreço o canto na
celebração da Missa, de acordo com a índole dos
povos e as possibilidades de cada assembleia litúrgica. Embora
não seja necessário cantar sempre, por exemplo nas
Missas feriais, todos os textos que, por si mesmos, se destinam a ser
cantados, deve no entanto procurar-se com todo o cuidado que não
falte o canto dos ministros e do povo nas celebrações
que se realizam nos domingos e festas de preceito.
Na
escolha das partes que efectivamente se cantam, dê-se
preferência às mais importantes, sobretudo às que
devem ser cantadas pelo sacerdote ou pelo diácono ou pelo
leitor, com resposta do povo, bem como às que pertence ao
sacerdote e ao povo proferir conjuntamente[49].
41.
Em igualdade de
circunstâncias, dê-se a primazia ao canto gregoriano,
como canto próprio da Liturgia romana. De modo nenhum se devem
excluir outros géneros de música sacra, principalmente
a polifonia, desde correspondam ao espírito da acção
litúrgica e favoreçam a participação de
todos os fiéis[50].
Dado
que hoje é cada vez mais frequente o encontro de fiéis
de diferentes nacionalidades, convém que eles saibam cantar em
latim pelo menos algumas partes do Ordinário da Missa,
sobretudo o símbolo da fé e a oração
dominical, nas suas melodias mais fáceis[51].
Os gestos e atitudes corporais
42.
Os gestos e atitudes
corporais, tanto do sacerdote, do diácono e dos ministros,
como do povo, visam conseguir que toda a celebração
brilhe pela beleza e nobre simplicidade, que se compreenda a
significação verdadeira e plena das suas diversas
partes e que se facilite a participação de todos[52].
Para isso deve atender-se ao que está definido pelas leis
litúrgicas e pela tradição do Rito Romano, e ao
que concorre para o bem comum espiritual do povo de Deus, mais do que
à inclinação e arbítrio de cada um.
A
atitude comum do corpo, que todos os participantes na celebração
devem observar, é sinal de unidade dos membros da comunidade
cristã reunidos para a sagrada Liturgia: exprime e favorece os
sentimentos e a atitude interior dos presentes[53].
43.
Os fiéis estão de pé: desde o início
do cântico de entrada, ou enquanto o sacerdote se encaminha
para o altar, até à oração colecta,
inclusive; durante o cântico do Aleluia que precede o
Evangelho; durante a proclamação do Evangelho; durante
a profissão de fé e a oração universal; e
desde o invitatório “Orai, irmãos”, antes da oração
sobre as oblatas, até ao fim da Missa, excepto nos momentos
adiante indicados.
Estão
sentados: durante as leituras que precedem o Evangelho e durante o
salmo responsorial; durante a homilia e durante a preparação
dos dons ao ofertório; e, se for oportuno, durante o silêncio
sagrado depois da Comunhão.
Estão
de joelhos durante a consagração, excepto se razões
de saúde, a estreiteza do lugar, o grande número dos
presentes ou outros motivos razoáveis a isso obstarem.
Aqueles, porém, que não estão de joelhos durante
a consagração, fazem uma inclinação
profunda enquanto o sacerdote genuflecte após a consagração.
Compete,
todavia, às Conferências Episcopais, segundo as normas
do direito, adaptar à mentalidade e tradições
razoáveis dos povos os gestos e atitudes indicados no
Ordinário da Missa[54].
Atenda-se, porém, a que estejam de acordo com o sentido e o
carácter de cada uma das partes da celebração.
Onde for costume que o povo permaneça de joelhos desde o fim
da aclamação do Sanctus até ao fim da Oração
eucarística, é bom que este se mantenha.
Para
se conseguir a uniformidade nos gestos e atitudes do corpo na
celebração, os fiéis devem obedecer às
indicações que, no decurso da mesma, lhes forem dadas
pelo diácono, por um ministro leigo ou pelo sacerdote, de
acordo com o que está estabelecido nos livros litúrgicos.
44.
Entre os gestos contam-se também: as acções
e as procissões do sacerdote ao dirigir-se para o altar com o
diácono e os ministros; do diácono, antes da
proclamação do Evangelho, ao levar o Evangeliário
ou Livro dos evangelhos para o ambão; dos fiéis ao
levarem os dons e ao aproximarem-se para a Comunhão. Convém
que estas acções e procissões se realizem com
decoro, enquanto se executam os cânticos respectivos, segundo
as normas estabelecidas para cada caso.
O silêncio
45.
Também se deve guardar, nos momentos próprios,
o silêncio sagrado, como parte da celebração [55].
A natureza deste silêncio depende do momento em que ele é
observado no decurso da celebração. Assim, no acto
penitencial e a seguir ao convite à oração, o
silêncio destina-se ao recolhimento interior; a seguir às
leituras ou à homilia, é para uma breve meditação
sobre o que se ouviu; depois da Comunhão, favorece a oração
interior de louvor e acção de graças.
Antes
da própria celebração é louvável
observar o silêncio na igreja, na sacristia e nos lugares que
lhes ficam mais próximos, para que todos se preparem para
celebrar devota e dignamente os ritos sagrados.
III.
As várias partes da Missa
A) Ritos iniciais
46.
Os ritos que
precedem a liturgia da palavra – entrada, saudação,
acto penitencial, Kýrie (Senhor, tende piedade de nós),
Glória e oração colecta – têm o carácter
de exórdio, introdução e preparação.
É
sua finalidade estabelecer a comunhão entre os fiéis
reunidos e dispô-los para ouvirem devidamente a palavra de Deus
e celebrarem dignamente a Eucaristia.
Em
algumas celebrações que, segundo as normas dos livros
litúrgicos, se ligam à Missa, os ritos iniciais
omitem-se ou realizam-se de modo específico.
Entrada
47.
Reunido o povo, enquanto entra o sacerdote com o diácono
e os ministros, inicia-se o cântico de entrada. A finalidade
deste cântico é dar início à celebração,
favorecer a união dos fiéis reunidos e introduzi-los no
mistério do tempo litúrgico ou da festa, e ao mesmo
tempo acompanhar a procissão de entrada do sacerdote e dos
ministros.
48.
O cântico de entrada é executado
alternadamente pela schola e pelo povo, ou por um cantor
alternando com o povo, ou por toda a assembleia em conjunto, ou
somente pela schola. Pode utilizar-se ou a antífona com
o respectivo salmo que vem no Gradual Romano ou no Gradual simples,
ou outro cântico apropriado à acção
sagrada ou ao carácter do dia ou do tempo, cujo texto tenha a
aprovação da Conferência Episcopal[56].
Se
não há cântico de entrada, recita-se a antífona
que vem no Missal, ou por todos os fiéis, ou por alguns deles,
ou por um leitor; ou então pelo próprio sacerdote, que
também pode adaptá-la à maneira de admonição
inicial (cf. n. 31).
Saudação do altar e da assembleia
49.
Chegados ao presbitério, o sacerdote, o diácono
e os ministros saúdam o altar com inclinação
profunda.
Em
sinal de veneração, o sacerdote e o diácono
beijam então o altar; e, se for oportuno, o sacerdote incensa
a cruz e o altar.
50.
Terminado o cântico de entrada, o sacerdote, de pé
junto da cadeira, e toda a assembleia fazem sobre si próprios
o sinal da cruz; em seguida, pela saudação, faz sentir
à comunidade reunida a presença do Senhor. Com esta
saudação e a resposta do povo manifesta-se o mistério
da Igreja reunida.
Depois
da saudação do povo, o sacerdote, ou o diácono,
ou outro ministro, pode, com palavras muito breves, introduzir os
fiéis na Missa do dia.
Acto penitencial
51.
Em seguida, o sacerdote convida ao acto penitencial, o
qual, após uma breve pausa de silêncio, é feito
por toda a comunidade com uma fórmula de confissão
geral e termina com a absolvição do sacerdote; esta
absolvição, porém, carece da eficácia do
sacramento da penitência.
Ao
domingo, principalmente no tempo pascal, em vez do costumado acto
penitencial pode fazer-se, por vezes, a bênção e
a aspersão da água em memória do baptismo[57].
Kýrie,
eleison
52.
Depois do acto penitencial, diz-se sempre o Senhor,
tende piedade de nós (Kýrie, eléison), a não
ser que já tenha sido incluído no acto penitencial.
Dado tratar-se de um canto em que os fiéis aclamam o Senhor e
imploram a sua misericórdia, é normalmente executado
por todos, em forma alternada entre o povo e a schola ou um
cantor.
Cada
uma das aclamações diz-se normalmente duas vezes, o que
não exclui, porém, um maior número, de acordo
com a índole de cada língua, da arte musical ou das
circunstâncias. Quando o Kýrie é cantado
como parte do acto penitencial, cada aclamação é
precedida de um «tropo».
Glória
in excelsis
53.
O Glória é um antiquíssimo e
venerável hino com que a Igreja, congregada no Espírito
Santo, glorifica e suplica a Deus e ao Cordeiro. Não é
permitido substituir o texto deste hino por outro. É começado
pelo sacerdote ou, se for oportuno, por um cantor, ou pela schola,
e é cantado ou por todos em conjunto, ou pelo povo alternando
com a schola, ou só pela schola. Se não é
cantado, é recitado ou por todos em conjunto ou por dois coros
alternadamente.
Canta-se
ou recita-se nos domingos fora do Advento e da Quaresma, bem como nas
solenidades e festas, e em particulares celebrações
mais solenes.
Oração
colecta
54.
Em seguida, o sacerdote convida o povo à oração;
e todos, juntamente com ele, se recolhem uns momentos em silêncio,
a fim de tomarem consciência de que se encontram na presença
de Deus e poderem formular interiormente as suas intenções.
Então o sacerdote diz a oração que se chama
«colecta», pela qual se exprime o carácter da
celebração. Segundo a tradição antiga da
Igreja, a oração dirige-se habitualmente a Deus Pai,
por Cristo, no Espírito Santo[58],
e termina com a conclusão trinitária, isto é, a
mais longa, deste modo:
– se
é dirigida ao Pai: Per Dóminum nostrum Iesum
Christum Fílium tuum, qui tecum vivit et regnat in unitáte
Spíritus Sancti, Deus, per ómnia sáecula
saeculórum;
– se
é dirigido ao Pai, mas no fim é mencionado o Filho: Qui
tecum vivit et regnat in unitate Spíritus Sancti, Deus, per
omnia sáecula saeculórum;
– se
é dirigido ao Filho: Qui vivis et regnas cum Deo Patre in
unitate Spíritus Sancti, Deus, per omnia sáecula
saeculórum.
O
povo associa-se a esta súplica e faz sua a oração
pela aclamação Amen.
Na
Missa diz-se sempre uma só oração colecta.
*
Com a aprovação da Sé Apostólica, nos
países de língua portuguesa as orações
concluem todas do mesmo modo:
– se
é dirigida ao Pai: Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso
Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito
Santo;
– se
é dirigido ao Pai, mas no fim é mencionado o Filho: Ele
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo;
– se
é dirigido ao Filho: Vós que sois Deus com o Pai na
unidade do Espírito Santo.
B)
Liturgia da palavra
55.
A parte principal da liturgia da palavra é
constituída pelas leituras da Sagrada Escritura com os
cânticos intercalares. São seu desenvolvimento e
conclusão a homilia, a profissão de fé e a
oração universal ou oração dos fiéis.
Nas leituras, comentadas pela homilia, Deus fala ao seu povo[59],
revela-lhe o mistério da redenção e salvação
e oferece-lhe o alimento espiritual. Pela sua palavra, o próprio
Cristo está presente no meio dos fiéis[60].
O povo faz sua esta palavra divina com o silêncio e com os
cânticos e a ela adere com a profissão de fé.
Assim alimentado, eleva a Deus as suas preces na oração
universal pelas necessidades de toda a Igreja e pela salvação
do mundo inteiro.
Silêncio
56.
A liturgia da
palavra deve ser celebrada de modo a favorecer a meditação.
Deve, por isso, evitar-se completamente qualquer forma de pressa que
impeça o recolhimento. Haja nela também breves momentos
de silêncio, adaptados à assembleia reunida, nos quais,
com a ajuda do Espírito Santo, a Palavra de Deus possa ser
interiorizada e se prepare a resposta pela oração. Pode
ser oportuno observar estes momentos de silêncio depois da
primeira e da segunda leitura e, por fim, após a homilia.
Leituras
bíblicas
57.
Nas leituras põe-se aos fiéis a mesa da
palavra de Deus e abrem-se-lhes os tesouros da Bíblia[61].
Convém, por isso, observar uma disposição das
leituras bíblicas que ilustre a unidade de ambos os
Testamentos e da história da salvação; não
é lícito substituir as leituras e o salmo responsorial,
que contêm a palavra de Deus, por outros textos não
bíblicos[62].
58.
Na celebração
da Missa com o povo, as leituras proclamam-se sempre do ambão.
59.
Segundo a tradição, a função
de proferir as leituras não é presidencial, mas sim
ministerial. Por isso as leituras são proclamadas por um
leitor, mas o Evangelho é anunciado pelo diácono ou por
outro sacerdote. Se, porém, não estiver presente o
diácono nem outro sacerdote, leia o Evangelho o próprio
sacerdote celebrante; e se também faltar outro leitor idóneo
o sacerdote celebrante proclame igualmente as outras leituras.
Depois
de cada leitura, aquele que a lê profere a aclamação;
ao responder-lhe, o povo reunido presta homenagem à palavra de
Deus, recebida com fé e espírito agradecido.
60.
A leitura do Evangelho constitui o ponto culminante da
liturgia da palavra. Deve ser-lhe atribuída a maior veneração.
Assim o mostra a própria Liturgia, distinguindo esta leitura
das outras com honras especiais, quer por parte do ministro
encarregado de a anunciar e pela bênção e oração
com que se prepara para o fazer, quer por parte dos fiéis que,
com as suas aclamações, reconhecem e confessam que é
Cristo presente no meio deles quem lhes fala, e, por isso, escutam a
leitura de pé; quer ainda pelos sinais de veneração
ao próprio Evangeliário.
Salmo
responsorial
61.
A primeira leitura é seguida do salmo responsorial,
que é parte integrante da liturgia da palavra e tem, por si
mesmo, grande importância litúrgica e pastoral, pois
favorece a meditação da Palavra de Deus.
O
salmo responsorial corresponde a cada leitura e habitualmente toma-se
do Leccionário.
Convém
que o salmo responsorial seja cantado, pelo menos no que se refere à
resposta do povo. O salmista ou cantor do salmo, do ambão ou
de outro sítio conveniente, recita os versículos do
salmo; toda a assembleia escuta sentada, ou, de preferência,
nele participa do modo costumado com o refrão, a não
ser que o salmo seja recitado todo seguido, sem refrão.
Todavia, para facilitar ao povo a resposta salmódica (refrão),
fez-se, para os diferentes tempos e as várias categorias de
Santos, uma selecção de responsórios e salmos,
que podem ser utilizados, em vez do texto correspondente à
leitura, quando o salmo é cantado. Se o salmo não puder
ser cantado, recita-se do modo mais indicado para favorecer a
meditação da palavra de Deus.
Em
vez do salmo que vem indicado no Leccionário, também se
pode cantar ou o responsório gradual tirado do Gradual Romano
ou um salmo responsorial ou aleluiático do Gradual simples, na
forma indicada nestes livros.
Aclamação antes da leitura do Evangelho
62.
Depois da leitura, que precede imediatamente o Evangelho,
canta-se o Aleluia ou outro cântico, indicado pelas rubricas,
conforme o tempo litúrgico. Deste modo a aclamação
constitui um rito ou um acto com valor por si próprio, pelo
qual a assembleia dos fiéis acolhe e saúda o Senhor,
que lhe vai falar no Evangelho, e professa a sua fé por meio
do canto. É cantada por todos de pé, iniciada pela
schola ou por um cantor, e pode-se repetir, se for
conveniente; mas o versículo é cantado pela schola
ou pelo cantor.
a)
O Aleluia canta-se em todos os tempos fora da Quaresma. Os versículos
tomam-se do Leccionário ou do Gradual;
b)
Na Quaresma, em vez do Aleluia canta-se o versículo antes do
Evangelho que vem no Leccionário. Também se pode cantar
outro salmo ou tracto, como se indica no Gradual.
63.
No caso de haver uma só
leitura antes do Evangelho:
a)
nos tempos em que se diz Aleluia, pode escolher-se ou o salmo
aleluiático, ou o salmo e o Aleluia com o seu versículo;
b)
no tempo em que não se diz Aleluia, pode escolher-se ou o
salmo e o versículo antes do Evangelho ou apenas o salmo.
c)
O Aleluia ou o versículo antes do Evangelho, se não são
cantados, podem omitir-se.
64.
A sequência, que excepto nos dias da Páscoa e
do Pentecostes é facultativa, canta-se depois do Aleluia.
Homilia
65.
A homilia é parte da liturgia e muito
recomendada[63]:
é um elemento necessário para alimentar a vida cristã.
Deve ser a explanação de algum aspecto das leituras da
Sagrada Escritura ou de algum texto do Ordinário ou do Próprio
da Missa do dia, tendo sempre em conta o mistério que se
celebra, bem como as necessidades peculiares dos ouvintes[64].
66.
Habitualmente a homilia deve ser feita pelo sacerdote
celebrante ou por um sacerdote concelebrante, por ele encarregado, ou
algumas vezes, se for oportuno, também por um diácono,
mas nunca por um leigo[65].
Em casos especiais e por justa causa, a homilia também pode
ser feita, por um Bispo ou presbítero que se encontra na
celebração mas sem poder concelebrar.
Nos
domingos e festas de preceito, deve haver homilia em todas as Missas
celebradas com participação do povo, e não pode
omitir-se senão por causa grave. Além disso, é
recomendada, particularmente nos dias feriais do Advento, Quaresma e
Tempo Pascal, e também noutras festas e ocasiões em que
é maior a afluência do povo à Igreja[66].
Depois
da homilia, observe-se oportunamente um breve espaço de
silêncio.
Profissão
de fé
67.
O símbolo, ou profissão de fé, tem
como finalidade permitir que todo o povo reunido, responda à
palavra de Deus anunciada nas leituras da sagrada Escritura e exposta
na homilia, e que, proclamando a regra da fé, segundo a
fórmula aprovada para o uso litúrgico, recorde e
professe os grandes mistérios da fé, antes de começarem
a ser celebrados na Eucaristia.
68.
O símbolo deve ser cantado ou recitado pelo
sacerdote juntamente com o povo, nos domingos e nas solenidades. Pode
também dizer-se em celebrações especiais mais
solenes.
Se
é cantado, é começado pelo sacerdote ou, se for
o caso, por um cantor, ou pela schola; cantam-no todos em
conjunto ou o povo alternando com a schola.
Se
não é cantado, deve ser recitado conjuntamente por
todos ou por dois coros alternadamente.
Oração
universal
69.
Na oração universal ou oração
dos fiéis, o povo responde, de algum modo à palavra de
Deus recebida na fé e, exercendo a função do seu
sacerdócio baptismal, apresenta preces a Deus pela salvação
de todos. Convém que em todas as Missas com participação
do povo se faça esta oração, na qual se pede
pela santa Igreja, pelos governantes, pelos que se encontram em
necessidade, por todos os homens em geral e pela salvação
do mundo inteiro[67].
70.
Normalmente a ordem das intenções é a
seguinte:
a)
pelas necessidades da Igreja;
b)
pelas autoridades civis e pela salvação do mundo;
c)
por aqueles que sofrem dificuldades;
d)
pela comunidade local.
Em
celebrações especiais – por exemplo, Confirmação,
Matrimónio, Exéquias – a ordem das intenções
pode acomodar-se às circunstâncias.
71.
Compete ao sacerdote celebrante dirigir da sede esta
prece. Ele próprio a introduz com uma breve admonição,
na qual convida os fiéis a orar, e a conclui com uma oração.
As intenções que se propõem, formuladas de forma
sóbria, com sábia liberdade e em poucas palavras, devem
exprimir a súplica de toda a comunidade.
Habitualmente
são enunciadas do ambão ou de outro lugar conveniente,
por um diácono, por um cantor, por um leitor, ou por um fiel
leigo[68].
O
povo, de pé, faz suas estas súplicas, ou com uma
invocação comum proferida depois de cada intenção,
ou orando em silêncio.
C)
Liturgia eucarística
72.
Na última Ceia, Cristo instituiu o sacrifício
e banquete pascal, por meio do qual, todas as vezes que o sacerdote,
representando a Cristo Senhor, faz o mesmo que o Senhor fez e mandou
aos discípulos que fizessem em sua memória, se torna
continuamente presente o sacrifício da cruz[69].
Cristo
tomou o pão e o cálice, pronunciou a acção
de graças, partiu o pão e deu-o aos seus discípulos,
dizendo: «Tomai, comei, bebei: isto é o meu Corpo; este
é o cálice do meu Sangue. Fazei isto em memória
de Mim». Foi a partir destas palavras e gestos de Cristo que a
Igreja ordenou toda a celebração da liturgia
eucarística. Efectivamente:
1)
Na preparação dos dons, levam-se ao altar o pão
e o vinho com água, isto é, os mesmos elementos que
Cristo tomou em suas mãos.
2)
Na Oração eucarística, dão-se graças
a Deus por toda a obra da salvação, e as oblatas
convertem-se no Corpo e Sangue de Cristo.
3)
Pela fracção do pão e pela Comunhão, os
fiéis, embora muitos, recebem, de um só pão, o
Corpo e Sangue do Senhor, do mesmo modo que os Apóstolos o
receberam das mãos do próprio Cristo.
Preparação dos dons
73.
A iniciar a liturgia eucarística, levam-se para o
altar os dons, que se vão converter no Corpo e Sangue de
Cristo.
Em
primeiro lugar prepara-se o altar ou mesa do Senhor, que é o
centro de toda a liturgia eucarística[70];
nele se dispõem o corporal, o purificador (ou sanguinho), o
Missal e o cálice, salvo se este for preparado na credência.
Em
seguida são trazidas as oferendas. É de louvar que o
pão e o vinho sejam apresentados pelos fiéis. Recebidos
pelo sacerdote ou pelo diácono em lugar conveniente, são
depois levados para o altar. Embora, hoje em dia, os fiéis já
não tragam do seu próprio pão e vinho, como se
fazia noutros tempos, no entanto o rito desta apresentação
conserva ainda valor e significado espiritual.
Além
do pão e do vinho, são permitidas ofertas em dinheiro e
outros dons, destinados aos pobres ou à Igreja, e tanto podem
ser trazidos pelos fiéis como recolhidos dentro da Igreja.
Estes dons serão dispostos em lugar conveniente, fora da mesa
eucarística.
74.
A procissão em que se levam os dons é
acompanhada do cântico do ofertório (cf. n. 37, b), que
se prolonga pelo menos até que os dons tenham sido depostos
sobre o altar. As normas para a execução deste cântico
são idênticas às que foram dadas para o cântico
de entrada (cf. n. 48). O rito do ofertório pode ser sempre
acompanhado de canto.
75.
O pão e o vinho são depostos sobre o altar
pelo sacerdote, acompanhados das fórmulas prescritas. O
sacerdote pode incensar os dons colocados sobre o altar, depois a
cruz e o próprio altar. Deste modo se pretende significar que
a oblação e oração da Igreja se elevam,
como fumo de incenso, à presença de Deus. Depois o
sacerdote, por causa do sagrado ministério, e o povo, em razão
da dignidade baptismal, podem ser incensados pelo diácono ou
por outro ministro.
76.
A seguir, o sacerdote lava as mãos, ao lado do
altar: com este rito se exprime o desejo de uma purificação
interior.
Oração sobre as oblatas
77.
Depostas as oblatas sobre o altar e realizados os ritos
concomitantes, o sacerdote convida os fiéis a orar juntamente
consigo e recita a oração sobre as oblatas. Assim
termina a preparação dos dons e tudo está
preparado para a Oração eucarística.
Na
Missa diz-se uma só oração sobre as oblatas, que
termina com a conclusão breve, isto é: Per Christum
Dóminum nostrum; se no fim da oração se
menciona o Filho, diz-se: Qui vivit et regnat in sáecula
saeculórum. (V. nota no final do n. 54).
Oração
eucarística
78.
Inicia-se então o momento central e culminante de
toda a celebração, a Oração eucarística,
que é uma oração de acção de
graças e de consagração. O sacerdote convida o
povo a elevar os corações para o Senhor, na oração
e na acção de graças, e associa-o a si na oração
que ele, em nome de toda a comunidade, dirige a Deus Pai por Jesus
Cristo no Espírito Santo. O sentido desta oração
é que toda a assembleia dos fiéis se una a Cristo na
proclamação das maravilhas de Deus e na oblação
do sacrifício.
79.
Como elementos principais da Oração
eucarística podem enumerar-se os seguintes:
a)
Acção de graças (expressa de modo particular no
Prefácio): em nome de todo o povo santo, o sacerdote glorifica
a Deus Pai e dá-Lhe graças por toda a obra da salvação
ou por algum dos seus aspectos particulares, conforme o dia, a festa
ou o tempo litúrgico.
b)
Aclamação: toda a assembleia, em união com os
coros celestes, canta o Sanctus (Santo). Esta aclamação,
que faz parte da Oração eucarística, é
proferida por todo o povo juntamente com o sacerdote.
c)
Epiclese: consta de invocações especiais, pelas quais a
Igreja implora o poder do Espírito Santo, para que os dons
oferecidos pelos homens sejam consagrados, isto é, se
convertam no Corpo e Sangue de Cristo; e para que a hóstia
imaculada, que vai ser recebida na Comunhão, opere a salvação
daqueles que dela vão participar.
d)
Narração da instituição e consagração:
mediante as palavras e gestos de Cristo, realiza-se o sacrifício
que o próprio Cristo instituiu na última Ceia, quando
ofereceu o seu Corpo e Sangue sob as espécies do pão e
do vinho e os deu a comer e a beber aos Apóstolos, ao mesmo
tempo que lhes confiou o mandato de perpetuar este mistério.
e)
Anamnese: em obediência a este mandato, recebido de Cristo
Senhor através dos Apóstolos, a Igreja celebra a
memória do mesmo Cristo, recordando de modo particular a sua
bem-aventurada paixão, gloriosa ressurreição e
ascensão aos Céus.
f)
Oblação: neste memorial, a Igreja, de modo especial
aquela que nesse momento e nesse lugar está reunida, oferece a
Deus Pai, no Espírito Santo, a hóstia imaculada. A
Igreja deseja que os fiéis não somente ofereçam
a hóstia imaculada, mas aprendam a oferecer-se também a
si mesmos[71]
e, por Cristo mediador, se esforcem por realizar de dia para dia a
unidade perfeita com Deus e entre si, até que finalmente Deus
seja tudo em todos[72].
g)
Intercessões: por elas se exprime que a Eucaristia é
celebrada em comunhão com toda a Igreja, tanto do Céu
como da terra, e que a oblação é feita em
proveito dela e de todos os seus membros, vivos e defuntos, chamados
todos a tomar parte na redenção e salvação
adquirida pelo Corpo e Sangue de Cristo.
h)
Doxologia final: exprime a glorificação de Deus e é
ratificada e concluída pela aclamação Amen
do povo.
Rito
da Comunhão
80.
A celebração eucarística é um
banquete pascal. Convém, por isso, que os fiéis,
devidamente preparados, nela recebam, segundo o mandato do Senhor, o
seu Corpo e Sangue como alimento espiritual. É esta a
finalidade da fracção e dos outros ritos preparatórios,
que dispõem os fiéis, de forma mais imediata, para a
Comunhão.
Oração
dominical
81.
Na Oração dominical pede-se o pão de
cada dia, que para os cristãos evoca principalmente o pão
eucarístico; igualmente se pede a purificação
dos pecados, de modo que efectivamente “as coisas santas sejam
dadas aos santos”. O sacerdote formula o convite à oração,
que todos os fiéis recitam juntamente com ele. Então o
sacerdote diz sozinho o embolismo, que o povo conclui com uma
doxologia. O embolismo é o desenvolvimento da última
petição da oração dominical; nele se pede
para toda a comunidade dos fiéis a libertação do
poder do mal.
O
convite, a oração, o embolismo e a doxologia conclusiva
dita pelo povo, devem ser cantados ou recitados em voz alta.
Rito da paz
82.
Segue-se o rito da paz, no qual a Igreja implora a paz e a
unidade para si própria e para toda a família humana, e
os féis exprimem uns aos outros a comunhão eclesial e a
caridade mútua, antes de comungarem no Sacramento.
Quanto
ao próprio sinal com que se dá a paz, as Conferências
Episcopais determinarão como se há-de fazer, tendo em
conta a mentalidade e os costumes dos povos. Mas é conveniente
que cada um dê a paz com sobriedade apenas aos que estão
mais perto de si.
Fracção do pão
83.
O sacerdote parte o
pão eucarístico. O gesto da fracção,
praticado por Cristo na última Ceia, e que serviu para
designar, nos tempos apostólicos, toda a acção
eucarística, significa que os fiéis, apesar de muitos,
se tornam um só Corpo, pela Comunhão do mesmo pão
da vida que é Cristo, morto e ressuscitado pela salvação
do mundo (1 Cor 10, 17). A fracção começa depois
de se dar a paz e realiza-se com a devida reverência, mas não
se deve prolongar desnecessariamente nem se lhe deve atribuir uma
importância excessiva. Este rito é reservado ao
sacerdote e ao diácono.
Enquanto
o sacerdote parte o pão e deita uma parte da hóstia no
cálice, a schola ou um cantor canta ou pelo menos
recita em voz alta a invocação Cordeiro de Deus, a que
todo o povo responde. A invocação acompanha a fracção
do pão, pelo que pode repetir-se o número de vezes que
for preciso, enquanto durar o rito. Na última vez conclui-se
com as palavras: Dai-nos a paz.
Comunhão
84.
O sacerdote prepara-se para receber frutuosamente o Corpo
e Sangue de Cristo rezando uma oração em silêncio.
Os fiéis fazem o mesmo orando em silêncio.
Depois
o sacerdote mostra aos fiéis o pão eucarístico
sobre a patena ou sobre o cálice e convida-os para o banquete
de Cristo; e, juntamente com os fiéis, faz um acto de
humildade, utilizando as palavras evangélicas prescritas.
85.
É muito para desejar que os fiéis, tal como
o sacerdote é obrigado a fazer, recebam o Corpo do Senhor com
hóstias consagradas na própria Missa e, nos casos
previstos, participem do cálice (cf. n. 283), para que a
Comunhão se manifeste, de forma mais clara, nos próprios
sinais, como participação no sacrifício que está
a ser celebrado[73].
86.
Enquanto o sacerdote toma o Sacramento, dá-se
início ao cântico da Comunhão, que deve exprimir,
com a unidade das vozes, a união espiritual dos comungantes,
manifestar a alegria do coração e realçar melhor
o carácter «comunitário» da procissão
daqueles que vão receber a Eucaristia. O cântico
prolonga-se enquanto se ministra aos fiéis o Sacramento[74].
Se se canta um hino depois da Comunhão, o cântico da
Comunhão deve terminar a tempo.
Procure-se
que também os cantores possam comungar comodamente.
87.
Como cântico da Comunhão pode utilizar-se ou
a antífona indicada no Gradual Romano, com ou sem o salmo
correspondente, ou a antífona do Gradual simples com o
respectivo salmo, ou outro cântico apropriado aprovado pela
Conferência Episcopal. Pode ser cantado ou só pela
schola, ou pela schola ou por um cantor juntamente com
o povo.
Se,
porém, não se canta, a antífona que vem no
Missal pode ser recitada ou pelos fiéis, ou por alguns deles,
ou por um leitor, ou então pelo próprio sacerdote
depois de ter comungado e antes de dar a Comunhão aos fiéis.
88.
Terminada a distribuição da Comunhão,
o sacerdote e os fiéis, conforme a oportunidade, oram alguns
momentos em silêncio. Se se quiser, também pode ser
cantado por toda a assembleia um salmo ou outro cântico de
louvor ou um hino.
89.
Para completar a oração do povo de Deus e
concluir todo o rito da Comunhão, o sacerdote diz a oração
depois da Comunhão, na qual implora os frutos do mistério
celebrado.
Na
Missa diz-se uma só oração depois da Comunhão,
que termina com a conclusão breve, isto é:
– se
a oração se dirige ao Pai: Per Christum Dóminum
nostrum;
– se
se dirige ao Pai mas no fim da oração se menciona o
Filho: Qui vivit et regnat in sáecula saeculórum;
– se
se dirige ao Filho: Qui vivis et regnas in saecula saeculórum.
O
povo faz sua esta oração por meio da aclamação:
Amen.
(V.
nota no final do n. 54).
D) Rito de conclusão
90.
O rito de conclusão consta de:
a)
Notícias breves, se forem necessárias;
a)
Saudação e bênção do sacerdote, a
qual, em certos dias e em ocasiões especiais, é
enriquecida e amplificada com uma oração sobre o povo
ou com outra fórmula mais solene de bênção.
b)
Despedida da assembleia, feita pelo diácono ou sacerdote;
c)
Beijo no altar por parte do sacerdote e do diácono e depois
inclinação profunda ao altar por parte do sacerdote, do
diácono, e dos outros ministros.
CAPÍTULO
III
OFÍCIOS
E MINISTÉRIOS NA MISSA
91.
A celebração eucarística é
acção de Cristo e da Igreja, que é «sacramento
de unidade», ou seja povo santo reunido e ordenado sob a
orientação do bispo. Por isso pertence a todo o Corpo
da Igreja, manifesta-o e afecta-o; no entanto, envolve cada membro de
modo diverso, segundo a diversidade das ordens, das funções
e da efectiva participação[75].
Deste modo, o povo cristão, «geração
eleita, sacerdócio real, nação santa, povo
resgatado» manifesta o seu ordenamento coerente e
hierárquico[76].
Por conseguinte, todos, ministros ordenados ou fiéis cristãos
leigos, ao desempenharem a sua função ou ofício,
façam tudo e só o que lhes compete[77].
I.
Ofícios da Ordem sacra
92.
Toda a legítima celebração da
Eucaristia é dirigida pelo Bispo, quer pessoalmente, quer
pelos presbíteros, seus colaboradores[78].
Sempre
que o Bispo está presente na Missa com o povo reunido, convém
sumamente que seja ele próprio a celebrar a Eucaristia,
associando a si os presbíteros, como concelebrantes, na acção
sagrada. Isto faz-se, não para aumentar a solenidade externa,
mas para significar de forma mais clara o mistério da Igreja,
que é sacramento de unidade[79].
Se,
porém, o Bispo não celebrar a Eucaristia, mas confiar a
outrem a celebração, convém que seja ele,
revestido de cruz peitoral, estola e pluvial sobre a alva, a presidir
à liturgia da palavra e a dar a bênção no
fim da Missa[80].
93.
O presbítero, que na Igreja, em virtude do poder
sagrado da Ordem, está em condições de oferecer
o sacrifício na pessoa de Cristo[81],
preside também ele ao povo fiel reunido, dirige a sua oração,
anuncia-lhe a boa nova da salvação, associa a si o povo
na oblação do sacrifício a Deus Pai, por Cristo,
no Espírito Santo, distribui aos irmãos o pão da
vida eterna e com eles participa do mesmo pão. Por isso, ao
celebrar a Eucaristia, deve servir a Deus e ao povo com dignidade e
humildade e, tanto no modo de se comportar como no de proferir as
palavras divinas, procurará sugerir aos fiéis a
presença viva de Cristo.
94.
Depois do presbítero, por força da ordenação
recebida, o diácono ocupa o primeiro lugar entre aqueles que
servem na celebração eucarística. Com efeito, a
sagrada Ordem do diaconado foi tida sempre em especial consideração
na Igreja desde os primeiros tempos dos Apóstolos [82].
São funções próprias do diácono,
na Missa: proclamar o Evangelho e, eventualmente, pregar a palavra de
Deus, enunciar as intenções na oração
universal, assistir ao sacerdote, preparar o altar e servir na
celebração do sacrifício, distribuir a
Eucaristia aos fiéis, particularmente sob a espécie do
vinho e eventualmente indicar ao povo os gestos e atitudes corporais.
II.
Funções do povo de Deus
95.
Na celebração da Missa, os fiéis
constituem a nação santa, o povo resgatado, o
sacerdócio real, para dar graças a Deus e oferecer a
hóstia imaculada, não só pelas mãos do
sacerdote, mas também juntamente com ele, e para aprenderem a
oferecer-se a si mesmos[83].
Procurem manifestar tudo isso com um profundo sentido religioso e com
a caridade para com os irmãos que participam na mesma
celebração.
Evitem,
portanto, tudo quanto signifique singularidade ou divisão,
tendo presente que são todos filhos do mesmo Pai que está
nos Céus e, consequentemente, irmãos todos uns dos
outros.
96.
Portanto, formem todos um só corpo, quer ouvindo a
palavra de Deus, quer participando nas orações e no
canto, quer sobretudo na comum oblação do sacrifício
e na comum participação da mesa do Senhor. Esta unidade
manifesta-se em beleza nos gestos e atitudes corporais que os fiéis
observam todos juntamente.
97.
Os fiéis não recusem servir com alegria o
povo de Deus, sempre que forem solicitados para desempenhar qualquer
especial ministério ou função na celebração.
III. Ministérios especiais
Ministério instituídos do acólito e do leitor
98.
O acólito é instituído
para o serviço do altar e para ajudar o sacerdote e o diácono.
Compete-lhe, como função principal, preparar o altar e
os vasos sagrados e, se for necessário, distribuir aos fiéis
a Eucaristia, de que é ministro extraordinário[84].
No
ministério do altar, o acólito tem funções
próprias (cf. nn. 187-193), que ele mesmo deve exercer.
99.
O leitor é instituído para fazer as leituras
da Sagrada Escritura, com excepção do Evangelho. Pode
também propor as intenções da oração
universal e ainda, na falta de salmista, recitar o salmo entre as
leituras.
Na
celebração eucarística o leitor tem uma função
que lhe é própria (cf. nn. 194-198) e que ele deve
exercer por si mesmo, ainda que estejam presentes ministros
ordenados.
As outras funções
100.
Na falta de acólito instituído, podem ser
destinados para o serviço do altar e para ajudar o sacerdote e
o diácono ministros leigos que levam a cruz, os círios,
o turíbulo, o pão, o vinho e a água; também
podem ser designados ministros leigos para distribuir a sagrada
Comunhão como ministros extraordinários[85].
101.
Na falta de leitor instituído, podem ser designados
outros leigos para proclamar as leituras da sagrada Escritura, desde
que sejam realmente aptos para o desempenho desta função
e se tenham cuidadosamente preparado, de tal modo que, pela escuta
das leituras divinas, os fiéis desenvolvam no seu coração
um afecto vivo e suave pela sagrada Escritura[86].
102.
Compete ao salmista proferir o salmo ou o cântico
bíblico que vem entre as leituras. Para desempenhar bem a sua
função, é necessário que o salmista seja
competente na arte de salmodiar e dotado de pronúncia correcta
e dicção perfeita.
103.
Entre os fiéis exerce um próprio ofício
litúrgico a schola cantorum ou grupo coral, a
quem compete executar devidamente, segundo os diversos géneros
de cânticos, as partes musicais que lhe estão reservadas
e animar a participação activa dos fiéis no
canto[87].
O que se diz da schola cantorum aplica-se também,
nas devidas proporções, aos restantes músicos e
de modo particular ao organista.
104.
É conveniente que haja um cantor ou mestre de coro
encarregado de dirigir e sustentar o canto do povo. Na falta da
schola, compete-lhe dirigir os diversos cânticos,
fazendo o povo participar na parte que lhe corresponde[88].
105.
Também exercem uma função litúrgica:
a)
O sacristão, que prepara com diligência os livros
litúrgicos, os paramentos e tudo o que é preciso para a
celebração da Missa.
b)
O comentador, incumbido de fazer aos fiéis, se for oportuno,
breves explicações e admonições, a fim de
os introduzir na celebração e os dispor a compreendê-la
melhor. As admonições do comentador devem ser
cuidadosamente preparadas e muito sóbrias. No desempenho da
sua função, o comentador deve colocar-se em lugar
adequado, à frente dos fiéis, mas não no ambão.
c)
Os encarregados de fazer na igreja a recolha das ofertas.
d)
Aqueles que, em certas regiões, são encarregados de
receber os fiéis à porta da igreja, de os conduzir aos
seus lugares e de ordenar as suas procissões.
106.
É conveniente, pelo menos nas igrejas catedrais e
nas de maior importância, que haja um ministro competente ou
mestre de cerimónias, responsável pelo bom ordenamento
das acções sagradas, ao qual pertence velar para que as
mesmas sejam executadas pelos ministros sagrados e fiéis
leigos com dignidade, ordem e piedade.
107.
As funções litúrgicas, que não
são próprias do sacerdote ou do diácono, e das
quais se tratou acima (nn. 100-106), também podem ser
confiadas a leigos idóneos, escolhidos pelo pároco ou
reitor da igreja, mediante uma bênção litúrgica
ou por nomeação temporária. Quanto à
função de servir o sacerdote ao altar, observem-se as
determinações dadas pelo Bispo para a sua diocese.
IV.
A distribuição das funções e a preparação
da celebração
108.
Um só e o mesmo sacerdote
deve exercer a função presidencial sempre e em todas as
suas partes, com excepção das que são próprias
do Bispo na Missa em que este estiver presente (cf. acima n. 92).
109.
Se estão presentes várias pessoas que podem
exercer o mesmo ministério, nada obsta a que distribuam e
desempenhem entre si as diversas partes desse ministério ou
ofício. Por exemplo: pode um diácono encarregar-se das
partes cantadas e outro diácono servir ao altar; quando há
mais que uma leitura, é preferível confiá-las a
diversos leitores; e assim noutros casos. Mas não é
conveniente que vários ministros dividam entre si um único
elemento da celebração: p. ex. a mesma leitura
lida por dois, um após o outro, a não ser que se trate
da Paixão do Senhor.
110.
Quando na Missa com o povo há um só
ministro, este desempenha as diversas funções.
111.
Sob a orientação do reitor da igreja, deve
fazer-se a preparação prática de cada celebração
litúrgica, segundo os livros litúrgicos[89],
com a diligente cooperação de todos os que nela são
chamados a intervir, tanto no que se refere aos ritos como no aspecto
pastoral e musical; devem ser ouvidos também os fiéis
naquilo que lhes diz directamente respeito. Mas o sacerdote que
preside à celebração conserva sempre o direito
de dispor de tudo aquilo que for da sua competência.
CAPÍTULO
IV
AS
DIVERSAS FORMAS DE CELEBRAÇÃO DA MISSA
112.
Na Igreja local dê-se o primeiro lugar, em razão
do seu significado, à Missa presidida pelo Bispo rodeado do
seu presbitério, diáconos e ministros leigos[90],
com participação plena e activa de todo o povo santo de
Deus. É nesta Missa que se realiza a principal manifestação
da Igreja.
Na
Missa celebrada pelo Bispo, ou na qual ele está presente sem
celebrar a Eucaristia, observem-se as normas que se encontram no
Cerimonial dos Bispos[91].
113.
Tenha-se igualmente em grande apreço a Missa
celebrada com uma comunidade, sobretudo com a comunidade paroquial;
esta, com efeito, principalmente na celebração
comunitária do domingo, representa a Igreja universal num
determinado tempo e lugar[92].
114. Entre
as Missas celebradas por certas comunidades, ocupa lugar de relevo a
Missa conventual que faz parte do Oficio quotidiano, a chamada Missa
“da Comunidade”. Ainda que tais Missas não tenham forma
especial de celebração, é todavia da máxima
conveniência que se celebrem com canto e, sobretudo, com a
plena participação de todos os membros da comunidade,
seja de religiosos seja de cónegos. Cada um deve exercer
nestas Missas a função que lhe é própria,
segundo a Ordem ou ministério em que está investido.
Convém, por isso, que, na medida do possível, todos os
presbíteros não obrigados a celebrar individualmente
para utilidade pastoral dos fiéis concelebrem nestas Missas.
Mais ainda, todos os sacerdotes pertencentes à comunidade que,
por dever de ofício, tenham de celebrar individualmente para
utilidade pastoral dos fiéis, podem concelebrar no mesmo dia
na Missa conventual ou “da Comunidade”[93].
Convém, assim, que os presbíteros presentes na
celebração eucarística, a menos de justa causa,
exerçam habitualmente a função própria da
sua ordem e, portanto, participem como concelebrantes, revestidos das
vestes sagradas.
I.
Missa com o povo
115.
Entende-se por Missa com o povo a que é celebrada
com participação dos fiéis. Na medida do
possível, convém que esta Missa, especialmente nos
domingos e festas de preceito, seja celebrada com canto e com número
adequado de ministros[94].
Pode, todavia, celebrar-se também sem canto e com um só
ministro.
116.
Em qualquer celebração da Missa, estando
presente um diácono, este deve nela desempenhar o seu
ministério. Convém ainda que o sacerdote celebrante
seja assistido normalmente por um acólito, um leitor e um
cantor. O rito adiante descrito prevê, no entanto, a
possibilidade de maior número de ministros.
Coisas a preparar
117.
O altar deve ser coberto pelo menos com uma toalha de cor
branca. Sobre o altar ou perto dele, dispõem-se, em qualquer
celebração, pelo menos dois castiçais com velas
acesas, ou quatro ou seis, sobretudo no caso da Missa dominical ou
festiva de preceito, e até sete, se for o Bispo diocesano a
celebrar. Igualmente, sobre o altar ou perto dele, haja uma cruz, com
a imagem de Cristo crucificado. Os castiçais e a cruz ornada
com a imagem de Cristo crucificado podem ser levados na procissão
de entrada. Também se pode colocar sobre o altar o
Evangeliário, distinto do livro das outras leituras, a não
ser que ele seja levado na procissão de entrada.
118.
Preparam-se também:
a)
Junto à cadeira do sacerdote: o Missal e, porventura, o livro
de canto;
b)
No ambão: o leccionário;
c)
Na credência: o cálice, o corporal, o sanguinho e, sendo
preciso, a pala; a patena e as píxides, se forem necessárias;
o pão para a Comunhão do sacerdote que preside, do
diácono, dos ministros e do povo; as galhetas com o vinho e a
água, a não ser que todas estas coisas sejam trazidas
pelos fiéis na altura da apresentação dos dons;
o vaso da água a benzer, se se fizer a aspersão; a
bandeja (ou patena) para a Comunhão dos fiéis; e ainda
o que for necessário para lavar as mãos.
É
louvável cobrir o cálice com um véu, que pode
ser ou da cor do dia ou de cor branca.
119.
Na sacristia preparam-se as
vestes sagradas (cf. nn. 337-341) do sacerdote, do diácono, e
dos outros ministros, segundo as diferentes formas de celebração:
a)
para o sacerdote: alva, estola e casula ou planeta;
b)
para o diácono: alva, estola e dalmática; esta, por
necessidade ou por motivo de menor solenidade, pode omitir-se;
Todos
os que vão revestidos de alva usam também o cíngulo
e o amito, salvo se não forem exigidos em virtude da forma da
própria alva.
Quando
a entrada se faz com procissão, prepara-se também: o
Evangeliário; nos domingos e festas o turíbulo e a
naveta com incenso, se se usa o incenso; a cruz a levar na procissão
e os candelabros com círios acesos.
A)
A Missa sem diácono
Ritos
iniciais
120.
Reunido o povo, o sacerdote e os ministros, revestidos com
as vestes sagradas, encaminham-se para o altar por esta ordem:
a)
o turiferário com o turíbulo fumegante, se se usa o
incenso;
b)
os ceroferários com os círios acesos, e entre eles um
acólito ou outro ministro com a cruz;
c)
os acólitos e outros ministros;
d)
o leitor, que pode levar o Evangeliário um pouco elevado, não,
porém, o Leccionário;
e)
o sacerdote que vai celebrar a Missa.
Se
se usa o incenso, o sacerdote, antes de se iniciar a procissão
de entrada, impõe incenso no turíbulo e benze-o com o
sinal da cruz, sem dizer nada.
121.
Enquanto a procissão se dirige para o altar,
canta-se o cântico de entrada (cf. nn. 47-48).
122.
Ao chegarem ao altar, o sacerdote e os ministros fazem uma
inclinação profunda.
A
cruz adornada com a imagem de Cristo crucificado e levada na
procissão pode colocar-se junto do altar, para se tornar a
cruz do altar, que deve ser apenas uma, ou então seja
guardada; os candelabros, porém, colocam-se sobre o altar ou
junto dele; o Evangeliário depõe-se sobre o altar.
123.
O sacerdote aproxima-se do altar e venera-o com um beijo.
Logo a seguir, se parecer oportuno, incensa a cruz e o altar, andando
em volta dele.
124.
Feito isto, o sacerdote vai para a cadeira. Terminado o
cântico de entrada, sacerdote e fiéis, todos de pé,
benzem-se com o sinal da cruz. O sacerdote diz: Em nome do Pai e
do Filho e do Espírito Santo (In nomine Patris et Filii et
Spiritus Sancti). O povo responde: Amen.
Em
seguida, o sacerdote, voltado para o povo e abrindo os braços,
saúda-o, utilizando uma das fórmulas propostas. Pode
também o próprio sacerdote ou outro ministro fazer aos
fiéis uma introdução, com brevíssimas
palavras, na Missa desse dia.
125.
Segue-se o acto penitencial. Depois canta-se ou diz-se o
Senhor, tende piedade de nós (Kýrie), segundo as
rubricas (cf. n. 52).
126.
Quando estiver prescrito, canta-se ou diz-se o Glória
(cf. n. 53).
127.
A seguir, o sacerdote convida o povo à oração,
dizendo, de mãos juntas: Oremos (Oremus). E todos,
juntamente com o sacerdote, oram em silêncio durante alguns
momentos. Depois o sacerdote, de braços abertos, diz a oração
colecta; no fim, o povo aclama: Amen.
Liturgia
da palavra
128.
Terminada a oração colecta, todos se sentam.
O sacerdote pode, com brevíssimas palavras, introduzir os
fiéis na liturgia da palavra. Entretanto, o leitor vai ao
ambão e, a partir do leccionário aí colocado
antes da Missa, proclama a primeira leitura, que todos escutam. No
fim, o leitor profere a aclamação: Palavra do Senhor
(Verbum Domini); e todos respondem: Graças a Deus (Deo
Gratias).
Pode
então observar-se, se for oportuno, um breve espaço de
silêncio, para que todos meditem brevemente no que ouviram.
129.
Depois, o salmista ou o próprio leitor recita o
versículo do salmo, ao qual o povo responde habitualmente com
o refrão.
130.
Se há segunda leitura antes do Evangelho, o leitor
proclama-a do ambão. Todos escutam em silêncio e no fim
respondem com a aclamação, como acima se disse (n.
128). A seguir, se for oportuno, pode observar-se um breve espaço
de silêncio.
131.
Depois todos se levantam e canta-se o Aleluia ou outro
cântico, conforme o tempo litúrgico (cf. nn. 62-64).
132.
Enquanto se canta o Aleluia ou o outro cântico, o
sacerdote impõe e benze o incenso, quando se usa. De seguida,
profundamente inclinado diante do altar, de mãos juntas, diz
em silêncio: Purificai o meu coração
(Munda cor meum).
133.
Toma então o Evangeliário, se está
sobre o altar, e dirige-se para o ambão, levando o
Evangeliário um pouco elevado, precedido pelos ministros
leigos, que podem levar o turíbulo e os círios. Os
presentes voltam-se para o ambão, manifestando uma especial
reverência ao Evangelho de Cristo.
134.
Tendo chegado ao ambão, o sacerdote abre o livro e,
de mão juntas, diz: O Senhor esteja convosco (Dominus
vobiscum); o povo responde: Ele está no meio de nós
(Et cum spiritu tuo), e a seguir Evangelho de Nosso Senhor...
(Lectio sancti Evangelii...), fazendo o sinal da cruz sobre o livro e
sobre si mesmo na fronte, na boca e no peito, e todos fazem o mesmo.
O povo aclama, dizendo: Glória a Vós, Senhor
(Gloria tibi, Domine). Depois, se se usa o incenso, o sacerdote
incensa o livro (cf. nn. 276-277). A seguir proclama o Evangelho, e
no fim diz a aclamação: Palavra da salvação
(Verbum Domini). Todos respondem: Glória a Vós,
Senhor (Laus tibi, Christe). O sacerdote beija o livro, dizendo
em silêncio: Por este santo Evangelho (Per evangelica
dicta...).
135.
Se não há leitor, é o próprio
sacerdote que de pé proclama, no ambão, todas as
leituras e o salmo. Ali também, se se usa o incenso, impõe
incenso e benze-o, e, profundamente inclinado, diz : Purificai o
meu coração (Munda cor meum).
136.
O sacerdote, em pé, da cadeira ou do próprio
ambão, ou, se for oportuno, noutro lugar conveniente, faz a
homilia. Terminada a homilia, pode observar-se, se for oportuno, um
espaço de silêncio.
137.
O Símbolo é cantado ou recitado pelo
sacerdote juntamente com o povo (cf. n. 68), estando todos de pé.
Às palavras E encarnou, etc. (Et incarnatus est, etc.),
todos se inclinam profundamente; porém, nas solenidades da
Anunciação e do Natal do Senhor, genuflectem.
138.
Terminado o Símbolo, o sacerdote, de pé
junto da cadeira, de mãos juntas, convida os fiéis à
oração universal com uma breve admonição.
Então um diácono ou um cantor, ou um leitor ou outro,
no ambão ou noutro lugar conveniente, voltado para o povo,
propõe as intenções, a que o povo responde
suplicante com a sua parte. Por fim o sacerdote, de braços
abertos, conclui as preces com uma oração.
Liturgia
eucarística
139.
Terminada a oração universal, todos se
sentam, e começa o cântico do ofertório (cf. n.
74), se há procissão dos dons.
O
acólito ou outro ministro leigo coloca sobre o altar o
corporal, o sanguinho, o cálice, a pala e o missal.
140.
Convém que a participação dos fiéis
se manifeste pela oferta quer do pão e do vinho destinados à
celebração da Eucaristia, quer de outros dons
destinados às necessidades da Igreja e dos pobres.
As
ofertas dos fiéis são recebidas pelo sacerdote com a
ajuda do acólito ou de outro ministro. O pão e o vinho
destinados à Eucaristia são levados ao celebrante, que
os depõe sobre o altar; os outros dons são colocados
noutro lugar conveniente (cf. n. 73).
141.
O sacerdote, junto do altar, recebe a patena com o pão;
e, sustentando-a, com ambas as mãos, um pouco elevada sobre o
altar, diz em silêncio (secreto): Bendito sejais, Senhor.
Em seguida, depõe a patena com o pão sobre o corporal.
142.
O sacerdote vai depois ao lado do altar, onde o ministro
lhe apresenta as galhetas, e deita no cálice o vinho e um
pouco de água, dizendo em silêncio: Pelo mistério
desta água e deste vinho. Volta ao meio do altar, toma o
cálice com ambas as mãos e, sustentando-o um pouco
elevado sobre o altar, diz em voz baixa: Bendito sejais, Senhor.
Depõe, em seguida, o cálice sobre o corporal e, se
parecer oportuno, cobre-o com a pala.
Se
não há cântico do ofertório ou não
se toca o órgão, o sacerdote pode, na apresentação
do pão e do vinho, dizer em voz alta as fórmulas de
bênção, às quais o povo aclama: Bendito
seja Deus para sempre.
143.
Colocado o cálice no altar, o sacerdote inclina-se
profundamente e diz em silêncio: De coração
humilhado e contrito (In spiritu humilitatis).
144.
A seguir, se se usa o incenso, o sacerdote impõe-o
no turíbulo e incensa as oblatas, a cruz e o altar. Um
ministro, de pé ao lado do altar, incensa o sacerdote, e
depois o povo.
145.
Depois da oração: De coração
humilhado e contrito (In spiritu humilitatis) ou depois da
incensação, o sacerdote vai ao lado do altar e lava as
mãos, dizendo em silêncio: Lavai-me, Senhor,
enquanto o ministro lhe serve a água.
146.
O sacerdote vem ao meio do altar e, voltado para o povo,
abrindo e juntando as mãos, convida-o à oração,
dizendo: Orai, irmãos, etc... (Orate, fratres...– Em
Portugal pode o sacerdote dizer apenas Oremos, sem resposta do
povo). O povo levanta-se e responde: Receba o Senhor. Depois o
sacerdote, recita, de braços abertos, a oração
sobre as oblatas. No fim o povo aclama: Amen.
147.
Então o sacerdote começa a Oração
eucarística. Segundo as rubricas, escolhe uma das que se
encontram no Missal Romano, ou que a Santa Sé tenha aprovado.
Por sua natureza, a Oração eucarística exige que
seja só o sacerdote, em virtude da ordenação, a
dizê-la. O povo, porém, associe-se ao sacerdote, na fé
e em silêncio, e também com as intervenções
previstas na Oração eucarística, isto é:
as respostas ao diálogo do Prefácio, o Sanctus, a
aclamação depois da consagração e a
aclamação Amen depois da doxologia final, e
ainda com outras aclamações aprovadas pela Conferência
Episcopal e confirmadas pela Santa Sé.
É
muito conveniente que o sacerdote cante as partes musicadas da Oração
eucarística.
148.
Ao começar a Oração eucarística,
o sacerdote, abrindo os braços, canta ou diz: O Senhor
esteja convosco (Dominus vobiscum), e o povo responde: Ele
está no meio de nós (Et cum spiritu tuo). Em
seguida continua, elevando as mãos: Corações
ao alto (Sursum corda). O povo responde: O nosso coração
está em Deus (Habemus ad Dominum). Então o
sacerdote, de braços abertos, acrescenta: Dêmos
graças ao Senhor nosso Deus (Gratias agamus Domino Deo
nostro). E o povo responde: É nosso dever, é nossa
salvação (Dignum et iustum est). Depois o
sacerdote, de mãos estendidas, continua o Prefácio, no
fim do qual junta as mãos e, juntamente com todos os
presentes, canta ou recita em voz alta: Santo... (Sanctus)
(cf. n. 79, b).
149.
O sacerdote prossegue a Oração eucarística,
segundo as rubricas apresentadas em cada uma das Orações.
Se
o sacerdote celebrante é um Bispo, nas Orações,
a seguir às palavras em comunhão com o vosso servo o
Papa N. (Papa nostro N.), acrescenta: e comigo, vosso indigno
servo (et me indigno servo tuo). Se o Bispo celebra fora da sua
diocese, depois das palavras: com o Papa N. (Papa nostro N.),
acrescenta: e comigo, vosso indigno servo, e com o meu irmão
N, bispo desta Igreja de N. (et me indigno famulo tuo, et fratre
meo N., episcopo huius Ecclesiae N.), ou depois das palavras: o
Papa N. (Papae nostri N.) acrescenta: e de mim, vosso indigno
servo, e do meu irmão N., bispo desta Igreja de N. (mei
indigni famuli Tui, et fratris mei N., episcopi huius Ecclesiae N.).
[* Na versão portuguesa pode ignorar-se a variante com
genitivo que é exclusiva do original latino da Oração
eucarística IV]
O
Bispo diocesano, ou aquele que pelo direito lhe é equiparado,
deve ser mencionado com esta fórmula: em comunhão
com o vosso servo o Papa N., o nosso Bispo N. (ou Vigário,
Prelado, Prefeito, Abade N.) [una cum famulo tuo N. et
Episcopo (vel Vicario, Praelato, Praefecto, Abbate) nostro N.].
Também
se podem mencionar os Bispos Coadjutor e Auxiliares na Oração
eucarística, mas não outros bispos eventualmente
presentes. Quando se tiver que nomear vários, usa-se uma
fórmula geral: o nosso Bispo N. e seus Bispos Auxiliares
(et Episcopo nostro N. eiusque Episcopis adiutoribus).
Em
cada uma das Orações eucarísticas estas fórmulas
devem adaptar-se às regras gramaticais.
150.
Um pouco antes da consagração, se parecer
oportuno, o ministro pode chamar a atenção dos fiéis
com um toque de campainha, que pode tocar-se também a cada
elevação, segundo os costumes locais.
Se
se usa incenso, o ministro incensa a hóstia e o cálice,
ao serem mostrados ao povo depois da consagração.
151.
A seguir à consagração,
depois de o sacerdote dizer: Mistério da fé
(Mystérium fidei), o povo aclama, utilizando uma das fórmulas
prescritas.
No
fim da Oração eucarística, o sacerdote toma a
patena com a hóstia e o cálice e, elevando-os ambos,
diz sozinho a doxologia: Por Cristo (Per ipsum). No fim o povo
aclama: Amen. A seguir o sacerdote depõe a patena e o
cálice sobre o corporal.
152.
Terminada a Oração
eucarística, o sacerdote, de mãos juntas, diz a
admonição que antecede a oração
dominical; e a seguir recita, de braços abertos, esta oração
juntamente com o povo.
153.
Terminada a oração dominical, o sacerdote,
de braços abertos, diz sozinho o embolismo Livrai-nos de
todo o mal, Senhor (Libera nos...). No fim o povo aclama: Vosso
é o reino (Quia tuum est regnum).
154.
Em seguida, o sacerdote, de braços abertos, diz em
voz alta a oração Senhor Jesus Cristo, que dissestes
(Domine Iesu Christe, qui dixisti); uma vez terminada, o sacerdote,
abrindo e juntando as mãos, anuncia a paz, voltado para o
povo, dizendo: A paz do Senhor esteja sempre convosco (Pax
Domini sit semper vobiscum); e o povo responde: O amor de Cristo
nos uniu (Et cum spiritu tuo). Logo a seguir, se parecer
oportuno, acrescenta: Saudai-vos na paz de Cristo (Offerte
vobis pacem).
O
sacerdote pode dar a paz aos ministros, mas permanece sempre dentro
do presbitério, a fim de não perturbar a celebração.
Procede do mesmo modo se, por motivos razoáveis, quiser dar a
paz a alguns poucos fiéis. E todos, segundo as determinações
da Conferência Episcopal, se saúdam uns aos outros em
sinal de mútua paz, comunhão e caridade. Enquanto se dá
a paz, pode dizer-se: A paz do Senhor esteja sempre contigo
(Pax Domini sit semper tecum), ao que se responde: Amen.
155.
A seguir, o sacerdote toma a hóstia, parte-a sobre
a patena e deita um fragmento no cálice, dizendo em silêncio:
Esta união (Haec commixtio). Entretanto, o coro e o
povo cantam ou recitam: Cordeiro de Deus (Agnus Dei) (cf. n.
83).
156.
Então o sacerdote, de mãos juntas, diz em
silêncio a oração antes da Comunhão:
Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus vivo (Domine Iesu Christe,
Filii Dei vivi) ou A comunhão do vosso Corpo e Sangue
(Perceptio Corporis et Sanguinis).
157.
Terminada esta oração, o sacerdote
genuflecte, toma a hóstia, levanta-a um pouco sobre a patena
ou sobre o cálice e, voltado para o povo, diz: Felizes os
convidados (Ecce Agnus Dei); e, juntamente com o povo, acrescenta
uma só vez: Senhor, eu não sou digno (Domine,
non sum dignus).
158.
Depois, voltado para o altar, o sacerdote diz em silêncio:
O Corpo de Cristo me guarde para a vida eterna (Corpus Christi
custodiat me in vitam aeternam); e comunga com reverência o
Corpo de Cristo. A seguir, toma o cálice, dizendo em silêncio:
O Sangue de Cristo me guarde para a vida eterna (Sanguis
Christi custodiat me in vitam aeternam); e comunga com reverência
o Sangue de Cristo.
159.
Enquanto o sacerdote recebe o Sacramento, começa-se o canto da
Comunhão (cf. n. 86).
160. O
sacerdote pega depois na patena ou na píxide e aproxima-se dos
comungantes, que habitualmente se aproximam em procissão.
Não
é permitido que os próprios fiéis tomem, por si
mesmos, o pão consagrado nem o cálice sagrado, e menos
ainda que o passem entre si, de mão em mão. Os fiéis
comungam de joelhos ou de pé, segundo a determinação
da Conferência Episcopal. Quando comungam de pé,
recomenda-se que, antes de receberem o Sacramento, façam a
devida reverência, estabelecida pelas mesmas normas.
161.
Se a Comunhão for distribuída unicamente sob
a espécie do pão, o sacerdote levanta um pouco a hóstia
e, mostrando-a a cada um dos comungantes, diz: O Corpo de Cristo
ou Corpus Christi. O comungante responde: Amen, e recebe o
Sacramento na boca, ou, onde for permitido, na mão, conforme
preferir. O comungante recebe a hóstia e comunga-a
imediatamente e na íntegra.
Quando
a Comunhão se faz sob as duas espécies, segue-se o rito
descrito em seu lugar próprio (cf. nn. 284-287).
162. Na
distribuição da Comunhão, o sacerdote pode ser
ajudado por outros presbíteros eventualmente presentes. Se
estes não estiverem disponíveis e o número dos
comungantes for demasiado grande, o sacerdote pode chamar em seu
auxílio os ministros extraordinários, isto é, o
acólito devidamente instituído ou também outros
fiéis, que tenham sido devidamente nomeados para isso[96].
Em caso de necessidade, o sacerdote pode designar, só para
essa ocasião, alguns fiéis idóneos[97].
Estes
ministros não devem aproximar-se do altar antes de o sacerdote
ter tomado a Comunhão; e recebem sempre da mão do
sacerdote celebrante o vaso com as espécies da Santíssima
Eucaristia a distribuir aos fiéis.
163.
Terminada a distribuição da Comunhão,
o sacerdote, no altar, consome imediatamente todo o vinho consagrado
que porventura tiver sobrado; quanto às hóstias
consagradas que sobrarem, ou as consome no altar ou leva-as ao lugar
destinado a guardar a Eucaristia.
O
sacerdote, regressado ao altar, recolhe os fragmentos que porventura
houver. Depois vai ao lado do altar ou à credência e
purifica a patena ou a píxide sobre o cálice; a seguir,
purifica o cálice, enquanto diz em silêncio: O que em
nossa boca recebemos (Quod ore sumpsimus); e limpa o cálice
com o sanguinho. Se os vasos são purificados no altar, o
ministro leva-os para a credência. Os vasos a purificar,
sobretudo se forem vários, também se podem deixar no
altar ou na credência, sobre o corporal, devidamente cobertos,
sendo purificados imediatamente depois da Missa, após a
despedida do povo.
164.
Depois o sacerdote pode voltar para a cadeira. Entretanto,
podem guardar-se uns momentos de silêncio sagrado, ou cantar ou
recitar um salmo ou outro cântico de louvor ou um hino (cf. n.
88).
165.
Depois o sacerdote, de pé junto do altar ou da
cadeira, diz de mãos juntas, voltado para o povo: Oremos
(Oremus); e, de braços abertos, recita a oração
depois da Comunhão, a qual pode ser precedida de um breve
momento de silêncio, a não ser que o tenha havido logo a
seguir à Comunhão. No fim da oração o
povo aclama: Amen.
Ritos de conclusão
166.
Terminada a oração depois da Comunhão,
se houver avisos a fazer, façam-se em forma breve.
167.
A seguir, o sacerdote saúda o povo, abrindo os
braços e dizendo: O Senhor esteja convosco (Dominus
vobiscum), a que o povo responde: Ele está no meio de nós
(Et cum spiritu tuo). O sacerdote, junta de novo as mãos, e,
logo a seguir, com a mão esquerda no peito e elevando a mão
direita, acrescenta: Abençoe-vos Deus todo-poderoso
(Benedicat vos omnipotens Deus) e, fazendo o sinal da cruz sobre o
povo, continua: Pai e Filho e Espírito Santo (Pater et
Filius et Spiritus Sanctus); e todos respondem: Amen.
Em
certos dias e em ocasiões especiais, esta fórmula de
bênção é precedida, segundo as rubricas,
de outra mais solene ou da oração sobre o povo.
O
Bispo abençoa o povo com a fórmula apropriada, fazendo
por três vezes o sinal da cruz sobre o povo.
168.
Logo a seguir à bênção, o
sacerdote, de mãos juntas, diz: Ide em paz e o Senhor vos
acompanhe (Ite, missa est); e todos respondem: Graças a
Deus (Deo gratias).
169.
O sacerdote, habitualmente, beija então o altar em
sinal de veneração, faz-lhe, com os ministros leigos,
uma inclinação profunda, e retira-se com eles.
170.
Se a Missa é seguida de outra acção
litúrgica, omitem-se os ritos de conclusão, quer dizer,
a saudação, a bênção e a despedida.
B)
A Missa com Diácono
171.
Quando está presente na celebração
eucarística, o diácono exerce o seu ministério
revestido com as vestes sagradas. Com efeito, ele próprio:
a)
assiste ao sacerdote e está sempre a seu lado;
b)
ao altar, ministra ao cálice e ao livro;
c)
proclama o Evangelho e pode, por mandato do sacerdote celebrante,
fazer a homilia (cf. n. 66);
d)
orienta o povo fiel com oportunas admonições e enuncia
as intenções da oração universal;
e)
ajuda o sacerdote celebrante a distribuir a Comunhão, e
purifica e arruma os vasos sagrados;
f)
ele próprio, segundo as necessidades, realiza os ofícios
dos outros ministros, se nenhum deles estiver presente.
Ritos
iniciais
172.
O diácono, levando o Evangeliário um pouco
elevado, vai à frente do sacerdote a caminho do altar; caso
contrário, vai ao lado dele.
173.
Ao chegar ao altar, se levar o Evangeliário,
omitida a reverência, aproxima-se do altar. A seguir, depõe
o Evangeliário sobre o altar, e juntamente com o sacerdote,
venera o altar com um beijo.
Se
não levar o Evangeliário, faz uma inclinação
profunda ao altar juntamente com o sacerdote, do modo habitual, e
venera o altar com um beijo juntamente com ele.
Por
fim, se se usa o incenso, assiste o sacerdote na imposição
do incenso e na incensação da cruz e do altar.
174.
Incensado o altar, vai para a cadeira juntamente com o
sacerdote, ficando aí de pé ao lado dele, servindo-o no
que for preciso.
Liturgia
da palavra
175.
Enquanto se canta o Aleluia ou o outro cântico,
assiste ao sacerdote na preparação do turíbulo,
se se usar incenso; em seguida, inclinando-se profundamente diante do
sacerdote, pede-lhe a bênção, dizendo em voz
baixa: A vossa bênção (Iube, domne,
benedicere). O sacerdote abençoa-o, dizendo: O Senhor
esteja no teu coração. (Dominus sit in corde tuo).
O diácono benze-se com o sinal da cruz e responde: Amen.
Em seguida, depois de fazer a inclinação ao altar, toma
o Evangeliário, que louvavelmente está sobre ele,
levando-o um pouco elevado, dirige-se para o ambão, precedido
do turiferário com o turíbulo fumegante e dos ministros
com círios acesos. No ambão saúda o povo,
dizendo, de mão juntas: O Senhor esteja convosco
(Dominus vobiscum); depois, às palavras Leitura do santo
Evangelho (Lectio sancti Evangelii), faz com o polegar o sinal da
cruz no livro e depois persigna-se a si próprio na fronte, na
boca e no peito, incensa o livro e proclama o Evangelho. No fim
aclama: Palavra da salvação (Verbum Domini), e
todos respondem: Glória a Vós, Senhor (Laus
tibi, Christe). Depois beija o livro em sinal de veneração,
dizendo em silêncio: Por este santo Evangelho (Per
evangélica dicta); e volta para junto do sacerdote.
Quando
o diácono ministra ao Bispo, leva-lhe o livro para que ele o
beije ou beija-o ele próprio, dizendo em silêncio: Por
este santo Evangelho (Per evangélica dicta). Nas
celebrações mais solenes o Bispo, se for oportuno, dá
a bênção ao povo com o Evangeliário.
Por
fim, o Evangeliário pode ser levado para a credência ou
para outro lugar adequado e digno.
176.
Se não estiver presente outro leitor idóneo,
o diácono profere as outras leituras.
177.
As intenções da oração dos
fiéis, após a introdução do sacerdote, é
o diácono quem as profere, habitualmente do ambão.
Liturgia
eucarística
178.
Terminada a oração
universal, enquanto o sacerdote permanece sentado na cadeira, o
diácono prepara o altar, auxiliado pelo acólito. A ele
compete cuidar dos vasos sagrados. Assiste também o sacerdote
na recepção dos dons do povo. Entrega depois ao
sacerdote a patena com o pão que vai ser consagrado; deita no
cálice o vinho e um pouco de água, dizendo em silêncio:
Pelo mistério desta água e deste vinho (Per
huius aquae) e entrega o cálice ao sacerdote. Esta preparação
do cálice, pode ser feita na credência. Se se usa
incenso, ministra ao sacerdote na incensação das
oblatas, da cruz e do altar e, em seguida, ele próprio ou o
acólito incensa o sacerdote e o povo.
179.
Durante a Oração eucarística, o
diácono permanece ao lado do sacerdote, um pouco atrás,
servindo-o, quando for preciso, ao cálice e ao Missal.
Desde
a epiclese até à ostensão do cálice, o
diácono permanece habitualmente de joelhos. Se estiverem
presentes vários diáconos, um deles pode impor incenso
no turíbulo para a consagração e incensar a
hóstia e o cálice durante a ostensão.
180.
Durante a doxologia final da Oração
eucarística, o diácono, ao lado do sacerdote, eleva o
cálice, enquanto o sacerdote eleva a patena com a hóstia,
até que o povo tenha respondido com a aclamação:
Amen.
181.
Quando o sacerdote tiver concluído a oração
da paz e dito A paz do Senhor esteja sempre convosco (Pax
Domini sit semper vobiscum), com a resposta do povo O amor de
Cristo nos uniu (Et cum spiritu tuo), o diácono, se for
oportuno, de mãos juntas e voltado para o povo, faz o convite
para a paz, dizendo: Saudai-vos na paz de Cristo (Offerte
vobis pacem). Ele próprio recebe do sacerdote a paz e pode
dá-la aos ministros que estiverem mais perto de si.
182.
Depois da Comunhão do sacerdote, o diácono
recebe do próprio sacerdote a Comunhão sob as duas
espécies e ajuda em seguida o sacerdote na distribuição
da Comunhão ao povo. No caso de a Comunhão se fazer sob
as duas espécies, ele próprio ministra o cálice
aos comungantes e, acabada a distribuição, consome
imediatamente e com reverência, no altar, todo o Sangue de
Cristo que sobrou, ajudado, se necessário, por outros diáconos
e presbíteros.
183.
Terminada a Comunhão, o diácono regressa com
o sacerdote ao altar, recolhe os fragmentos que porventura houver,
leva o cálice e os outros vasos sagrados para a credência,
onde os purifica e arranja na forma habitual, enquanto o sacerdote
regressa à cadeira. Os vasos a purificar podem também
deixar-se na credência, sobre o corporal, devidamente cobertos,
sendo purificados imediatamente depois da Missa, após a
despedida do povo.
Ritos
de conclusão
184.
Terminada a oração depois da Comunhão,
o diácono faz ao povo eventuais breves avisos, a não
ser que o sacerdote prefira fazê-los por si próprio.
185.
Se se usa a fórmula de bênção
solene ou a oração sobre o povo, o diácono diz:
Inclinai-vos para receber a bênção
(Inclinate vos ad benedictionem). Depois da bênção
dada pelo sacerdote, o diácono despede o povo, dizendo, de
mãos juntas, voltado para o povo: Ide em paz e o Senhor vos
acompanhe (Ite, missa est).
186.
Então, juntamente com o sacerdote, beija o altar em
sinal de veneração e, feita a inclinação
profunda, retira-se pela mesma ordem da entrada.
C)
Funções do Acólito
187.
São de vários géneros as funções
que o acólito pode exercer, podendo algumas delas ocorrer
simultaneamente. Convém, por isso, que sejam oportunamente
distribuídas por vários. Se, contudo, só estiver
presente um acólito, este desempenhará a função
mais importante, e as outras distribuam-se por vários
ministros.
Ritos
iniciais
188. Na
procissão de entrada, o acólito pode levar a cruz,
ladeado por outros dois ministros com os círios acesos.
Chegando ao altar, depõe a cruz junto dele, para se tornar a
cruz do altar, ou então coloca-a num lugar digno. Em seguida,
ocupa o seu lugar no presbitério.
189.
Durante toda a celebração,
sempre que seja necessário, o acólito aproxima-se do
sacerdote ou do diácono, para lhes apresentar o livro e
ajudá-los no que for preciso. Convém, portanto, que, na
medida do possível, ocupe um lugar donde lhe seja fácil
desempenhar o seu ministério, quer junto da cadeira
presidencial quer junto do altar.
Liturgia
eucarística
190.
Na ausência do diácono, o acólito,
depois da oração universal e enquanto o sacerdote
permanece na sua cadeira, coloca sobre o altar o corporal, o
sanguinho, o cálice e o Missal. Seguidamente, se for preciso,
ajuda o sacerdote a receber os dons do povo e, conforme as
circunstâncias, leva para o altar o pão e o vinho e
entrega-os ao sacerdote. Se se usa incenso, apresenta ao sacerdote o
turíbulo e acompanha-o na incensação das
oblatas, da cruz e do altar. Depois incensa o sacerdote e o povo.
191. O
acólito devidamente instituído, se for preciso, pode
ajudar o sacerdote a distribuir a Comunhão ao povo, como
ministro extraordinário[98].
Se, na ausência do diácono, se dá a Comunhão
sob as duas espécies, ele próprio ministra o cálice
aos comungantes ou sustenta o cálice quando a Comunhão
é feita por intinção.
192.
Do mesmo modo o acólito devidamente instituído,
terminada a distribuição da Comunhão, ajuda o
sacerdote ou o diácono na purificação e arranjo
dos vasos sagrados. Na ausência do diácono, o acólito
leva os vasos sagrados para a credência e aí os
purifica, limpa e arranja, do modo habitual.
193.
Terminada a celebração da
Missa, o acólito e os outros ministros, juntamente com o
diácono e o sacerdote, voltam processionalmente à
sacristia, do mesmo modo e pela mesma ordem com que vieram.
D)
Funções do Leitor
Ritos
iniciais
194.
Na procissão de entrada, na ausência do
diácono, o leitor, vestido com a veste aprovada, pode levar o
Evangeliário um pouco elevado. Neste caso, vai à frente
do sacerdote; se não, vai junto com os outros ministros.
195.
Chegando ao altar, faz com os outros uma inclinação
profunda. Se leva o Evangeliário, sobe ao altar e sobre ele
depõe o Evangeliário. Depois ocupa o seu lugar no
presbitério, junto com os outros ministros.
Liturgia
da palavra
196.
Lê no ambão as leituras que precedem o
Evangelho. Na ausência do salmista, pode proferir o salmo
responsorial, depois da primeira leitura.
197.
Na ausência do diácono, o leitor pode
proferir as intenções da oração
universal, no ambão, depois da introdução feita
pelo sacerdote.
198.
Se não houver cântico de entrada nem da
Comunhão e os fiéis não recitarem as antífonas
que vêm no Missal, pode proferir, no momento próprio,
estas antífonas (cf. nn. 48, 87).
II.
Missa concelebrada
199.
A concelebração, pela qual se manifesta
oportunamente a unidade do sacerdócio e do sacrifício,
bem como a de todo o povo de Deus, está prescrita pelo próprio
rito: na ordenação do Bispo e dos presbíteros,
na bênção do abade e na Missa crismal.
Recomenda-se,
além disso, a não ser que a utilidade dos fiéis
exija ou aconselhe de outro modo:
a)
na Missa vespertina, na Quinta-feira da Ceia do Senhor;
b)
na Missa celebrada nos Concílios, nas reuniões dos
Bispos e nos Sínodos;
c)
na Missa conventual e na Missa principal celebrada nas igrejas e
oratórios;
d)
nas Missas celebradas por ocasião de reuniões de
sacerdotes, tanto seculares como religiosos[99].
No
entanto, é lícito a cada sacerdote celebrar a
Eucaristia de modo individual, mas não ao mesmo tempo em que,
na mesma igreja ou oratório, se realiza uma concelebração.
Contudo, na Quinta-feira da Ceia do Senhor e na Missa da Vigília
pascal, não é permitido celebrar os ritos sagrados de
modo individual.
200.
Aceitem-se de bom grado a
concelebrar a Eucaristia os presbíteros que estiverem de
passagem, desde que se conheça a sua condição
sacerdotal.
201.
Nos casos em que o número de sacerdotes seja muito
grande, pode fazer-se mais que uma concelebração no
mesmo dia, onde a necessidade ou a utilidade pastoral o aconselhem;
mas devem fazer-se a horas diferentes ou em lugares sagrados
diversos[100].
202.
Segundo as normas do direito, compete ao Bispo
regulamentar a disciplina da concelebração na sua
diocese.
203.
Deve ter-se em consideração especial a
concelebração dos presbíteros da diocese com o
seu Bispo, particularmente na Missa estacional nas grandes
solenidades do ano litúrgico, na Missa da ordenação
do novo Bispo da diocese ou do seu coadjutor ou auxiliar, na Missa
crismal, na Missa vespertina da Ceia do Senhor, nas celebrações
do Santo Fundador da Igreja local ou do Padroeiro da diocese, nos
aniversários do Bispo e finalmente por ocasião do
Sínodo ou da visita pastoral.
Pelo
mesmo motivo, recomenda-se a concelebração todas as
vezes que os presbíteros se encontram reunidos com o seu
Bispo, quer por ocasião de exercícios espirituais quer
de outras reuniões. É nestas ocasiões que mais
se evidencia aquele sinal da unidade do sacerdócio e da
Igreja, próprio de toda a concelebração[101].
204.
Por motivos especiais, quer pelo significado do rito quer
pela festa, é permitido celebrar ou concelebrar mais que uma
vez no mesmo dia, nos casos seguintes:
a)
quem tiver celebrado ou concelebrado a Missa crismal na Quinta-feira
da Semana Santa, pode celebrar ou concelebrar também a Missa
vespertina da Ceia do Senhor;
b)
quem tiver celebrado ou concelebrado a Missa da Vigília Pascal
pode celebrar ou concelebrar a Missa do dia de Páscoa;
c)
no Natal do Senhor, todos os sacerdotes podem celebrar ou concelebrar
três Missas, contanto que sejam nas horas correspondentes;
d)
no dia da Comemoração de todos os fiéis
defuntos, desde que as celebrações se façam nos
diversos tempos e observadas as determinações acerca da
aplicação da segunda e da terceira Missa[102];
e)
quem concelebrar com o Bispo ou seu delegado por ocasião do
Sínodo, da visita pastoral ou de reuniões sacerdotais,
pode também celebrar outra Missa para utilidade dos fiéis.
O mesmo se diga, observadas as normas respectivas, das reuniões
dos religiosos.
205.
A Missa concelebrada, seja qual for a forma de que se
revista, segue as normas a observar comummente (cf. nn. 112-198), com
as particularidades ou alterações que a seguir se
expõem:
206.
Uma vez começada a Missa, ninguém, em caso algum,
se junte ou seja admitido a concelebrar.
207.
No presbitério devem preparar-se:
a)
assentos e livros para os sacerdotes concelebrantes:
b)
na credência: um cálice de tamanho suficiente, ou vários
cálices.
208.
Se na Missa concelebrada não estiver presente o
diácono, as funções que lhe são próprias
serão realizadas por um ou outro dos concelebrantes.
Se
não estiverem presentes outros ministros, as partes que lhes
pertencem podem ser entregues a outros fiéis idóneos;
se assim não for, serão desempenhadas por alguns
concelebrantes.
209.
Os concelebrantes revestem-se, na sacristia ou noutro
lugar apropriado, com as vestes sagradas que costumam usar quando
celebram a Missa individualmente. Contudo, por justa causa, por
exemplo, grande número de concelebrantes e falta de paramentos
para todos, podem os concelebrantes, com excepção
sempre do celebrante principal, revestir apenas a estola por cima da
alva, sem a casula ou planeta.
Ritos
iniciais
210.
Estando tudo devidamente preparado, organiza-se a
procissão na forma do costume, através da igreja, em
direcção ao altar. Os sacerdotes concelebrantes vão
à frente do celebrante principal.
211.
Chegando ao altar, os concelebrantes e o celebrante
principal fazem uma inclinação profunda, beijam o altar
em sinal de veneração e vão ocupar os lugares
que lhes estão destinados. O celebrante principal incensa a
cruz e o altar, se parecer oportuno, e vai depois para a cadeira.
Liturgia
da palavra
212.
Durante a liturgia da palavra, os concelebrantes estão
nos seus lugares, sentados ou de pé, conforme estiver o
celebrante principal.
Quando
o Bispo preside, o presbítero que, na ausência do
diácono, proclamar o Evangelho, pede-lhe e recebe a bênção.
Isso não se faz na concelebração a que preside
um presbítero.
213.
Normalmente, faz a homilia o celebrante principal, ou
então um dos concelebrantes.
Liturgia
eucarística
214.
A preparação dos dons (cf. nn. 139-145) é
feita pelo celebrante principal, enquanto os outros concelebrantes
permanecem nos seus lugares.
215.
Depois de o celebrante principal ter dito a oração
sobre as oblatas, os concelebrantes aproximam-se do altar e
dispõem-se ao seu redor, de tal forma, porém, que não
dificultem o desenrolar dos ritos, a acção sagrada seja
facilmente vista pelos fiéis e não dificultem ao
diácono o acesso ao altar para o desempenho do seu ministério.
Se
estiverem presentes sacerdotes concelebrantes, o diácono
realiza o seu ministério junto do altar, sempre que for
preciso ministrar o cálice e o Missal. Contudo, tanto quanto
possível, colocar-se-á um pouco atrás deles.
Modo
de proferir a Oração eucarística
216.
O Prefácio é cantado ou dito só pelo
celebrante principal. O Santo (Sanctus) é cantado ou
recitado por todos os concelebrantes, juntamente com o povo e a
schola.
217.
Terminado o Santo (Sanctus), os sacerdotes
concelebrantes continuam a Oração eucarística na
forma que adiante se indica. Os gestos, salvo indicação
em contrário, são feitos só pelo celebrante
principal.
218.
As partes proferidas simultaneamente por todos os
concelebrantes, e principalmente as palavras da consagração,
que todos estão obrigados a dizer, devem ser recitadas pelos
concelebrantes em voz baixa, de modo a que se ouça claramente
a voz do celebrante principal. Deste modo, o povo pode perceber mais
facilmente o texto.
As
fórmulas a dizer simultaneamente por todos os concelebrantes,
e que vêm musicadas no Missal, é de louvar que sejam
proferidas com canto.
A)
Oração eucarística I, ou Cânone Romano
219.
Na Oração eucarística I, ou Cânone
Romano, só o celebrante principal diz, de braços
abertos, Pai de infinita misericórdia (Te ígitur).
220.
Convém confiar as partes Lembrai-vos, Senhor
(Memento dos vivos) e Em comunhão com toda a Igreja
(Communicantes) a um ou outro dos sacerdotes concelebrantes, que dirá
sozinho estas preces, de braços abertos e em voz alta.
221.
De novo, só o celebrante principal diz, de braços
abertos, Aceitai benignamente, Senhor (Hanc ígitur).
222.
Desde Santificai, Senhor (Quam oblatiónem)
até Humildemente Vos suplicamos (Supplices), o
celebrante principal faz os gestos, e todos os concelebrantes dizem
tudo ao mesmo tempo, deste modo:
a)
Santificai, Senhor (Quam oblatiónem), com as mãos
estendidas para as oblatas;
b)
Na véspera da sua paixão (Qui prídie) e
De igual modo (Símili modo), de mãos juntas;
c)
as palavras do Senhor, se parecer oportuno, com a mão direita
estendida para o pão e para o cálice; à
ostensão, olham para a hóstia e para o cálice e
fazem em seguida inclinação profunda;
d)
Celebrando agora o memorial (Unde et memores) e Olhai com
benevolência (Supra quae), de braços abertos;
e)
Humildemente Vos suplicamos (Supplices), inclinados e de mãos
juntas, até às palavras: participando deste altar
(ex hac altáris partipatióne); erguem-se em seguida e
benzem-se às palavras: alcancemos a plenitude das bênçãos
do Céu (omni benedictióne caelésti et grátia
repleámur).
223.
Convém confiar as partes Lembrai-Vos, Senhor
(o Memento dos defuntos) e E a nós, pecadores (Nobis
quoque peccatoribus) a um ou outro dos concelebrantes, que as dirá
sozinho, de braços abertos e em voz alta.
224.
Às palavras E a nós, pecadores (Nobis
quoque peccatoribus), todos os concelebrantes batem no peito.
225.
Por Cristo, nosso Senhor (per quem haec omnia) é
dito só pelo celebrante principal.
B)
Oração eucarística II
226.
Na Oração eucarística II, Vós,
Senhor, sois verdadeiramente Santo (Vere Sanctus) é dito
só pelo celebrante principal, de braços abertos.
227.
Desde Santificai estes dons (Haec ergo dona) até
Humildemente Vos suplicamos (Et súpplices), todos os
concelebrantes dizem tudo em simultâneo, deste modo:
a)
Santificai estes dons (Haec ergo dona), com as mãos
estendidas para as oblatas;
b)
Na hora em que Ele Se entregava (Qui cum passióni) e De
igual modo (Símili modo), de mãos juntas;
c)
as palavras do Senhor, se parecer oportuno, com a mão direita
estendida para o pão e para o cálice; à
ostensão, olham para a hóstia e para o cálice e
fazem em seguida inclinação profunda;
d)
Celebrando agora, Senhor o memorial (Mémores ígitur)
e Humildemente Vos suplicamos (Et súpplices), de braços
abertos.
228.
As intercessões pelos vivos: Lembrai-Vos, Senhor
(Recordáre, Dómine) e pelos defuntos: Lembrai-Vos
também dos nossos irmãos (Meménto étiam
fratrum nostrórum) convém confiá-las a um ou
outro dos concelebrantes, que as dirá sozinho, de braços
abertos.
C)
Oração eucarística III
229.
Na Oração eucarística III, Vós,
Senhor, sois verdadeiramente Santo (Vere Sanctus) é dito
só pelo celebrante principal, de braços abertos.
230.
Desde Humildemente Vos suplicamos, Senhor
(Súpplices ergo te, Dómine) até Olhai
benignamente (Réspice, quáesumus), todos os
concelebrantes dizem tudo em simultâneo, deste modo:
a)
Humildemente Vos suplicamos (Súpplices ergo te,
Dómine), com as mãos estendidas para as oblatas;
b)
Na noite em que Ele ia ser entregue (Ipse enim in qua nocte
tradebátur) e De igual modo (Símili modo), de
mãos juntas;
c)
as palavras do Senhor, se parecer oportuno, com a mão direita
estendida para o pão e para o cálice; à
ostensão, olham para a hóstia e para o cálice e
fazem em seguida inclinação profunda;
d)
Celebrando agora, Senhor, o memorial (Mémores ígitur)
e Olhai benignamente (Réspice, quáesumus), de
braços abertos.
231.
As intercessões: O Espírito Santo faça
de nós (Ipse nos) e Por este sacrifício de
reconciliação (Haec hostia nostrae
reconciliatiónis) convém confiá-las a um ou
outro dos concelebrantes, que as dirá sozinho, de braços
abertos.
D)
Oração eucarística IV
232.
Na Oração eucarística IV, as palavras
Nós Vos glorificamos, Pai santo (Confitémur
tibi, Pater sancte) até e consumar toda a santificação
(omnem sanctificationem compléret) são ditas só
pelo celebrante principal, de braços abertos.
233.
Desde Nós Vos pedimos, Senhor (Quáesumus
ígitur, Dómine) até Olhai, Senhor, para esta
oblação (Réspice, Dómine) inclusive,
todos os concelebrantes dizem tudo em simultâneo, deste modo:
a)
Nós Vos pedimos, Senhor (Quáesumus ígitur,
Dómine), com as mãos estendidas para as oblatas;
b)
Quando chegou a hora (Ipse enim, cum hora venísset) e
De igual modo (Símili modo), de mãos juntas;
c)
as palavras do Senhor, se parecer oportuno, com a mão direita
estendida para o pão e para o cálice; à
ostensão, olham para a hóstia e para o cálice e
fazem em seguida inclinação profunda;
d)
Celebrando agora, Senhor (Unde et nos) e Olhai, Senhor
(Réspice, Dómine), de braços abertos.
234.
As intercessões: Lembrai-Vos agora, Senhor
(Nunc ergo, Dómine, ómnium recordáre) convém
confiá-las a um dos concelebrantes, que as dirá
sozinho, de braços abertos.
235.
Quanto às outras Orações Eucarísticas
aprovadas pela Santa Sé, observem-se as normas estabelecidas
para cada uma delas.
236.
A doxologia final da Oração eucarística
é dita só pelo celebrante principal juntamente com
todos os outros concelebrantes, mas não pelos fiéis.
Ritos
da Comunhão
237.
O celebrante principal, de mãos juntas, diz
seguidamente a admonição que antecede a oração
dominical e depois, de braços abertos, juntamente com os
outros concelebrantes, que também abrem os braços, e
com o povo, diz a oração dominical.
238.
Livrai-nos de todo o mal (Líbera nos,
Dómine) é dito só pelo celebrante principal, de
braços abertos. Todos os concelebrantes, juntamente com o
povo, dizem a aclamação: Vosso é o reino
(Quia tuum est regnum).
239.
Após a admonição: Saudai-vos na
paz de Cristo (Offérte vobis pacem), feita pelo diácono
ou, na sua ausência, por um dos concelebrantes, todos se dão
mutuamente a paz. Os que estão mais próximos do
celebrante principal recebem dele a paz, antes do diácono.
240.
Enquanto se diz o Cordeiro de Deus (Agnus Dei), o
diácono ou alguns dos concelebrantes podem ajudar o celebrante
principal a partir as hóstias para a Comunhão, tanto
dos concelebrantes como do povo.
241.
Após a immixtio, o celebrante principal diz
sozinho, em silêncio, a oração Senhor Jesus
Cristo, Filho de Deus vivo (Dómine Iesu Christe, Fili Dei
vivi) ou A comunhão do vosso Corpo e Sangue
(Percéptio).
242.
Terminada a oração antes da Comunhão,
o celebrante principal genuflecte e afasta-se um pouco. Os
concelebrantes, um após outro, vão ao meio do altar,
genuflectem e tomam com reverência o Corpo de Cristo com a mão
direita, pondo por baixo dela a esquerda, e voltam para os seus
lugares. Podem também ficar todos nos seus lugares e tomar o
Corpo de Cristo da patena que o celebrante principal (ou um ou mais
concelebrantes) lhes apresenta; podem também passar a patena
uns aos outros.
243.
Depois o celebrante principal toma a hóstia
consagrada nessa Missa, levanta-a um pouco sobre a patena ou sobre o
cálice e, voltado para o povo, diz: Felizes os
convidados... Eis o Cordeiro de Deus (Ecce Agnus Dei... Beáti
qui ad cenam); em seguida, continua, juntamente com os concelebrantes
e o povo: Senhor, eu não sou digno (Dómine, non
sum dignus).
244.
Depois o celebrante principal, voltado para o altar, diz
em silêncio: O Corpo de Cristo me guarde para a vida eterna
(Corpus Christi custódiat me in vitam aetérnam): e
comunga com reverência o Corpo de Cristo. O mesmo fazem os
concelebrantes, que comungam por si mesmos. Depois deles, o diácono
recebe do celebrante principal o Corpo do Senhor.
245.
O Sangue do Senhor pode comungar-se bebendo directamente
do cálice, ou por intinção, ou por meio de uma
cânula, ou por meio de uma colherinha.
246.
Se a Comunhão se faz bebendo directamente do
cálice, pode adoptar-se um dos seguintes modos:
a)
O celebrante principal toma o cálice e diz em silêncio:
O Sangue de Cristo me guarde para a vida eterna (Sanguis
Christi custodiat me in vitam aeternam); bebe um pouco de Sangue e
entrega o cálice ao diácono ou a um dos concelebrantes.
Em seguida, distribui a Comunhão aos fiéis (cf. nn.
160-162).
Os
concelebrantes, um após outro, ou dois a dois, se há
dois cálices, vão ao altar, genuflectem, bebem o
Sangue, limpam os bordos do cálice e retiram-se para os seus
lugares.
b)
O celebrante principal comunga o Sangue do Senhor na forma habitual,
ao meio do altar.
Os
concelebrantes, porém, podem comungar o Sangue do Senhor nos
seus lugares, bebendo do cálice que lhes é apresentado
pelo diácono ou por um dos concelebrantes; ou então
passam eles mesmos o cálice uns aos outros. O cálice é
limpo de cada vez, ou por quem dele bebe ou por quem lho apresenta; à
medida que vão comungando, os concelebrantes regressam aos
seus lugares.
247.
O diácono, ao altar, bebe reverentemente tudo o que
resta do Sangue de Cristo, ajudado, se for preciso, por alguns
concelebrantes; depois leva o cálice para a credência e
aí, ele ou um acólito instituído, purifica-o
como de costume, limpa-o e deixa-o devidamente arranjado (cf. n.
183).
248.
A Comunhão dos concelebrantes também pode
ordenar-se de modo que se aproximem do altar um por um e aí
comunguem o Corpo do Senhor e logo a seguir o Sangue.
Neste
caso, o celebrante principal comunga sob as duas espécies na
forma habitual (cf. n. 158); mas comunga do cálice segundo o
modo que tiver sido escolhido, em cada caso, para os outros
concelebrantes.
Depois
de o celebrante principal ter comungado, coloca-se o cálice
sobre outro corporal no lado do altar. Os concelebrantes, um por um,
vão ao meio do altar, genuflectem e comungam o Corpo do
Senhor; passam depois para o lado do altar e ali comungam o Sangue do
Senhor, segundo o modo escolhido para a Comunhão do cálice,
como acima se disse.
A
Comunhão do diácono e a purificação do
cálice fazem-se como acima ficou dito.
249.
Quando a Comunhão dos concelebrantes se faz por
intinção, o celebrante principal toma o Corpo e o
Sangue do Senhor na forma habitual; mas terá o cuidado de
deixar no cálice o suficiente para a Comunhão dos
concelebrantes. Em seguida o diácono, ou um dos
concelebrantes, põe o cálice sobre outro corporal, no
meio do altar ou no lado, e junto do cálice a patena com as
hóstias.
Os
concelebrantes, um por um, vão ao altar, genuflectem, tomam a
hóstia, molham-na parcialmente no cálice e comungam,
pondo a patena por baixo da boca. A seguir, voltam para os lugares
que ocupavam ao princípio da Missa.
O
diácono comunga também por intinção, da
mão de um concelebrante, que lhe diz: O Corpo e o Sangue de
Cristo (Corpus et Sanguis Christi), ao que ele responde: Amen.
Depois, ao altar, bebe todo o Sangue que resta, ajudado, se for
preciso, por alguns concelebrantes, leva o cálice para a
credência e ali, ele ou um acólito instituído,
purifica o cálice do modo habitual, limpa-o e deixa-o
devidamente arranjado.
Ritos
de conclusão
250.
Tudo o mais, até ao fim da Missa, é feito
pelo celebrante principal na forma habitual (cf. nn. 166-169),
permanecendo os outros concelebrantes nos seus lugares.
251.
Antes de se retirarem, fazem todos uma inclinação
profunda ao altar. O celebrante principal beija o altar em sinal de
veneração.
III.
Missa com a assistência de um só ministro
252.
Na Missa celebrada pelo sacerdote, com a assistência
de um só ministro que lhe responde, segue-se o rito da Missa
com o povo (cf. nn. 120-169); o ministro profere, eventualmente, as
partes que correspondem ao povo.
253.
Se o ministro é diácono,
ele próprio realiza as funções que lhe competem
(cf. nn. 171-186), e também as outras partes do povo.
254.
Não se celebre sem a assistência de um
ministro ou ao menos de algum fiel, a não ser por causa justa
e razoável. Neste caso omitem-se as saudações,
as admonições e a bênção do fim da
Missa.
255.
O cálice prepara-se antes da Missa, colocando-o na
credência ou sobre o altar, no lado direito. O Missal, pode
colocar-se oportunamente no lado esquerdo do altar.
Ritos
iniciais
256.
Feita uma inclinação profunda ao altar, o
sacerdote, de pé, diante do altar, benze-se, dizendo: Em
nome do Pai (In nómine Patris). Depois, voltando-se para o
ministro, saúda-o, com uma das fórmulas habituais; e
faz o acto penitencial.
257.
Aproxima-se então do altar e beija-o em sinal de
veneração, volta-se para o Missal, no lado esquerdo do
altar, e aí permanece até ao fim da oração
universal.
258.
Então lê a antífona de entrada e diz:
Senhor, tende piedade de nós (Kýrie) e Glória,
conforme as rubricas.
259.
Depois, de mãos juntas, diz: Oremos
(Orémus); e, após uns momentos de silêncio, diz a
oração colecta, de braços abertos. No fim o
ministro aclama: Amen.
Liturgia
da palavra
260.
As leituras, na medida do possível, proferem-se do
ambão ou do atril.
261.
Terminada a oração, o ministro lê a
primeira leitura e o salmo, e, quando a houver, também a
segunda leitura, com o verso do Aleluia ou o outro cântico.
262.
Depois o sacerdote diz, inclinado: Purificai o meu
coração (Munda cor meum), e lê o Evangelho.
No fim diz: Palavra da salvação (Verbum Dómini);
ao que o ministro responde: Glória a Vós, Senhor
(Laus tibi, Christe). Então o sacerdote beija o livro em sinal
de veneração, dizendo em silêncio: Por este
santo Evangelho (Per evangélica dicta).
263.
A seguir, o sacerdote, juntamente com o ministro, diz o
Símbolo, conforme as rubricas.
264.
Segue-se a oração universal, que também
nesta Missa se pode dizer. O sacerdote enuncia as intenções
e o ministro responde.
Liturgia
Eucarística
265.
Na liturgia eucarística
faz-se tudo como na Missa com o povo, com excepção do
que se segue.
266.
Após a aclamação final do embolismo,
que se segue à Oração dominical, o sacerdote diz
a oração: Senhor Jesus Cristo, que dissestes
(Dómine Iesu Christe, qui dixísti); depois acrescenta:
A paz do Senhor esteja sempre convosco (Pax Dómini sit
semper vobíscum); ao que o ministro responde: O amor de
Cristo nos uniu (Et cum spíritu tuo). Se for oportuno, o
sacerdote dá a paz ao ministro.
267.
Depois, enquanto diz com o
ministro: Cordeiro de Deus (Agnus Dei), parte a hóstia
sobre a patena. Terminado o Cordeiro de Deus (Agnus Dei), faz
a immixtio, dizendo em silêncio: Esta união (Haec
commíxtio).
268.
Depois da immixtio, o sacerdote
diz em silêncio a oração: Senhor Jesus Cristo,
Filho de Deus vivo (Dómine Iesu Christe, Fili Dei vivi) ou
A comunhão (Percéptio). A seguir genuflecte,
toma a hóstia e, voltado para o ministro, se este comunga,
diz, levantando um pouco a hóstia sobre o cálice:
Felizes os convidados... Eis o Cordeiro de Deus (Ecce
Agnus Dei... Beáti qui ad cenam Agni); e, juntamente com o
ministro, diz uma vez: Senhor, eu não sou digno
(Dómine, non sum dignus). E, voltando-se para o altar, comunga
o Corpo de Cristo. Se o ministro não recebe a Comunhão,
o sacerdote, depois de fazer a genuflexão, toma a hóstia
e diz, uma vez, em silêncio, voltado para o altar: Senhor,
eu não sou digno (Dómine, non sum dignus), e o
Corpo de Cristo guarde (Corpus Christi custódiat) e
comunga o Corpo de Cristo. Em seguida, toma o cálice e diz em
silêncio: O sangue de Cristo me guarde para a vida eterna
(Sanguis Christi custódiat me) e comunga o Sangue.
269.
Antes de dar a Comunhão ao ministro, o sacerdote
recita a antífona da Comunhão.
270.
O sacerdote purifica o cálice ao lado do altar ou
na credência. Se o cálice for purificado no altar, o
ministro pode levá-lo depois para a credência, ou pode
repô-lo no lado do altar.
271.
Depois da purificação do cálice, é
conveniente que o sacerdote guarde uns momentos de silêncio. Em
seguida, diz a oração depois da Comunhão.
Ritos
de conclusão
272.
Nos ritos de conclusão procede-se como na Missa com
participação do povo, mas omite-se a despedida: Ide
em paz (Ite, missa est). O sacerdote beija o altar em sinal de
veneração, como é costume, e, depois de fazer
uma inclinação profunda com o ministro, retira-se.
IV.
Algumas normas gerais para todas as formas de celebração
da Missa
Veneração
do altar e do Evangeliário
273.
Segundo o costume tradicional, a veneração
do altar e do Evangeliário é significada pelo ósculo.
Todavia, nos países em que este sinal de veneração
destoa das tradições e mentalidade dos povos, podem as
Conferências Episcopais substituí-lo por outro sinal,
com o consentimento da Sé Apostólica.
Genuflexão
e inclinação
274.
A genuflexão, que se faz dobrando o joelho direito até
ao solo, significa adoração; é por isso
reservada ao Santíssimo Sacramento e à santa Cruz desde
a solene adoração na Acção litúrgica
da Sexta-Feira da Paixão do Senhor, até ao início
da Vigília pascal.
Na
Missa, o sacerdote celebrante faz três genuflexões: após
a ostensão da hóstia, após a ostensão do
cálice e antes da Comunhão. As peculiaridades a
observar na Missa concelebrada indicam-se nos lugares respectivos
(cf. nn. 210-251).
Mas,
se o sacrário com o Santíssimo Sacramento estiver no
presbitério, o sacerdote, o diácono e os outros
ministros genuflectem, quando chegam ao altar, ou quando se afastam
dele, não, porém, durante a própria celebração
da Missa.
Aliás,
todos os que passam diante do Santíssimo Sacramento
genuflectem, a não ser quando se vai em procissão.
Os
ministros que levam a cruz processional ou os círios, em vez
de genuflectirem fazem uma inclinação de cabeça.
275.
A inclinação significa a reverência e
a honra que se presta às próprias pessoas ou aos seus
símbolos. As inclinações são de duas
espécies: inclinação de cabeça e
inclinação do corpo.
a)
A inclinação de cabeça faz-se ao nomear as três
Pessoas divinas conjuntamente, ao nome de Jesus, da Virgem Santa
Maria e do Santo em cuja honra é celebrada a Missa.
b)
A inclinação do corpo, ou inclinação
profunda, faz-se: ao altar; às orações Purificai
o meu coração (Munda cor meum) e De coração
humilhado (In spíritu humilitátis); no Símbolo
às palavras E encarnou pelo Espírito Santo (Et
incarnátus est); no Cânone Romano às palavras
Humildemente Vos suplicamos (Supplices te rogamus). Também
o diácono faz inclinação profunda ao pedir a
bênção, antes da proclamação do
Evangelho. Além disso, o sacerdote faz uma pequena inclinação
enquanto diz as palavras do Senhor, na consagração.
Incensação
276.
O queimar incenso ou a incensação exprime
reverência e oração, como vem significado na
Sagrada Escritura (cf. Salmo 140, 2; Ap 8,3).
Pode
usar-se o incenso em qualquer forma de celebração da
Missa:
a)
durante a procissão de entrada;
b)
no princípio da Missa, para incensar a cruz e o altar;
c)
na procissão e proclamação do Evangelho;
d)
depois de colocados o pão e o cálice sobre o altar,
para incensar as oblatas, a cruz, o altar, o sacerdote e o povo;
e)
à ostensão da hóstia e do cálice, depois
da consagração.
277.
O sacerdote, ao pôr o incenso no turíbulo,
benze-o com um sinal da cruz, sem dizer nada.
Antes
e depois da incensação, faz-se uma inclinação
profunda para a pessoa ou coisa incensada, excepto ao altar e às
oblatas para o sacrifício da Missa.
Incensam-se
com três ductos do turíbulo: o Santíssimo
Sacramento, as relíquias da santa Cruz e as imagens do Senhor
expostas à veneração pública, as oblatas
para o sacrifício da Missa, a cruz do altar, o Evangeliário,
o círio pascal, o sacerdote e o povo.
Com
dois ductos incensam-se as relíquias e imagens dos Santos
expostas à veneração pública, e só
no início da celebração, quando se incensa o
altar.
A
incensação do altar faz-se com simples ictus do
seguinte modo:
a)
se o altar está separado da parede, o sacerdote incensa-o em
toda a volta;
b)
se o altar não está separado da parede, o sacerdote
incensa-o primeiro do lado direito e depois do lado esquerdo.
Se
a cruz está sobre o altar ou junto dele, é incensada
antes da incensação do altar; aliás, é
incensada quando o sacerdote passa diante dela.
O
sacerdote incensa as oblatas com três ductos do turíbulo,
antes de incensar a cruz e o altar, ou fazendo, com o turíbulo,
o sinal da cruz sobre as oblatas.
Purificações
278.
Se algum fragmento da hóstia ficar aderente aos
dedos, sobretudo depois da fracção ou depois da
Comunhão dos fiéis, o sacerdote limpa os dedos sobre a
patena ou, se parecer necessário, lava-os. Recolhe também
os que eventualmente tenham ficado fora da patena.
279.
Os vasos sagrados são purificados pelo sacerdote ou
pelo diácono ou pelo acólito instituído, depois
da Comunhão ou depois da Missa, quanto possível na
credência. O cálice é purificado com água
ou com vinho e água, que depois é consumida por quem o
purificar. A patena limpa-se normalmente com o sanguinho.
Deve
atender-se a que o Sangue de Cristo que eventualmente fique depois da
distribuição da Comunhão, seja todo
imediatamente consumido no altar.
280.
Se cair no chão alguma hóstia ou partícula,
recolhe-se reverentemente. Se acaso se derramar o Sangue do Senhor,
lava-se com água o sítio em que tenha caído e
deita-se depois essa água no sumidoiro colocado na sacristia.
Comunhão
sob as duas espécies
281.
A sagrada Comunhão adquire a sua forma mais plena,
enquanto sinal, quando é feita sob as duas espécies.
Nesta forma manifesta-se mais perfeitamente o sinal do banquete
eucarístico, e exprime-se mais claramente a vontade de
ratificar a nova e eterna aliança selada pelo Sangue do
Senhor, bem como a relação entre o banquete eucarístico
e o banquete escatológico no reino do Pai[103].
282.
Empenhem-se os sagrados pastores em recordar, da maneira
mais eficiente, aos fiéis que tomam parte no rito sagrado ou a
ele assistem, a doutrina católica acerca da forma da sagrada
Comunhão, segundo o Concílio de Trento. Antes de mais
devem advertir os fiéis de que a fé católica
ensina que, mesmo sob uma única espécie, é
Cristo todo e inteiro e o verdadeiro Sacramento que se recebe;
consequentemente, quem receber uma só das duas espécies
nem por isso fica privado de qualquer graça necessária
à salvação[104].
Além
disso, devem ensinar também que a Igreja, na administração
dos Sacramentos, salvaguardada a sua substância, tem o poder de
estabelecer ou modificar aquilo que, atendendo às
circunstâncias ou à diversidade dos tempos e lugares,
julgue mais apto para favorecer a veneração devida aos
mesmos Sacramentos e seja de maior proveito para quem os recebe[105].
Ao mesmo tempo, não deixem de exortar os fiéis para que
participem mais intensamente no rito sagrado por aquela forma em que
se manifesta de modo mais pleno o sinal do banquete eucarístico.
283.
A Comunhão sob as duas espécies é
permitida, além dos casos expostos nos livros rituais:
a)
aos sacerdotes que não podem celebrar ou concelebrar a Missa;
b)
ao diácono e àqueles que desempenham algum ofício
na Missa;
c) aos
membros das comunidades, na Missa conventual ou naquela que é
chamada «da comunidade», aos alunos dos seminários
e a todos os que fazem exercícios espirituais ou participam
numa reunião espiritual ou pastoral.
O
Bispo diocesano pode definir normas para a Comunhão sob as
duas espécies na sua diocese, a observar mesmo nas igrejas dos
religiosos e nos pequenos grupos. Ao mesmo Bispo é dada
faculdade de permitir a Comunhão sob as duas espécies,
sempre que tal pareça oportuno ao sacerdote celebrante, desde
que os fiéis sejam bem instruídos e não haja
perigo de profanação do Santíssimo ou que o rito
não se torne mais difícil em virtude da multidão
dos participantes ou por outra causa.
Quanto
ao modo de distribuir a sagrada Comunhão sob as duas espécies
aos fiéis e ao alargamento da autorização, as
Conferências Episcopais podem dar normas, confirmadas pela Sé
Apostólica.
284.
Quando se distribui a Comunhão
sob as duas espécies:
a)
habitualmente quem ministra ao cálice é o diácono,
ou, na sua ausência, o presbítero; ou também o
acólito devidamente instituído ou outro ministro
extraordinário da sagrada Comunhão; ou o fiel a quem,
em caso de necessidade, se chama para este ofício em cada
caso;
b)
o que eventualmente sobrar do Sangue é consumido no altar pelo
sacerdote, ou pelo diácono, ou pelo acólito instituído,
que ministrou ao cálice e purifica, enxuga e arruma os vasos
sagrados do modo habitual;
Aos
fiéis que eventualmente queiram comungar só sob a
espécie do pão, dê-se a sagrada Comunhão
desta forma.
285.
Para a Comunhão sob as duas espécies deve
preparar-se o seguinte:
a)
se a Comunhão do cálice se faz bebendo directamente do
cálice, preveja-se ou um cálice de tamanho suficiente
ou vários cálices, havendo sempre o cuidado de que não
fique muito Sangue de Cristo para consumir no fim da celebração;
b)
se se faz por intinção, as hóstias não
devem ser demasiado finas nem demasiado pequenas, mas um pouco mais
espessas do que o costume, para tornar fácil a sua
distribuição depois de parcialmente embebidas no
Sangue.
286.
Se a Comunhão do Sangue se faz bebendo do cálice,
o comungante, depois de receber o Corpo de Cristo, passa para o lado
do ministro do cálice e fica de pé diante dele. O
ministro diz: O Sangue de Cristo (Sanguis Christi); o
comungante responde: Amen, e o ministro entrega-lhe o cálice,
que o próprio comungante leva à boca por suas mãos.
O comungante bebe um pouco do cálice, entrega-o ao ministro e
afasta-se; então o ministro limpa com o sanguinho o bordo do
cálice.
287.
Se a Comunhão do cálice se faz por intinção,
o comungante, segurando a patena por baixo da boca, aproxima-se do
sacerdote, que segura o cálice, e ao lado do qual está
o ministro que segura o vaso com as sagradas partículas. O
sacerdote toma a hóstia, embebe-a parcialmente no cálice
e, mostrando-a, diz: O Corpo e o Sangue de Cristo (Corpus et
Sanguis Christi); o comungante responde: Amen, recebe do
sacerdote o Sacramento na boca, e retira-se.
CAPÍTULO
V
DISPOSIÇÃO
E ADORNO DAS IGREJAS
PARA
A CELEBRAÇÃO DA EUCARISTIA
I.
Princípios gerais
288.
Para a celebração da Eucaristia, o povo de
Deus reúne-se normalmente na igreja ou, quando esta falta ou é
insuficiente, num lugar decente e que seja digno de tão grande
mistério. Por isso, as igrejas e os outros lugares devem ser
aptos para a conveniente realização da acção
sagrada e para se conseguir a participação activa dos
fiéis. Além disso, os edifícios sagrados e os
objectos destinados ao culto divino devem ser dignos e belos como
sinais e símbolos das realidades celestes[106].
289.
É por isso que a Igreja recorre sempre à
nobre ajuda das artes, e admite as formas de expressão
artística próprias de cada povo ou região[107].
Mais ainda, não só se empenha em conservar as obras de
arte e os tesouros que nos legaram os séculos passados[108]
e, na medida do possível, as adapta às novas
necessidades, mas também se esforça por estimular a
criação de novas formas, de acordo com a maneira de ser
de cada época[109].
Por
conseguinte, tanto na formação dos artistas como na
escolha das obras de arte a admitir na igreja, deve procurar-se o
valor artístico autêntico, que alimente a fé e a
piedade e que, por outro lado, corresponda à verdade do seu
significado e aos fins a que se destina[110].
290.
Todas as igrejas devem ser dedicadas ou ao menos benzidas.
As igrejas catedrais e paroquiais, porém, sejam solenemente
dedicadas.
291.
Todos os interessados na correcta construção,
reparação e adaptação dos edifícios
sagrados, devem consultar a Comissão diocesana da sagrada
Liturgia e de Arte sacra. Quanto ao Bispo diocesano, recorrerá
ao conselho e ajuda da referida Comissão, sempre que tenha de
estabelecer normas sobre a matéria, aprovar projectos de novas
construções ou decidir questões de certa
importância[111].
292.
Na ornamentação da igreja deve tender-se
mais para a simplicidade do que para a ostentação. Na
escolha dos elementos decorativos, procure-se a verdade das coisas e
o que contribua para a formação dos fiéis e para
a dignidade de todo o lugar sagrado.
293.
Uma conveniente disposição da igreja e seus
anexos, capaz de satisfazer realmente às exigências do
nosso tempo, requer que se atenda, não apenas àquilo
que directamente se relaciona com a celebração das
acções sagradas, mas também a tudo o que possa
contribuir para a conveniente comodidade dos fiéis, como se
faz habitualmente nos lugares onde o povo se reúne.
294.
O povo de Deus, que se reúne para a Missa, tem uma
estrutura orgânica e hierárquica, que se exprime nos
diversos ministérios e diversas acções que se
realizam em cada uma das partes da celebração.
Portanto, o edifício sagrado, na sua disposição
geral, deve reproduzir de algum modo a imagem da assembleia
congregada, proporcionar a conveniente coordenação de
todos os seus elementos e facilitar o perfeito desempenho da função
de cada um.
O
lugar destinado aos fiéis e à schola cantorum
deve ser de modo a tornar mais fácil a sua participação
activa[112].
O
lugar do sacerdote celebrante, do diácono e dos outros
ministros é o presbitério. Aí se preparam os
assentos dos concelebrantes; quando, porém, o seu número
for grande, disponham-se os assentos noutra parte da igreja, mas
perto do altar.
Embora
tudo isto deva exprimir a estrutura hierárquica e a
diversidade dos ministérios, deve também formar uma
unidade íntima e orgânica que manifeste de modo mais
claro a unidade de todo o povo santo. Por outro lado, a natureza e a
beleza do lugar sagrado, bem como de todas as alfaias do culto, devem
ser de tal modo que fomentem a piedade e exprimam a santidade dos
mistérios que se celebram.
II.
Disposição do presbitério para a celebração
litúrgica
295.
O presbitério é o lugar onde sobressai o
altar, onde se proclama a palavra de Deus e onde o sacerdote, o
diácono e os outros ministros exercem as suas funções.
Deve distinguir-se oportunamente da nave da igreja, ou por uma certa
elevação, ou pela sua estrutura e ornamento especial.
Deve ser suficientemente espaçoso para que a celebração
da Eucaristia se desenrole comodamente e possa ser vista[113].
O altar e o seu adorno
296.
O altar, em que se torna presente sob os sinais
sacramentais o sacrifício da cruz, é também a
mesa do Senhor, na qual o povo de Deus é chamado a participar
quando é convocado para a Missa; o altar é também
o centro da acção de graças celebrada na
Eucaristia.
297.
A celebração da Eucaristia em lugar sagrado
faz-se sobre o altar; fora do lugar sagrado, também pode ser
celebrada sobre uma mesa adequada, coberta sempre com uma toalha e o
corporal, e com a cruz e os candelabros.
298.
É conveniente que em cada igreja haja um altar
fixo, que significa mais clara e permanentemente Cristo Jesus, Pedra
viva (1 Ped 2, 4; cf. Ef 2, 20); nos outros lugares
destinados às celebrações sagradas, o altar pode
ser móvel.
Diz-se
altar fixo aquele que é construído sobre o pavimento e
de tal modo unido a ele que não se pode remover. Diz-se altar
móvel aquele que se pode deslocar de um sítio para
outro.
299.
Onde for possível, o altar principal deve ser
construído afastado da parede, de modo a permitir andar em
volta dele e celebrar a Missa de frente para o povo. Pela sua
localização, há-de ser o centro de convergência,
para o qual espontaneamente se dirijam as atenções de
toda a assembleia dos fiéis[114].
Normalmente deve ser fixo e dedicado.
300.
O altar fixo ou móvel é dedicado segundo o
rito descrito no Pontifical Romano; o altar móvel, porém,
pode ser simplesmente benzido.
301.
Segundo um costume e um simbolismo tradicional da Igreja,
a mesa do altar fixo deve ser de pedra natural. Contudo, segundo o
critério da Conferência Episcopal, é permitida a
utilização de outros materiais, contanto que sejam
dignos, sólidos e artisticamente trabalhados. O suporte ou
base em que assenta a mesa pode ser de material diferente, contanto
que seja digno e sólido.
O
altar móvel pode ser construído de qualquer material
nobre e sólido, adequado ao uso litúrgico, segundo as
tradições e costumes de cada região.
302.
Mantenha-se oportunamente o uso de colocar sob o altar
que vai ser dedicado relíquias de Santos, ainda que não
sejam Mártires. Mas tenha-se o cuidado de verificar a
autenticidade dessas relíquias.
303.
Na construção de novas igrejas deve
erigir-se um só altar, que significa na assembleia dos fiéis
que há um só Cristo e que a Eucaristia da Igreja é
só uma.
Nas
igrejas já construídas, quando nelas existir um altar
antigo situado de tal modo que torne difícil a participação
do povo, e que não se possa transferir sem detrimento dos
valores artísticos, construa-se com arte outro altar fixo,
devidamente dedicado, e realizem-se apenas nele as celebrações
sagradas. Para não desviar a atenção dos fiéis
do novo altar, não se adorne de modo especial o altar antigo.
304.
Pela reverência devida à celebração
do memorial do Senhor e ao banquete em que é distribuído
o Corpo e o Sangue de Cristo, o altar sobre o qual se celebra deve
ser coberto ao menos com uma toalha de cor branca, que, pela sua
forma, tamanho e ornato, deve estar em harmonia com a estrutura do
altar.
305.
Haja moderação na
ornamentação do altar.
No
tempo do Advento ornamente-se o altar com flores com a moderação
que convém à índole deste tempo, de modo a não
antecipar a plena alegria do Natal do Senhor. No tempo da Quaresma
não é permitido adornar o altar com flores.
Exceptuam-se, porém, o domingo Laetare (IV da
Quaresma), as solenidades e as festas.
A
ornamentação com flores deve ser sempre sóbria
e, em vez de as pôr sobre a mesa do altar, disponham-se junto
dele.
306.
Sobre a mesa do altar, apenas se
podem colocar as coisas necessárias para a celebração
da Missa, ou seja, o Evangeliário desde o início da
celebração até à proclamação
do Evangelho; e desde a apresentação dos dons até
à purificação dos vasos, o cálice com a
patena, a píxide, se for precisa, e ainda o corporal, o
sanguinho e o Missal.
Além
disso, devem dispor-se discretamente os instrumentos porventura
necessários para amplificar a voz do sacerdote.
307.
Os castiçais prescritos para cada acção
litúrgica, em sinal de veneração e de celebração
festiva (cf. n. 117), dispõem-se em cima do próprio
altar ou em volta dele, como for mais conveniente, de acordo com a
estrutura quer do altar quer do presbitério, de modo a formar
um todo harmónico e a não impedir os fiéis de
verem facilmente o que no altar se realiza ou o que nele se coloca.
308.
Sobre o altar ou junto dele coloca-se também uma
cruz, com a imagem de Cristo crucificado, que a assembleia possa ver
bem. Convém que, mesmo fora das acções
litúrgicas, permaneça junto do altar uma tal cruz, para
recordar aos fiéis a paixão salvadora do Senhor.
O
ambão
309.
A dignidade da palavra de Deus requer que haja na igreja
um lugar adequado para a sua proclamação e para o qual,
durante a liturgia da palavra, convirja espontaneamente a atenção
dos fiéis[115].
Em
princípio, este lugar deve ser um ambão estável
e não uma simples estante móvel. Tanto quanto a
arquitectura da igreja o permita, o ambão dispõe-se de
modo que os ministros ordenados e os leitores possam facilmente ser
vistos e ouvidos pelos fiéis.
Do
ambão são proferidas unicamente as leituras, o salmo
responsorial e o precónio pascal. Podem também fazer-se
do ambão a homilia e proporem-se as intenções da
oração universal ou oração dos fiéis.
A dignidade do ambão exige que só o ministro da palavra
suba até ele.
Convém
que um novo ambão, antes de ser destinado ao uso litúrgico,
seja benzido segundo o rito que vem no Ritual Romano[116].
A
cadeira para o sacerdote celebrante e outros assentos
310.
A cadeira do sacerdote celebrante deve significar a sua
função de presidente da assembleia e guia da oração.
Por isso, o lugar mais indicado é ao fundo do presbitério,
de frente para o povo, a não ser que a arquitectura da igreja
ou outras circunstâncias o não permitam: por exemplo, se
devido a uma distância excessiva se tornar difícil a
comunicação entre o sacerdote e a assembleia reunida,
ou se o sacrário estiver situado ao centro, atrás do
altar. Deve, porém, evitar-se todo o aspecto de trono[117].
É conveniente que a cadeira, antes de ser destinada ao uso
litúrgico, seja benzida segundo o rito que vem no Ritual
Romano[118].
No
presbitério, dispõem-se também assentos para os
sacerdotes concelebrantes ou para os presbíteros que, vestidos
com a veste coral, estão na celebração, mas não
concelebram.
Coloque-se
o assento do diácono junto da cadeira do celebrante. Para os
outros ministros disponham-se os assentos de modo a distinguirem-se
claramente dos do clero, e donde possam desempenhar facilmente as
funções que lhes estão atribuídas[119].
III.
A disposição da igreja
O
lugar dos fiéis
311.
O lugar destinado aos fiéis deve ser objecto de
particular cuidado, dispondo-o de modo a permitir-lhes participar
devidamente nas celebrações sagradas com a vista e com
o espírito. Normalmente deve haver para eles bancos ou
cadeiras. Reprova-se, porém, o costume de reservar lugares
especiais para pessoas privadas[120].
Estes bancos ou cadeiras, principalmente nas igrejas construídas
de novo, estejam dispostos de tal modo, que os fiéis possam
facilmente adoptar as atitudes do corpo requeridas para as diferentes
partes da celebração e aproximar-se sem dificuldade da
sagrada Comunhão.
Atenda-se
a que os fiéis não somente possam ver quer o sacerdote
quer o diácono e os leitores, mas também consigam
ouvi-los comodamente, recorrendo aos meios da técnica moderna.
O
lugar da schola cantorum e dos instrumentos musicais
312.
Tanto quanto a estrutura da igreja o permita, à
schola cantorum deve destinar-se um lugar que manifeste
claramente a sua natureza, como parte da assembleia dos fiéis,
e a função peculiar que lhe está reservada; que
facilite o desempenho dessa sua função, e que permita
comodamente a todos os seus componentes uma participação
plena na Missa, isto é, a participação
sacramental[121].
313.
O órgão e os outros instrumentos musicais
legitimamente aprovados sejam colocados num lugar apropriado, de modo
a poderem apoiar o canto, quer da schola quer do povo, e a
serem bem ouvidos por todos, quando intervêm sozinhos. É
conveniente que o órgão, antes de ser destinado ao uso
litúrgico, seja benzido segundo o rito que vem no Ritual
Romano[122].
No
tempo do Advento usem-se o órgão e outros instrumentos
musicais com a moderação que convém à
índole deste tempo, de modo a não antecipar a plena
alegria do Natal do Senhor.
No
tempo da Quaresma só é permitido o toque do órgão
e dos outros instrumentos musicais para sustentar o canto.
Exceptuam-se, porém, o domingo Laetare (IV da
Quaresma), as solenidades e as festas.
O
lugar da reserva da santíssima Eucaristia
314.
Conforme a arquitectura de cada igreja e de acordo com os
legítimos costumes locais, guarde-se o Santíssimo
Sacramento no sacrário, num lugar de honra da igreja, insigne,
visível, devidamente ornamentado e adequado à
oração[123].
Habitualmente,
o tabernáculo deve ser único, inamovível, feito
de material sólido e inviolável, não
transparente, e fechado de tal modo que evite o mais possível
todo o perigo de profanação[124].
Convém, além disso, que antes de se destinar ao uso
litúrgico, seja benzido segundo o rito que vem no Ritual
Romano[125].
315.
Está mais de harmonia com
a natureza do sinal que no altar em que se celebra a Missa não
esteja o sacrário onde se guarda a Santíssima
Eucaristia[126].
A
juízo do Bispo diocesano o sacrário pode colocar-se:
a)
ou no presbitério, fora do altar da celebração,
com a forma e a localização mais convenientes, sem
excluir algum altar antigo que já não se utilize para
celebrar (n. 303);
b)
ou também nalguma capela adequada à adoração
e oração privada dos fiéis[127],
que esteja organicamente unida à igreja e visível aos
fiéis cristãos.
316.
Segundo o costume tradicional,
junto do sacrário deve estar continuamente acesa uma lâmpada
especial, alimentada com azeite ou cera, com que se indique e honre a
presença de Cristo[128].
317.
Não se esqueça
também, de modo nenhum, tudo o mais que o direito prescreve
acerca da conservação da Santíssima
Eucaristia[129].
As
imagens sagradas
318.
Pela liturgia da terra a Igreja participa, saboreando-a
já, na liturgia celeste celebrada na cidade santa de
Jerusalém, para a qual como peregrina se dirige, onde Cristo
está sentado à direita de Deus e onde espera ter parte
e comunhão com os Santos, cuja memória venera[130].
Por
isso, de acordo com a antiquíssima tradição da
Igreja, expõem-se à veneração dos fiéis,
nos edifícios sagrados, imagens do Senhor, da bem-aventurada
Virgem Maria e dos Santos[131],
as quais devem estar dispostas de tal modo no lugar sagrado, que os
fiéis sejam levados aos mistérios da fé que aí
se celebram. Tenha-se, por isso, o cuidado de não aumentar
exageradamente o seu número e que a sua disposição
se faça na ordem devida, de tal modo que não distraiam
os fiéis da celebração[132].
Normalmente, não haja na mesma igreja mais do que uma imagem
do mesmo Santo. Em geral, no ornamento e disposição da
igreja, no que se refere às imagens, procure atender-se à
piedade de toda a comunidade e à beleza e dignidade das
imagens.
6CAPÍTULO
VI
AS
COISAS NECESSÁRIAS PARA A CELEBRAÇÃO DA MISSA
I.
O pão e o vinho para celebrar a Eucaristia
319.
Seguindo o exemplo de Cristo, a Igreja utilizou sempre o
pão e o vinho com água para celebrar a Ceia do Senhor.
320.
O pão para celebrar a Eucaristia deve ser só
de trigo, confeccionado recentemente e, segundo a antiga tradição
da Igreja latina, pão ázimo.
321.
A natureza de sinal exige que a matéria da
Eucaristia tenha o aspecto de autêntico alimento. Convém,
portanto, que o pão eucarístico, embora ázimo e
apresentando a forma tradicional, seja confeccionado de modo que o
sacerdote, na Missa com participação do povo, possa
realmente partir a hóstia em várias partes e
distribuí-las pelo menos a alguns dos fiéis. Todavia,
de modo algum se excluem as hóstias pequenas, quando assim o
exija o número dos comungantes ou outras razões de
ordem pastoral. No entanto, o gesto da “fracção do
pão” – assim era designada a Eucaristia na época
apostólica – manifesta de modo mais expressivo a força
e o valor de sinal da unidade de todos em um só pão e
de sinal da caridade, pelo facto de um só pão ser
repartido entre os irmãos.
322.
O vinho para celebrar a Eucaristia deve ser de uvas, fruto
da videira (cf. Lc 22, 18), natural e puro, quer dizer, sem
qualquer mistura de substâncias estranhas.
323. Tenha-se
grande cuidado em que o pão e o vinho destinados à
Eucaristia se conservem em perfeito estado, isto é, que nem o
vinho se azede nem o pão se estrague ou endureça tanto
que se torne difícil parti-lo.
324.
Se depois da
consagração ou no momento da Comunhão o
sacerdote advertir que, no cálice, em vez de vinho estava
água, deite esta num recipiente, ponha vinho e água no
cálice e consagre-o, proferindo só as palavras da
narração referentes à consagração
do cálice, sem ter de consagrar novamente o pão.
II.
Alfaias sagradas em geral
325.
Tal como para a construção das igrejas,
também, no que se refere a todas as alfaias sagradas, a Igreja
admite as formas de expressão artística próprias
de cada região e aceita as adaptações que melhor
se harmonizem com a mentalidade e as tradições dos
diversos povos, contanto que correspondam adequadamente ao uso a que
as mesmas alfaias sagradas se destinam[133].
Também
neste sector se deve buscar com todo o empenho aquela nobre
simplicidade que tão bem condiz com a arte verdadeira.
326.
Nas alfaias sagradas, além dos materiais
tradicionalmente usados, podem utilizar-se outros que, de acordo com
a mentalidade da nossa época, se consideram nobres,
resistentes e adaptados ao uso sagrado. Nesta matéria, é
à Conferência Episcopal que compete julgar para cada
região.
III.
Os vasos sagrados
327.
Entre os objectos requeridos para a celebração
da Eucaristia, merecem respeito particular os vasos sagrados e, entre
eles, o cálice e a patena, que servem para oferecer, consagrar
e comungar o pão e o vinho.
328.
Os vasos sagrados devem ser fabricados de metal nobre. Se
forem fabricados de metal oxidável, ou menos nobre que o ouro,
normalmente devem ser dourados por dentro.
329. A
juízo das Conferências Episcopais, e com a confirmação
da Sé Apostólica, os vasos sagrados também podem
ser fabricados com outros materiais sólidos e que sejam,
segundo o modo de sentir de cada região, mais nobres, por
exemplo, o marfim ou certas madeiras muito duras, contanto que sejam
adequadas para o uso sagrado. Neste caso, dê-se preferência
aos materiais que não se quebrem nem deteriorem facilmente.
Isto vale para todos os vasos destinados a receber as hóstias,
como a patena, a píxide, a caixa-cibório, a custódia
e semelhantes.
330.
Quanto aos cálices e outros vasos, destinados a
receber o Sangue do Senhor, a copa deve ser de material que não
absorva os líquidos. O pé do cálice pode ser de
outra matéria sólida e digna.
331. Para
a consagração das hóstias, pode usar-se
convenientemente uma patena maior, na qual se põe o pão
não só para o sacerdote e o diácono, mas também
para os outros ministros e fiéis.
332. Quanto
à forma dos vasos sagrados, compete ao artista fabricá-los
do modo que melhor se coadune com os costumes de cada região,
contanto que sejam adequados ao uso litúrgico a que se
destinam, e se distingam claramente daqueles que se destinam ao uso
quotidiano.
334. Mantenha-se
o costume de construir na sacristia um sumidoiro, no qual se lance a
água da ablução dos vasos sagrados e dos
corporais e sanguíneos (cf. n. 280).
IV.
As vestes sagradas
335.
Na Igreja, Corpo de Cristo, nem todos os membros
desempenham as mesmas funções. Esta diversidade de
funções na celebração da Eucaristia é
significada externamente pela diversidade das vestes sagradas, as
quais, por isso, são sinal distintivo da função
própria de cada ministro. Convém, entretanto, que tais
vestes contribuam também para o decoro da acção
sagrada. As vestes usadas pelos sacerdotes e diáconos assim
como pelos ministros leigos sejam oportunamente benzidas[135].
336.
A veste sagrada comum a todos os ministros ordenados e
instituídos, seja qual for o seu grau, é a alva, que
será cingida à cintura por um cíngulo, a não
ser que, pelo seu feitio, ela se ajuste ao corpo sem necessidade de
cíngulo. Se a alva não cobrir perfeitamente o traje
comum em volta do pescoço, pôr-se-á o amito antes
de a vestir. A alva não pode ser substituída pela
sobrepeliz, nem sequer quando esta se envergar sobre a veste talar,
quando se deve vestir a casula ou a dalmática, nem quando,
segundo as normas, se usa apenas a estola sem casula ou dalmática.
337.
A veste própria do sacerdote celebrante, para a
Missa e outras acções sagradas directamente ligadas com
a Missa, salvo indicação em contrário, é
a casula ou planeta, que se veste sobre a alva e a estola.
338.
A veste própria do diácono é a
dalmática, que se veste sobre a alva e a estola; contudo, por
necessidade ou por menor grau da solenidade, a dalmática pode
omitir-se.
339.
Os acólitos, leitores e outros ministros leigos
podem vestir a alva ou outra veste legitimamente aprovada pela
Conferência Episcopal em cada região.
340.
O sacerdote põe a estola em volta do pescoço,
deixando-a cair diante do peito. O diácono põe a estola
a tiracolo, deixando-a cair do ombro esquerdo, sobre o peito, e
prendendo-a do lado direito do corpo.
341.
O pluvial, ou capa de asperges, é usado pelo
sacerdote nas procissões e outras funções
sagradas, segundo as rubricas próprias de cada rito.
342.
Quanto à forma das vestes sagradas, as Conferências
Episcopais podem definir e propor à Sé Apostólica
as adaptações que entendam corresponder melhor às
necessidades e costumes de cada região[136].
343.
Na confecção das vestes sagradas, além
dos materiais tradicionalmente usados, é permitido o uso de
fibras naturais próprias de cada região, bem como de
fibras artificiais, contanto que estejam de harmonia com a dignidade
da acção sagrada e da pessoa. Nesta matéria, o
juízo compete à Conferência Episcopal[137].
344.
A beleza e nobreza da veste sagrada devem buscar-se e
pôr-se em relevo mais pela forma e pelo matérial de que
é feita do que pela abundância dos acrescentos
ornamentais. Os ornamentos podem apresentar figuras, imagens ou
símbolos, que indiquem o uso sagrado das vestes, excluindo
tudo o que possa destoar deste uso.
345.
A diversidade de cores das vestes sagradas tem por
finalidade exprimir externamente de modo mais eficaz, por um lado, o
carácter peculiar dos mistérios da fé que se
celebram e, por outro, o sentido progressivo da vida cristã ao
longo do ano litúrgico.
346.
Quanto à cor das vestes sagradas, mantenha-se o uso
tradicional, isto é:
a)
Usa-se a cor branca nos Ofícios e Missas do Tempo Pascal e do
Natal do Senhor. Além disso: nas celebrações do
Senhor, excepto as da Paixão, nas celebrações da
bem-aventurada Virgem Maria, dos Anjos, dos Santos não
Mártires, nas solenidades de Todos os Santos (1 de Novembro),
de S. João Baptista (24 de Junho), nas festas de S. João
Evangelista (27 de Dezembro), da Cadeira de S. Pedro (22 de
Fevereiro) e da Conversão de S. Paulo (25 de Janeiro).
b)
Usa-se a cor vermelha no Domingo da Paixão (ou de Ramos) e na
Sexta-Feira da Semana Santa, no Domingo do Pentecostes, nas
celebrações da Paixão do Senhor, nas festas
natalícias dos Apóstolos e Evangelistas e nas
celebrações dos Santos Mártires.
c)
Usa-se a cor verde nos Ofícios e Missas do Tempo Comum.
d)
Usa-se a cor roxa no Tempo do Advento e da Quaresma. Pode usar-se
também nos Ofícios e Missas de defuntos.
e)
A cor preta pode usar-se, onde for costume, nas Missas de defuntos.
f)
A cor de rosa pode usar-se, onde for costume, nos Domingos Gaudete
(III do Advento) e Laetare (IV da Quaresma).
As
Conferências Episcopais podem, no que respeita às cores
litúrgicas, determinar e propor à Sé Apostólica
as adaptações que entenderem mais conformes com as
necessidades e a mentalidade dos povos.
347.
As Missas rituais celebram-se com a cor própria ou
branca ou festiva; as Missas para várias necessidades com a
cor do dia ou do Tempo, ou então com a cor roxa, se se trata
de celebrações de carácter penitencial, como por
exemplo, as Missas para o tempo de guerra ou revoluções,
em tempo de fome, para a remissão dos pecados (nn. 31, 33,
38); as Missas votivas celebram-se com a cor correspondente à
Missa celebrada ou também com a cor própria do dia ou
do Tempo.
V.
Outras alfaias destinadas ao uso da Igreja
348.
Além dos vasos sagrados e das vestes sagradas, para
os quais está prescrita determinada matéria, todas as
outras alfaias destinadas ao uso litúrgico[138],
ou a qualquer título admitidas na igreja, devem ser dignas e
adequadas ao fim a que se destinam.
349.
Há-de procurar-se de modo
particular que os livros litúrgicos, principalmente o
Evangeliário e os Leccionários, destinados à
proclamação da Palavra de Deus e que por isso gozam de
veneração especial, sejam de facto, na acção
litúrgica, sinais e símbolos das coisas do alto e, por
isso verdadeiramente dignos, de boa qualidade e belos.
350.
Acima de tudo há-de
prestar-se a maior atenção àquilo que, na
celebração eucarística, está directamente
relacionado com o altar, como são a cruz do altar e a cruz que
é levada na procissão.
351.
Tenha-se grande cuidado em respeitar, mesmo nos objectos
de menor importância, as exigências da arte, aliando
sempre a limpeza a uma nobre simplicidade.
CAPÍTULO
VII
A
ESCOLHA DA MISSA E DAS SUAS PARTES
352.
A eficácia pastoral da celebração
aumentará certamente, se a escolha das leituras, orações
e cânticos se fizer, quanto possível, de modo a
corresponder às necessidades, à formação
espiritual e à mentalidade dos que nela tomam parte. Isto
consegue-se, usando criteriosamente a múltipla liberdade de
escolha que a seguir se descreve.
Por
isso, no ordenamento da Missa o sacerdote deve atender mais ao bem
espiritual do povo de Deus do que aos seus gostos pessoais.
Lembre-se, além disso, de que convém fazer a escolha
das partes da Missa de comum acordo com aqueles que têm parte
activa na celebração, sem excluir os próprios
fiéis, naquilo que mais directamente lhes diz respeito.
Dado
que é muito ampla esta faculdade de escolha das diversas
partes da Missa, é necessário que, antes da celebração,
o diácono, os leitores, o salmista, o cantor, o comentador e a
schola, saibam perfeitamente, cada um pela parte que lhe cabe,
quais os textos que vão ser utilizados, não deixando
nada à improvisação. Com efeito, a harmónica
ordenação e realização dos ritos
contribui grandemente para dispor o espírito dos fiéis
a participar na Eucaristia.
I.
A escolha da Missa
353.
Nas solenidades, o sacerdote é obrigado a
conformar-se com o calendário da igreja em que celebra.
354.
Nos domingos, nos dias feriais do Advento, do Natal, da
Quaresma e do Tempo Pascal, nas festas e memórias
obrigatórias:
a)
se a Missa é celebrada com participação do povo,
o sacerdote deve seguir o calendário da igreja em que celebra;
b)
se a Missa é celebrada sem participação do povo,
o sacerdote pode escolher ou o calendário da igreja em que
celebra ou o seu calendário próprio.
355.
Nas memórias facultativas:
a)
Nos dias feriais do Advento de 17 a 24 de Dezembro, na Oitava do
Natal e nos dias feriais da Quaresma, exceptuando a Quarta-Feira de
Cinzas e a Semana Santa, diz-se a Missa do dia litúrgico
ocorrente; todavia, se nesses dias ocorre no calendário geral
uma memória, pode tomar-se a oração colecta
dessa memória, excepto na Quarta-Feira de Cinzas e Semana
Santa. Nos dias feriais do Tempo Pascal podem celebrar-se
integralmente as memórias dos Santos.
b)
Nos dias feriais do Advento antes do dia 17 de Dezembro, nos dias
feriais do Natal, do dia 2 de Janeiro em diante, e nos dias feriais
do Tempo Pascal, pode escolher-se ou a Missa da féria ou a
Missa do Santo ou de um dos Santos de que se faz memória, ou
ainda a Missa de um Santo mencionado nesse dia no Martirológio.
c)
Nos dias feriais do Tempo Comum, pode escolher-se ou a Missa da
féria, ou a Missa de uma memória facultativa ocorrente,
ou a Missa de um Santo mencionado nesse dia no Martirológio,
ou ainda uma das Missas para várias necessidades ou uma Missa
votiva.
Sempre
que celebre a Missa com participação do povo, o
sacerdote procurará não deixar frequentemente e sem
motivo suficiente as leituras indicadas para cada dia no Leccionário
Ferial: a vontade da Igreja é apresentar aos fiéis,
mais abundantemente, a mesa da palavra de Deus[139].
Pela
mesma razão, deve ser moderado no uso das Missas de defuntos,
tanto mais que toda e qualquer Missa é oferecida pelos vivos e
pelos defuntos, e em todas as Orações Eucarísticas
se faz memória dos defuntos.
Quando
ocorre uma memória facultativa da bem-aventurada Virgem Maria
ou dum Santo, particularmente venerada pelos fiéis,
satisfaça-se a legítima piedade dos fiéis.
Quando
há possibilidade de escolha entre uma memória do
calendário geral e outra do calendário diocesano ou
religioso, em igualdade de circunstâncias, de acordo com a
tradição deve dar-se preferência à memória
do calendário particular.
II.
A escolha das partes da Missa
356.
No que se refere à escolha das partes da Missa,
tanto do Temporal como do Santoral, observem-se as normas seguintes:
As
leituras
357.
Para os domingos e solenidades estão assinaladas
três leituras, isto é, do Profeta, do Apóstolo e
do Evangelho. Desta forma o povo cristão é levado a
conhecer a continuidade da obra da salvação segundo a
admirável pedagogia divina. Estas leituras devem ser
estritamente utilizadas.
Para
as festas vão assinaladas duas leituras. Quando, segundo as
normas, uma festa é elevada ao grau de solenidade, junta-se
uma terceira leitura, que se vai buscar ao Comum.
Nas
memórias dos Santos, lêem-se habitualmente as leituras
assinaladas para as férias, a não ser que tenham
leituras próprias. Nalguns casos propõem-se leituras
apropriadas, que salientam algum aspecto particular da vida
espiritual ou da acção do Santo. Não se deve
urgir o uso destas leituras, a não ser que haja uma verdadeira
razão pastoral para isso.
358.
O Leccionário Ferial contém as leituras para
cada dia da semana, ao longo de todo o ano. Em princípio,
estas leituras devem ler-se nos dias em que vêm indicadas, a
não ser que ocorra uma solenidade ou uma festa, ou uma memória
com leituras apropriadas do Novo Testamento, nas quais se faça
menção do Santo celebrado.
Quando,
por motivo de alguma solenidade, festa ou celebração
especial, nalgum dia se interromper a leitura contínua, o
sacerdote, tendo presente a ordem das leituras para o decurso da
semana, pode juntar com outras as que seriam omitidas ou escolher os
textos que preferir.
Nas
Missas para grupos especiais, o sacerdote pode escolher os textos que
melhor se adaptem a essa celebração particular,
contanto que sejam tomados de entre os que vêm no Leccionário
aprovado.
359.
No Leccionário para as Missas rituais, em que se
inserem alguns Sacramentos ou Sacramentais, ou nas Missas que são
celebradas para várias necessidades, fez-se uma selecção
especial de textos da Sagrada Escritura.
Estes
Leccionários foram compostos para que os fiéis, através
da audição de uma leitura mais apropriada, compreendam
melhor o mistério em que tomam parte e adquiram maior estima
pela palavra de Deus.
Por
isso, os textos a proferir na celebração devem ser
escolhidos tendo em vista, por um lado, a utilidade pastoral, por
outro, a liberdade de escolha para cada caso.
360.
Apresenta-se por vezes uma forma mais longa e uma forma
mais breve do mesmo texto. Na escolha entre estas duas formas deve
ter-se presente o critério pastoral. Convém atender à
capacidade dos fiéis em escutar com fruto o texto mais ou
menos longo e à sua capacidade de ouvir o texto mais completo,
a explicar pela homilia.
361.
Quando se dá a faculdade de escolher entre um ou outro texto
já determinado, ou proposto como facultativo, deverá
atender-se à utilidade dos participantes, isto é,
conforme se trate de usar o texto mais fácil ou mais
conveniente à assembleia reunida, ou de repetir ou retomar um
texto indicado como próprio para alguma celebração
e para outra como facultativo, sempre que a utilidade pastoral o
aconselhe.
Isso
pode acontecer quando o mesmo texto se deve ler em dias muito
próximos, por exemplo, no domingo na segunda-feira seguinte,
ou quando se teme que algum texto origine certas dificuldades em
alguma assembleia de fiéis cristãos. Procure-se, porém,
ao escolher os textos da Sagrada Escritura, não excluir
permanentemente algumas das suas partes.
362.
Além da faculdade de escolher os textos mais
adequados, de que se fala nos números anteriores, as
Conferências Episcopais têm a faculdade de indicar, em
circunstâncias especiais, certas adaptações que
se podem fazer no que se refere às leituras, contanto que os
textos escolhidos sejam do Leccionário devidamente aprovado.
As
orações
363.
Em todas as Missas, salvo indicação em
contrário, dizem-se as orações que lhes são
próprias.
Todavia,
nas memórias dos Santos, diz-se a oração colecta
própria ou, se ela não existe, a do respectivo Comum;
as orações sobre as oblatas e depois da Comunhão,
se não são próprias, podem tomar-se ou do Comum
ou da féria do Tempo corrente.
Nos
dias feriais do Tempo Comum podem-se dizer não somente as
orações do domingo anterior, mas as de qualquer outro
domingo do Tempo Comum, ou ainda uma das orações para
várias necessidades propostas no Missal. Também é
permitido tomar destas Missas apenas a oração colecta.
Deste
modo dispõe-se de uma maior riqueza de textos, através
dos quais a oração dos fiéis se alimenta com
mais abundância.
Para
os tempos mais importantes do ano litúrgico essa adaptação
já está feita, com as orações próprias
desses tempos, como vêm indicados no Missal para cada dia da
semana.
A Oração eucarística
364.
O grande número de Prefácios com que está
enriquecido o Missal Romano tem como finalidade que os temas da acção
de graças da Oração eucarística brilhem
mais plenamente e pôr em relevo os vários aspectos do
mistério da salvação.
365.
Na escolha das Orações Eucarísticas,
que se encontram na Ordinário da Missa, tenham-se em conta as
seguintes normas:
a)
A Oração eucarística I, ou Cânone Romano,
pode usar-se sempre; mas é mais indicado nos dias que têm
um Communicantes (Em comunhão com toda a Igreja)
próprio, ou Missas com Hanc igitur (Aceitai
benignamente, Senhor) próprio, bem como nas celebrações
dos Apóstolos e dos Santos mencionados nessa Oração;
e ainda aos domingos, a não ser que, por motivos de ordem
pastoral, pareça preferível a Oração
eucarística III.
b)
A Oração eucarística II, pelas suas
características especiais, é mais indicada para os dias
feriais ou em circunstâncias peculiares. Embora tenha Prefácio
próprio, pode usar-se com outros Prefácios,
especialmente com aqueles que apresentam a história da
salvação em forma sintética, p. ex., os
Prefácios comuns. Se a Missa é celebrada por um
defunto, pode inserir-se no lugar próprio, antes do
Lembrai-Vos também dos nossos irmãos (Memento
etiam), a fórmula especial pelo defunto.
c)
A Oração eucarística III pode dizer-se com
qualquer Prefácio. Usa-se de preferência nos domingos e
nas festas. Se esta Oração se utiliza nas Missas de
defuntos, pode usar-se a fórmula própria por um
defunto, inserindo-a na altura própria, isto é, a
seguir às palavras Reconduzi a Vós, Pai de
misericórdia todos os vossos filhos dispersos (Omnesque
filios tuos ubique dispersos, tibi, clemens Pater, miseratus
coniunge).
d)
A Oração eucarística IV tem Prefácio
invariável e apresenta uma síntese mais completa da
história da salvação. Pode usar-se sempre que a
Missa não tem Prefácio próprio e nos domingos
comuns. Dada a estrutura desta Oração, não pode
inserir-se nela uma fórmula especial por um defunto.
Os
Cânticos
366.
Não é permitido substituir os cânticos
do Ordinário da Missa, por exemplo, o Cordeiro de Deus
(Agnus Dei), por outros cânticos.
367.
Na escolha dos cânticos entre as leituras, bem como
dos cânticos de entrada, do ofertório e da Comunhão,
devem seguir-se as normas estabelecidas no capítulo que a eles
se refere (cf. nn. 40-41, 47-48, 61-64, 74, 87-88).
CAPÍTULO
VIII
MISSAS
E ORAÇÕES PARA DIVERSAS CIRCUNSTÂNCIAS
E
MISSAS DE DEFUNTOS
I.
Missas e orações para diversas circunstâncias
368.
Porque a liturgia dos Sacramentos e dos Sacramentais
oferece aos fiéis devidamente dispostos a possibilidade de
santificar quase todos os acontecimentos da vida por meio da graça
que brota do mistério pascal[140],
e porque a Eucaristia é o Sacramento dos Sacramentos, o Missal
apresenta formulários de Missas e de orações que
podem ser utilizados nas diversas circunstâncias da vida
cristã, pelas necessidades do mundo inteiro ou pelas
necessidades da Igreja universal e local.
369.
Tendo em conta a ampla faculdade de escolher as leituras e
as orações, convém que as Missas para diversas
circunstâncias sejam usadas com moderação, isto
é, quando o exigem razões de verdadeira conveniência
pastoral.
370.
Em todas as Missas para diversas circunstâncias,
salvo indicações expressas em contrário, podem
usar-se as leituras da féria, com os respectivos cânticos
intercalares, contanto que sejam adequadas à celebração.
371.
Nestas Missas incluem-se as Missas rituais, para várias
necessidades, para diversas circunstâncias e votivas.
372.
As Missas rituais, estão ligadas à
celebração de certos Sacramentos ou Sacramentais. São
proibidas nos domingos do Advento, da Quaresma e da Páscoa,
nas solenidades, na oitava da Páscoa, na Comemoração
de Todos os Fiéis Defuntos, e nos dias feriais da Quarta-Feira
de Cinzas e da Semana Santa, devendo ainda ter-se em conta as normas
indicadas nos livros rituais e nas Missas respectivas.
373.
As Missas para várias necessidades, usam-se em
determinados casos, quer ocasionalmente, quer em tempos fixos. De
entre elas pode a autoridade competente escolher Missas apropriadas
às súplicas que a Conferência Episcopal tiver
estabelecido para o decurso do ano.
374.
No caso de uma necessidade particularmente grave ou de
utilidade pastoral pode celebrar-se uma Missa apropriada, por ordem
ou com licença do Bispo diocesano, em qualquer dia, excepto
nas solenidades, nos domingos do Advento, Quaresma e Páscoa,
nos dias dentro da Oitava da Páscoa, na Comemoração
de Todos os Fiéis Defuntos, na Quarta-Feira de Cinzas e nos
dias feriais da Semana Santa.
375.
As Missas votivas dos mistérios do Senhor ou em
honra da bem-aventurada Virgem Maria ou dos Anjos ou de algum Santo
ou de Todos os Santos, podem celebrar-se, para satisfazer à
piedade dos fiéis, nos dias feriais do Tempo Comum, mesmos
quando ocorre uma memória facultativa. Mas não podem
celebrar-se, como votivas, as Missas que se referem aos mistérios
da vida do Senhor ou da bem-aventurada Virgem Maria, excepto a Missa
da sua Imaculada Conceição, porque as suas celebrações
estão ligadas ao decorrer do ano litúrgico.
376.
Nos dias em que ocorre uma memória obrigatória
ou uma féria do Advento até 16 de Dezembro, do Tempo do
Natal de 2 de Janeiro em diante, ou do Tempo Pascal depois da Oitava
da Páscoa, são proibidas as Missas para diversas
necessidades e as Missas votivas. No entanto, se uma verdadeira
necessidade ou a utilidade pastoral o exige, na celebração
com o povo, a juízo do reitor da igreja ou até do
sacerdote celebrante, pode usar-se a Missa correspondente a essa
necessidade ou utilidade pastoral.
377.
Nos dias feriais do Tempo Comum em que ocorre uma memória
facultativa ou se diz o Ofício da féria, é
permitido celebrar qualquer Missa ou utilizar qualquer oração
para diversas circunstâncias, exceptuando as Missas rituais.
378.
Recomenda-se de modo particular a memória de Santa Maria no
sábado, porque, na Liturgia da Igreja, em primeiro lugar e
acima de todos os Santos, veneramos a Mãe do Redentor[141].
II.
Missas de defuntos
379.
A Igreja oferece pelos defuntos o sacrifício
eucarístico da Páscoa de Cristo, a fim de que, pela
mútua comunhão entre todos os membros do Corpo de
Cristo, se alcance para uns o auxílio espiritual e para outros
consolação e esperança.
380.
Entre as Missas de defuntos está em primeiro lugar
a Missa exequial, que pode celebrar-se todos os dias, excepto nas
solenidades de preceito, na Quinta-Feira da Semana Santa, no Tríduo
Pascal e nos domingos do Advento, Quaresma e Tempo Pascal,
observando, além disso, o que deve ser observado segundo as
normas do direito[142].
381.
A Missa de defuntos «depois de recebida a notícia
da morte» de uma pessoa, ou no dia da sepultura definitiva ou
no primeiro aniversário, pode celebrar-se também nos
dias dentro da Oitava do Natal, nos dias em que ocorre uma memória
obrigatória ou uma féria, que não seja
Quarta-Feira de Cinzas nem Semana Santa.
As
outras Missas de defuntos, isto é, as Missas «quotidianas»,
podem celebrar-se nos dias feriais do Tempo Comum em que ocorre uma
memória facultativa ou se diz o Ofício da féria,
contanto que sejam efectivamente aplicadas pelos defuntos.
382.
Na Missa exequial deve fazer-se normalmente uma breve
homilia, excluindo, porém, qualquer género de elogio
fúnebre.
383.
Exortem-se os fiéis, particularmente os parentes do
defunto, a participarem também pela Comunhão no
sacrifício eucarístico oferecido pelo defunto.
384.
Quando a Missa exequial se liga directamente com o rito
dos funerais, dita a oração depois da Comunhão e
omitido o rito de conclusão, segue-se o rito da última
encomendação ou da despedida, que só terá
lugar se está presente o cadáver.
385.
No ordenamento e na escolha das partes variáveis da
Missa de defuntos (p. ex., orações, leituras, oração
universal), sobretudo na Missa exequial, deve atender-se obviamente
às razões de ordem pastoral, tendo em consideração
a pessoa do defunto, a sua família e as pessoas presentes. Os
pastores de almas tenham especialmente em conta aquelas pessoas que
por ocasião dos funerais assistem às celebrações
litúrgicas e ouvem o Evangelho, mas ou não são
católicos, ou são católicos que nunca ou quase
nunca tomam parte na celebração da Eucaristia, ou
parecem até terem perdido a fé. Lembrem-se os
sacerdotes que são ministros do Evangelho de Cristo para
todos.
CAPÍTULO
IX
ADAPTAÇÕES
QUE COMPETEM AOS BISPOS
E
ÀS SUAS CONFERÊNCIAS
386.
A reforma do Missal Romano, levada a efeito no nosso tempo
segundo as normas dos decretos do II Concílio do Vaticano,
teve a preocupação de que todos os fiéis, na
celebração eucarística, possam chegar àquela
plena, consciente e activa participação, que a própria
natureza da Liturgia exige e que é, para os próprios
fiéis, por força da sua condição, um
direito e um dever[143].
Para
que a celebração corresponda mais plenamente às
normas e ao espírito da sagrada Liturgia, nesta Instrução
e no Ordinário da Missa propõem-se algumas ulteriores
acomodações e adaptações, que são
da competência ou do Bispo diocesano ou das Conferências
Episcopais.
387.
O Bispo diocesano, que deve ser considerado como o sumo
sacerdote do seu rebanho e de quem depende e deriva, de algum modo, a
vida dos seus fiéis em Cristo[144],
deve promover, dirigir e velar pela vida litúrgica na sua
diocese. A ele se confia, nesta Instrução, o encargo de
moderar a disciplina da concelebração (cf. n. 202), de
estabelecer normas sobre a função de servir o sacerdote
ao altar (cf. n. 107), sobre a distribuição da sagrada
Comunhão sob as duas espécies (cf. 283), e sobre a
construção e ordenamento dos edifícios da igreja
(cf. nn. 291, 315). Mas aquilo que em primeiro lugar deve ter em
vista é alimentar o espírito da sagrada Liturgia nos
sacerdotes, diáconos e fiéis.
388.
As adaptações de que se fala em seguida, e
que requerem maior coordenação, devem ser determinadas,
segundo as normas do direito, pela Conferência Episcopal.
389.
Compete às Conferências Episcopais, em
primeiro lugar, preparar e aprovar, nas línguas vernáculas
autorizadas, a edição deste Missal Romano, para que,
confirmada pela Sé Apostólica, seja utilizada nas
regiões a que se destina.
O
Missal Romano deve ser editado integralmente, quer no texto latino
quer nas traduções vernáculas legitimamente
aprovadas.
390.
Pertence às Conferências Episcopais definir
as adaptações que se indicam nesta Instrução
geral e no Ordinário da Missa e que, depois de confirmadas
pela Sé Apostólica, hão-de ser introduzidas no
próprio Missal, tais como:
– os
gestos e as atitudes corporais dos fiéis (cf. acima, nn. 25,
43).
– o
gesto de veneração do altar e do Evangeliário
(cf. acima, n. 273);
– os
textos dos cânticos de entrada, do ofertório e da
Comunhão (cf. acima, nn. 48, 74, 87);
– as
leituras da Sagrada Escritura a utilizar em situações
particulares (cf. acima, n. 362);
– a
forma de dar a paz (cf. acima, n. 82);
– o
modo de receber a sagrada Comunhão (cf. acima, nn. 160-161,
284);
– o
material do altar e das alfaias sagradas, principalmente dos vasos
sagrados, e também o material, a forma e a cor das vestes
litúrgicas (cf. acima, nn. 301, 329, 332, 342, 345-346, 349).
Poderão
ser introduzidos no Missal Romano, em lugar conveniente, os
Directórios ou as Orientações pastorais que as
Conferências Episcopais julgarem úteis, previamente
confirmados pela Sé Apostólica.
391.
Às mesmas Conferências compete prestar
atenção particular às traduções
dos textos bíblicos utilizados na celebração da
Missa. Com efeito, é à Sagrada Escritura que se vão
buscar as leituras a ler e a explicar na homilia e os salmos para
cantar, e foi da sua inspiração e impulso que nasceram
as preces, as orações e os hinos litúrgicos;
dela tiram a sua capacidade de significação as acções
e os sinais[145].
Utilize-se
uma linguagem que possa ser entendida pelos fiéis e adaptada à
proclamação pública, tendo-se, porém, em
conta que são diversos os modos de falar utilizados nos livros
bíblicos.
392.
Compete igualmente às Conferências Episcopais
preparar com grande cuidado as traduções dos outros
textos, para que, respeitada também a índole de cada
língua, se ofereça plena e fielmente o sentido do
primitivo texto latino. Na realização deste trabalho,
convém ter em conta os diversos géneros literários
que se utilizam na Missa, tais como orações
presidenciais, antífonas, aclamações, respostas,
súplicas litânicas, etc.
Tenha-se
bem presente que a versão dos textos não se destina em
primeiro lugar à meditação, mas antes à
proclamação ou ao canto no acto da celebração.
Utilize-se
uma linguagem adaptada aos fiéis da região, mas dotada
de nobre qualidade literária, na certeza de que sempre haverá
necessidade de alguma catequese acerca do sentido bíblico e
cristão de certas palavras e expressões.
Muito
convém, que nas regiões onde se utiliza a mesma língua,
haja, na medida do possível, a mesma versão para os
textos litúrgicos, principalmente para os textos bíblicos
e para o Ordinário da Missa[146].
393.
Tendo em conta o lugar importante do canto na celebração,
como parte necessária ou integrante da liturgia[147],
pertence às Conferências Episcopais aprovar melodias
apropriadas, sobretudo para os textos do Ordinário da Missa,
para as respostas e aclamações do povo e para os ritos
especiais que ocorrem durante o ano litúrgico.
Pertence-lhes
igualmente pronunciar-se sobre quais as formas de música,
melodias e instrumentos musicais que é lícito admitir
no culto divino, desde que se adaptem ou possam adaptar ao uso
sagrado.
394.
É conveniente que cada diocese tenha o seu
calendário e o seu próprio das Missas[148].
A Conferência Episcopal, por seu lado, organize o calendário
próprio da nação ou, juntamente com outras
Conferências, o calendário de uma região mais
alargada, a aprovar pela Sé Apostólica.
Na
elaboração deste trabalho há-de conservar-se e
defender-se o mais possível o domingo, como principal dia de
festa, que não deve ser sacrificado a outras celebrações
que não sejam de máxima importância[149].
Procurem também que o ano litúrgico, reformado por
decreto do II Concílio do Vaticano, não seja
obscurecido por elementos secundários.
Ao
preparar o calendário da nação, indiquem-se os
dias das Rogações e das Quatro Têmporas, assim
como o modo de as celebrar e os textos[150],
tendo em vista outras determinações específicas.
É
conveniente que, ao editar o Missal, sejam inseridas no respectivo
lugar do calendário geral as celebrações
próprias de toda a nação ou duma região
mais alargada; as celebrações da região ou da
diocese devem vir em apêndice particular.
395.
Por fim, se a participação dos fiéis
e o seu bem espiritual exigirem adaptações e
diversidades mais profundas, para que a celebração
sagrada corresponda à índole e às tradições
dos diversos povos, as Conferências Episcopais, de acordo com o
art. 40 da Constituição sobre a sagrada Liturgia,
poderão propô-las à Sé Apostólica,
e introduzi-las com o seu consentimento, sobretudo naqueles povos
onde o Evangelho foi anunciado mais recentemente[151].
Observem-se atentamente as normas especiais dadas pela Instrução
«A Liturgia romana e a inculturação»[152].
Quanto
ao modo de agir neste assunto, proceda-se da seguinte maneira:
Em
primeiro lugar, exponha-se à Sé Apostólica uma
pormenorizada proposta prévia; concedidas as devidas
faculdades, proceda-se à elaboração de cada
adaptação.
Uma
vez aprovadas estas propostas pela Santa Sé, levem-se a cabo
as experimentações pelo tempo e nos lugares
estabelecidos. Se for o caso, terminado o tempo de experimentação,
a Conferência Episcopal determinará a prossecução
das adaptações e submeterá ao juízo da Sé
Apostólica a formulação amadurecida do
assunto[153].
396.
Antes, porém, de se chegar às novas
adaptações, principalmente às mais profundas,
há-de cuidar-se com diligência da promoção
sapiente e ordenada da devida instrução do clero e
fiéis, hão-de pôr-se em prática as
faculdades já previstas e aplicar-se-ão plenamente as
normas pastorais correspondentes ao espírito da celebração.
397.
Observe-se também o princípio segundo o qual
cada Igreja particular deve estar de acordo com a Igreja universal,
não só na doutrina da fé e nos sinais
sacramentais, mas também nos usos universalmente recebidos de
uma ininterrupta tradição apostólica, a qual
deve observar-se, não só para evitar os erros, mas
também para transmitir a integridade da fé, porque a
“norma da oração” (lex orandi) da Igreja
corresponde à sua “norma da fé” (lex
credendi)[154].
O
Rito Romano constitui uma parte notável e excelente do tesouro
litúrgico e do património da Igreja católica,
cujas riquezas concorrem para o bem de toda a Igreja, pelo que
perdê-las seria prejudicá-la gravemente.
Esse
Rito, no decurso dos séculos, não só conservou
usos litúrgicos oriundos da cidade de Roma, mas também
integrou em si, de modo profundo, orgânico e harmónico,
outros elementos derivados dos costumes e do engenho de diversos
povos e de várias Igrejas particulares, tanto do Ocidente como
do Oriente, adquirindo, assim, um certo carácter
supra-regional. No nosso tempo, a identidade e a expressão
unitária deste Rito encontra-se nas edições
típicas dos livros litúrgicos promulgadas por
autoridade dos Sumos Pontífices e nos livros litúrgicos
que lhes correspondem, aprovados pelas Conferências Episcopais
para os seus territórios e confirmados pela Sé
Apostólica[155].
398.
A norma estabelecida pelo II Concílio do Vaticano,
segundo a qual as inovações na reforma litúrgica
só se devem fazer se o exigir uma verdadeira e certa utilidade
da Igreja, e procurando que as novas formas como que cresçam
organicamente das que já existem[156],
também deve aplicar-se à inculturação do
Rito Romano[157].
Além disso a inculturação precisa de bastante
tempo, para não contaminar repentina e incautamente a
autêntica tradição litúrgica.
Por
fim, a procura da inculturação não pretende de
modo algum a criação de novas famílias rituais,
mas sim responder às exigências de determinada cultura,
de tal modo, porém, que as adaptações
introduzidas, quer no Missal quer nos outros livros litúrgicos,
não sejam prejudiciais à índole própria
do Rito Romano[158].
399.
Deste modo o Missal Romano, apesar da diversidade de
lugares e duma certa variedade de costumes[159],
deve conservar-se no futuro como instrumento e sinal admirável
da integridade e da unidade do rito Romano[160].
[ Sumário ]
IMPORTÂNCIA E DIGNIDADE DA CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA
ESTRUTURA DA MISSA, SEUS ELEMENTOS E SUAS PARTES
Leitura da palavra de Deus e sua explanação
Orações e outros elementos que pertencem à função do sacerdote
Outras fórmulas utilizadas na celebração
Modos de proferir os vários textos
Importância do canto
Os gestos e atitudes corporais
O silêncio
A) Ritos iniciais
Entrada
Saudação do altar e da assembléia
Ato penitencial
Kýrie, eleison
Glória in excelsis
Oração colecta
B) Liturgia da palavra
Salmo responsorial
Aclamação antes da leitura do Evangelho
Homilia
Profissão de fé
Oração universal
C) Liturgia eucarística
Preparação dos dons
Oração sobre as oblatas
Oração Eucarística
Rito da Comunhão
Oração dominical
Rito da paz
Comunhão
D) Rito de conclusão
OFÍCIOS E MINISTÉRIOS NA MISSA
III. Ministérios especiais
Ministérios instituídos do acólito e do leitor
As outras funções
AS DIVERSAS FORMAS DE CELEBRAÇÃO DA MISSA
Coisas a preparar
Ritos iniciais
Liturgia da palavra
Liturgia eucarística
Ritos de conclusão
Ritos iniciais
Liturgia da palavra
Liturgia eucarística
Ritos de conclusão
Liturgia eucarística
Ritos iniciais
Liturgia da palavra
Ritos iniciais
Liturgia eucarística
Modo de proferir a Oração eucarística
A) Oração eucarística I, ou Cânone Romano
B) Oração eucarística II
C) Oração eucarística III
D) Oração eucarística IV
Ritos da Comunhão
Ritos iniciais
Liturgia da palavra
Liturgia Eucarística
Ritos de conclusão
Veneração do altar e do Evangeliário
Incensação
Comunhão sob as duas espécies
DISPOSIÇÃO E ADORNO DAS IGREJAS PARA A CELEBRAÇÃO DA EUCARISTIA
A cadeira para o sacerdote celebrante e outros assentos
O lugar dos fiéis
O lugar da schola cantorum e dos instrumentos musicais
As imagens sagradas
AS COISAS NECESSÁRIAS PARA A CELEBRAÇÃO DA MISSA
A ESCOLHA DA MISSA E DAS SUAS PARTES
MISSAS E ORAÇÕES PARA DIVERSAS CIRCUNSTÂNCIAS
E MISSAS DE DEFUNTOS
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