A FORMA CERTA DE COMUNGAR O SANTÍSSIMO CORPO DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO


A Comunhão de joelhos,

é a adoração a Deus.

D. Albert Malcolm Ranjith, Secretário da Congregação do Culto Divino e da Disciplina dos Sacramentos
O Prefácio de D. Malcolm Ranjith, Secretário da Congregação do Culto Divino e da Disciplina dos Sacramentos à obra “Dominus Est - Riflessioni di un Vescovo dell'Asia Centrale sulla sacra Comunione”, escrito por D. Athanasius Schneider, Bispo auxiliar de Karaganda (Cazaquistão)

No livro do Apocalipse, São João narra que tendo visto e ouvido o que lhe havia sido revelado, se prostrava em adoração aos pés do Anjo de Deus (cf. Ap. 22, 8). Prostrar-se ou ajoelhar-se ante a majestade da presença de Deus, em humilde adoração, era um hábito de reverência que Israel manifestava sempre ante a presença do Senhor.

Diz o primeiro livro dos Reis: “Quando Salomão acabou de dirigir a Javé toda essa oração e súplica, levantou-se diante do altar de Javé, no lugar em que estava ajoelhado e de mãos erguidas para o céu. Ficou em pé e abençoou toda a assembléia de Israel” (1 Reis 8, 54-55). A postura da súplica do Rei é clara: ele estava genuflectido perante o altar.

A mesma tradição se encontra também no Novo Testamento onde vemos Pedro ajoelhar-se diante de Jesus (cfr Lc 5, 8); Jairo para Lhe pedir que cure a sua filha (Lc 8, 41); o Samaritano quando volta para agradecer-Lhe e a Maria, irmã de Lázaro, para Lhe pedir a vida em favor de seu irmão (Jo 11, 32). A mesma atitude de se prostrar, devido ao assombro causado pela presença e revelação divinas, nota-se não raramente no livro do Apocalipse (Ap 5, 8, 14 e 19, 4).

Estava intimamente relacionada com esta tradição a convicção de que o Templo Santo de Jerusalém era a casa de Deus e portanto era necessário dispor-se nele em atitudes corporais que expressassem um profundo sentimento de humildade e de reverência na presença do Senhor.

Também na Igreja, a convicção profunda de que sob as espécies eucarísticas o Senhor está verdadeira e realmente presente, e o crescente costume de conservar a santa comunhão nos tabernáculos, contribuiu para a prática de ajoelhar-se em atitude de humilde adoração do Senhor na Eucaristia.

Com efeito, a respeito da presença real de Cristo sob as espécies Eucarísticas, o Concilio de Trento proclamou: “in almo sanctae Eucharistiae sacramento post panis et vini consecrationem Dominum nostrum Iesum Christum verum Deum atque hominem vere, realiter ac substantialiter sub specie illarum rerum sensibilium contineri” (DS 1651).

Além disso, São Tomás de Aquino já tinha definido a Eucaristia latens Deitas (S. Tomás de Aquino, Hinos). A fé na presença real de Cristo sob as espécies eucarísticas já pertencia então à essência da fé da Igreja Católica e era parte intrínseca da identidade católica. Era evidente que não se podia edificar a Igreja se esta fé fosse minimamente desprezada.

Portanto, a Eucaristia Pão transubstanciado em Corpo de Cristo e vinho em Sangue de Cristo, Deus em meio a nósdevia ser acolhida com admiração, máxima reverência e atitude de humilde adoração.

O Papa Bento XVI recordando as palavras de Santo Agostinho “nemo autem illam carnem manducat, nisi prius adoraverit; peccemus non adorando” (Enarrationes in Psalmos 89, 9; CCLXXXIX, 1385) ressalta que “receber a Eucaristia significa colocar-se em atitude de adoração d’Aquele que comungamos (...) somente na adoração pode amadurecer um acolhimento profundo e verdadeiro” (Sacramentum Caritatis, 66).

Seguindo esta tradição, é claro que adotar gestos e atitudes do corpo e do espírito que facilitam o silêncio, o recolhimento, a humilde aceitação de nossa pobreza diante da infinita grandeza e santidade d’Aquele que nos vem ao encontro sob as espécies eucarísticas, torna-se coerente e indispensável. O melhor modo para exprimir o nosso sentimento de reverência para com o Senhor Eucarístico seria seguir o exemplo de Pedro que, como nos narra o Evangelho, se lançou de joelhos diante do Senhor e disse “Senhor, afasta-te de mim, porque sou um pecador!” (Lc 5, 8).

Ora, nota-se que nalgumas igrejas, tal prática se torna cada vez mais rara e os responsáveis não só impõem aos fiéis receber a Sagrada Eucaristia de pé, mas inclusive tiraram os genuflexórios obrigando os fiéis a permanecerem sentados ou em pé, até durante a elevação das espécies eucarísticas apresentadas para a Adoração.

É estranho que tais procedimentos tenham sido adotados em dioceses, pelos responsáveis da liturgia, e nas igrejas pelos párocos, sem a mais mínima consulta aos fiéis, se bem que hoje se fale mais do que nunca, em certos ambientes, de democracia na Igreja.

Ao mesmo tempo, falando da Comunhão na mão é necessário reconhecer que se trata de uma prática introduzida abusivamente e à pressa nalguns ambientes da Igreja imediatamente depois do Concilio, alterando a secular prática anterior e transformando-se em seguida como prática regular para toda a Igreja. Justificava-se tal mudança dizendo que refletia melhor o Evangelho ou a prática antiga da Igreja.

É verdade que se se recebe na língua, se pode receber também na mão, sendo ambos órgãos do corpo de igual dignidade. Alguns, para justificar tal prática, referem-se às palavras de Jesus: “Tomai e comei” (Mc 14, 22; Mt 26, 26). Quaisquer que sejam as razões para sustentar esta prática, não podemos ignorar o que acontece a nível mundial em todas partes onde é adotada.

Este gesto contribui para um gradual e crescente enfraquecimento da atitude de reverência para com as sagradas espécies eucarísticas. O costume anterior, pelo contrário, preservava melhor este senso de reverência. Àquela prática seguiu-se uma alarmante falta de recolhimento e um espírito de distração geral.

Atualmente vêem-se pessoas que comungam e freqüentemente voltam aos seus lugares como se nada de extraordinário se tivesse dado. Vêem-se mais distraídas ainda as crianças e adolescentes. Em muitos casos, não se nota este sentido de seriedade e silêncio interior que devem indicar a presença de Deus na alma.

O Papa fala da necessidade de não só entender o verdadeiro e profundo significado da Eucaristia, como também de celebrá-la com dignidade e reverência. Diz que é necessário estar conscientes “dos gestos e posições, como, por exemplo, ajoelhar-se durante os momentos salientes da Oração Eucarística” (Sacramentum Caritatis, 65).

Além disso, tratando da recepção da Sagrada Comunhão, convida todos para “que façam o possível para que o gesto, na sua simplicidade, corresponda ao seu valor de encontro pessoal com o Senhor Jesus no Sacramento” (Sacramentum Caritatis, 50).

Nesta perspectiva é de apreciar o opúsculo escrito por S. Excia. D. Athanasius Schneider, Bispo auxiliar de Karaganda, no Cazaquistão, sob o muito significativo título Dominus Est” (é o Senhor). Ele deseja dar uma contribuição à atual discussão sobre a Eucaristia, presença real e substancial de Cristo sob as espécies consagradas do Pão e do Vinho.

É significativo que D. Schneider inicie a sua apresentação com uma nota pessoal recordando a profunda fé eucarística da sua mãe e de outras duas senhoras; fé conservada no meio de tantos sofrimentos e sacrifícios que a pequena comunidade dos católicos daquele país padeceu nos anos da perseguição soviética.

Começando desta sua experiência, que nele suscitou uma grande fé, admiração e devoção pelo Senhor presente na Eucaristia, ele apresenta-nos um excursus histórico-teólogico que esclarece como a prática de receber a Sagrada Comunhão na boca e de joelhos foi recebida e exercitada pela Igreja durante um longo período de tempo.

Creio que chegou a hora de avaliar a prática acima mencionada, de reconsiderá-la e, se necessário, abandonar a atual, que de fato não foi indicada nem pela Sacrosanctum Concilium, nem pelos Padres Conciliares, mas foi aceite depois da sua introdução abusiva nalguns países.

Hoje mais do que nunca é necessário ajudar o fiel a renovar uma fé viva na presença real de Cristo sob as espécies eucarísticas para reforçar assim a vida da Igreja e defendê-la no meio das perigosas distorções da fé que tal situação continua a criar.

As razões de tal medida devem ser não tanto acadêmicas, quanto pastorais – espirituais como litúrgicas –, em suma, as que edificam melhor a fé. D. Schneider neste sentido mostra uma louvável coragem, pois soube entender o significado das palavras de São Paulo: “mas que tudo seja para edificação” (1 Cor 14, 26).

+ Malcolm Ranjith, Secretário da Congregação do Culto Divino e da Disciplina dos Sacramentos



COMUNHÃO NA BOCA, DE JOELHOS E DAS MÃOS DO SACERDOTE.

CATECISMO ROMANO

"Devemos, pois, ensinar que só aos sacerdotes foi dado poder de consagrar a Sagrada Eucaristia, e de distribuí-la aos fiéis cristãos. Sempre foi praxe da Igreja que o povo fiel recebesse o Sacramento pelas mãos dos sacerdotes, e os sacerdotes comungassem por si próprios, ao celebrarem os Sagrados Mistérios. Assim o definiu o Santo Concílio de Trento; e determinou que esse costume devia ser religiosamente conservado, por causa de sua origem apostólica, e porque também Cristo Nosso Senhor nos deu o exemplo, quando consagrou Seu Corpo Santíssimo, e por Suas próprias mãos O distribuiu aos Apóstolos.

De mais a mais, com o intuito de salvaguardar, sob todos os aspectos, a dignidade de tão augusto Sacramento, não se deu unicamente aos sacerdotes o poder de administrá-lo: como também se proibiu, por uma lei da Igreja, que, salvo grave necessidade ninguém sem Ordens Sacras ousasse tomar nas mãos ou tocar vasos sagrados, panos de linho, e outros objetos necessários à confecção da Eucaristia.

Destas determinações podem todos, os próprios sacerdotes e os demais fiéis, inferir quão virtuosos e tementes a Deus devem ser aqueles que se dispõem a consagrar, a ministrar, ou a receber a Sagrada Eucaristia".

CATECISMO MAIOR DE SÃO PIO X

"No ato de receber a sagrada Comunhão, devemos estar de joelhos, com a cabeça medianamente levantada, com os olhos modestos e voltados para a sagrada Hóstia, com a boca suficientemente aberta e com a língua um pouco estendida sobre o lábio inferior. Senhoras e meninas devem estar com a cabeça coberta".

MISSAL ROMANO (Forma Extraordinária)

O Missal Romano determina que a partir do momento da consagração, o sacerdote deve manter juntos os dedos indicador e polegar, de tal forma que, ao elevar o cálice, ao virar as páginas do missal ou ao abrir o sacrário, aqueles dedos toquem somente a Hóstia consagrada. No final da missa, o sacerdote passa com a patena sobre o corporal e limpa-o para dentro do cálice, para que possa ser recolhida e consumida com reverência a menor Partícula que possa ter aí ficado. Após a comunhão, as mãos do sacerdote são lavadas sobre o cálice com água e vinho – consumidos reverentemente, impedindo que alguma Partícula seja profanada.

SANTO TOMÁS DE AQUINO

"Pertence ao sacerdote distribuir o Corpo de Cristo por três motivos.

Primeiro, porque é ele que consagra na pessoa de Cristo. Assim como Cristo consagrou o seu corpo na Ceia, assim também distribuiu-o aos discípulos. Por isso, assim como pertence ao sacerdote consagrar o Corpo de Cristo, assim também o de distribuí-lo.

Segundo, porque o sacerdote se constitui intermediário entre Deus e o povo. Portanto, como lhe pertence apresentar a Deus as oferendas do povo, assim também lhe pertence distribuir ao povo os dons divinamente santificados.

Terceiro, porque por respeito à Eucaristia, nada a deve tocar que não esteja consagrado. Por isso, consagram-se os corporais, os cálices, igualmente as mãos do sacerdote para tocarem este sacramento. Não é lícito, pois, a ninguém mais tocá-lo, a não ser em caso de necessidade, por exemplo se cair no chão ou em outro caso semelhante"

(Suma Teológica, III, q.82, a.III).

"Depois da consagração, o celebrante une os dedos, isto é o polegar com o indicador, que tocaram o Corpo consagrado de Cristo, para que, se alguma partícula aderira a eles, não desprenda. Manifesta o respeito devido ao sacramento" (Suma Teológica, III, q.83, a.VI, ad5).

SÃO FRANCISCO DE SALES

"Começa já na véspera do dia da comunhão a te preparar com repetidas aspirações do amor divino e deita-te mais cedo que de costume, para te levantares também mais cedo. Se acordas durante a noite, santifica esses momentos por algumas palavras devotas ou por um sentimento que impregne tua alma de felicidade de receber o divino esposo; enquanto dormes, ele está velando sobre o teu coração e preparando as graças que te quer dar em abundância, se te achar devidamente preparada. Levanta-te de manhã com este fervor e alegria que uma tal esperança te deve inspirar, e depois da confissão aproxima-te com uma grande confiança e profunda humildade da mesa sagrada, para receber este alimento celeste, que te comunicará a imortalidade. Depois de pronunciares as palavras: "Senhor, eu não sou digno ...", já não deves mover a cabeça ou os lábios para rezar ou suspirar; mas, abrindo um pouco a boca e elevando a cabeça de modo que o padre possa ver o que faz, estende um pouco a língua e recebe com fé, esperança e caridade aquele que é de tudo isso ao mesmo tempo o princípio, o objeto, o motivo e o fim".

PARA COMUNGAR BEM.

Dom José Cardoso Sobrinho

Arcebispo de Olinda e Recife - PE.

Nossa Santa Igreja, desde o início, adverte os fiéis sobre a responsabilidade de receber dignamente – isto é, em estado de graça – o Santíssimo Sacramento da Eucaristia. Já no início da Igreja, São Paulo Apóstolo exortava severamente os cristãos da comunidade de Corinto, com as seguintes palavras:

Todas as vezes que comeis desse pão e bebeis desse cálice anunciais a morte do Senhor até que ele venha. Eis por que todo aquele que comer do pão ou beber do cálice do Senhor indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor. Por conseguinte, que cada um examine a si mesmo antes de comer desse pão e beber desse cálice, pois aquele que comer e beber sem discernir o Corpo, come e bebe a própria condenação.” (1 Cor. 11,26-29).

Aprendemos no catecismo da infância que, para receber dignamente a Eucaristia, é necessário encontrar-se na graça de Deus, ou seja, não ter consciência de nenhum pecado grave. Quem teve a fragilidade de cometer uma falta grave, deve primeiro converter-se, isto é, mudar de comportamento e depois aproximar-se humildemente do sacramento da confissão para receber a absolvição. Então poderá receber digna e frutuosamente a comunhão eucarística.

Nossa Santa Igreja continua a expor esta doutrina através dos séculos. O Servo de Deus Papa João Paulo II declarou oficialmente:

Se o cristão tem na consciência o peso de um pecado grave, então o itinerário da penitência, através do sacramento da reconciliação, torna-se o caminho obrigatório para se abeirar e participar plenamente do sacrifício eucarístico” (ENCÍCLICA “ECCLESIA DE EUCHARISTIA” n. 37).

Neste mesmo documento o Papa transcreve a seguinte exortação proferida pelo grande doutor da Igreja São João Crisóstomo: “Também eu levanto a voz e vos suplico, peço e esconjuro para não vos abeirardes desta Mesa sagrada com uma consciência manchada e corrompida. De fato, uma tal aproximação nunca poderá chamar-se comunhão, ainda que toquemos mil vezes o corpo do Senhor, mas condenação, tormento e redobrados castigos”.

“O CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA (n. 1415) estabelece o mesmo princípio: “Quem quer receber a Cristo na comunhão eucarística deve estar em estado de graça. Se alguém tem consciência de ter pecado mortalmente, não deve comungar a Eucaristia sem ter recebido previamente, a absolvição no sacramento da penitência”.

Infelizmente, hoje em dia circulam teorias falsas afirmando que podem receber a comunhão eucarística pessoas que vivem habitualmente em situação de pecado, p. ex., casais que vivem em situação matrimonial irregular, ou seja, na assim chamada “segunda união”. Sobre este problema o mesmo Papa João Paulo II se pronunciou claramente na EXORTAÇÃO APOSTÓLICA “ FAMILIARIS CONSORTIO” n. 84. Eis suas palavras:

A Igreja, reafirma a sua práxis, fundada na Sagrada Escritura, de não admitir à comunhão eucarística os divorciados que contraíram nova união. Não podem ser admitidos, do momento em que o seu estado e condições de vida contradizem objetivamente aquela união de amor entre Cristo e a Igreja, significada e atuada na Eucaristia. Há, além disso, um outro peculiar motivo pastoral: se se admitissem estas pessoas à Eucaristia, os fiéis seriam induzidos em erro e confusão acerca da doutrina da Igreja sobre a indissolubilidade do matrimônio”.

O mesmo princípio foi reafirmado recentemente pelo atual Santo Padre Bento XVI na sua EXORTAÇÃO APOSTÓLICA “SACRAMENTUM CARITATIS” n. 29:

O Sínodo dos Bispos confirmou a prática da Igreja, fundada na Sagrada Escritura (Mc 10, 2-12), de não admitir aos sacramentos os divorciados re-casados, porque o seu estado e condição de vida contradizem objetivamente aquela união de amor entre Cristo e a Igreja que é significada e realizada na Eucaristia”.

A insistência do Santo Padre, por meio de declarações oficiais e solenes, demonstra a atualidade e a importância pastoral deste problema. Quem tivesse a ousadia de defender a doutrina contrária afirmando que os que estão em situação de pecado e, especificamente aqueles que vivem “em segunda união matrimonial” podem receber a eucaristia, tal pessoa evidentemente estaria discordando do Vigário de Cristo na terra e colocando-se em grave situação de pecado, por estar induzindo outros a comungar sacrilegamente.

A Eucaristia, como já dizia Santo Tomás de Aquino, “é o bem máximo da Igreja”. O Concílio Vaticano II, declarou: “a Eucaristia é a fonte e ápice de toda a vida Cristã” (LUMEN GENTIUM n. 11).

Podemos então logicamente concluir que nossa vida eucarística é o termômetro de toda a nossa vida espiritual: se quisermos saber qual o atual nível de nossa vida espiritual, é suficiente examinar nossa devoção eucarística.

Fonte: Arquidiocese de Olinda e Recife.

A Comunhão Espiritual,

nossa vida Eucarística.

Segundo os exemplos dos Santos.

A Comunhão Espiritual é a reserva de vida e de Amor Eucarístico sempre ao alcance da mão para os enamorados de Jesus Hóstia. Por meio da Comunhão Espiritual, de fato, ficam satisfeitos os desejos de amor da alma que quer unir-se a Jesus seu Amado Esposo. A Comunhão Espiritual é união de amor entre a alma e Jesus Hóstia. União toda Espiritual, mas real, até mais real do que a própria união em nós da alma com o corpo, “porque a alma vive mais onde ama, do que onde vive”, diz São João da Cruz.

Fé, amor, desejo.

A Comunhão Espiritual supõe, é evidente, a fé na Presença Real de Jesus nos Sacrários. Ela compreende o desejo da Comunhão Sacramental e exige a Ação de Graças pelo Dom recebido de Jesus. Tudo isso está expresso com simplicidade na fórmula de Santo Afonso de Ligório: “Meu Jesus, eu creio que vós estais no Santíssimo Sacramento. Eu vos amo sobre todas as coisas. Eu vos desejo em minha alma. E, já que agora não posso receber-Vos Sacramentalmente, vinde pelo menos espiritualmente ao meu coração. (pausa) Como já tendo vindo, eu Vos abraço e me uno a Vós. Não permitais que eu me separe mais de vós.”.

A Comunhão Espiritual produz os mesmos efeitos que a Comunhão Sacramental, conforme as disposições de quem a faz, conforme maior ou menor carga de afeto com que se deseja receber a Jesus e o amor mais ou menos intenso com que se recebe Jesus e com que nos entretemos com Ele.

Privilégio exclusivo da Comunhão Espiritual é o de poder ser feita quantas vezes quisermos (e até mesmo centenas de vezes por dia), quando quisermos (mesmo em plena noite), onde quisermos (até num deserto... ou num avião em pleno vôo). É conveniente fazer a Comunhão espiritualmente quando se assiste a Santa Missa e não se pode fazer a Comunhão Sacramental no momento em que o sacerdote comunga.

A alma comunga também, chamando a Jesus em seu coração. Desse modo, toda Missa que se tiver ouvido estará completa: Oferta, Imolação e Comunhão. Seria deveras uma Graça Suprema, a ser invocada com todas as forças, se na Igreja se chegasse a realizar logo aquele voto do Concílio de Trento, “que todos os cristãos comunguem em todas as Missas que ouvem”: desse modo, quem puder participar de mais Missas cada dia, poderá também fazer comunhões Sacramentais cada dia.

Os dois Cálices

Quão preciosa seja a Comunhão Espiritual, Jesus o disse a Santa Catarina de Sena em uma visão. A Santa temia que a Comunhão Espiritual não tivesse nenhum valor, se comparada com a Comunhão Sacramental. Jesus lhe apareceu em visão, com dois Cálices na mão, e lhe disse: “Neste Cálice de ouro ponho as tuas Comunhões Sacramentais e neste Cálice de prata ponho as tuas Comunhões Espirituais. Estes dois Cálices Me são muito agradáveis.”

E à Santa Margarida Maria Alacoque, que com muita diligência costumava enviar os seus inflamados desejos, clamando por Jesus no Sacrário, uma vez Jesus disse: “Para Mim é de tal modo querido o desejo que uma alma tem de Me receber, que Eu Me precipito nela, cada vez que ela Me chama com os seus desejos.”

Quanto tenha sido amada pelos Santos a Comunhão Espiritual, não nos é difícil entrever. A Comunhão Espiritual satisfaz, pelo menos em parte, àquela ânsia ardente de ser sempre: “um” com quem ama. O próprio Jesus disse: “Permanecei em Mim, e Eu permanecerei em vós”(Jo. 15,4).

E a Comunhão Espiritual ajuda-nos a ficarmos unidos a Jesus, ainda que estejamos longe de Sua Morada. Outro meio não há para aplacar os anelos de amor que consomem os corações dos Santos. “Como a corça anela pelos cursos da águas, assim minha alma anela por ti, ó Deus”(Sl. 41,2). E assim é o gemido dos Santos: “Ó meu esposo querido – exclama a Santa Catarina de Gênova – eu desejo de tal modo a alegria de estar contigo, que me parece, que se eu estivesse morta, ressuscitaria para receber-Te na Comunhão.”

E a Beata Ágata da Cruz sentia tão agudo o desejo de viver sempre unida a Jesus Eucarístico, que chegou a dizer: “Se o Confessor não me tivesse ensinado a fazer a Comunhão Espiritual, eu não teria podido viver.”

Para Santa Maria Francisca das Cinco Chagas era, igualmente, a Comunhão Espiritual o único alívio para a dor aguda que sentia, quando ficava fechada em casa, longe do seu Amor, especialmente quando não lhe era permitido fazer a Comunhão Sacramental. Então, ela subia ao terraço da casa e, olhando para a Igreja, suspirava entre lágrimas: “Felizes aqueles que hoje Te puderam receber no Sacramento, ó Jesus! Felizes os Sacerdotes que estão sempre perto do Amabilíssimo Jesus!” E assim só a Comunhão Espiritual podia tranqüilizá-la um pouco.

Durante o dia

Eis aqui um dos conselhos que o beato Pe. Pio de Pietrelcina dava a uma sua filha espiritual: “Durante o dia, quando não podes fazer alguma outra coisa, chama por Jesus, mesmo até no meio de todas as outras ocupações, com um gemido resignado da alma, e Ele virá e ficará sempre unido com tua alma por meio de sua Graça e do Seu Santo Amor. Voa com o teu espírito para diante do Sacrário, quando lá não podes ir com teu corpo, e lá desafoga os teus ardentes desejos e abraça o Amado das Almas, melhor ainda do que se tivesses podido recebê-Lo sacramentalmente!”

Aproveitemos, nós também, deste grande Dom. Especialmente nos momentos de provação ou de abandono, que pode haver de mais precioso do que a união com Jesus Hóstia, por meio da Comunhão Espiritual? Este Santo exercício pode encher os nossos dias de amor e de encanto, pode fazer-nos viver com Jesus em um amplexo de amor, e só depende de nós que o renovemos freqüentemente e que não interrompamos quase nunca.

Santa Ângela Merici tinha uma especial predileção pela Comunhão Espiritual. Não somente a fazia muitas vezes e exortava os outros a fazê-la, mas chegou a deixá-la como “herança” às suas filhas, a fim de que a praticassem sempre.

A vida de São Francisco de Sales não deve ter sido talvez toda ela uma corrente de Comunhões Espirituais? Era propósito de o Santo fazer uma Comunhão Espiritual pelo menos cada quarto de hora. Este mesmo propósito foi o que tinha tomado São Maximiliano Maria Kolbe, desde jovem.

E o servo de Deus André Beltrami deixou-nos uma breve página de seu diário íntimo que é um pequeno programa de uma vida vivida em uma Comunhão Espiritual contínua com Jesus Eucarístico. Estas são as suas palavras: “Onde quer que eu me ache, pensarei amiúde em Jesus Sacramento. Fixarei meu pensamento no Santo Sacrário, até mesmo quando eu acordar de noite, adorando-O de onde eu estiver, chamando por Jesus no Sacramento, oferecendo-Lhe o trabalho que eu estiver fazendo. Vou instalar um fio telegráfico da sala de estudo até a Igreja, um outro a partir do meu quarto e um terceiro do refeitório. Depois, vou enviar despachos, no maior número possível, a Jesus no Sacramento.” Que contínua corrente de amor Divino não deve ter passado por aqueles queridos... fios telegráficos!

Até durante a noite

Destas e de outras semelhantes santas indústrias os Santos têm sido muito prontos a servir-se para desabafarem seus corações que nunca se saciavam de amar. “Quanto mais eu Te amo, parece-me que menos Te amo – exclama Santa Francisca Xavier Cabrini – porque eu quereria mais. Mas não posso mais... dilata, dilata o meu coração...”

Nos períodos em que não acordava de noite, Santa Bernadette chegou a pedir a uma sua coirmã que a despertasse. E para quê? “Porque eu gostaria de fazer a Comunhão Espiritual!”

Quando São Roque de Montpellier passou cinco anos encarcerado, por ter sido considerado um vagabundo perigoso, no cárcere ficava sempre com os olhos fitos na janelinha, rezando. O carcereiro lhe perguntou: Que é que ficas daí olhando? “Fico olhando para a torre dos sinos da Paróquia.” Era a necessidade que o Santo sentia de uma Igreja, de um Sacrário, de Jesus Eucarístico, seu grande amor.

Também o Santo Cura d’Ars dizia aos fiéis: “À vista de um campanário, podeis dizer: Lá está Jesus, porque lá um Sacerdote celebrou a Missa.”

E o Beato Luiz Guanella, quando ia de trem acompanhar os peregrinos até os Santuários, recomendava sempre a eles que volvessem seus pensamentos e corações para Jesus cada vez que, das janelas do trem, vissem algum campanário. “Cada campanário – dizia ele – nos faz pensar numa Igreja, na qual existe um Sacrário, na qual se celebra a Missa e onde está Jesus.” Aprendamos com os Santos, nós também. Que eles queiram comunicar-mos um pouco do incêndio de amor que consumia os seus corações.

E, então, também em nós bem cedo se levantará um incêndio de amor, pois é muito consolador o que nos assegura São Leonardo de Porto Maurício: “Se praticardes muitas vezes por dia o Santo Exercício da Comunhão Espiritual, eu vos dou um mês de tempo para terdes o vosso coração completamente mudado.” Só um mês: Vocês entenderam?

A Comunhão sacrílega

Santo António Maria Claret

De modo que qualquer que comer do pão, ou beber do cálice do Senhor indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma do pão e beba do cálice. Porque quem come e bebe, come e bebe para sua própria condenação, se não discernir o corpo do Senhor. Por causa disto há entre vós muitos fracos e enfermos, e muitos que dormem.” (1 Cor 11, 27-30).

Não há praticamente nenhum crime que mais ofende a Deus que a comunhão sacrílega. Os Santos Padres o demonstram em palavras e exemplos extraordinários. O comungante em pecado mortal comete um crime maior que Herodes, diz Santo Agostinho, mais assustador do que Judas, diz São João Crisóstomo, mais terrível do que o cometido pelos judeus, crucificando o Salvador, dizem outros santos. E a tudo isso, acrescenta São Paulo, será réu do Corpo e Sangue de Cristo, que diz a Glosa: a ser punido como se, com as suas mãos, tivesse morto o Filho de Deus.

A comunhão sacrílega é um crime tão grande que Deus não espera para o punir no inferno. Ele já começa neste mundo a indignar-se com tamanho crime, permitindo a doença e a morte. No tempo dos Apóstolos, segundo São Paulo, muitos dos males de alguns derivaram de comunhões sacrílegas, sofrendo ferimentos muito graves e outros morreram.

São Cipriano refere que alguns de seu tempo, não sendo dignos de receber a Sagrada Comunhão, depararam-se com uma dor intolerável nas entranhas e às portas da morte. São João Crisóstomo conhecia muitos possuídos por demônios por causa deste crime. O Papa São Gregório assegura que, em Roma, houve grandes estragos devido à peste que apareceu, por se terem continuado as diversões imorais e os espetáculos de impurezas após a Comunhão pascal.

Lemos na vida de um monge de São Bernardo se atreveu a comungar em pecado mortal. Algo terrível! Logo que o Santo lhe deu a Sagrada Hóstia, rebentou como Judas e como ele foi condenado eternamente.

Segundo o famoso P. Arbiol, havia uma senhora que, num evento solene foi à confissão e o confessor, a encontrando numa ocasião próxima de pecado, ele disse que não poderia absolver a menos que primeiro se afastasse da ocasião, e disse-lhe ainda que naquele dia não podia receber a Sagrada Comunhão. Mas ela quis receber o Corpo de Jesus, independentemente do que o confessor lhe tinha dito, e imediatamente tomou a Hóstia Sagrada na garganta, engasgada, caindo morta na mesma igreja, na presença de muitas pessoas.

Um grande número de casos desta natureza poderia referir-se não só antigo mas igualmente à idade moderna, mas isso não acontece muito, porque, creio eu, que os bons, com santo temor, se retraem de freqüentar os Santos Sacramentos e Jesus, pelo amor que nos tem para o nosso bem, obviamente prefere deixar impune o sacrilégio e receber os bons muitas vezes, estes que não se atrevem a tomá-lo, assustados com a punição dos pecadores.

Mas se a estes últimos pecadores não os pune de forma visível, já o está a fazer invisivelmente: com a cegueira de entendimento, dureza de coração, do seu abandono neste mundo, e em seguida, no outro, com o castigo eterno do Inferno. Encomendemo-nos à Santíssima Virgem Maria, para que alcancemos a ajuda que precisamos para receber com freqüência e dignamente os Sacramentos.

E para que conheçamos o quanto convém receber dignamente os Sacramentos e os diferentes efeitos causados por eles, um outro caso que li na vida dos Santos Padres:

Houve um Bispo muito virtuoso, que, tendo sido avisado duas pessoas que viviam de maneira ilegal aos olhos de Deus, suplicou ao Senhor que se dignasse a manifestar o pecado na consciência de cada um deles. Deus ouviu suas preces, e um dia depois de ter distribuído a Sagrada Comunhão a uma grande multidão, viu que cada um tinha seu rosto negro como o carvão, outros olhos brilhantes, e outros muito elegantes, vestidos de branco.

O bom bispo repetiu a súplica, para que Deus lhe manifestasse aquele mistério. Naquele instante, apareceu um anjo, e disse: “Fica sabendo que os que têm a cara preta são impuros e desonestos, os olhos brilham, outros são avarentos, usurários e vingativos, e aqueles que parecem tão bonitos, vestidos brancos são aqueles que estão adornados de graça e de virtudes.”

Aproximaram-se então as duas pessoas acusadas de viverem em pecado e o Bispo também as viu bonitas e resplandecentes. O santo bispo pensou que fora enganado, mas o Anjo disse-lhe que de fato era verdade o que se dizia deles, mas tendo-se afastado do pecado e fazendo uma boa confissão, eles foram perdoados de todos os seus pecados.

Portanto irmão, amado em Jesus Cristo, eu imploro e peço para não receberes a Sagrada Comunhão em pecado mortal, mas não te preocupes se te encontras nesse tão miserável estado. Confessa-te logo que possas, exercita e pratica fervorosamente muitos atos de humildade, confiança e de amor a Deus e, com esta disposição, colherás grandes frutos celestiais que nos são dados na Sagrada Eucaristia, para aqueles que A recebem dignamente.

Os frutos principais da Sagrada Comunhão dignamente recebida:

1.º Aumenta a graça.

2.º Dá luz à alma para distinguir o bem do mal, para segui-lo e evitá-lo, respectivamente.

3.º Aviva a fé e a esperança.

4.º Estimula a caridade.

5.º Modera a raiva e outras paixões, preservando-nos do pecado.

6.º Estamos unidos com Jesus Cristo.

7.º Nos dá um espírito manso.

8.º Repele os demônios, para que não nos tentem tantas vezes.

9.º Acalma o remorso da consciência.

10.º Dá-nos uma grande confiança em Deus, na hora da morte.

11.º Dá força e alimenta a alma.

12.º Finalmente, dá-nos uma ajuda especial para perseverar no bem e chegar à glória eterna, sendo penhor de salvação.

Fonte: São pio V.

> A sacrílega comunhão na mão.
Fonte:www.derradeirasgracas.com

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