O Credo

Creio em Deus, Pai todo poderoso, Criador do Céu e da terra
(Cat 199-231)


Creio em Deus

Em primeiro lugar devemos crer que Deus existe. E o que significa este nome __ Deus? Significa precisamente Aquele que governa e cuida de todas as coisas. Tudo o que há no mundo está subordinada à sua providência. Portanto, nada tem sua origem no acaso, mas em Deus que é o único que cria a partir do nada.

"Creio em Deus" nossa profissão de fé começa com Deus, pois Ele é o "Primeiro e o Último" (Is 44,6), o Começo e o Fim de tudo. A confissão da Unicidade de Deus, que tem a sua raiz na Revelação Divina na Antiga Aliança, é inseparável da confissão da existência de Deus, e igualmente fundamental. Deus é Único: só existe um Deus: "A fé cristã confessa que há Um só Deus, por natureza, por Substância e por essência".

Crer em Deus, o Único, e amá-lo com todo o seu ser, tem conseqüências imensas para toda a nossa vida :

- Significa conhecer a grandeza e a majestade de Deus : "Deus é grande demais para que o possamos conhecer". (Jó 36,26). É por isso que Deus deve ser o "primeiro a ser servido" (Sta. Joana d" Arc).

- Significa viver em ação de graças : Se Deus é o único, tudo o que somos e tudo o que possuímos vem Dele: " Que é que possuis, que não tenhas recebido? " (I Cor 4,7). " Como retribuirei ao Senhor todo o bem que me faz ?" (Sl 116,12).

- Significa conhecer a unidade e a verdadeira dignidade de todos os homens: Todos eles são feitos a " imagem e semelhança de Deus" (Gn 1,26).

- Significa usar corretamente das coisas criadas: A fé no Deus Único nos leva a usar de tudo o que não é ele na medida em que isto nos aproxima dele, e a desapegar-se das coisas na medida em que nos desviam dele. (Mt 5,29-30; 16,24; 19,23-24)

- Significa confiar em Deus em qualquer circunstância, mesmo na adversidade : A oração de S. Teresa de Jesus expressa esta confiança inabalável em Deus -

Nada te perturbe/ Nada te assuste
Tudo passa
Deus alcança
Quem a Deus tem, Nada lhe falta.
Só Deus basta.

Pai todo poderoso... (Cat. 238 - 248)

A invocação de Deus como "Pai" é conhecida em muitas religiões. A divindade é muitas vezes considerada como "pai dos deuses e dos homens" . Deus é pai , mas ainda, em razão da Aliança do dom da Lei a Israel, seu "filho primogênito" (Ex 4,22).

Ao designar Deus com o nome de "Pai ", a linguagem da fé indica principalmente dois aspectos:

- que Deus é origem primeira de tudo e autoridade transcendente, e

- que ao mesmo tempo é bondade e solicitude de amor para todos os seus filhos.

A linguagem da fé inspira-se assim na experiência humana dos pais (genitores), que são de certo modo os primeiros representantes de Deus para o homem. Mas esta experiência humana ensina também que os pais humanos são falíveis e que podem desfigurar o rosto da paternidade. Convém lembrar que Deus transcende à paternidade humana (Sl 27,10), embora seja a sua origem e medida (Ef 3,14; Is 49,15). Ninguém é pai como Deus o é. Muito particularmente ele é o " Pai dos pobres", do órfão e da viúva que estão sob sua proteção de amor . (Sl 68,6).

A encarnação do Filho de Deus revela que DEUS é o Pai eterno, e que o Filho é consubstancial a Ele, isto é, que o Filho é no Pai e com o Pai o mesmo Deus único.

Deus é o Pai todo-poderoso. Sua paternidade e seu poder iluminam-se mutuamente. As Sagradas Escrituras professam várias vezes o poder universal de Deus. Ele é chamado "o Poderoso de Jacó" (Gn 49,24; Is 1,24), o "Forte, o Valente" (Sl 24,8-10). Se Deus é todo-poderoso "no céu e na terra" (Sl 135,6), é porque os fez. Ele é o Senhor do universo, cuja ordem estabeleceu, ordem esta que lhe permanece inteiramente submissa e disponível ; Ele é o Senhor da história. Com efeito, mostra a sua onipotência paternal pela maneira que cuida das nossas necessidades (Mt 6,32). Por isso, nada é mais propício para sedimentar nossa fé e a nossa esperança do que a certeza profunda gravada no nosso coração que nada é impossível a Deus. (Lc 1,37)

"A fé católica é esta: que veneramos o único Deus na Trindade, e a Trindade na unidade, não confundindo as pessoas, nem separando a substância: pois uma é a pessoa do Pai, outra a do Filho, outra a do Espírito Santo; mas uma é a divindade do Pai, do Filho e do Espírito Santo; mas uma só é a divindade do Pai, do Filho e do Espírito Santo, igual a glória, co-eterna a majestade. ( Cat.266)"

Criador do céu e da terra... (Cat. 279 - 382)

Deus é a causa universal de todas as coisas, e não só cria a forma, mas também a matéria. Por isso fez todas as coisas do nada. recitamos no Credo essa verdade: criador do céu e da terra.

Há diferença entre criar e fazer? criar, é tirar do nada. Fazer, por sua vez, é produzir a partir de uma matéria pré-existente. Se Deus criou as coisas do nada, também pode refazê - las. Pode dar vista a um cego, ressuscitar um morto e fazer outros milagres. Diz a Escritura: O poder está a Vós submetido, quando quereis (Sab 12,18). Só Deus criou o universo, livre e direta. Nenhuma criatura tem o poder necessário para "criar" no sentido próprio da palavra, isto é produzir e dar o ser àquilo que não o tinha de modo algum.

O Símbolo da fé retoma estas palavras confessando Deus Pai todo -poderoso como "o Criador do céu e da terra" , "de todas as coisas visíveis e invisíveis" .

Existe um mundo sobrenatural que não podemos ver. Apenas O conhecemos por revelação divina, e mesmo assim, imperfeitamente. Sabemos que existem anjos, espíritos puros, sem corpo, que servem a Deus noite e dia, e que têm como missão o cuidado de cada um nós; há também anjos decaídos, inimigos de Deus e nossos. Temos um céu a ganhar, um inferno a evitar. Mas depois de nos revelar tudo isso, Deus poderia nos dizer : " Vocês terão muito tempo para contemplar todas estas coisas mais tarde."

Deus fez o céu e a terra para nós. Quer se trate de coisas presentes, quer de coisas futuras, diz São Paulo, " tudo é nosso". Vivemos rodeados pelas criaturas de Deus.

A profissão de fé do IV Concílio de Latrão afirma que Deus " criou conjuntamente, do nada, desde o início do tempo, ambas as criaturas, a espiritual e a corporal, isto é, os anjos e o mundo terrestre; em seguida, a criatura humana que tem algo de ambas por compor-se de espírito e de corpo" (DS 3002).

A hierarquia das criaturas é expressa pela ordem dos " seis " dias, que vai do menos ao mais perfeito. Deus ama todas as suas criaturas (Sl 145,9), cuida de cada uma, até mesmo os pássaros. Jesus diz: " Vós valeis mais do que muitos pássaros" (Lc 12,6 -7), ou ainda: " Um homem vale muito mais que uma ovelha" (Mt 12,12).

Deus criou o homem à sua imagem e semelhança, homem e mulher Ele os criou (Gn 1,27), nesta afirmação vamos encontrar dois aspectos importante:

- Deus é o Criador do homem e o criou por amor, criando-o capaz de degustar o Bem eterno.

- Criado a imagem e semelhança de Deus por estar dotado de inteligência e vontade.

Deus criou tudo para o homem, este porém, foi criado para servir e amar a Deus e para oferecer-lhe toda a criação. O homem foi criado por Deus e para Deus. (Cat 358). Por exemplo, quando " criamos " alguma coisa , ela passa a pertencer-nos. Deus nos possui: é para Ele que existimos; fazer sua vontade é algo que deve interessar-nos muito mais do que fazer nossa própria vontade.

A criação é o fundamento de "todos os desígnios salvíficos de Deus", "o começo da história da salvação" que culmina em Cristo. Desde o início, Deus tinha em vista a glória da nova criação em Cristo (Rm 8,18 - 23).

As criaturas existem para nos ajudarem a ter Deus perto de nós, para que, através delas, pensemos como o seu Autor deve ser grande, como deve ser poderoso e possuir uma beleza mais fascinante que o pôr-do-sol. As criaturas existem também, para nos tornarmos agradecidos por sua existência e beleza.

Tudo isto é verdade acerca das criaturas terrenas de Deus. Ele fez o céu e a terra. E não é só a terra que é nossa, também o céu é nosso, isto é, existe para que gozemos de suas maravilhas. Contamos já agora com a proteção dos anjos e com as preces de Nossa Senhora e dos Santos, porque somos filhos de Deus, para que possamos deixar para trás o purgatório e encontrarmos no céu o fim para o qual fomos realmente criados, a existência que verdadeiramente satisfaz todos os anseios da nossa natureza .




Creio em Jesus Cristo, Filho Único, Nosso Senhor

Não é somente necessário crerem os cristãos que existe um só Deus, e que Ele é Criador do céu, da terra e de todas as coisas, mas também é necessário crer que Deus é Pai e que Jesus Cristo é seu verdadeiro Filho. Esse mistério não é um mito, mas uma verdade certa e comprovada pela Palavra de Deus - II Ped 1,16 - 18.

O próprio Jesus Cristo muitas vezes chama a Deus como seu Pai e, também, denominava-se Filho de Deus. Os apóstolos e os Santos Padres colocaram entre os artigos de fé que Jesus Cristo é Filho de Deus, quando definiram este artigo do Credo: ... E em Jesus Cristo seu Filho, isto é, Filho de Deus.

Creio em Jesus Cristo ... (Cat 422 - 440)

A transmissão da fé cristã é primeiramente o anúncio de Jesus Cristo, para levar a fé nele. Desde o começo, os primeiros discípulos ardiam de desejo para anunciar a Cristo (At 4,20), e convidavam os homens de todos os tempos a entrarem na alegria da sua comunhão com Cristo ( I Jo 1,1 - 4).

Movidos pela graça do Espírito Santo e atraídos pelo Pai, cremos e confessamos acerca de Jesus: " Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo" ( Mt 16,16).

Quando pronunciamos de uma só vez as duas palavras Jesus Cristo, não podemos dizer como se formassem uma só . Ora, quando dizemos "Jesus Cristo" , não estamos empregando um modo rebuscado de nos referirmos a Nosso Senhor, pois podíamos muito simplesmente dizer "Jesus" ou "Cristo". Também não estamos procurando distingui-lo do famoso chefe israelita que conquistou a Palestina, cujo nome era igualmente Jesus, embora habitualmente lhe chamemos Josué. Não ; quando dizemos "Jesus Cristo" não nos limitamos a nomear Nosso Senhor; mas dizemos algo acerca dEle.

Jesus quer dizer, em hebraico : "Deus salva". No momento da Anunciação, o anjo Gabriel ao conceder- lhe o nome de Jesus, exprime sua identidade e missão (Lc 1,31). Uma vez que " só Deus pode perdoar os pecados" (Mc2,7), é ele que, em Jesus seu Filho eterno feito homem, "salvará o seu povo dos pecados" (Mt 1,21). Em Jesus, portanto, Deus recapitula toda a sua história de salvação em favor dos homens.

O nome Jesus significa que o próprio nome de Deus está presente na pessoa do seu Filho (At 5,41) feito homem para a redenção universal e definitiva dos pecados. É o único nome divino que traz a salvação (Jo 3,5), e agora pode ser invocado por todos, pois se uniu a todos os homens pela Encarnação (Rm 10,6 - 13), de sorte que "não existe debaixo do céu outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos" (At 4,12).

O nome de Jesus está no cerne da oração cristã. Todas as orações liturgicas, tem na sua estrutura a seguinte frase : __ por Nosso Senhor Jesus Cristo... . Numerosos cristãos, com Sta. Joana D’Arc, morrem tendo nos lábios apenas o nome de "Jesus".

Na realidade, "Cristo" não é um nome, mas um título. E as duas palavras __ "Jesus" e "Cristo" __ são verdadeiramente o centro do credo, porque no princípio quando os Apóstolos começaram a pregar a religião cristã, essas duas palavras continham toda a essência da sua mensagem. Os Apóstolos começaram a dizer a seus amigos judeus : "Jesus é o Cristo". E os seus amigos judeus sabiam o que eles queriam dizer com essas palavras.

Cristo vem da tradução grega do termo hebraico "Messias" que quer dizer "ungido". Só se torna o nome próprio de Jesus porque este leva à perfeição a missão divina. Esse devia ser por excelência o caso do Messias que Deus enviaria e seria anunciado pelos profetas, cuja a missão seria instaurar definitivamente o Reino de Deus (Sl.2,2). Este seria o Messias com a unção do Espírito Santo(Is.11,2) que ao mesmo tempo seria o Rei, o sacerdote e o Profeta (Zc.4,14;Is.61,1). Jesus realizou a esperança messiânica de Israel na sua tríplice função.

Filho Único de Deus (Cat. 441 - 445)

Filho de Deus, no Antigo Testamento, é um título dado aos: anjos (Dt 32,8; Jó 1,6), ao povo da eleição (Ex 4,22; Jr 3,19), aos filhos de Israel (Dt 14,1;Os 2,1) e aos seus reis (2Sm 7,14). Portanto, sua significação é: uma filiação adotiva que estabelece entre Deus e a sua criatura relações de uma intimidade especial.

Esta adoção, significa aceitação da parte de Iahweh, seu amor e proteção particulares, como também responsabilidades e obediência impostas a Israel. No Novo Testamento, o título é atribuído freqüentemente a Jesus. Este título é um meio pelo qual a Igreja primitiva expressava sua fé no caráter absolutamente único de Jesus. O uso do termo reflete a fé desenvolvida da Páscoa e de Pentecostes.

Estas passagens do Novo testamento, confirmam que Jesus usou deste termo em várias situações. Vejamos então:

- Mt 11,27; 21, 37-38 : Ele se designava como o "Filho que conhece o Pai".

- Mt 21, 34-36 : Jesus é diferente do "servos" que Deus enviou anteriormente a seu povo.

- Mt 24,36 : Jesus é superior aos próprios anjos.

- Mt 6,9 : Jesus manda rezar a oração que o Pai ensinou.

- Jo 20,17 : Jesus ressalta a distinção dEle e do Pai.

- Mt 4,3.6; Lc 4,3.9 : o objetivo da tentação de Jesus foi verificar se Ele era o Filho de Deus.

O nome Filho de Deus significa a relação única e eterna de Jesus Cristo com Deus seu Pai: Ele é o Filho Único do Pai (Jo 1,14) é o próprio Deus (Jo 1,1). Crer que Jesus Cristo é o Filho de Deus é necessário para ser cristão (I Jo 2,23).

O uso mais solene do título está na cena do batismo (Mt 3,17;Mc 1,11; Lc 3,22; Jo 1,34) e na transfiguração (Mt 17,5; Mc 9,7; Lc 9,35; 2Pd 1,17). No batismo o título vem do Pai que designa como seu "filho bem-amado". Na Transfiguração a voz do Pai ordenava que lhe desse ouvido como o novo Moisés, e os discípulos se prostraram diante do Mestre.

Somente no mistério pascal que podemos captar o alcance do título "Filho de Deus". É depois da Ressurreição que a filiação divina de Jesus aparece no poder da sua humanidade glorificada: "Estabelecido Filho de Deus com o poder por sua Ressurreição dos mortos" (Rm1,4). Os apóstolos poderão confessar: "Nós vimos a sua glória, glória que Ele tem junto ao Pai como Filho Único, cheio de graça e de verdade" (Jo1,14).

Nosso Senhor (Cat 446 - 451)

Por que dizemos "Nosso Senhor" quando queremos referir-nos ocasionalmente ao Filho encarnado de Deus ?

Vejamos a origem deste costume a partir do povo Judeu : os judeus tinham um nome para o seu Deus - chamavam-no Javé, segundo dizem os estudiosos. Mas cada vez mais se ia enraizando neles a convicção de que essa palavra evocava algo muito sagrado para poder falar em alta voz o nome de Deus. Por isso, sempre que se liam alto, substituíam-na pela palavra "Senhor", que era a palavra adequada para falar com um rei ou outras personalidades importantes; aliás, as mulheres só se dirigiam aos seus esposos dizendo "Senhor". É importante notar que para os judeus do A.T. e para os cristãos do N.T., a palavra "Senhor" se tornou comum e familiar.

Na versão grega dos livros do A.T., o nome inefável com o qual Deus de revelou a Moisés (Ex 3,14), Iahweh, é traduzido por "Kyrios" - "Senhor". Senhor, torna-se desde então o nome mais habitual para designar a própria divindade do Deus de Israel. É neste sentido forte que no N.T. utiliza o título de "Senhor" ao mesmo tempo para o Pai, mas também __ e aí está a novidade _ para Jesus reconhecido assim como o próprio Deus ( I Cor 2,8).

A versão latina apresenta o seguinte significado para a palavra "Senhor" :

"Dominus" ao pé da letra significa "dono de escravos". É essa a primeira imagem que a palavra sugeria aos primeiros cristãos, a de um Senhor que de fato os possuía. O mesmo era atribuído a Jesus. Ele nos possui, comprou-nos e, portanto, pertencemo-lhe. Este é o sentido que devemos compreender ao afirmar que acreditamos que Jesus Cristo é o nosso Senhor. Pertencemos ao Nosso Senhor, quer dizer, o nosso Dono, do mesmo modo que as ovelhas pertencem ao pastor. É por esta razão que trazemos em nós o seu sinal, o batismo. Nosso Senhor pôs em cada um a sua marca o sinal da cruz. Nem você nem eu podemos ver, porque pertence à ordem sobrenatural. É uma marca indelével nunca sai.

A história cristã e a Igreja testemunha a verdade do Senhorio de Jesus desde do princípio, sobre o mundo e sobre a história (Ap 11,15). Esta verdade significa também que o homem não deve submeter a sua liberdade pessoal, de maneira absoluta, a nenhum poder terrestre mas somente a Deus Pai e ao Senhor Jesus Cristo (Mc 12,17; At 5,29).

"A Igreja crê... que a chave, o centro e o fim de toda a história humana se encontra no seu Senhor e Mestre"(GS 10,2). E é por isso que a oração da Igreja peregrina é cheia de confiança e esperança ao proclamar "Maranatha" (vem Senhor ! ) (I Cor 16,22; Ap 22,20).

Concedido pelo poder do Espírito Santo (Cat. 456 - 489)

Não é somente necessário ao cristão acreditar que Jesus Cristo é o Filho de Deus, como falamos anteriormente , mas também convém crer na Sua Encarnação. Por isso, o Bem-aventurado João Batista nos insinua a Sua Encarnação, quando diz: E o Verbo se fez carne (Jo 1,14).

A missão do Espírito Santo está sempre conjugada e ordenada à do Filho (Jo 16,14 - 15). O Espírito Santo é enviado para santificar o seio da Virgem Maria e fecundá-la divinamente, ele que é "o Senhor que dá a Vida", fazendo com que ela conceba o Filho Eterno do Pai em uma humanidade proveniente da sua.

Jesus Cristo ao ser concedido como homem no seio de Maria, torna-se o "Cristo", o Filho Único de Deus Pai. Cristo é ungido pelo Espírito Santo (Mt 1,20) e toda a sua vida manifestará, portanto, " como Deus o ungiu com o Espírito e com poder" (At 10,38).

Voltando a afirmação de João : E o verbo se fez carne (Jo 1,14), podemos também lançarmos uma pergunta, que com certeza muitos gostariam de fazê - la: porque o verbo se fez carne?

O verbo se fez carne para:

- salvar-nos reconciliando-nos com Deus (I Jo 4,10 .14; I Jo 3,5)

- que assim conhecêssemos o amor de Deus (I Jo 4,9; Jo 3,16)

- ser nosso modelo de santidade (Mt 11,29; Jo 14,6; Jo 15,12)

- tornar-nos "participantes da natureza divina" (2 Pd 1,4)

A fé na Encarnação verdadeira do Filho de Deus é o sinal distintivo da fé cristã (I Jo 4,2). Esta é a alegre convicção da Igreja desde o seu começo, quando canta "o grande mistério da piedade" : "Ele foi manifestado na carne" (I Tim 3,16). A Encarnação é, portanto, o Mistério da admirável união da natureza divina e da natureza humana na única Pessoa do Verbo.

Jesus Cristo é verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, na unidade da sua Pessoa divina: por isso, Ele é o único mediador entre Deus e os homens.

A VIDA DE JESUS (Cat. 512 - 560)

Introdução

O nosso grande modelo de vida é a pessoa de Jesus e a sua própria maneira de viver. Não existe nada que possamos melhorar em seu plano de ação, tudo foi perfeito e progressivo, isto é, sua ação crescia progressivamente rumo a vontade de Deus. Tinha uma metodologia já definida, que devemos conhecer:

a. Sua missão: Salvar o homem todo e a todos os homens (Lc 4,1-19)

b. Sua meta : Instaurar o Reino (Mt 4,23)

c. Seu método: Formar discípulos (Mt 4,18 - 22)

  1. Traços de sua via :

Toda a vida de Cristo foi um contínuo ensinamento: seus silêncios, seus milagres, seus gestos, sua oração, seu amor ao homem, sua predileção pelos pequenos e pelos pobres, a aceitação do sacrifício total da Cruz pela redenção do mundo, sua Ressurreição constituem a atualização da sua palavra e o cumprimento da Revelação. Deste modo, pode-se dizer que a vida de Cristo é :

- Revelação do Pai : suas palavras, seu pensamento, sua maneira de ser, tudo revelava a presença do Pai nele (Jo 14,9; Lc 9,35; I Jo 4,9).

- Mistério de Redenção : este mistério está em toda a vida de Cristo, como ação : - na Encarnação, fazendo-se pobre nos enriquece com sua pobreza (2 Cor 8,9); - na sua vida oculta, que pela submissão, serve de reparação para nossa insubmissão (I Cor 15,21); - na sua palavra que purifica os seus ouvintes (Jo 15,3); - nas suas curas, pois olha para nossa fraqueza e leva nossas doenças (Mt 8,17; Is 53,4); - na sua Ressurreição, pela nossa justificação (Rm 4,25).

- mistério de Recapitulação : tudo que Jesus fez, disse e sofreu tinha por objetivo restabelecer o homem à sua vocação primeira que é a santidade (I Tes 4, 1-3).

  1. Etapas da vida de Jesus

a. seu nascimento e sua infância : Na manjedoura em Belém os pastores e os Reis adoram o Filho de Deus. Isto significa que nenhum homem pode atingir a Deus e mesmo na terra todos os joelhos se dobram para adora-lo e presta-lhe culto. (Mt 2,1 -12).

Com José e Maria, com seu exemplo de submissão a eles e pelo seu humilde trabalho, Jesus nos dá o exemplo da santidade na vida cotidiana na família e no trabalho (Lc 2, 41 -51).

b. a vida pública e o seu batismo : A vida pública de Jesus tem início com o seu Batismo no rio Jordão (Lc 3,23). O Batismo de Jesus é, da parte dele, aceitação e a inauguração da sua missão de Servo sofredor. No Batismo de Jesus, "abriram-se os Céus" (Mt 3,16),que o pecado de Adão havia fechado; e as águas santificadas pela presença do Espírito Santo.

c. A tentação no deserto : mostra Jesus, Messias humilde que triunfa sobre Satanás pela total adesão ao desígnio de salvação querido pelo Pai (Mt 4,1 -11).

d. A Igreja : o Reino dos Céus foi inaugurado na terra por Cristo. "Manifesta-se lucidamente aos homens na palavra, nas obras e na presença de Cristo. A Igreja é o germe e o começo deste Reino. As suas chaves são confiada a Pedro (Mt 16,18).

e. A Transfiguração : tem por finalidade fortificar a fé dos apóstolos em vista da Paixão : a subida à "elevada montanha" prepara a subida no Calvário, Cristo, cabeça da Igreja, manifesta o que seu corpo contém e irradia nos sacramentos : " a esperança da glória" (Cl 1,27).

f. A entrada em Jerusalém : manifesta a vinda do Reino que o Rei-Messias, acolhido na sua cidade pelas crianças e pelos humildes de coração, vai realizar através da Páscoa de sua Morte e Ressurreição (Lc 19,29 - 44).




Nasceu da Virgem Maria

MARIA E OS DOGMAS (Cat. 484 - 507)

Ao dizer o seu "Fiat" (faça-se) na anunciação é dado por Maria o seu consentimento ao mistério da Encarnação, ela ali já colabora para toda a obra que seu filho deverá realizar. Torna-se assim a Mãe em todos os domínios em que Ele é Salvador e Cabeça do Corpo Místico.


Seguem abaixo as quatro Verdades de Fé referentes a Virgem Maria:

A maternidade de Maria (Lc 1,35)

A anunciação a Maria inaugura a "plenitude dos tempos" (Gl 4,4), isto é, o cumprimento das promessas.

Maria é convidada a conceber aquele que habitará "corporalmente a plenitude da divindade" (Cl 2,9). O Espírito Santo é enviado para santificar o seio da virgem Maria e fecundá-la livremente, ele que é o "Senhor que dá a vida".

Quis o Pai das misericórdias que a Encarnação fosse precedida pela aceitação daquela que era predestinada a ser Mãe de seu Filho, para que assim "como uma mulher contribuiu para a morte, uma mulher também contribuísse para a vida". (LG 56, Is 7,10)

Este dogma da maternidade mostra a dignidade única de Maria. Ninguém recebeu, nem receberá semelhante dom. A ninguém foi confiada uma missão tão transcendente e nenhum redimido recebeu Deus uma resposta mais generosa e total. Neste momento, Maria entrega-se totalmente a pessoa e a obra de seu Filho, para servir na dependência dEle e com Ele, pela graça de Deus, ao plano de salvação.


Diz Santo Irineu : " Obedecendo, se fez causa de salvação. tanto para si como para todo o gênero humano".

Segundo o Dogma da maternidade divina, Maria é o lugar histórico no qual Deus se fez carne para habitar entre nós. Maria é sua verdadeira mãe, tanto no aspecto biológico como psicológico, isto é, ela é mãe não apenas da carne humana de Jesus, mas de toda a realidade de seu Filho, que tem duas naturezas (humana e divina), mas uma só pessoa (divina). Cristo é gestado em seu seio, dado à luz, alimentado e cuidado. Como toda criatura, é dependência total de sua mãe.

O Concílio de Calcedônia, em 451, afirma : " Todos ensinamos unanimemente que se deve confessar a um só e mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo,... gerado do Pai antes dos séculos quanto à divindade, e o mesmo, nos últimos dias, por nós e por nossa salvação, gerado da Virgem Maria, mãe de Deus quanto à humanidade".


A Imaculada Conceição

Maria é aquela em quem tudo foi antecipado e realizado em plenitude. Maria foi enriquecida por Deus com dons para tamanha função.(LG 56).

A declaração dogmática afirma que Maria foi preservada do pecado original desde o início de sua existência. Por uma graça especial de Deus, em virtude dos méritos de Cristo, Maria é a mulher pré-redimida. Em nenhum momento de sua vida é propriedade do demônio. Está rodeada do amor fiel de Deus, desde o começo de sua existência.

Ao privilégio de não ser manchada pelo pecado original, traz consigo de imediato, uma plenitude de graça, como anunciou o anjo ao saudá-la : Ave cheia de graça. Traz também consigo a plenitude da caridade, uma invasão do Espírito Santo na alma. Deste modo, convém esclarecer dois pontos sobre a Plenitude de graças :

a. A plenitude de graças em Maria é própria de uma criatura, e não é como a de Jesus, que é Deus-Filho. Em Jesus a plenitude está completa desde sempre. Em Maria a plenitude é limitada e crescente.

b. A plenitude de graças é uma realidade quantitativa e qualitativa, porque quanto maior, mais possibilita a união com Deus e a introdução na sua vida íntima.

Esse dogma possui uma significação eclesial. Se a Igreja é a comunidade que não só anuncia a salvação, mas que a opera realmente no meio do mundo, pode mostrar segurança, em um de seus membros, a Virgem Imaculada, o resultado acabado dessa obra. Ali se encontra o modelo de homem que a graça de Cristo produz. Maria é a primícia da humanidade redimida.


A Virgindade de Maria.

O dogma não se refere a pormenores do nascimento de Jesus e suas conseqüências físicas em Maria. Afirma positivamente que isso aconteceu sem que ela perdesse a integridade corporal, sinal externo de algo mais profundo : sua total consagração ao Senhor que opera maravilhas.

A virgindade de Maria manifesta a iniciativa absoluta de Deus na Encarnação. Jesus, o Novo Adão, inaugura pela sua concepção virginal o novo nascimento dos filhos de adoção no Espírito Santo pela fé (Lc 1,34).

Existem dois aspectos a serem apresentados a respeito da virgindade de Maria:

- Maria é virgem porque sua virgindade é o sinal da sua fé. É ela que lhe concede Tornar-se a Mãe do Salvador.

- Maria é ao mesmo tempo Virgem e Mãe por ser a figura e a mais perfeita realização da Igreja.

Assim, quando Deus fez de Maria a Mãe de Jesus, por pura graça, tornou Maria de certo modo participante de sua fecundidade em relação ao Filho. Ela tornou-se assim, participante também de sua relação com aqueles que se tornam filhos no Filho, ou seja, os Batizados , a Igreja.


A Assunção de Maria

Em 1o de novembro de 1950, Pio XII define solenemente do dogma : " Proclamamos e definimos ser dogma divinamente revelado: Que a Imaculada Mãe de Deus, sempre Virgem Maria, cumprindo o curso de sua vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial".

O dogma da Assunção não se centra no final da vida de Maria, mas em seu novo modo de existência. Agora ela existe em toda a sua realidade humana em corpo e alma num estado de glorificação plena, antecipando assim aquela situação dos justos depois da ressurreição final. O mais específico do dogma é, por conseguinte, a glorificação corporal antecipada.

A Igreja declara que Maria participou tão íntima e profundamente da obra de redenção, que lhe foi concedida, desde agora, aquela ressurreição final da carne prometida aos justos. O que para nós é objeto de esperança, para ela é realidade experienciada.

A assunção de Maria é sinal de que a graça não transforma somente o espírito, mas todo o ser humano.


Foi Crucificado, morto e Sepultado

O sofrimento e a morte de Jesus para nossa vida é uma grande vitória e devemos perceber que "nenhum sofrimento presente pode nos tirar a manifestação da glória de Deus", pois este acontecimento deve nos levar a ter sempre "nossas lâmpadas acesas a espera do nosso noivo" (Mt 25,1 - 13).


Introdução :Como é necessário aos cristãos acreditarem na Encarnação do Filho de Deus, assim também é necessário acreditarem na sua Paixão e Morte, porque, como disse S. Gregório, em nada nos teria sido útil o seu nascimento, se não favorecesse à Redenção. Esta verdade é tão extraordinária, que a nossa inteligência pode apenas apreendê-la, mas, de modo algum a inteligência e nem mesmo os nossos sentidos, poderão descobrir ou experimentá-la, assim é confirmado pelo Profeta Habacuc : Será feita uma obra em vossos dias que ninguém acreditará quando for narrada (Hab. 1,5).

A graça e o amor de Deus para conosco são tão grandes, que Ele faz por nós mais do que podemos compreender.

SOFRIMENTO E MORTE (Cat. 571 - 618)

Este é o início do sofrimento de Jesus: A agonia no Getsêmani . Jesus aceita o cálice da Nova Aliança que Ele mesmo antecipa na Ceia com os apóstolos (Lc 22,20) e que no Getsêmani recebe das mãos do Pai, tornando-se obediente até a morte (Mt 26,42; Fl 2,8). Jesus reconhece que a vontade do Pai deve ser feita, pois sua morte será redentora (I Pd 2,24).

E podemos perguntar : que necessidade havia o Verbo de Deus padecer por nós ? Por duas razões. Uma porque foi remédio para os nossos pecados, todos os males que contraímos pelo pecado, encontramos o remédio na Paixão de Cristo.; foi um exemplo para nossas ações.

1. A morte redentora de Jesus.

A morte de Jesus tem sua justificativa nos seguintes aspectos:

A) Deus tem a iniciativa de amor redentor universal : quando Deus manifesta a sua vontade de nos salvar, Ele o faz enviando seu Filho para morrer por nós. É a maneira que Deus encontra para demonstrar seu amor benevolente que antecede a qualquer mérito nosso (I Jo 4,10; Rm 5,8).

B) Morre pelos nossos pecados segundo as Escrituras: A morte redentora de Jesus cumpre em particular a profecia do Servo Sofredor (Is 53,7-8). E S. Paulo quando confessa a sua fé diz : "Cristo morreu pelos nossos pecados" (I Cor. 15,3).

C) Jesus se entrega ao desígnio determinado por Deus : A morte de Jesus não foi um acaso em decorrência das circunstância, mas fez parte do mistério do projeto de Deus, projeto salvífico, como explica S. Pedro aos judeus : "Ele foi entregue segundo o desígnio determinado e a presciência de Deus (At 2,23).

D) O Filho de Deus de fez pecado por causa de nós: os pecados dos homens, depois do pecado original, são sancionados pela morte (Rm 5,12). Ao enviar seu Filho na condição de escravo, Deus nos faz livres.

2. "O Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" (Cat.608)

No momento do Batismo de Jesus no rio Jordão, João Batista mostra "o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo"(Jo 1,29). Manifesta assim que Jesus é o servo sofredor que vai ao matadouro (Is 53,7) carreando os nossos pecados, e também o cordeiro pascal símbolo da redenção de Israel (Ex 12,3-14; Jo 19,36). Toda a sua vida de Cristo exprime a sua missão "Servir e dar a sua vida em resgate por muitos"(Mc 10,45).


3. A morte de Cristo é o sacrifício único e definitivo.

A morte de Cristo é o sacrifício da Nova Aliança (I Cor 11,15), portanto é definitivo. E também o sacrifício pascal que realiza a redenção definitiva dos homens "pelo cordeiro que tira o pecado do mundo"(Jo 1,29). Este sacrifício supera todos os outros sacrifícios, pois é o Pai que entrega seu Filho para reconciliar-nos consigo (I Jo 4,10) e ao mesmo tempo o Filho se faz oferenda como homem ao Pai livremente e por amor (Jo 15,13), oferece sua vida ao Pai pelo Espírito Santo(Hb 9,14),para reparar nossa desobediência.


4. Nossa participação no sacrifício de Cristo.

Jesus é "único mediador entre Deus e os homens"(I Tim 2,5), porque foi o único a nos reconciliar com o Pai pelo sacrifício da cruz. Jesus chama seus discípulos a "tomar sua cruz e a segui-lo"(Mt 16,24). A partir da sua Pessoa Divina Encarnada, "uniu a si mesmo todo o homem" (GS 22,2), deste modo "oferece a todo o homem, de uma forma que Deus conhece, a possibilidade de serem associados ao Mistério Pascal"(GS 22,5). Jesus quer associar o sacrifício redentor aqueles mesmos que são os primeiros beneficiários dele(Mc10,39; Jo 21,18-19; Cl1,24) e a primeira pessoa a participar deste benefício é sua Mãe Maria (Lc2,35).

Fora da cruz não existe outra escada por onde subir ao céu. ( S. Rosa de Lima, Vita mirabilis Louvain, 1668).



Ressuscitou ao Terceiro Dia


“Por que procurais Aquele que vive entre os mortos ? Ele não está aqui; ressuscitou” (Lc 24,5-6). No quadro dos acontecimentos da Páscoa, o primeiro elemento com que se depara é o sepulcro vazio. Ele não constitui em si uma prova direta. A ausência do corpo de Cristo no túmulo poderia explicar-se de outra forma (Jo 20,13;Mt 28,11-15). Apesar disso, o sepulcro vazio constitui para todos um sinal essencial. A sua descoberta pelos discípulos foi o primeiro passo rumo ao reconhecimento do fato da Ressurreição.

Maria de Mágdala e santas mulheres que vinham terminar de embalsamar o corpo de Jesus (Mc 16,1,Lc24,1), foram as primeiras a encontrar o Ressuscitado, assim as mulheres foram as primeiras mensageiras da Ressurreição de Cristo para os apóstolos (Lc 24,9-10).

Jesus ressuscitado tem com seus discípulos relações diretas, no momento em que aparece a eles. Os discípulos o apalpam e com Ele comem (Jo 20,27;Jo 21,9.13-15). Jesus convida-os com isto a reconhecer que Ele não é um espírito, mas sobretudo a perceberem que o corpo ressuscitado é o mesmo que foi martirizado, pois traz ainda as marcas da sua Paixão (Lc 24,40). A grande diferença que Jesus quer mostrar é que o seu corpo autêntico possui propriedades novas de corpo glorioso e não está mais situado no espaço e no tempo, mas pode tornar-se presente a seu modo (Mt 28,9.16-17), pois a sua humanidade não está presa à terra, mas pertence ao domínio do Pai (Jo20,17).


Aspectos que diferenciam a Ressurreição de Jesus

Lemos no Evangelho que muitos ressuscitaram do mortos, com Lázaro, o filho da viúva e a filha do Chefe da Sinagoga. Mas a Ressurreição de Jesus difere das outras, poderíamos citar em especial quatro aspectos:

a. Primeiro, devido à causa da ressurreição, porque os outros que ressuscitaram, não ressuscitaram por próprio poder, mas pelo poder de Cristo ou das orações de algum santo. Cristo ressuscitou por próprio poder, porque não era apenas homem, mas também Deus, e a divindade do Verbo jamais se separou nem de sua alma, nem de seu corpo. Por isso, o corpo reassumiu a alma e a alma o corpo, quando queria. Assim se confirma em Jo 10,18 “Tenho poder para entregar a minha alma, bem como para a reassumir”.

b. Difere, em segundo lugar, devido à vida que fora ressuscitada. Cristo ressuscitou para a vida gloriosa e incorruptível, conforme se lê na aos Romanos: “Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai”. Os outros, para a mesma vida que antes possuíam, como se verificou em Lázaro e nos outros ressuscitados.

c. Difere ainda a Ressurreição de Cristo da dos outros quanto à sua eficácia e quanto ao seu futuro, porque foi em virtude daquela que todos ressuscitaram, assim confirma-se em Mt 27,52 : Muitos corpos dos Santos que dormiam ressuscitaram. E também em I Cor 15,20 : Cristo ressurgiu dos mortos, primícia dos que dormem.

d. A quarta, diferença é relativa ao tempo, porque a ressurreição dos outros foi retardada para o fim dos tempos, a não ser que tenha sido concedida por privilégio, como a da Virgem Santa. Cristo, porém, ressuscitou ao terceiro dia porque a sua Ressurreição e Morte realizaram-se para a nossa salvação, e Ele, portanto, só quis ressurgir quando fosse vantajoso para a nossa salvação. Ora, se ressuscitasse imediatamente após a morte, não se acreditaria que Ele tivesse morrido. Se fosse demasiadamente protelada a ressurreição, os discípulos não perseverariam na fé, e nenhuma utilidade teria a sua Paixão, com confirma a Sl 29,10 : "Que utilidade haveria em ter eu derramado o sangue, se desci ao lugar da corrupção ?"

Sentido e alcance salvífico da Ressurreição

A Ressurreição de Cristo constitui antes de tudo a confirmação de tudo o que o próprio Cristo fez e ensinou. Ela é o cumprimento da promessas do A.T. (Lc 24,26-27) e do próprio Jesus durante sua vida terrestre (Mt 28,6). A verdade da divindade de Jesus é confirmada pela Ressurreição (Jo 8,28).

A Partir da morte de Jesus, libertamos-nos do pecado, e a partir da Ressurreição, Jesus abre as portas de uma nova vida para nós. Esta é a primeira justificação que nos restitui a graça de Deus (Rm 4,25). A vitória sobre a morte do pecado consiste na nova participação na graça (Ef 2,4-5). Ela realiza a adoção filial, pois os homens se tornam irmãos de Cristo (Mt 28,10; Jo 20,17).

O Cristo ressuscitado vive no coração dos seus fiéis. Nele os cristãos “saboreiam o dom celeste” (Hb 6,5) e sua vida é atraída por Cristo ao seio da vida divina (Cl 3,1-3) a “fim de que não vivam mais para si mesmo mas para aquele que morreu e ressuscitou por eles” (Cor 5,15).




Subiu aos Céus e está sentado à Direita de Deus de onde há de vir

(Cat 659 - 664)



Ascensão de Jesus



“E o Senhor Jesus, depois de ter-lhes falado, foi arrebatado ao Céu e sentou-se à direita de Deus Pai” (Mc 16,19). O corpo de Jesus foi glorificado desde o momento da Ressurreição e recebe agora propriedade novas sobrenaturais que irá desfrutar em caráter definitivo (Lc 24,31; Jo 20,19.26). Só aquele que “saiu do Pai” pode “retornar ao Pai”: Cristo (Jo 16,28).

A elevação da Cruz significa e anuncia a elevação da Ascensão ao céu (Jo 12,23). Jesus Cristo , o único Sacerdote da nova e eterna aliança, não “entrou em um santuário feito por mão de homem ... e sim do próprio céu, a fim de comparecer agora diante da face de Deus a nosso favor” (Hb 9,24).

Jesus Cristo, Cabeça da Igreja, nos precede no Reino de glorioso do Pai para que nós, membros de seu Corpo, vivamos na esperança de entrarmos um dia eternamente com Ele. Tendo entrado uma vez por todas no santuário do céu, Jesus Cristo intercede sem cessar por nós como mediador que nos garante permanentemente a efusão do Espírito Santo.

A segunda vinda de Jesus ou parusia (Cat 668 - 679)

A partir da Ascensão, o Advento de Cristo na glória que poderá acontecer em breve (Ap 22,20), embora não nos “caiba conhecer os tempos e os momentos que o Pai fixou com sua própria autoridade” (At 1,7). Este acontecimento escatológico pode ocorrer a qualquer momento (Mt 24,44; I Ts 5,2).

A fé ensina que a história deste mundo caminha para a sua consumação, quando Jesus virá “rematar” a obra que iniciou em sua primeira vinda. A volta glorioso de Cristo constitui a mensagem que norteia a vida dos cristãos. A Parusia do Senhor deve marcar as atitudes do cristão neste mundo. O Reino de Deus já começou, mas com ele subsistem ainda resquícios do “reino de Satanás” e do Mistério da Iniquidade (2Tes 2,7). O cristão tem dentro de si o Reino de Deus, mas traz este tesouro guardado em “vaso de argila”, pois ainda precisa ver “joio no meio do trigo” e aguarda com uma atitude heróica o dia da consumação, para presenciar a “eliminação do joio”.

A Igreja só entrará na glória do Reino através da sua última Páscoa, em que seguirá seu Senhor na sua Morte e Ressurreição (Ap 19,1-9). O Reino de Deus se realizará pela vitória de Deus sobre todo desencadeamento último do mal (Ap 20,7-10) que fará a sua esposa ( a Igreja gloriosa) descer do céu (Ap 21,2-4).

Ao vir no fim dos tempos julgar os vivos e os mortos, Cristo glorioso revelará a disposição secreta dos corações e retribuirá a cada um segundo suas obras e segundo tiver acolhido ou rejeitado.




CREIO NO ESPÍRITO SANTO



(CAT. 683 - 741)


" Ninguém pode dizer : ‘Jesus é o Senhor’ a não ser no Espírito Santo (I Cor 12,3). Crer no Espírito Santo é, pois professar que o Espírito Santo é uma das Pessoas da Santíssima Trindade, que procede do Pai e do Filho, " e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado". O Espírito está em ação com o Pai e o Filho do início até a consumação do Projeto da nossa salvação.

Vejamos algumas afirmações porque o Espírito Santo não é uma criatura, mas Deus:

- O Espírito Santo é o Senhor, como podemos ler em Jo 4,24 O Espírito é Deus, e é confirmado por S. Paulo : O Senhor é o Espírito (2 Cor 3,17), que acrescentou logo em conclusão : Onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade. Por isso, o Espírito nos faz amar a Deus e liberta-nos do amor ao mundo.


- O Espírito Santo nos une a Deus por amor, porque Ele é o amor de Deus, e, consequentemente, nos vivifica (Jo 6,64).


- O Espírito Santo tem a mesma natureza que o Pai e o Filho :como o Filho é o Verbo do Pai, assim também o Espírito Santo é o amor do Pai e do Filho. Vê-se daí que o Espírito Santo não é criatura.


- O Espírito Santo é igual a Deus, porque os santos profetas falaram por Deus. Ora, é evidente que se o Espírito Santo não fosse Deus, não teria dito os profetas falaram por Ele, assim fala o Profeta Isaías : O Senhor meu Deus e seu Espírito me enviaram (Is 48,16).


A Missão conjunta do Filho e do Espírito.


Quando o Pai envia seu Verbo, envia o seu sopro : missão conjunta em que o Filho e o Espírito Santo são distintos, mas inseparáveis.

Jesus é Cristo, "ungido", porque o Espírito é a unção dele e tudo o que advém a partir da Encarnação decorre desta plenitude (Jo 3,34). Jesus anuncia que enviará o "outro Paráclito" (Jo 14,16) e no momento da sua glorificação e junto ao Pai, pode enviar o Espírito Santo aos que crêem nele e comunica-lhes a sua glória (Jo 17,22). A missão conjunta se desdobrará então nos filhos adotados pelo Pai no Corpo de seu Filho : a missão do Espírito de adoção será uni-los a Cristo e fazê-los viver nele.

Os frutos que provém do Espírito Santo para nós


- Ele nos purifica do pecado (Sb 11,25; Sl. 103,30).


- Ele ilumina a nossa inteligência (Jo 14,25; I Jo 2,27)


- O Espírito Santo nos ensina a observar os mandamentos (Jo 24,23; Ez 36,26).


- Ele confirmará em nós a esperança da vida eterna, já que o Espírito Santo é o penhor da herança (Ef 1,14; Gal 4,6)


- O Espírito Santo nos aconselha em nossas dúvidas e nos ensina qual seja a vontade de Deus (Ap 2,7; Is 50,4).


Denominações do Espírito Santo:

- Espírito da promessa (Gl 3,14; Ef 1,13)

- Espírito de adoção (Rm 8,15; Gl 4,6)

- Espírito de Cristo (Rm 8,11)

- Espírito do Senhor (2 Cor 3,17)

- Espírito de Deus (Rm 8,9.14); 15,19; I Cor 6,11; 7,40)

- Espírito de glória (I Pd 4,14)


Símbolos do Espírito Santo:

- água : significativo da ação do Espírito Santo no Batismo, depois da invocação da presença do Espírito ela se torna um sinal sacramental (I Cor 12,13).

- a unção : o simbolismo da unção com óleo também é significativo do Espírito Santo. Na inicial cristã ela é o sinal sacramental da confirmação

- o fogo : enquanto a água significa o nascimento e a fecundidade da vida dada no Espírito, o fogo simboliza a energia transformadora dos atos do Espírito Santo (Eclo 48,1)

- a nuvem e a luz : são símbolos inseparáveis nas manifestações do Espírito Santo

- com Maria no nascimento de Jesus (Lc 1,35) - sombra, poder do Alto

- na Transfiguração (Mt 9,2-9) - nuvem

- Na ascensão (At 1,9) - nuvem

- o selo: Por indicar o efeito indelével da unção do Espírito Santo nos sacramentos do batismo, da confirmação e da ordem, a imagem do selo tem sido utilizada para exprimir o "caráter" indestrutível impresso por estes três sacramentos que não podem ser reiterados (Jo 6,27; Ef 1,13)


- a mão : é impondo as mãos que Jesus cura os doentes (Mc 6,5) e abençoa as criancinhas (Mc 10,16).

- o dedo : " É pelo dedo de Deus que (Jesus) expulsa os demônios" (Lc 11,20). O hino "Veni Creator Spiritus (Vem, Espírito Santo) invoca o Espírito Santo como "dedo da direita paterna".

- a pomba: quando Cristo volta a subir da água do seu batismo, o Espírito Santo, em forma de uma pomba, desce sobre Ele e permanece (Mt 3,16).


O espírito Santo e a Igreja nos últimos tempos.


No dia de Pentecostes, a páscoa de Cristo se realiza na efusão do Espírito Santo que é manifestado. Neste dia também é revelada plenamente a Santíssima Trindade. A partir deste, o Reino anunciado por Cristo está aberto aos que crêem nele; na humildade da carne e na fé, eles participam já da Comunhão da Santíssima Trindade.


Pela vinda do Espírito Santo que não cessa de se renovar na Igreja e no mundo, o Espírito faz com que entrem nos "últimos tempos" , o tempo da Igreja, o Reino já recebido em herança, mas ainda não consumado (At 2,36).


O Espírito Santo que Cristo, a Cabeça, derrama nos seus membros, constrói, anima e santifica a Igreja. Ela é o sacramento da Comunhão da Santíssima Trindade e dos homens.


Creio na Santa Igreja Católica
- Una, Santa, Católica e Apostólica -

(Cat. 748 - 865)

Vemos aqui as características da Igreja Católica, a fim de compreendermos o seu papel no plano de Deus, no mundo e na nossa vida. Ressaltando que a Igreja como dizem os Santos Padres, " ... é o lugar onde floresce o Espírito" (S. Hipólito).

Introdução

Crer que a Igreja é "santa" e "católica", e que ela é "una e "apostólica", é inseparável da fé em Deus Pai, Filho e Espírito Santo.

A palavra " Igreja", do grego "ekklesia" significa "convocação". Designa assembléias do povo (At 19,39), geralmente de caráter religioso. Ao denominar-se "Igreja", a primeira comunidade dos que criam em Cristo se reconhece herdeira dessa assembléia. Nela Deus "convoca" seu Povo de todos os confins da terra.

Quando Jesus disse a Pedro : "Tu és Pedra, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja", estava fazendo o mesmo que Deus tinha feito ao chamar o seu povo do Egito. Moisés tinha fundado uma Igreja, a de Israel. Agora Jesus fundava sua . Referia-se a ela quando dizia "a minha Igreja". Também Ele iria ter um grupo escolhido de pessoas que o servissem e o representassem, e a este grupo escolhido pertencemos todos nós.

Igreja é Una

A Igreja é una pela sua fonte : "... o modelo supremo e o princípio é a unidade de um só Deus na Trindade de Pessoas".

A Igreja é una pelo seu Fundador : " Jesus, o Filho de Deus estabelece a união de todos com Deus, fazendo a união em um só Povo, em um só Corpo" (GS 78).

A Igreja é una pela sua alma : " O Espírito que habita o coração dos que crêem, realiza esta admirável comunhão dos fiéis e os une a Cristo, que é princípio da unidade"

Segundo S. Tomás de Aquino, a unidade da Igreja é resultante de três aspectos:

a. Primeiro, da unidade de fé. Todos os cristãos que estão no corpo da Igreja crêem nas mesmas verdades (I Cor 1,10; Ef4,5).

b. Segundo, da Unidade de esperança. Porque todos firmam-se numa só esperança de alcançar a vida eterna (Ef 4,4) .

c. Terceiro, da unidade de caridade, porque todos estão congregados, no amor de Deus, e, entre si, pelo mútuo amor (Jo 17,22).

Contudo, na unidade do povo de Deus se congregam as diversidades dos povos, e das culturas. A grande riqueza desta diversidade não se opõe à unidade da Igreja. O que ameaça o dom da unidade é o pecado e suas conseqüências. Assim o apóstolo deve lutar para "conservar a unidade e a paz" (Ef 4,3).

Quais são os vínculos da Unidade?

Sobre tudo isto, está a caridade, que é o vinculo da perfeição. Mas a unidade da Igreja peregrina é assegurada por vínculos visíveis de comunhão:

- a profissão de uma única fé recebida pelos apóstolos;

- a celebração comum do culto divino, sobretudo os sacramentos;

- a sucessão apostólica, através do sacramento da ordem;

E quais os pontos que ferem a unidade ?

As rupturas que ferem a unidade do Corpo de Cristo, distinguem-se na heresia, a apostasia e o cisma, e não acontecem sem os pecados dos homens.

A caminho da Unidade

Jesus Cristo dá a Igreja o dom da unidade, mas esta por sua vez deve sempre orar e trabalhar para manter, reforçar e aperfeiçoar a unidade com Cristo, pois é a sua vontade para a Igreja, conforme diz Jo 17,21 : " ... que todos sejam um. Como Tu, Pai, estás em mim e Eu em TI, que eles estejam em nós, a fim de que o mundo creia que tu me enviaste".

Para responder a este apelo de forma correta e mantê-lo adequadamente, exige-se os seguintes requisitos:

a. uma renovação: Uma renovação permanente da Igreja em uma fidelidade maior à sua vocação.

b. a conversão do coração: Com o objetivo de viver mais puramente segundo o Evangelho.

c. a oração em comum: A alma do movimento ecumênico são as orações públicas e particulares, dentro do conjunto da conversão do coração e da santidade de vida.

d. O conhecimento fraterno mútuo.

e. a formação ecumênica dos fiéis.

f. a colaboração entre cristãos nos diversos campos do serviço aos homens.


A Igreja é santa

A Igreja unida a Cristo, é santificada por Ele; para Ele e Nele torna-se também santicante. Todas as obras realizadas no seio da Igreja tem como objetivo " a santificação dos homens em Cristo e à glorificação de Deus" (SC 10).

É na Igreja que Jesus deposita " a plenitude dos

meios de salvação" é nela que "adquirimos a santidade pela graça de Deus".

Temos na virtude da caridade o ponto chave da santidade. Ela "rege, informa e conduz ao fim todos os meios de santificação". E podemos dizer que a caridade é a alma da santidade e que todos nós somos chamados a vivê-la.

S. Tomás de Aquino apresenta três motivos onde os fiéis são santificados na Igreja :

1. Porque assim como a Igreja é consagrada e materialmente lavada, os fiéis são também purificados pelo sangue de Cristo, conforme se lê: "Amou-vos e lavou- vos dos pecados no seu sangue (Ap 1,5 ; Hb 13,12).

2. Devido à unção. Assim como a Igreja é ungida, os fiéis também o são, mediante a unção espiritual, para serem santificados. Se não tivessem sido ungidos, não poderiam ser chamados de cristãos, porque Cristo quer dizer ungido.

3. Devido à habitação da Trindade, porque onde quer que Deus habite, este lugar é santo (Gn 28,10;Sl 42,5).

A Parábola do Agricultor

Diz a parábola do agricultor, que semeou boa semente no seu campo, e depois, de noite, veio o inimigo e semeou joio entre o trigo, de tal maneira que ficou uma grande mistura. Enquanto o trigo ainda estava pequeno, os servos quiseram tirar as ervas daninhas, mas o agricultor respondeu: "Não! Seria perca de tempo. O que deve ser feito é esperar até a ceifa, juntar e depois fazer a separação".

Igreja de Cristo na terra não é formada exatamente pelas mesmas pessoas que formam a Igreja de Cristo no céu. A Igreja de Cristo no céu estará cem por cento salva. A Igreja na terra, usando uma comparação do Senhor é um alforje com as coisas novas e velhas, E, contudo é referindo-se a esse mesmo alforje que afirmamos "Creio que a Igreja Católica é santa".

É bom nos lembrarmos que para influenciarmos as pessoas fora e dentro da Igreja, só há um modo de o fazermos : sermos santos!

Não podemos cair na tentação de acharmos que estando na Igreja, devemos nos limitar a sermos passageiros, dizendo : "não tenho que me dar ao trabalho de ser melhor". E quando dizemos : "creio na santa Igreja Católica", afirmamos entre outras coisas que "Creio que a santidade é uma coisa boa, e que a santidade é uma coisa boa para mim".


A Igreja é Católica

"Católico" significa "universal" no sentido de segundo a totalidade ou "segundo a integralidade". A Igreja é católica em duplo sentido :

a. Ela é Católica porque Cristo está presente. "Onde está Cristo, está a Igreja ". (Santo Inácio de Antioquia). Cristo está presente na Igreja através do seu corpo e recebe dEle a "plenitude dos meios de salvação" . A Igreja era católica no dia de Pentecostes e continuará sendo até a Parusia.

b. Ela é católica porque é enviada em missão por Cristo à universalidade do gênero humano. (Mt 28,19)

Quem pertence à Igreja Católica ?

Todos os homens são chamados a participarem da unidade do Povo de Deus. Todos que são chamados à salvação pela graça de Deus são pertencentes a Igreja.

Contudo, de forma plena são incorporados a Igreja Católica os que recebem o Espírito Santo, aceitando, submetendo-se e crendo nos seguintes pontos:

- Na totalidade de sua organização.

- Nos meios de salvação nela instituídos.

- Na sua estrutura visível regida por Cristo através do Sumo Pontífice.

- Na Profissão de Fé vinculado a Jesus.

- Nos sacramentos.

- E na comunhão eclesiástica.

A constituição Dogmática sobre a Igreja - Lumen Gentium acrescenta ainda este ponto : " Não se salva, embora esteja incorporado à Igreja, aquele que não preservando na caridade, permanece dentro da Igreja ‘com o corpo’, mas não ‘com o coração’ (LG 14).

S. Tomás justifica a universalidade da Igreja

(Cat. 748 - 865)

A Igreja é católica, isto é, universal, por três motivo :

a. O primeiro motivo refere-se ao lugar, porque ela está espalhada por todo o mundo (Mc 16,15; Rm 1,8).

b. A Igreja é Universal, em segundo lugar, devido à condição dos homens que dela fazem parte, porque nenhum deles é rejeitado (Gal 3,28).

c. A Igreja é universal com relação ao tempo , alguns disseram que a Igreja deveria perdurar somente por determinado tempo. Mas isso é falso. Esta Igreja começou no tempo de Abel e durará até o fim dos séculos (Mt 28,20). A Igreja é constituída por três partes : uma, na terra; outra, no céu e a terceira no purgatório. Mas após a consumação dos séculos ela permanecerá no céu.

A Igreja é Apostólica

A Igreja é apostólica por ser fundada sobre os apóstolos e isto em tríplice sentido :

a. Ela foi e continua sobre o "fundamento dos apóstolos" (Ef 2,20; At 21,14), testemunhas escolhidas e enviadas em missão pelo próprio Cristo (At 1,8).

b. Ela conserva e transmite com a ajuda do Espírito Santo que nela habita, o ensinamento (At 2,42), palavras ouvidas da boca dos apóstolos ( 2 Tim 1,13 -14).

c. Ela continua a ser ensinada, santificada e dirigida pelos apóstolos, até a volta de Cristo, graças a sucessão apostólica.

Toda a Igreja é apostólica na medida em que através do sucessores de S. Pedro e dos Apóstolos, permanece em comunhão de fé e de vida. Ela é indestrutível ( Mt 16,18), é infalivelmente mantida na verdade.



Creio na Comunhão dos Santos

(Cat 946 - 959)

"Somos todos membros uns dos outros" (Rm 12,5)

Todos os fiéis formam um só corpo em Cristo Jesus. O bem de um comunica-se ao outro. Por isso, entre os artigos da fé proposto pelos Apóstolos, há este referente à comunhão dos bens entre os fiéis, que se chama Comunhão dos Santos.

O termo "comunhão dos santos" tem, pois dois significados intimamente interligados:

a. " Comunhão NAS coisas santas (Sancta)" - esta expressão designa primeiro as coisas santas e antes de tudo a Eucaristia, pela qual " é representa e realizada a unidade dos fiéis que em Cristo formam um só corpo" (LG 51)

b. "Comunhão ENTRE as pessoas santas (Sancti)" - designa as "pessoas santas", de sorte que aquilo que cada um faz ou sofre em Cristo e por Ele, produz fruto para todos.


A comunhão do bens espirituais

Na comunidade primitiva os apóstolos viviam plenamente a comunhão dos bens espirituais (At 2,42) nos seguintes aspectos :

- a comunhão da fé : a fé que a Igreja recebeu dos apóstolos tornou-se um "tesouro devida" que é compartilhado.

- a comunhão dos sacramentos : A comunhão dos santos é a comunhão operada pelos sacramentos, pois todos eles nos unem a Cristo.

- a comunhão dos carismas : "Cada um recebe o dom de manifestar o Espírito para a utilidade de todos" (I Cor 12,7)

- a comunhão da caridade : " A caridade não procura os seus próprios interesses" (I Cor 13,5). O menor dos nossos atos praticado na caridade irradia em benefício de todos, nesta solidariedade como todos os homens, vivos ou mortos, que se funda na comunhão dos santos.

ATENÇÃO !

TODO PECADO PREJUDICA ESTA COMUNHÃO.


A intercessão dos santos

" Os santos não deixam de interceder por nós, junto ao Pai, pois estão intimamente ligados a Cristo no céu e consolidam com mais firmeza na santidade toda a Igreja. As suas orações apresentam os méritos que alcançamos na terra pelo único mediador de Deus e dos Homens. Deste modo, pela fraterna solicitude deles, a nossa fraqueza recebe o mais valioso auxílio" . (LG 49)


A comunhão com os santos

" Veneramos a memória dos habitantes do céu não somente a título de exemplo; fazemo-lo ainda mais para confirmar a união de toda a Igreja no Espírito pelo exercício da caridade fraterna". (LG 49)


A comunhão com os falecidos

"... e já que é um pensamento santo e salutar rezar pelos defuntos para que sejam perdoados de seus pecados" (2 Mc 12,46). A nossa oração por eles pode não somente ajudá-los, mas também tornar eficaz a sua intercessão por nós.


Creio na Remissão dos Pecados

(Cat. 976 - 983)

Vemos aqui a misericórdia de Deus através da remissão dos nossos pecados, levando em consideração o poder dado a Igreja por Jesus para ministrar o perdão e reconciliação sobre nossas vidas.

Introdução

Quando Jesus enviou o Espírito Santo aos seus discípulos, lhes conferiu o seu próprio poder divino de perdoar os pecado: " Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoares os pecados, lhes serão perdoados; aqueles a quem os retiveres, lhes serão retidos" (Jo20,22 -23).

1. O pecado.

O pecado é uma falta contra a razão, a verdade. A consciência reta, uma falta ao amor verdadeiro, para com Deus e para com o próximo. O pecado, é portanto, "amor a si mesmo até ao desprezo de Deus".

Segundo S. Tómas de Aquino, com o pecado contraímos cinco males:

1. O primeiro, é a própria mancha do pecado. Quando um homem peca, mancha a sua alma, porque, como a virtude a embeleza, o pecado a enfea.

2. O segundo mal que contraímos pelo pecado é nos tornarmos objeto da aversão de Deus. (Sab 14,9)

3. O terceiro mal é a fraqueza. O homem pecando pela primeira vez, pensa que depois pode abster-se do pecado. Acontece porém, o contrário : debilita-se pelo primeiro pecado e fica propenso para pecar mais. O pecado vai dominando cada vez mais o homem, e este, por si mesmo, coloca-se em tal estado que não pode mais se levantar. É como alguém que cai num poço. Só pode sair dele pela força divina.

4. O quarto mal é a obrigação que temos de cumprir a pena do pecado. A justiça de Deus exige que o pecado seja punido, e a pena é medida pela culpa.

5. O quinto mal contraído pelo pecado foi nos exilarmos do Reino do Céu. O homem foi afastado do paraíso por causa do pecado.

E não podemos esquecer que a Paixão de Cristo tem uma repercursão tamanha que se torna o remédio eficaz para combater todo o pecado.

2. A gravidade do Pecado (Cat 1854)

Convém avaliar os pecados segundo a sua gravidade. A distinção entre pecado mortal e pecado venial se impôs na tradição da Igreja :

- Pecado mortal : acarreta a perda da caridade e a privação da graça santificante, isto é, do estado de graça. Se este estado não for recuperado mediante o arrependimento e o perdão de Deus, causa a exclusão do Reino de Cristo e a morte eterna no inferno, já que nossa liberdade tem o poder de fazer opções.

Este pecado requer pleno conhecimento e consentimento, caracterizando matéria grave.

- Pecado venial : enfraquece a caridade. Traduz uma afeição desordenada pelos bens criados, impede o progresso da alma no exercício das virtudes, contudo sobre a privação total da graça. É humanamente reparável com a graça de Deus.

Este pecado realizado de forma deliberado e que fica sem arrependimento dispõe-nos pouco a pouco a cometer o pecado mortal.

3. Um só Batismo para o perdão dos pecados.

Jesus ligou o perdão dos pecados à fé e ao Batismo: "Ide por tudo o mundo e proclamai o Evangelho a toda a criatura. Aquele for batizado será salvo" (Mc 16,15 -16).

O Batismo é o primeiro sacramento do perdão, porque nos une a Cristo morto pelos nossos pecados, ressuscitado para a nossa justificação (Rm 4,25). Quando recebemos o santo Batismo somos purificados de forma plena e completa recebemos o perdão, que apaga desde o pecado original até os pecados cometido pela nossa própria vontade. O batismo, porém, não nos livra das fraquezas que são conseqüências do pecado, mas torna-se um escudo e uma fortaleza para combatê-las.

4. O poder de ligar e desligar (Mt 16,18)

Depois da Ressurreição, Jesus enviou os apóstolos para "anunciar as nações o arrependimento em seu Nome em vista da remissão dos pecados" (Lc 24,47).

E quando Jesus deu a Pedro o poder de ligar e desligar as coisas do céu às coisas da terra (Mt 16,18), Ele determinava que a Igreja ia exercer em seu Nome o sacramento da reconciliação. Deste modo, os apóstolos e seus sucessores não só anunciavam aos homens o perdão de Deus e nem só os chamava à conversão, mas comunicava-lhes a misericórdia de Deus.

E Sto. Agostinho confirma dizendo : A Igreja recebeu as chaves do Reino dos Céus para que se opere nela a remissão dos pecados pelo sangue de Cristo e pela ação do Espírito Santo. É nesta Igreja que a alma revive, ela que estava morta pelos pecados, a fim de viver com Cristo, cuja graça nos salvou.

Por isso , não há pecado algum, por mais grave que seja, que a Santa Igreja não possa perdoar. (Mt 18, 21 - 22).



CREIO NA RESSURREIÇÃO DA CARNE

INTRODUÇÃO

Chamamos de "novíssimos" aos acontecimentos finais que se referem ao ser humano, de modo individual (a morte, o juízo particular, o purgatório, o céu ou o inferno) e de modo coletivo (Ressurreição dos mortos, segunda vinda de Cristo, Juízo final).

1. MORRER EM CRISTO (CAT 1005 A 1020)

Ensina o Catecismo da Igreja Católica que, para ressuscitar com Cristo, é preciso “deixar a mansão deste corpo”(II Cor 5,8). Considerando apenas o aspecto científico, a morte pode ser definida como a separação de corpo e alma, que se dá em virtude do desgaste da corporeidade (coração, pulmões, fígado, etc.) da pessoa. Tal fato é natural aos olhos da biologia, mas bem complexo aos olhos da fé, porque por ela sabemos que tudo não termina aí, mas começa um momento decisivo acerca do destino eterno do homem, que está relacionado com o Bem Supremo para o qual ele foi Criado: Deus, o seu Criador.

Para aquele que vê a vida e a morte como um mero acontecimento biológico, seu comportamento pode ser tanto de uma busca desenfreada pelos bens terrenos, como pode decair num tremendo descaso por si mesmo e pelos outros, e tais atitudes de vida chegam a comprometer terrivelmente seu destino final. Resta a Misericórdia divina, que busca o homem até o fim. Porém se cumpre compreender hoje tais acontecimentos à luz da fé, a fim de se deixar iluminar pela luz da doutrina verdadeira e bem gozar destes momentos finais pelos quais todos iremos passar.

1.1 A Morte é Conseqüência do Pecado Tomar Sb 1, 13/ Sb 2, 24


Deus não fez a morte nem tem prazer algum em que passemos por ela, mas foi por inveja do diabo que ela entrou no mundo. De fato, como ensina o Catecismo, o primeiro homem, constituído em uma amizade com o seu Criador e em harmonia consigo mesmo e com a criação que o rodeava, estava “destinado a não morrer” (Cat n. 1008), embora tivesse uma natureza mortal. A morte, pois, foi contrária aos desígnios de Deus Criador, e entrou no mundo como conseqüência do pecado.

1.2 A Morte é Transformada por Cristo

Porém, Deus, através de seu Filho Jesus, que assumiu a natureza humana e sofreu também Ele a morte, transformou a morte em porta para o Céu, para aqueles que aceitam a Salvação que Jesus trouxe. E assim, graças a Cristo, a morte cristã tem um sentido positivo: Se morremos “com Cristo”, podemos transformar nossa própria morte num ato de obediência e de amor para com o Pai, e vir conseqüentemente a “com Cristo viver” para sempre. Graças a isto, é que São Paulo pode dizer: “Para mim, o viver é Cristo, e morrer é lucro” (Fl 1, 21).

1.3 A Morte é o Acontecimento Final da Vida Terrestre Tomar Ecle 12,1.7


A morte é, assim, no seu sentido cristão, o fim da peregrinação terrestre do homem, do tempo de Graça e de Misericórdia que Deus oferece para que realizemos nossa vida segundo seu projeto e para decidirmos nosso destino último.
Ensina o Catecismo, apoiado em Hebreus 9, 27: “Quando tiver terminado o único curso da nossa vida terrestre, não voltaremos mais a outras vidas terrestres” (Cat n. 1013). Não existe pois reencarnação após a morte e é muito importante assistir às pessoas gravemente enfermas a fim de que se possam preparar conscientemente para a morte, pois o último ato livre anterior à morte decide toda a sorte póstuma do indivíduo, e somente na vida presente é dado converter-nos. Como não sabemos “o dia nem a hora”, cumpre preparar-nos sempre para este dia, em que se manifestará definitivamente o estado interno em que vivemos. Cumpre pois, a cada dia, deixarmos que se forme em nós a criatura nova, enquanto se definha o velho homem: “Enquanto nosso homem exterior vai definhando, o nosso homem interior vai-se renovando de dia a dia (II Cor 4, 16).

2. O JUÍZO PARTICULAR (CAT 1021 E 1022)Tomar Lc 16, 19-31/Lc 23, 43II Cor 5, 6s


Pode-se dizer, de acordo com a sã doutrina da Igreja, que o ser humano, logo após a morte, recebe de Deus uma iluminação em sua alma, em conseqüência da qual toma plena consciência do que foi realmente a sua vida terrestre e do seu real sentido e valor. Torna-se-lhe claro tudo o que fez e omitiu, de bem e de mal, até os últimos pormenores. Vê também sua posição diante de Deus, e se identifica com o juízo de Deus a respeito de cada um dos seus pensamentos, palavras, atos e omissões. Durante a vida terrestre, ainda podemos fugir de nós mesmos, de encarar nossa realidade à luz de Deus, mas logo após a morte não há essa possibilidade. Tudo se lhe torna transparente. E nesse momento, o amor que tem a Deus pode compeli-lo irresistivelmente à Bem-Aventurança Celeste ou ao estado prévio à visão de Deus (o purgatório); de forma análoga, o ódio ao Criador, uma vez comprovado, faz que a alma se afaste para longe do Senhor.

3. O PURGATÓRIO (CAT 1030 A 1032)Tomar I Cor 3, 10-16/Mt 5, 25s


O Magistério da Igreja se pronunciou oficialmente sobre o Purgatório no Concílio de Lião II, em 1274, nos seguintes termos: “Se (os cristãos que tenham pecado) falecerem realmente possuídos de contrição e piedade, antes, porém de ter feito dignos frutos de penitência por suas obras más e por suas omissões, suas almas depois da morte, são purificadas pelas penas purgatórias... Para aliviar estas penas, são de proveito os sufrágios dos fiéis vivo, a saber: O sacrifício da Missa, as orações, esmolas e outras obras de piedade que, conforme as instituições da Igreja, são praticadas habitualmente pelos cristãos em favor de outros fiéis”.

Explicações:

O amor de Deus não pode coexistir com tendências desregradas de egoísmo, vaidade, covardia, etc. Estas tendências são cada vez mais arraigadas no interior do homem, quanto mais ele peca. E o pecado deixa cicatrizes tais na sua alma, que mesmo depois de inteiramente perdoado por Deus no Sacramento da Reconciliação, o amor do pecador a Deus não é suficiente para extinguir o amor ao pecado renunciado. A eliminação deste amor desordenado pode ocorrer na vida presente por efeito da virtude da penitência do cristão, que assim destrói em si o chamado “corpo do pecado”. Caso isto não se dê, resta a oportunidade de o fazer no purgatório, pois ninguém pode ver Deus face a face se não ama como deve.

No purgatório não há fogo condenatório, mas um fogo purificador numa amarga consciência de ter esbanjado ou ignorado o amor de Deus que o cercava, e que por isto lhe é adiada a entrada no gozo definitivo de Deus, e condicionada às orações, às Eucaristias e aos méritos das orações dos cristãos aqui na terra, já que no purgatório ninguém pode aumentar por si mesmo seu amor a Deus.

4. O CÉU (CAT 1023 A 1029)Tomar Lc 13, 29/Lc 14, 16-24/ Mt 8, 11/Mt 22, 1-14/Mt 25, 1-12


O Papa Bento XII, em 1336, definiu solenemente a doutrina da Bem-Aventurança Celeste, concedida por Deus àqueles que morrem na Graça e amizade de Deus, e totalmente purificados de suas faltas: “Os Bem-Aventurados vêem a essência divina em visão intuitiva ou face a face, sem que a visão de alguma criatura se interponha; a essência divina se lhes mostra imediatamente sem véu, clara e abertamente. Vendo-a, nela se deleitam. Por tal visão e fruição, as almas são realmente felizes, possuem a vida e o repouso eterno”.

Como nenhuma criatura pode ver Deus por suas próprias faculdades, o Senhor mesmo robustece sua mente, infundindo-lhe a chamada “luz de glória”, pela qual contemplam as três Pessoas Santíssimas e todos os atributos de Deus, a Virgem Maria, os Anjos e todos os Bem-Aventurados. Além disso, vêem o plano de Deus sobre este mundo e as criaturas que estão diretamente relacionadas com cada qual (parentes, amigos, dependentes...) Veremos o autêntico valor de cada uma das criaturas, sem nos deixar iludir por aparências, como freqüentemente acontece na terra.

Aquele que está no Céu goza também da felicidade que lhe vem da inteligência e da vontade inteiramente submissa a Deus e identificadas com Ele.

No céu há vida plena e dinamismo, não no sentido de aperfeiçoamento, mas na afirmação de uma vida que chegou ao pleno desenvolvimento. Não há monotonia, porque o tédio é próprio da limitação desta vida, cujos bens são inadequados aos desejos do nosso espírito. Deus, por ser infinito, nenhum fastio pode gerar.

5. O INFERNO (CAT 1033 A 1037)Tomar Mt 13, 24-30/Mt 13, 47-50/Lc 16, 19-31/I Tim 5, 6. 11. 15/Gl 5, 19-21 II Cor 6, 9s/II Cor 2, 15/Ef 5, 5/II Tim 2, 12-20.


Em todo ser humano existe a tendência para o Bem infinito, que é Deus, porque Ele veio de Deus para voltar a Deus, maior felicidade que pode alcançar. Além disto, existe em todo homem uma vontade livre, que pode optar tanto pelo bem como pelo mal. Se a pessoa opta pelo bem e de acordo com a vontade divina dirige todos os seus atos, caminha para o Céu. Porém, se durante a vida faz contínuas opções por bens ilusórios, contrários à orientação divina, começa a viver em estado de dilaceração interior, e pode esconder de si e dos outros esta crise interior por uma vida de prazeres. Se porém, no último instante de sua existência se achar deliberada e voluntariamente voltado contra Deus, por opções incompatíveis com o amor ele, se condena a ficar definitivamente longe do Bem infinito, não porque Este não o ame ou não o tenha buscado até o fim, mas porque definitivamente optou contra Deus. A este estado irreversível se chama inferno.

Não há arrependimento depois da morte, pois esta estabiliza o homem na sua última opção. Aquele que está no inferno julga tudo de acordo com sua inclinação depravada, pois fez uma opção definitiva. Notemos que, para ir ao inferno, é necessário que tenha existido, em vida, consciência lúcida e vontade deliberada na adesão ao mal, e a morte o tenha encontrado assim.





CREIO NA RESSURREIÇÃO DA CARNE

INTRODUÇÃO

Chamamos de "novíssimos" aos acontecimentos finais que se referem ao ser humano, de modo individual (a morte, o juízo particular, o purgatório, o céu ou o inferno) e de modo coletivo (Ressurreição dos mortos, segunda vinda de Cristo, Juízo final).

1. MORRER EM CRISTO (CAT 1005 A 1020)

Ensina o Catecismo da Igreja Católica que, para ressuscitar com Cristo, é preciso “deixar a mansão deste corpo”(II Cor 5,8). Considerando apenas o aspecto científico, a morte pode ser definida como a separação de corpo e alma, que se dá em virtude do desgaste da corporeidade (coração, pulmões, fígado, etc.) da pessoa. Tal fato é natural aos olhos da biologia, mas bem complexo aos olhos da fé, porque por ela sabemos que tudo não termina aí, mas começa um momento decisivo acerca do destino eterno do homem, que está relacionado com o Bem Supremo para o qual ele foi Criado: Deus, o seu Criador.

Para aquele que vê a vida e a morte como um mero acontecimento biológico, seu comportamento pode ser tanto de uma busca desenfreada pelos bens terrenos, como pode decair num tremendo descaso por si mesmo e pelos outros, e tais atitudes de vida chegam a comprometer terrivelmente seu destino final. Resta a Misericórdia divina, que busca o homem até o fim. Porém se cumpre compreender hoje tais acontecimentos à luz da fé, a fim de se deixar iluminar pela luz da doutrina verdadeira e bem gozar destes momentos finais pelos quais todos iremos passar.

1.1 A Morte é Conseqüência do Pecado Tomar Sb 1, 13/ Sb 2, 24


Deus não fez a morte nem tem prazer algum em que passemos por ela, mas foi por inveja do diabo que ela entrou no mundo. De fato, como ensina o Catecismo, o primeiro homem, constituído em uma amizade com o seu Criador e em harmonia consigo mesmo e com a criação que o rodeava, estava “destinado a não morrer” (Cat n. 1008), embora tivesse uma natureza mortal. A morte, pois, foi contrária aos desígnios de Deus Criador, e entrou no mundo como conseqüência do pecado.

1.2 A Morte é Transformada por Cristo

Porém, Deus, através de seu Filho Jesus, que assumiu a natureza humana e sofreu também Ele a morte, transformou a morte em porta para o Céu, para aqueles que aceitam a Salvação que Jesus trouxe. E assim, graças a Cristo, a morte cristã tem um sentido positivo: Se morremos “com Cristo”, podemos transformar nossa própria morte num ato de obediência e de amor para com o Pai, e vir conseqüentemente a “com Cristo viver” para sempre. Graças a isto, é que São Paulo pode dizer: “Para mim, o viver é Cristo, e morrer é lucro” (Fl 1, 21).

1.3 A Morte é o Acontecimento Final da Vida Terrestre Tomar Ecle 12,1.7


A morte é, assim, no seu sentido cristão, o fim da peregrinação terrestre do homem, do tempo de Graça e de Misericórdia que Deus oferece para que realizemos nossa vida segundo seu projeto e para decidirmos nosso destino último.
Ensina o Catecismo, apoiado em Hebreus 9, 27: “Quando tiver terminado o único curso da nossa vida terrestre, não voltaremos mais a outras vidas terrestres” (Cat n. 1013). Não existe pois reencarnação após a morte e é muito importante assistir às pessoas gravemente enfermas a fim de que se possam preparar conscientemente para a morte, pois o último ato livre anterior à morte decide toda a sorte póstuma do indivíduo, e somente na vida presente é dado converter-nos. Como não sabemos “o dia nem a hora”, cumpre preparar-nos sempre para este dia, em que se manifestará definitivamente o estado interno em que vivemos. Cumpre pois, a cada dia, deixarmos que se forme em nós a criatura nova, enquanto se definha o velho homem: “Enquanto nosso homem exterior vai definhando, o nosso homem interior vai-se renovando de dia a dia (II Cor 4, 16).

2. O JUÍZO PARTICULAR (CAT 1021 E 1022)Tomar Lc 16, 19-31/Lc 23, 43II Cor 5, 6s


Pode-se dizer, de acordo com a sã doutrina da Igreja, que o ser humano, logo após a morte, recebe de Deus uma iluminação em sua alma, em conseqüência da qual toma plena consciência do que foi realmente a sua vida terrestre e do seu real sentido e valor. Torna-se-lhe claro tudo o que fez e omitiu, de bem e de mal, até os últimos pormenores. Vê também sua posição diante de Deus, e se identifica com o juízo de Deus a respeito de cada um dos seus pensamentos, palavras, atos e omissões. Durante a vida terrestre, ainda podemos fugir de nós mesmos, de encarar nossa realidade à luz de Deus, mas logo após a morte não há essa possibilidade. Tudo se lhe torna transparente. E nesse momento, o amor que tem a Deus pode compeli-lo irresistivelmente à Bem-Aventurança Celeste ou ao estado prévio à visão de Deus (o purgatório); de forma análoga, o ódio ao Criador, uma vez comprovado, faz que a alma se afaste para longe do Senhor.

3. O PURGATÓRIO (CAT 1030 A 1032)Tomar I Cor 3, 10-16/Mt 5, 25s


O Magistério da Igreja se pronunciou oficialmente sobre o Purgatório no Concílio de Lião II, em 1274, nos seguintes termos: “Se (os cristãos que tenham pecado) falecerem realmente possuídos de contrição e piedade, antes, porém de ter feito dignos frutos de penitência por suas obras más e por suas omissões, suas almas depois da morte, são purificadas pelas penas purgatórias... Para aliviar estas penas, são de proveito os sufrágios dos fiéis vivo, a saber: O sacrifício da Missa, as orações, esmolas e outras obras de piedade que, conforme as instituições da Igreja, são praticadas habitualmente pelos cristãos em favor de outros fiéis”.

Explicações:

O amor de Deus não pode coexistir com tendências desregradas de egoísmo, vaidade, covardia, etc. Estas tendências são cada vez mais arraigadas no interior do homem, quanto mais ele peca. E o pecado deixa cicatrizes tais na sua alma, que mesmo depois de inteiramente perdoado por Deus no Sacramento da Reconciliação, o amor do pecador a Deus não é suficiente para extinguir o amor ao pecado renunciado. A eliminação deste amor desordenado pode ocorrer na vida presente por efeito da virtude da penitência do cristão, que assim destrói em si o chamado “corpo do pecado”. Caso isto não se dê, resta a oportunidade de o fazer no purgatório, pois ninguém pode ver Deus face a face se não ama como deve.

No purgatório não há fogo condenatório, mas um fogo purificador numa amarga consciência de ter esbanjado ou ignorado o amor de Deus que o cercava, e que por isto lhe é adiada a entrada no gozo definitivo de Deus, e condicionada às orações, às Eucaristias e aos méritos das orações dos cristãos aqui na terra, já que no purgatório ninguém pode aumentar por si mesmo seu amor a Deus.

4. O CÉU (CAT 1023 A 1029)Tomar Lc 13, 29/Lc 14, 16-24/ Mt 8, 11/Mt 22, 1-14/Mt 25, 1-12


O Papa Bento XII, em 1336, definiu solenemente a doutrina da Bem-Aventurança Celeste, concedida por Deus àqueles que morrem na Graça e amizade de Deus, e totalmente purificados de suas faltas: “Os Bem-Aventurados vêem a essência divina em visão intuitiva ou face a face, sem que a visão de alguma criatura se interponha; a essência divina se lhes mostra imediatamente sem véu, clara e abertamente. Vendo-a, nela se deleitam. Por tal visão e fruição, as almas são realmente felizes, possuem a vida e o repouso eterno”.

Como nenhuma criatura pode ver Deus por suas próprias faculdades, o Senhor mesmo robustece sua mente, infundindo-lhe a chamada “luz de glória”, pela qual contemplam as três Pessoas Santíssimas e todos os atributos de Deus, a Virgem Maria, os Anjos e todos os Bem-Aventurados. Além disso, vêem o plano de Deus sobre este mundo e as criaturas que estão diretamente relacionadas com cada qual (parentes, amigos, dependentes...) Veremos o autêntico valor de cada uma das criaturas, sem nos deixar iludir por aparências, como freqüentemente acontece na terra.

Aquele que está no Céu goza também da felicidade que lhe vem da inteligência e da vontade inteiramente submissa a Deus e identificadas com Ele.

No céu há vida plena e dinamismo, não no sentido de aperfeiçoamento, mas na afirmação de uma vida que chegou ao pleno desenvolvimento. Não há monotonia, porque o tédio é próprio da limitação desta vida, cujos bens são inadequados aos desejos do nosso espírito. Deus, por ser infinito, nenhum fastio pode gerar.

5. O INFERNO (CAT 1033 A 1037)Tomar Mt 13, 24-30/Mt 13, 47-50/Lc 16, 19-31/I Tim 5, 6. 11. 15/Gl 5, 19-21 II Cor 6, 9s/II Cor 2, 15/Ef 5, 5/II Tim 2, 12-20.


Em todo ser humano existe a tendência para o Bem infinito, que é Deus, porque Ele veio de Deus para voltar a Deus, maior felicidade que pode alcançar. Além disto, existe em todo homem uma vontade livre, que pode optar tanto pelo bem como pelo mal. Se a pessoa opta pelo bem e de acordo com a vontade divina dirige todos os seus atos, caminha para o Céu. Porém, se durante a vida faz contínuas opções por bens ilusórios, contrários à orientação divina, começa a viver em estado de dilaceração interior, e pode esconder de si e dos outros esta crise interior por uma vida de prazeres. Se porém, no último instante de sua existência se achar deliberada e voluntariamente voltado contra Deus, por opções incompatíveis com o amor ele, se condena a ficar definitivamente longe do Bem infinito, não porque Este não o ame ou não o tenha buscado até o fim, mas porque definitivamente optou contra Deus. A este estado irreversível se chama inferno.

Não há arrependimento depois da morte, pois esta estabiliza o homem na sua última opção. Aquele que está no inferno julga tudo de acordo com sua inclinação depravada, pois fez uma opção definitiva. Notemos que, para ir ao inferno, é necessário que tenha existido, em vida, consciência lúcida e vontade deliberada na adesão ao mal, e a morte o tenha encontrado assim.


Fonte: www.comshalom.org

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